Acessibilidade / Reportar erro

COMITÊ DE AUDITORIA E ESCRUTÍNIO REGULATÓRIO

RESUMO

Este artigo examina a relação entre as características do comitê de auditoria e o escrutínio regulatório. Para medir o escrutínio regulatório, o documento atual usa cartas de comentários emitidas pela Organização de Valores Mobiliários do Irã. Os resultados empíricos mostram que a expertise financeira do comitê de auditoria aumenta (diminui) o escrutínio regulatório quando a independência do comitê de auditoria é baixa (alta). Este artigo informa o debate de custo-benefício sobre a expertise financeira do comitê de auditoria e contribui para a literatura ao mostrar que o escrutínio regulatório é influenciado em conjunto pela expertise financeira e independência do comitê de auditoria. O artigo é de interesse de pesquisadores, bem como de acionistas, conselhos de administração e outros profissionais que desejam melhorar a composição e a qualidade dos comitês de auditoria, especialmente em mercados emergentes onde os códigos de governança corporativa ainda estão em desenvolvimento.

Palavras-chave:
Expertise financeira; independência; carta de comentário; comitê; de auditoria; escrutínio regulatório.

ABSTRACT

This paper examines the relationship between audit committee characteristics and regulatory scrutiny. Comment letters issued by the Securities and Exchange Organization of Iran were used to measure regulatory scrutiny. Empirical results show that audit committee financial expertise increases (decreases) regulatory scrutiny when audit committee independence is low (high). This paper informs the cost-benefit debate on audit committee financial expertise. It contributes to the literature by showing that regulatory scrutiny is jointly influenced by the audit committee independence and financial expertise. The paper is of interest to researchers and shareholders, boards of directors, and other practitioners who wish to improve the composition and quality of audit committees, especially in emerging markets where corporate governance codes are still developing.

Keywords:
financial expertise; independence; comment letter; audit committee; regulatory scrutiny.

RESUMEN

Este documento examina la relación entre las características del comité de auditoría y el escrutinio regulatorio. Para medir el escrutinio regulatorio, el presente documento utiliza cartas de comentarios emitidas por la Organización de Bolsa y Valores de Irán. Los resultados empíricos muestran que la experiencia financiera del comité de auditoría aumenta (disminuye) el escrutinio regulatorio cuando la independencia del comité de auditoría es baja (alta). Este documento informa el debate costo-beneficio sobre la experiencia financiera del comité de auditoría y contribuye a la literatura al mostrar que el escrutinio regulatorio está influenciado conjuntamente por la experiencia e independencia financiera del comité de auditoría. El documento es de interés tanto para investigadores como para accionistas, consejos de administración y otros profesionales que deseen mejorar la composición y calidad de los comités de auditoría, especialmente en mercados emergentes donde los códigos de gobierno corporativo aún se están desarrollando.

Palabras clave:
experiencia financiera; independencia; carta de comentarios; comité; de Auditoría; control Regulatorio

INTRODUÇÃO

As comissões de valores mobiliários nos mercados de capitais examinam periodicamente os relatórios corporativos e enviam cartas de comentários às empresas. Esse escrutínio regulatório motiva as empresas a melhor abordar as questões referentes a relatórios corporativos que possam oferecer informação de maior qualidade a seus stakeholders (Bills, Cating, Lin & Seidel, 2020; Kubic & Toynbee, 2021Kubic, M., & Toynbee, S. (2021). Regulator continuity and decision-making quality: Evidence from SEC comment letters. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3802115
https://doi.org/10.2139/ssrn.3802115...
). No entanto, os gestores buscam encontrar formas de mitigar esse escrutínio, consierando-o um procedimento importante e que merece sua atenção, já que envolve processos de revisão que demandam substancial tempo e esforço em lidar com eventuais problemas, além de provavelmente levar a resultados negativos - sendo percebidos negativamente pelos investidores (Shroff, 2020Shroff, N. (2020). Real effects of PCAOB international inspections. The Accounting Review, 95(5), 399-433. doi:10.2308/accr-52635
https://doi.org/10.2308/accr-52635...
). Assim, esse estudo examina como o escrutínio regulatóri0 está associado à expertise financeira dos comitês de auditoria da empresa e sua independência.

Teoricamente, os atributos de governança corporativa, em geral, e os comitês de auditoria, em particular, contribuem para fortalecer a qualidade dos relatórios financeiros, mitigando a necessidade de reformular demonstrações financeiras (Piot & Janin, 2007Piot, C., & Janin, R. (2007). External auditors, audit committees and earnings management in France. European Accounting Review, 16(2), 429-454. ‏ doi.org/10.1080/09638180701391030
https://doi.org/doi.org/10.1080/09638180...
) e salvaguardando a independência dos auditores (Carcello et al., 2011Carcello, J. V., Hermanson, D. R., & Ye, Z. (2011). Corporate governance research in accounting and auditing: Insights, practice implications, and future research directions. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 30(3), 1-31. doi: 10.2308/ajpt-10112
https://doi.org/10.2308/ajpt-10112...
). Por outro lado, a eficácia do comitê de auditoria depende principalmente de sua expertise financeira e independência. Os reguladores reconhecem a importância de especialistas financeiros e membros independentes em comitês de auditoria para aprimorar a governança corporativa e os processos de supervisão destes comitês (Sarbanes-Oxley Act [SOX], 2002Sarbanes-Oxley Act of 2002. (2002, July 24). Public Law 107-204, 107th Congress, 2d Session. Retrieved from https://www.soxlaw.com/
https://www.soxlaw.com/...
; Securities and Exchange Organization of Iran [SEO], 2013Securities and Exchange Organization. (2013). Guidelines on internal controls. Retrieved from http://en.seo.ir/
http://en.seo.ir/...
). Nesse sentido, estudos anteriores exploram a relação entre os atributos do comitê de auditoria e as reformulações das demonstrações financeiras (Carcello et al., 2011Carcello, J. V., Hermanson, D. R., & Ye, Z. (2011). Corporate governance research in accounting and auditing: Insights, practice implications, and future research directions. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 30(3), 1-31. doi: 10.2308/ajpt-10112
https://doi.org/10.2308/ajpt-10112...
). Outros estudos focam na influência da reformulação de demonstrações financeiras no processo de escrutínio regulatório (DeFond et al., 2003).

No entanto, pesquisas anteriores oferecem evidências mistas sobre como a expertise financeira afeta relatórios financeiros e, portanto, o processo de escrutínio regulatório. Por um lado, um maior nível de expertise financeira nos comitês de auditoria leva a adoção de relatórios corporativos (Bilal, Chen & Komal, 2018Bilal, Chen, S., & Komal, B. (2018). Audit committee financial expertise and earnings quality: A meta-analysis. Journal of Business Research, 84, 253-270. doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.11.048
https://doi.org/doi.org/10.1016/j.jbusre...
). Por outro lado, essa mesma expertise nos comitês proporciona uma oportunidade para relatórios corporativos financeiros menos aprofundados (como apontado por Malik, 2014Malik, M. (2014). Audit committee composition and effectiveness: a review of post-SOX literature. Journal of Management Control, 25(2), 81-117. doi: 10.1007/s00187-014-0188-4
https://doi.org/10.1007/s00187-014-0188-...
). Portanto, esse estudo argumenta que os responsáveis pela execução de escrutínios regulatórios confiam mais na expertise financeira dos comitês de auditoria quando esses são independentes, ou seja, o presente estudo espera que a independência dos comitês de auditoria tenha um papel moderador na associação entre a expertise financeira e o escrutínio regulatório.

A amostra da pesquisa inclui empresas listadas no mercado de capitais iraniano para o período 2011-2019, o que é uma seleção apropriada pode diversas razões. Primeiro, o Irã é um país em desenvolvimento no qual estão disponíveis dados de pesquisa sobre cartas de comentários. Em segundo lugar, o mercado de capitais no Irã é comparável à maioria dos grandes mercados de capitais em desenvolvimento (Hesarzadeh & Rajabalizadeh, 2020Hesarzadeh, R., & Rajabalizadeh, J. (2020). Does securities commission oversight reduce the complexity of financial reporting? Revista de Contabilidad, 23(1), 1-17. doi:10.6018/rcsar.389791
https://doi.org/10.6018/rcsar.389791...
). Terceiro, semelhante a muitos países em desenvolvimento (Yang, 2020Yang, S. (2020). Comment letters on annual reports: Evidence from an emerging market. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3669701
https://doi.org/10.2139/ssrn.3669701...
), a principal fonte para enquadrar o procedimento de escrutínio no mercado de capitais do Irã é o escrutínio regulatório dos EUA. Quarto, o mercado de capitais iraniano possui não apenas grandes empresas maduras, mas também uma proporção significativa de empresas jovens e pequenas. Portanto, esse cenário nos permite generalizar os resultados da pesquisa para uma variedade de casos, desde empresas em franco crescimento, jovens e pequenas, até empresas estáveis, grandes e maduras.

Usando cartas de comentários emitidas pela Securities and Exchange Organization of Iran (SEO), (comissão de valores mobiliários Irã), este artigo conclui que a expertise financeira do comitê de auditoria pode aumentar (diminuir) o escrutínio regulatório sobre as empresas quando a independência desse comitê é baixa (alta). Além disso, análises complementares revelam que esse efeito interativo é mais forte em conflitos de agência maiores e maior compressão de carga de trabalho dos responsáveis pelo escrutínio regulatório.

O presente estudo contribui para a literatura de governança corporativa em muitos aspectos. Em primeiro lugar, este artigo é o primeiro estudo empírico a documentar a associação das características do comitê de auditoria e o escrutínio regulatório. Em segundo lugar, ele contribui para a literatura ao revelar que a compressão da carga de trabalho dos revisores regulatórios e os conflitos de agência são variáveis significativas na associação conjunta de expertise financeira e independência dos comitês de auditoria com o escrutínio regulatório. Em terceiro lugar, até onde sabemos, a maioria dos estudos sobre escrutínio regulatório por meio de cartas de comentários referem-se aos EUA e a grandes mercados de capitais (Ballestero & Schmidt, 2019Ballestero, R., & Schmidt, J. J. (2019). Does auditor involvement expedite SEC comment letter resolution? SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3350730
https://doi.org/10.2139/ssrn.3350730...
; Cassell, Cunningham & Lisic, 2019Cassell, C. A., Cunningham, L. M., & Lisic, L. L. (2019). The readability of company responses to SEC comment letters and SEC 10-K filing review outcomes. Review of Accounting Studies, 24(4), 1252-1276. doi:10.1007/s11142-019-09507-x
https://doi.org/10.1007/s11142-019-09507...
; Cunningham, Johnson, Johnson & Lisic, 2020), portanto, este artigo fornece novas evidências sobre o escrutínio regulatório de um mercado financeiro não americano e em desenvolvimento, onde a desigualdade entre insiders e outsiders é grande. Portanto, por um lado, o artigo é de interesse para muitos reguladores de mercados emergentes que usam cartas de comentários no estilo das utilizadas pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) como uma ferramenta de aplicação pública, porque tais cartas provavelmente têm um impacto maior nos mercados emergentes - com instituições, aplicação privada e qualidade de evidenciação menos sofisticadas (Yang, 2020Yang, S. (2020). Comment letters on annual reports: Evidence from an emerging market. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3669701
https://doi.org/10.2139/ssrn.3669701...
). Por outro lado, o trabalho também é de interesse de acionistas, conselhos de administração e outros profissionais que desejam melhorar a composição e a qualidade dos comitês de auditoria, especialmente em mercados emergentes onde os códigos de governança corporativa ainda estão em desenvolvimento.

ANTECEDENTES E ELABORAÇÃO DAS HIPÓTESES

Visão geral do mercado de capitais do Irã

O Mercado de Capitais do Irã foi estabelecido em 1968 e atualmente é membro da Federação das Bolsas de Valores Euro-Asiáticas. É relativamente comparável à maioria dos grandes mercados de capitais em desenvolvimento (Hesarzadeh & Rajabalizadeh, 2020Hesarzadeh, R., & Rajabalizadeh, J. (2020). Does securities commission oversight reduce the complexity of financial reporting? Revista de Contabilidad, 23(1), 1-17. doi:10.6018/rcsar.389791
https://doi.org/10.6018/rcsar.389791...
). Em uma visão macro, a partir do final da década de 1980, o governo do Irã implementou programas de macroestabilização e liberalizou seus sistemas financeiros, levando à uma infraestrutura e instituições de mercado adequadas para o florescimento dos mercados de capitais. Essas reformas aumentaram gradualmente a proporção média da capitalização de mercado total em relação ao PIB do Irã para cerca de 25% (Tehran Stock Exchange, 2017Tehran Stock Exchange. (2017). Iran's capital market. Retrieved from http://tse.ir/cms/Portals/0/int/Guide%20to%20investe%20in%20TSE1_1.pdf
http://tse.ir/cms/Portals/0/int/Guide%20...
). Em uma visão micro, o número de empresas no mercado é de cerca de 300 e essas empresas são caracterizadas por estruturas de propriedade relativamente concentradas. Nas últimas décadas, os investidores institucionais aumentaram significativamente sua participação no mercado e, consequentemente, ajudaram a criar uma demanda mais estável por ações. No contexto dos relatórios corporativos, as normas iranianas de contabilidade e auditoria são baseadas principalmente em normas internacionais. Além disso, as empresas iranianas listadas são obrigadas a estabelecer comitês de auditoria para supervisionar o processo de controle interno e assuntos financeiros (SEO, 2014).

Escrutínio regulatório

As comissões de valores mobiliários geralmente projetam o processo de escrutínio regulatório para garantir a qualidade das informações e proteger os investidores (por exemplo, Duro, Heese & Ormazabal, 2019Duro, M., Heese, J., & Ormazabal, G. (2019). The effect of enforcement transparency: Evidence from SEC comment-letter reviews. Review of Accounting Studies, 24(3), 780-823. doi:10.1007/s11142-019-09503-1
https://doi.org/10.1007/s11142-019-09503...
). Elas revisam periodicamente uma grande quantidade de relatórios financeiros para garantir a conformidade com os requisitos de evidenciação. A esse respeito, se uma informação for considerada insuficiente ou se as comissões de valores mobiliários desejarem mais dados, elas emitem cartas de comentários (CCs) para que as empresas esclareçam ou alterem informações evidenciadas e solicitem informações adicionais (Bills et al., 2020Bills, K. L., Cating, R., Lin, C., & Seidel, T. A. (2020). The spillover effect of SEC comment letters through audit firms. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3349191
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
). Consequentemente, as empresas devem fornecer respostas por escrito e informações adicionais (Cunningham et al., 2020Cunningham, L. M., Johnson, B. A., Johnson, E. S., & Lisic, L. L. (2020). The switch up: An examination of changes in earnings management after receiving SEC comment letters. Contemporary Accounting Research, 37(2), 917-944. doi:10.1111/1911-3846.12546V
https://doi.org/10.1111/1911-3846.12546V...
).

O processo de escrutínio regulatório no Irã é semelhante em certa medida ao da SEC nos EUA uma vez que a SEC é uma fonte importante para a definição do procedimento de escrutínio no mercado do Irã. De acordo com a Lei do Mercado de Capitais do Irã (ver Islamic Consultative Assembly, 2005; SEO, 2013Securities and Exchange Organization. (2013). Guidelines on internal controls. Retrieved from http://en.seo.ir/
http://en.seo.ir/...
), a missão da SEO é proteger os investidores e aumentar a eficiência do mercado. Portanto, como parte desta missão, a SEO deve revisar/examinar os relatórios financeiros das empresas. O processo de revisão da SEO envolve avaliar os relatórios financeiros sob a perspectiva dos investidores e fazer as perguntas que eles fariam ao ler a evidenciação. Após o escrutínio dos relatórios corporativos, se surgirem dúvidas, a SEO emite uma CC incluindo possíveis deficiências de evidenciação e preocupações para as empresas. As respostas das empresas devem incluir divulgações suplementares ou novas nos relatórios financeiros (Hesarzadeh & Rajabalizadeh, 2020Hesarzadeh, R., & Rajabalizadeh, J. (2020). Does securities commission oversight reduce the complexity of financial reporting? Revista de Contabilidad, 23(1), 1-17. doi:10.6018/rcsar.389791
https://doi.org/10.6018/rcsar.389791...
). A SEO considera as respostas e suas divulgações complementares ou novas e, em seguida, pode emitir novas CCs até que todas as possíveis deficiências sejam resolvidas. O procedimento de CCs provavelmente terminará com a SEO recomendando as questões de distorções de relatórios financeiros para o processo de aplicação e sanções regulatórias.

Desenvolvimento de hipóteses

O escrutínio regulatório por meio de CCs é crucial no desenvolvimento de mercados onde os intermediários de informações, a qualidade da auditoria ou o sistema legal para proteger relatórios corporativos de alta qualidade são ruins (Yang, 2020Yang, S. (2020). Comment letters on annual reports: Evidence from an emerging market. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3669701
https://doi.org/10.2139/ssrn.3669701...
). No entanto, o escrutínio regulatório geralmente enfrenta restrições financeiras e não financeiras significativas (por exemplo, Hesarzadeh & Rajabalizadeh, 2020Hesarzadeh, R., & Rajabalizadeh, J. (2020). Does securities commission oversight reduce the complexity of financial reporting? Revista de Contabilidad, 23(1), 1-17. doi:10.6018/rcsar.389791
https://doi.org/10.6018/rcsar.389791...
). É por isso que os responsáveis pelo escrutínio regulatório usam dicas heurísticas, como atalhos de processamento cognitivo para melhorar a qualidade de sua revisão. Por exemplo, a literatura anterior mostra que organizações com governança corporativa mais forte são menos propensas a serem enterradas no processo de revisão regulatória (por exemplo, Cassell et al., 2019Cassell, C. A., Cunningham, L. M., & Lisic, L. L. (2019). The readability of company responses to SEC comment letters and SEC 10-K filing review outcomes. Review of Accounting Studies, 24(4), 1252-1276. doi:10.1007/s11142-019-09507-x
https://doi.org/10.1007/s11142-019-09507...
; Cunningham et al., 2020Cunningham, L. M., Johnson, B. A., Johnson, E. S., & Lisic, L. L. (2020). The switch up: An examination of changes in earnings management after receiving SEC comment letters. Contemporary Accounting Research, 37(2), 917-944. doi:10.1111/1911-3846.12546V
https://doi.org/10.1111/1911-3846.12546V...
). Na psicologia, os atalhos de processamento cognitivo são pistas mentais, simples e eficientes, geralmente empregadas para formação de julgamento e tomada decisões (Lewis, 2008Lewis, A. (2008). The Cambridge handbook of psychology and economic behaviour. Cambridge, UK: Cambridge University Press.). Os atributos do comitê de auditoria podem representar um atalho cognitivo significativo, pois é considerado um mecanismo chave de governança corporativa responsável por supervisionar os relatórios corporativos. Também os atributos de tal comitê, como independência e experiência financeira, influenciam significativamente tais relatórios (Bédard & Paquette , 2021). Assim, presume-se que os atributos percebidos, a saber, independência e expertise financeira, influenciam o escrutínio regulatório (Alderman & Jollineau, 2020Alderman, J., & Jollineau, S. J. (2020). Can audit committee expertise increase external auditors' litigation risk? The moderating effect of audit committee independence. Contemporary Accounting Research, 37(2), 717-740. doi.org/10.1111/1911-3846.12549
https://doi.org/doi.org/10.1111/1911-384...
; Shroff, 2020Shroff, N. (2020). Real effects of PCAOB international inspections. The Accounting Review, 95(5), 399-433. doi:10.2308/accr-52635
https://doi.org/10.2308/accr-52635...
).

Particularmente, a expertise financeira é considerada um atributo significativo que influencia o processo de evidenciação do relatório financeiro. No entanto, estudos teóricos e empíricos fornecem evidências mistas sobre como a expertise financeiro afeta esse processo e, portanto, há dois argumentos concorrentes sobre como a expertise financeira do comitê de auditoria influencia o escrutínio regulatório. Por um lado, os comitês com grandes especialistas financeiros tendem a avaliar a precisão das estimativas e a aplicação adequada das políticas contábeis e entender o processo de auditoria. Assim, um maior nível de expertise financeira leva a adoção de relatórios corporativos (Bilal et al., 2018), resultando em menos emissão de CCs por parte dos responsáveis pelo escrutínio regulatório. Por outro lado, o conhecimento dos membros do comitê de auditoria sobre normas contábeis específicas, controle interno e processo de auditoria provavelmente dá margem a distorções nas demonstrações financeiras (Alderman & Jollineau, 2020Alderman, J., & Jollineau, S. J. (2020). Can audit committee expertise increase external auditors' litigation risk? The moderating effect of audit committee independence. Contemporary Accounting Research, 37(2), 717-740. doi.org/10.1111/1911-3846.12549
https://doi.org/doi.org/10.1111/1911-384...
), levando a mais emissão de CCs. Assim, com base nessas discussões, a expertise financeira do comitê de auditoria pode ter impactos positivos ou negativos no escrutínio regulatório. Então, a primeira hipótese é desenvolvida unidirecionalmente da seguinte maneira:

  • H1: Existe uma relação significativa entre a expertise financeiro do comitê de auditoria e o escrutínio regulatório.

O comitê de auditoria com membros independentes pode desempenhar um papel importante para equilibrar as diferenças de opiniões entre a administração e o auditor e, consequentemente, aprimorar o processo de evidenciação do relatório financeiro (Chy & Hope, 2021Chy, M., & Hope, O.-K. (2021). Real effects of auditor conservatism. Review of Accounting Studies, 26(2), 730-771. doi:10.1007/s11142-020-09568-3
https://doi.org/10.1007/s11142-020-09568...
; Kronenberger, Kronenberger, & Ye, 2020Kronenberger, S., Kronenberger, S., & Ye, M. (2020). Audit committee independence and auditor-manager disputes. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3671569
https://doi.org/10.2139/ssrn.3671569...
). Por exemplo, Kronenberger et al. (2020)Kronenberger, S., Kronenberger, S., & Ye, M. (2020). Audit committee independence and auditor-manager disputes. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3671569
https://doi.org/10.2139/ssrn.3671569...
destacam teoricamente o papel da independência do comitê de auditoria na redução de divergências entre gestores e auditores externos. Estudos empíricos realizados em economias desenvolvidas e emergentes mostraram que o comitê de auditoria com membros independentes também agrega valor considerável à administração e aos stakeholders (Al-Hadrami, Rafiki & Sarea, 2020Al-Hadrami, A., Rafiki, A., & Sarea, A. (2020). The impact of an audit committee's independence and competence on investment decision: A study in Bahrain. Asian Journal of Accounting Research. 5(2), 299-313. doi.org/10.1108/AJAR-02-2020-0008
https://doi.org/doi.org/10.1108/AJAR-02-...
; Mohammad et al., 2020). Além disso, sabe-se que o comitê de auditoria com membros independentes é um fator significativo para aumentar a independência do auditor. Da mesma forma, Alderman e Jollineau (2020)Alderman, J., & Jollineau, S. J. (2020). Can audit committee expertise increase external auditors' litigation risk? The moderating effect of audit committee independence. Contemporary Accounting Research, 37(2), 717-740. doi.org/10.1111/1911-3846.12549
https://doi.org/doi.org/10.1111/1911-384...
argumentam que o comitê de auditoria pode ser visto como instrumento agindo essencialmente para o interesse da administração ao supervisionar os relatórios corporativos, caso não for considerado independente. Esses impactos positivos da independência do comitê de auditoria na qualidade das demonstrações financeiras juntamente com a independência do auditor - provavelmente podem reduzir o escrutínio regulatório. A este respeito, evidências empíricas indiretas apoiam essa afirmação. Assim, com base nas discussões acima, esse artigo forma sua segunda hipótese:

  • H2: Existe uma relação positiva significativa entre a independência do comitê de auditoria e o escrutínio regulatório.

Como mencionado anteriormente, espera-se que os comitês de auditoria com expertise financeira e membros independentes participem significativamente da melhoria da qualidade dos relatórios corporativos e da independência e qualidade do auditor externo (Bala, Amran & Shaari, 2019Bala, H., Amran, N. A., & Shaari, H. (2019). Audit committee attributes and cosmetic accounting in Nigeria. Managerial Auditing Journal, 35(2), 177-206. doi:10.1108/maj-06-2018-1897
https://doi.org/10.1108/maj-06-2018-1897...
; Chy & Hope , 2021; Piot & Janin, 2007Piot, C., & Janin, R. (2007). External auditors, audit committees and earnings management in France. European Accounting Review, 16(2), 429-454. ‏ doi.org/10.1080/09638180701391030
https://doi.org/doi.org/10.1080/09638180...
). No entanto, pouco sabemos sobre o papel moderador da independência do comitê de auditoria na sua expertise financeira (Liu, Lobo & Yu, 2020Liu, X., Lobo, G. J., & Yu, H. (2020). Is audit committee equity compensation related to audit fees? Contemporary Accounting Research. 38(1), 740-769. doi:10.1111/1911-3846.12632
https://doi.org/10.1111/1911-3846.12632...
). Esse papel moderador é importante especialmente no contexto de nossa pergunta de pesquisa. Em consonância com os argumentos teóricos que sustentam a primeira hipótese, a expertise financeira dos comitês de auditoria é considerada uma “faca de dois gumes”, pois provavelmente coloca um obstáculo ou oferece uma oportunidade para a evidencação de relatórios financeiros fraudulentos e, portanto, para a ocorrência de escrutínio regulatório. Esse artigo espera que, teoricamente, quando os responsáveis pelo escrutínio regulatório percebem o comitê de auditoria como independente da administração, eles tendem a confiar na expertise financeira dos membros do comitê. A literatura anterior mostra que quando os membros do comitê são independentes, é menor a tendência de que ele influencie negativamente as decisões do auditor. Os comitês com membros que são especialistas financeiros e que são também menos independentes, provavelmente farão com que os responsáveis pelo escrutínio regulatório percebam como prejudicada a qualidade dos relatórios corporativos (Alderman & Jollineau, 2020Alderman, J., & Jollineau, S. J. (2020). Can audit committee expertise increase external auditors' litigation risk? The moderating effect of audit committee independence. Contemporary Accounting Research, 37(2), 717-740. doi.org/10.1111/1911-3846.12549
https://doi.org/doi.org/10.1111/1911-384...
). Tomando emprestada a teoria das pistas heurísticas da psicologia (Hesarzadeh & Rajabalizadeh, 2020Hesarzadeh, R., & Rajabalizadeh, J. (2020). Does securities commission oversight reduce the complexity of financial reporting? Revista de Contabilidad, 23(1), 1-17. doi:10.6018/rcsar.389791
https://doi.org/10.6018/rcsar.389791...
), os revisores regulatórios usam algumas dessas pistas enquanto realizam seu papel de supervisão e na escolha de empresas para que seja feita a segurança regulatória. Razoavelmente, pode-se argumentar que, quando os comitês de auditoria parecem ser independentes da administração, a presença de especialistas financeiros entre seus membros provavelmente dá uma sugestão cognitiva heurística mais positiva e, portanto, reduzirá o escrutínio regulatório. Isso leva à seguinte hipótese:

  • H3: A independência do comitê de auditoria modera a relação entre a expertise financeira do comitê e o escrutínio regulatório.

METODOLOGIA

Amostra

A amostra da pesquisa se concentra no mercado de capitais do Irã, ou seja, a Tehran Securities Exchange (TSE), no período de 2011 a 2019 e a Tabela 1 descreve as etapas para construi-la. A amostra inicial da pesquisa compreende 2.853 observações de empresas por ano. Este artigo exclui empresas financeiras e de serviços públicos (1.242 observações) devido à dissimilaridade em várias métricas (Bills et al., 2020Bills, K. L., Cating, R., Lin, C., & Seidel, T. A. (2020). The spillover effect of SEC comment letters through audit firms. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3349191
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
; Yao & Xue, 2019Yao, Y., & Xue, S. (2019). Comment letters and internal control opinion shopping. China Journal of Accounting Studies, 7(2), 214-244. doi.org/10.1080/21697213.2019.1676066
https://doi.org/doi.org/10.1080/21697213...
). O artigo elimina ainda 990 observações onde houve baixos níveis de comércio (menos de 20 negócios) em empresas por ano, bem como os casos onde faltavam dados essenciais para medir as variáveis de pesquisa em empresas por ano. A amostra final é composta por 621 observações, sendo 137 observações com cartas de comentários (CCs) e 484 observações não sem CC.

VARIÁVEIS DE MEDIÇÃO

Expertise financeira e independência do comitê de auditoria

Com base em pesquisas anteriores (Bilal et al., 2018; Lee & Park, 2019Lee, J., & Park, J. (2019). The impact of audit committee financial expertise on management discussion and analysis (MD&A) tone. European Accounting Review, 28(1), 129-150. doi.org/10.1080/09638180.2018.1447387
https://doi.org/doi.org/10.1080/09638180...
), a medida da expertise financeira do comitê de auditoria (Expert) é definida como a proporção de membros especialistas financeiros presentes no comitê de auditoria da empresa. Além disso, a medida de independência do comitê de auditoria (Indep) é definida como o percentual de seus membros independentes.

Escrutínio regulatório

Na esteira de amplos e relevantes estudos (Cassell, Dreher & Myers, 2013Cassell, C. A., Dreher, L. M. & Myers, L. A. (2013). Reviewing the SEC’s review process: 10-K comment letters and the cost of remediation. The Accounting Review, 88(6), 1875-1908. doi.org/10.2308/accr-50538
https://doi.org/doi.org/10.2308/accr-505...
; Cassell et al., 2019Cassell, C. A., Cunningham, L. M., & Lisic, L. L. (2019). The readability of company responses to SEC comment letters and SEC 10-K filing review outcomes. Review of Accounting Studies, 24(4), 1252-1276. doi:10.1007/s11142-019-09507-x
https://doi.org/10.1007/s11142-019-09507...
; Cunningham et al., 2020Cunningham, L. M., Johnson, B. A., Johnson, E. S., & Lisic, L. L. (2020). The switch up: An examination of changes in earnings management after receiving SEC comment letters. Contemporary Accounting Research, 37(2), 917-944. doi:10.1111/1911-3846.12546V
https://doi.org/10.1111/1911-3846.12546V...
), esse artigo operacionaliza o escrutínio regulatório sobre empresas pelas cartas de comentários (CCs) da SEO. Especificamente, o recebimento de CC é codificado como “1” e o não recebimento como “0”, nos relatórios corporativos no ano t.

Modelos de teste

Conforme mencionado anteriormente, consistente com H1 e H2, esse artigo exmina se a expertise financeira e a independência do comitê de auditoria afetam o escrutínio regulatório. Assim, a variável prevista é o escrutínio regulatório (CC). Além disso, as variáveis de teste são a expertise financeira do comitê de auditoria (Expert) e a independência do comitê de auditoria (Indep). O artigo avalia a relação estatística entre a CC e ambos, Expert e Indep, estimando a regressão:

(1) C C i t = γ 0 + γ 1 Expert i t + γ 2 Indep i t + γ 3 M L i t + γ 4 F i t + γ 5 Refor i t + γ 6 Vol i t + γ 7 C M i t + γ 8 AnosList i t + γ 9 Perda i t + γ 10 R O A i t + γ 11 B R i t + γ 12 V A i t + γ 13 F E i t + γ 14 B i g i t + γ 15 M A i t + γ 10 I O i t + γ 11 Dual i t + γ 18 C P i t + γ 10 C I n d e p i t + γ t Empresa i + γ t Ano t + ε i t

Na regressão logística acima e baseado em trabalhos anteriores - Cassell et al. (2013; 2019) oferece uma discussão detalhada desta questão - esse estudo inclui diversas variáveis de controle que afetam a CC. Essas variáveis de controle são categorizadas em três dimensões gerais e incluem relatórios financeiros, governança corporativa, características corporativas e qualidade dos controles internos.

Além disso, consistente com H3, examina-se aqui se a independência do comitê de auditoria modera a associação da expertise financeira do comitê de auditoria e o escrutínio regulatório. Assim, este estudo observa empiricamente a relação entre a CC e a “interação da expertise financeira com a independência do comitê de auditoria”. Tecnicamente, são avaliados nesse estudo os papéis moderadores da independência do comitê de auditoria (Indep) estimando esta regressão:

(2) C C i t = γ 0 + γ 1 Expert i t + γ 2 Indep i t + γ 22 Expert i t × Indep i t + γ k Controle i t + γ i Empresa i + γ t Ano t + ε i t

Nas regressões logísticas acima, os Controles incluem todas as variáveis de controle na Equação (1). Notavelmente, para diminuir o impacto de outliers nos resultados, as observações são winsorizadas em 1% de distribuições contínuas.

Todas as variáveis estão definidas na Quadro 1.

Quadro 1
Definição de Variáveis

DESCOBERTAS EMPÍRICAS

Análise univariada

A Tabela 1 apresenta as características básicas das variáveis, onde a média de Expert é de aproximadamente 48% e 45% para duas subamostras: empresas com CC (CC= 1) e empresas sem CC (CC= 0), respectivamente. A diferença estatisticamente insignificante (p-valor = 0,396) entre as duas subamostras revela que a expertise financeira do comitê de auditoria não é maior para as duas subamostras. Da mesma forma, a média do Indep é de aproximadamente 46% e 82% para as duas subamostras, e essa diferença é estatisticamente significativa (p-valor=0,031) indicando que a independência do comitê de auditoria é provavelmente maior para as empresas sem CC. A tabela mostra ainda que a média da fraqueza do controle interno (FCI), a reformulação das demonstrações financeiras (Refor), financiamento externo (FE), mandato de auditoria (MA), dualidade do CEO (Dual) e independência do conselho (CIndep) são significativamente diferentes entre as duas subamostras.

Tabela 1
Estatísticas Descritivas

ANÁLISE MULTIVARIADA

Teste de H1 e H2

H1 e H2 preveem que a expertise financeira e a independência do comitê de auditoria estão associadas a CC. A Tabela 2 mostra os achados empíricos relacionados. As estatísticas sobre a qualidade do ajuste - incluindo Cox and Snell, Nagelkerke, p-valor Hosmer-Lemeshow e curva ROC - mostram que o modelo de teste se ajusta bem aos dados e é comparável a pesquisas anteriores (por exemplo, Cassell et al., 2013Cassell, C. A., Dreher, L. M. & Myers, L. A. (2013). Reviewing the SEC’s review process: 10-K comment letters and the cost of remediation. The Accounting Review, 88(6), 1875-1908. doi.org/10.2308/accr-50538
https://doi.org/doi.org/10.2308/accr-505...
, 2019). Além disso, todos os VIFs são menores que 2,7, com pontuação média de 1,5; portanto, a multicolinearidade é uma preocupação insignificante.

Ainda, a relação entre Expert e CC é estatisticamente insignificante (p-valor = 0,138). Portanto, inconsistente com H1, a maior expertise financeira do comitê de auditoria geralmente não está associada a CC. Esse estudo oferecerá mais evidências sobre essa questão na próxima seção.

Os achados representam ainda que a relação entre Indep e CC é estatisticamente significativa (p-valor=0,017). Além disso, essa associação é negativa (-1,988), sugerindo que o maior Indep se correlacionou com a menor CC. Assim, consistente com a hipótese H2, as empresas que gozam de maior independência do comitê de auditoria são menos propensas a receber uma CC.

As evidências também mostram que, comparável à literatura (Cassell et al., 2013Cassell, C. A., Dreher, L. M. & Myers, L. A. (2013). Reviewing the SEC’s review process: 10-K comment letters and the cost of remediation. The Accounting Review, 88(6), 1875-1908. doi.org/10.2308/accr-50538
https://doi.org/doi.org/10.2308/accr-505...
), a fraqueza do controle interno (FCI; p-valor = 0,000) e a reformulação (Refor; p-valor = 0,000) estão significativamente ligadas a CC. Portanto, geralmente a qualidade do relatório/controle interno pode afetar a CC. As evidências mostram ainda que algumas características da empresa, como capitalização de mercado (CM; p-valor = 0,035) e retorno sobre os ativos (ROA; p-valor = 0,056) estão ligadas a CC, além disso, elas também mostram que as empresas com maior financiamento externo (FE; p-valor = 0,045) experimentam menos CC. A dualidade do CEO (Dual; p-valor = 0,009) e independência do conselho (CIndep; p-valor = 0,046) também têm uma associação significativa com a CC, sugerindo coletivamente que uma governança corporativa forte pode diminui-la. Os resultados são comparáveis aos achados de Cassell et al. (2013)Cassell, C. A., Dreher, L. M. & Myers, L. A. (2013). Reviewing the SEC’s review process: 10-K comment letters and the cost of remediation. The Accounting Review, 88(6), 1875-1908. doi.org/10.2308/accr-50538
https://doi.org/doi.org/10.2308/accr-505...
que sugerem que relatórios financeiros, governança corporativa, qualidade do controle interno e características corporativas podem afetar a CC.

Tabela 2
Características do comitê de auditoria e CC

Teste da H3

Consistente com a H3, o artigo mostra que a independência do comitê de auditoria modera a associação da sua experiência financeira com a CC. A Tabela 3 apresenta as evidências empíricas. Os resultados mostram ainda que os coeficientes de Expert e Indep são significativos (p-valor = 0,000 e 0,002). Os coeficientes de Expert e Indep são positivos (1,305) e negativos (-1,182), respectivamente. Esses coeficientes representam o “efeito condicional” de Expert e Indep, pois os coeficientes de Expert são condicionais ao nível de Indep, e vice-versa (Burks, Randolph & Seida, 2019Burks, J. J., Randolph, D. W., & Seida, J. A. (2019). Modeling and interpreting regressions with interactions. Journal of Accounting Literature, 42, 61-79. doi: 10.1016/j.acclit.2018.08.001
https://doi.org/10.1016/j.acclit.2018.08...
). A evidência mostra ainda que o coeficiente em “Expert × Indep” é significativo (p-valor= 0,000) mostrando que, consistente com H3, a independência do comitê de auditoria modera a relação entre CC e a expertise financeira dele. Notavelmente, o efeito condicional positivo significativo do Expert no CC (=1,305) e o coeficiente negativo na interação (= -1,525) mostra que, primeiro, quando a independência do comitê de auditoria é muito fraca (ou seja, perto de zero), maior a expertise financeira deste comitê está associada a um aumento no escrutínio regulatório. Segundo e mais importante, quando a independência do comitê de auditoria é alta, a influência condicional estimada do Expert é de cerca de -0,220 (=1,305 - 1,525), indicando que a expertise financeira do comitê está associada a um menor escrutínio regulatório. Assim, os resultados indicam que a experiência financeira do comitê de auditoria pode aumentar (diminuir) o escrutínio regulatório, pois a independência do comitê de auditoria é baixa (alta).

Tabela 3
Papel moderador da independência do comitê de auditoria

ANÁLISE DE ROBUSTEZ

Análise de Diferenças em Diferenças

Este artigo usa uma abordagem de diferenças em diferenças para interpretar preocupações decorrentes de efeitos de tratamento não aleatórios em nossa análise estatística. Para isso, primeiramente, o artigo desenvolve versões dicotômicas de ambas as variáveis de teste, ou seja, expertise financeira e independência do comitê de auditoria, com base em seus valores medianos. Em segundo lugar, o artigo estima a regressão logística das variáveis dicotômicas sobre as variáveis que influenciam amplamente a expertise financeira e a independência do comitê de auditoria, incluindo o percentual de conselheiros independentes, a dualidade do CEO, o percentual de ações detidas por investidores institucionais, a capitalização de mercado e a reformulação anterior de demonstrações financeiras (Adams & Neururer, 2020Adams, T., & Neururer, T. (2020). Shareholder activism and changes in audit committee composition. SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.3239994
https://doi.org/10.2139/ssrn.3239994...
; Broye & Johannes, 2021Broye, G., & Johannes, P. (2021). Determinants of audit committee effectiveness: Reviewing a decade of empirical research. Accounting Auditing Control, 27(1), 51-109. doi: 10.3917/cca.271.0051
https://doi.org/10.3917/cca.271.0051...
). Terceiro, o estudo calcula os valores ajustados para todas as observações e combina-as com outras de valor ajustado mais próximo no mesmo ano e indústria, seguindo pesquisas anteriores (Cunningham et al., 2020Cunningham, L. M., Johnson, B. A., Johnson, E. S., & Lisic, L. L. (2020). The switch up: An examination of changes in earnings management after receiving SEC comment letters. Contemporary Accounting Research, 37(2), 917-944. doi:10.1111/1911-3846.12546V
https://doi.org/10.1111/1911-3846.12546V...
; Shipman, Swanquist & Whited, 2017Shipman, J. E., Swanquist, Q. T., & Whited, R. L. (2017). Propensity score matching in accounting research. The Accounting Review, 92(1), 213-244. doi:10.2308/accr-51449
https://doi.org/10.2308/accr-51449...
). Finalmente, este artigo re-testa as três hipóteses (H1, H2 e H3). A Tabela 4 representa resumidamente os resultados. Particularmente, o Painel A (B) relata as descobertas relativas ao reexame de H1 e H2 (H3). Os achados, consistentes com resultados anteriores, revelam que a associação de CC e expertise financeira (independência do comitê de auditoria) não é (é) estatisticamente significante - ou seja, p-valor = 0,539 (0,007). Além disso, os resultados do segundo painel mostram que a independência do comitê de auditoria modera a relação entre a expertise financeira do comitê e o escrutínio regulatório (p-valor = 0,000). Coletivamente, os resultados são consistentes com achados anteriores, sugerindo que os potenciais efeitos não aleatórios do tratamento não influenciam significativamente os resultados principais.

Tabela 4
Análise de Diferenças em Diferenças

Modelagem de equações estruturais

Gow, Larcker e Reiss (2016)Gow, I. D., Larcker, D. F., & Reiss, P. C. (2016). Causal inference in accounting research. Journal of Accounting Research, 54(2), 477-523. doi:10.1111/1475-679x.12116
https://doi.org/10.1111/1475-679x.12116...
argumentam que a pesquisa contábil se beneficiaria da modelagem de equações estruturais (MEE) para melhor traçar inferências causais. Assim, como uma análise de robustez, este artigo emprega MEE e reexamina as três hipóteses. A Figura 1 exibe os resultados. O Residual Raiz Quadrado Médio Padronizado (SRMR) é 0,041, que é menor que 0,08 graus, indicando uma qualidade de ajuste apropriada (Henseler & Sarstedt, 2013Henseler, J., & Sarstedt, M. (2013). Goodness-of-fit indices for partial least squares path modeling. Computational Statistics, 28(2), 565-580. doi: 10.1007/s00180-012-0317-1
https://doi.org/10.1007/s00180-012-0317-...
). Além disso, consistente com os resultados anteriores, a análise de trajetória sugere que não há (há) uma associação significativa entre a expertise financeira (independência) do comitê de auditoria e a CC. Além disso, a figura mostra um efeito moderador significativo (p-valor = 0,005) para a independência (Indep).

Figura 1
Modelagem de equações estruturais

Análise fora da amostra

Para evitar o potencial viés inerente à nossa previsão dentro da amostra, seguindo a literatura anterior (Canela, Alegre & Ibarra, 2019Canela, M. Á., Alegre, I., & Ibarra, A. (2019). Quantitative Methods for Management. New York, USA: Springer International Publishing), este artigo realiza uma avaliação fora da amostra. Para isso, voltamos a testar de H1 até H3 no ano de 2020. A Tabela 5 mostra brevemente os resultados. Particularmente, o Painel A (B) relata os resultados relativos ao reexame de H1 e H2 (H3). Os resultados, consistentes com os achados anteriores, revelam que a relação entre CC e expertise financeira (independência) não é (é) estatisticamente significativa - ou seja, p-valor = 0,689 (0,012). Os resultados mostram ainda que a independência do comitê de auditoria modera significativamente a associação de expertise financeira e escrutínio regulatório (p-valor = 0,009). Portanto, a evidência dessa análise fora da amostra é consistente com os resultados anteriores.

Tabela 5
Análise fora da amostra

ANÁLISE COMPLEMENTAR

O impacto dos conflitos de agência

Os gerentes podem seguir comportamentos oportunistas em pequenos ou grandes conflitos de agência (Areneke, Yusuf & Kimani, 2019Areneke, G., Yusuf, F., & Kimani, D. (2019). Anglo-American governance adoption in non-Anglo-American settings. Managerial Auditing Journal, 34(4), 486-514. doi:10.1108/maj-12-2017-1733
https://doi.org/10.1108/maj-12-2017-1733...
). Isso quer dizer que os diferentes níveis de conflitos podem dar diversas pistas heurísticas para os responsáveis pelo escrutínio regulatório, no sentido de que eles, mais ou menos, confiam na independência dos comitês de auditoria como um determinante significativo dos relatórios corporativos. Portanto, consistente com os argumentos apresentados em apoio à terceira hipótese, observa-se que a influência da moderação da independência do comitê de auditoria na relação entre a expertise financeira e o escrutínio regulatório é mais forte (mais fraca) sob conflitos de agência grandes (ou pequenos). Para obter evidências empíricas sobre essa conjectura, a amostra foi categorizada em dois grupos de anos empresariais: (1) A empresa enfrentou grandes problemas de agência no ano; e (2) A emrpesa enfrentou pequenos conflitos de agência no ano. Em seguida, o estudo re-estima o Modelo de Teste. Notavelmente, para medir conflitos de agência, seguindo estudos anteriores (por exemplo, Judd, Olsen, & Stekelberg, 2017Judd, J. S., Olsen, K. J., & Stekelberg, J. (2017). How do auditors respond to CEO narcissism? Evidence from external audit fees. Accounting Horizons, 31(4), 33-52. doi:10.2308/acch-51810
https://doi.org/10.2308/acch-51810...
), este estudo operacionaliza o problema de agência pela agregação de cinco variáveis binárias: dualidade do CEO, pequenos diretores independentes, grandes detentores de blocos externos, Narcisismo do CEO e qualidade da governança corporativa. Conseqüentemente, as observações com códigos de 0 a 2 (3 a 5) são consideradas observações com pequeno (grande) conflito de agência.

A Tabela 6 relata os resultados. O painel A (B) mostra o efeito de moderação da independência do comitê de auditoria na relação entre CC e expertise financeira para as empresas com peguenos (grandes) conflitos de agência. Conforme demonstrado, os coeficientes em “Expert × Indep” são significativos em ambos os painéis. No entanto, o coeficiente no Painel B (-1,738) é significativamente mais forte do que o equivalente no Painel A (-0,683), que também é representado pelo p-valor significativo não tabulado no teste Z (p-valor= 0,016). Isso aponta que o efeito de moderação da independência do comitê de auditoria na ligação entre sua expertise financeira dele e o escrutínio regulatório é mais forte em maiores conflitos de agência.

Tabela 6
O efeito de moderação da independência do comitê de auditoria em relação aos grandes ou pequenos conflitos de agência

A influência da compressão da carga de trabalho dos responsáveis pelo escrutínio regulatório

De acordo com a teoria das pistas heurísticas da psicologia (Bazerman, 2017Bazerman, M. H. (2017). Judgment and decision-making. In R. Biswas-Diener, & E. Diener (Eds.), Noba textbook series: Psychology. Champaign, USA: DEF Publishers.), sob compressão de carga de trabalho, os revisores regulatórios são mais propensos a explorar pistas heurísticas para concluir de forma mais rápida e eficiente se a auditoria é de alta qualidade. Nessa situação, os revisores regulatórios provavelmente confiam na independência dos comitês de auditoria como um determinante significativo dos relatórios financeiros. Portanto, consistente com os argumentos apresentados em apoio à terceira hipótese, é esperado que o impacto da moderação da independência do comitê de auditoria na relação entre sua expertise financeira e o escrutínio regulatório seja mais forte (mais fraco) sob as maiores (menores) compressões de carga de trabalho dos revisores regulatórios. Para fornecer evidências empíricas sobre essa questão, a amostra deste estudo é categorizada em dois grupos de empresas (empresa-ano): (1) empresas com Esfand - o último mês do calendário iraniano - final do ano fiscal (ou seja, alta amostra de pressão na carga de trabalho); e (2) empresas com final de ano fiscal não Esfand (ou seja, baixa amostra de pressão na carga de trabalho). Em seguida, O Modelo de Teste é re-estimado.

A Tabela 7 relata os resultados. O painel A (B) exibe o impacto da moderação da independência do comitê de auditoria no vínculo entre a CC e a expertise financeira para as empresas que têm um Esfand (um não-Esfand) no final do ano fiscal - ou seja, amostra de pressão de carga de trabalho alta (baixa). Conforme mostrado nos planos, os coeficientes em “Expert × Indep” são significativos em ambos os painéis. No entanto, o coeficiente no Painel A (-1,936) é significativamente mais forte do que o equivalente no Painel B (-1,154). A este respeito, o teste não tabulado também revela um p-valor significativo no teste Z a 5%. Isso sugere que o efeito de moderação da independência do comitê de auditoria na relação entre a experiência financeira do comitê e o escrutínio regulatório é mais forte sob uma maior compressão da carga de trabalho dos responsáveis por essa prática.

Tabela 7
O efeito da moderação da independência do comitê de auditoria sob alta versus baixa compressão da carga de trabalho dos responsáveis pelo escrutínio regulatório

CONCLUSÕES

Pesquisas anteriores oferecem evidências mistas sobre como a expertise financeira afeta o processo de evidenciação de relatórios corporativos e, portanto, o escrutínio regulatório. Este artigo sugere que a independência dos comitês de auditoria tem um papel moderador na associação da expertise financeira com o escrutínio regulatório. Especificamente, o artigo mostra que a expertise financeira do comitê de auditoria pode aumentar (diminuir) o escrutínio regulatório quando ela é baixa (alta). Além disso, descobertas complementares mostram que esse efeito interativo é mais forte quando há maior conflito de agência e maior compressão de carga de trabalho dos responsáveis por tal escrutínio. Coletivamente, os resultados sugerem que, em primeiro lugar, a expertise financeira e a independência dos comitês de auditoria devem ser analisadas em conjunto, pois a independência modera os benefícios da expertise. Em segundo lugar, a consideração da pressão de carga de trabalho dos reguladores e dos conflitos de agência são essenciais nesta análise. As descobertas apresentadas aqui podem ser úteis para as diversas partes envolvidas nos mercados de capitais. Por exemplo, acionistas e membros dos conselhos de administração podem reduzir custos regulatórios concentrando-se na composição e nas atribuições dos comitês de auditoria, ou seja, expertise financeira e independência, pois esses fatores têm impacto nos relatórios corporativos e no escrutínio regulatório.

No entanto, nosso estudo enfrenta limitações importantes. Em primeiro lugar, a amostra desta pesquisa é homogênea e se concentra em somente um mercado de capitais. Embora este seja comparável à maioria dos grandes mercados de capitais em desenvolvimento, não é possível fazer generalização de nossos resultados para todos os mercados em desenvolvimento. Em segundo lugar, a CC não reflete todos os riscos do escrutínio regulatório. Assim, é necessário que o leitor considere e use os resultados apresentados aqui com cautela.

REFERENCES

  • Adams, T., & Neururer, T. (2020). Shareholder activism and changes in audit committee composition. SSRN Electronic Journal doi:10.2139/ssrn.3239994
    » https://doi.org/10.2139/ssrn.3239994
  • Alderman, J., & Jollineau, S. J. (2020). Can audit committee expertise increase external auditors' litigation risk? The moderating effect of audit committee independence. Contemporary Accounting Research, 37(2), 717-740. doi.org/10.1111/1911-3846.12549
    » https://doi.org/doi.org/10.1111/1911-3846.12549
  • Al-Hadrami, A., Rafiki, A., & Sarea, A. (2020). The impact of an audit committee's independence and competence on investment decision: A study in Bahrain. Asian Journal of Accounting Research. 5(2), 299-313. doi.org/10.1108/AJAR-02-2020-0008
    » https://doi.org/doi.org/10.1108/AJAR-02-2020-0008
  • Areneke, G., Yusuf, F., & Kimani, D. (2019). Anglo-American governance adoption in non-Anglo-American settings. Managerial Auditing Journal, 34(4), 486-514. doi:10.1108/maj-12-2017-1733
    » https://doi.org/10.1108/maj-12-2017-1733
  • Bala, H., Amran, N. A., & Shaari, H. (2019). Audit committee attributes and cosmetic accounting in Nigeria. Managerial Auditing Journal, 35(2), 177-206. doi:10.1108/maj-06-2018-1897
    » https://doi.org/10.1108/maj-06-2018-1897
  • Ballestero, R., & Schmidt, J. J. (2019). Does auditor involvement expedite SEC comment letter resolution? SSRN Electronic Journal doi:10.2139/ssrn.3350730
    » https://doi.org/10.2139/ssrn.3350730
  • Bazerman, M. H. (2017). Judgment and decision-making. In R. Biswas-Diener, & E. Diener (Eds.), Noba textbook series: Psychology Champaign, USA: DEF Publishers.
  • Bédard, J., & Paquette, S. M. (2021). Audit committee financial expertise, litigation risk, and auditor-provided tax services. Accounting Perspectives, 20(1), 7-48. doi: 10.1111/1911-3838.12236
    » https://doi.org/10.1111/1911-3838.12236
  • Bilal, Chen, S., & Komal, B. (2018). Audit committee financial expertise and earnings quality: A meta-analysis. Journal of Business Research, 84, 253-270. doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.11.048
    » https://doi.org/doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.11.048
  • Bills, K. L., Cating, R., Lin, C., & Seidel, T. A. (2020). The spillover effect of SEC comment letters through audit firms. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3349191
    » https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3349191
  • Broye, G., & Johannes, P. (2021). Determinants of audit committee effectiveness: Reviewing a decade of empirical research. Accounting Auditing Control, 27(1), 51-109. doi: 10.3917/cca.271.0051
    » https://doi.org/10.3917/cca.271.0051
  • Burks, J. J., Randolph, D. W., & Seida, J. A. (2019). Modeling and interpreting regressions with interactions. Journal of Accounting Literature, 42, 61-79. doi: 10.1016/j.acclit.2018.08.001
    » https://doi.org/10.1016/j.acclit.2018.08.001
  • Canela, M. Á., Alegre, I., & Ibarra, A. (2019). Quantitative Methods for Management New York, USA: Springer International Publishing
  • Carcello, J. V., Hermanson, D. R., & Ye, Z. (2011). Corporate governance research in accounting and auditing: Insights, practice implications, and future research directions. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 30(3), 1-31. doi: 10.2308/ajpt-10112
    » https://doi.org/10.2308/ajpt-10112
  • Cassell, C. A., Cunningham, L. M., & Lisic, L. L. (2019). The readability of company responses to SEC comment letters and SEC 10-K filing review outcomes. Review of Accounting Studies, 24(4), 1252-1276. doi:10.1007/s11142-019-09507-x
    » https://doi.org/10.1007/s11142-019-09507-x
  • Cassell, C. A., Dreher, L. M. & Myers, L. A. (2013). Reviewing the SEC’s review process: 10-K comment letters and the cost of remediation. The Accounting Review, 88(6), 1875-1908. doi.org/10.2308/accr-50538
    » https://doi.org/doi.org/10.2308/accr-50538
  • Chy, M., & Hope, O.-K. (2021). Real effects of auditor conservatism. Review of Accounting Studies, 26(2), 730-771. doi:10.1007/s11142-020-09568-3
    » https://doi.org/10.1007/s11142-020-09568-3
  • Cunningham, L. M., Johnson, B. A., Johnson, E. S., & Lisic, L. L. (2020). The switch up: An examination of changes in earnings management after receiving SEC comment letters. Contemporary Accounting Research, 37(2), 917-944. doi:10.1111/1911-3846.12546V
    » https://doi.org/10.1111/1911-3846.12546V
  • Dechow, P. M., Sloan, R. G., & Sweeney, A. P. (1995). Detecting earnings management. Accounting Review, 70(2), 193-225. Retrieved from https://www.jstor.org/stable/248303
    » https://www.jstor.org/stable/248303
  • DeFond, M. L., & Hung, M. (2003). An empirical analysis of analysts’ cash flow forecasts. Journal of Accounting and Economics, 35(1), 73-100. doi: 10.1016/S0165-4101(02)00098-8
    » https://doi.org/10.1016/S0165-4101(02)00098-8
  • DeFond, M., & Zhang, J. (2014). A review of archival auditing research. Journal of Accounting and Economics, 58(2-3), 275-326. Doi: 10.1016/j.jacceco.2014.09.002
    » https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2014.09.002
  • Duro, M., Heese, J., & Ormazabal, G. (2019). The effect of enforcement transparency: Evidence from SEC comment-letter reviews. Review of Accounting Studies, 24(3), 780-823. doi:10.1007/s11142-019-09503-1
    » https://doi.org/10.1007/s11142-019-09503-1
  • Gow, I. D., Larcker, D. F., & Reiss, P. C. (2016). Causal inference in accounting research. Journal of Accounting Research, 54(2), 477-523. doi:10.1111/1475-679x.12116
    » https://doi.org/10.1111/1475-679x.12116
  • Henseler, J., & Sarstedt, M. (2013). Goodness-of-fit indices for partial least squares path modeling. Computational Statistics, 28(2), 565-580. doi: 10.1007/s00180-012-0317-1
    » https://doi.org/10.1007/s00180-012-0317-1
  • Hesarzadeh, R., & Rajabalizadeh, J. (2020). Does securities commission oversight reduce the complexity of financial reporting? Revista de Contabilidad, 23(1), 1-17. doi:10.6018/rcsar.389791
    » https://doi.org/10.6018/rcsar.389791
  • Judd, J. S., Olsen, K. J., & Stekelberg, J. (2017). How do auditors respond to CEO narcissism? Evidence from external audit fees. Accounting Horizons, 31(4), 33-52. doi:10.2308/acch-51810
    » https://doi.org/10.2308/acch-51810
  • Kronenberger, S., Kronenberger, S., & Ye, M. (2020). Audit committee independence and auditor-manager disputes. SSRN Electronic Journal doi:10.2139/ssrn.3671569
    » https://doi.org/10.2139/ssrn.3671569
  • Kubic, M., & Toynbee, S. (2021). Regulator continuity and decision-making quality: Evidence from SEC comment letters. SSRN Electronic Journal doi:10.2139/ssrn.3802115
    » https://doi.org/10.2139/ssrn.3802115
  • Lee, J., & Park, J. (2019). The impact of audit committee financial expertise on management discussion and analysis (MD&A) tone. European Accounting Review, 28(1), 129-150. doi.org/10.1080/09638180.2018.1447387
    » https://doi.org/doi.org/10.1080/09638180.2018.1447387
  • Lewis, A. (2008). The Cambridge handbook of psychology and economic behaviour Cambridge, UK: Cambridge University Press.
  • Liu, X., Lobo, G. J., & Yu, H. (2020). Is audit committee equity compensation related to audit fees? Contemporary Accounting Research. 38(1), 740-769. doi:10.1111/1911-3846.12632
    » https://doi.org/10.1111/1911-3846.12632
  • Malik, M. (2014). Audit committee composition and effectiveness: a review of post-SOX literature. Journal of Management Control, 25(2), 81-117. doi: 10.1007/s00187-014-0188-4
    » https://doi.org/10.1007/s00187-014-0188-4
  • Piot, C., & Janin, R. (2007). External auditors, audit committees and earnings management in France. European Accounting Review, 16(2), 429-454. ‏ doi.org/10.1080/09638180701391030
    » https://doi.org/doi.org/10.1080/09638180701391030
  • Sarbanes-Oxley Act of 2002 (2002, July 24). Public Law 107-204, 107th Congress, 2d Session. Retrieved from https://www.soxlaw.com/
    » https://www.soxlaw.com/
  • Securities and Exchange Organization. (2013). Guidelines on internal controls Retrieved from http://en.seo.ir/
    » http://en.seo.ir/
  • Shipman, J. E., Swanquist, Q. T., & Whited, R. L. (2017). Propensity score matching in accounting research. The Accounting Review, 92(1), 213-244. doi:10.2308/accr-51449
    » https://doi.org/10.2308/accr-51449
  • Shroff, N. (2020). Real effects of PCAOB international inspections. The Accounting Review, 95(5), 399-433. doi:10.2308/accr-52635
    » https://doi.org/10.2308/accr-52635
  • Tehran Stock Exchange. (2017). Iran's capital market Retrieved from http://tse.ir/cms/Portals/0/int/Guide%20to%20investe%20in%20TSE1_1.pdf
    » http://tse.ir/cms/Portals/0/int/Guide%20to%20investe%20in%20TSE1_1.pdf
  • Yang, S. (2020). Comment letters on annual reports: Evidence from an emerging market. SSRN Electronic Journal doi:10.2139/ssrn.3669701
    » https://doi.org/10.2139/ssrn.3669701
  • Yao, Y., & Xue, S. (2019). Comment letters and internal control opinion shopping. China Journal of Accounting Studies, 7(2), 214-244. doi.org/10.1080/21697213.2019.1676066
    » https://doi.org/doi.org/10.1080/21697213.2019.1676066

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    19 Fev 2021
  • Aceito
    21 Jan 2022
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br