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Editorial

EDITORIAL

Em um artigo veiculado pela revista acadêmica American Psychologist em janeiro de 2003 - "The Explosion of Knowledge, References, and Citations: Psychology's Unique Response to a Crisis", John G. Adair, da Universidade de Manitoba, e Neharika Vohra, do Indian Institute of Management, comentam os impactos que a "explosão do conhecimento" trouxe para pesquisadores em termos de acompanhar, conseguir acesso e processar o enorme volume de literatura e estudos produzidos.

Na Psicologia, como na Administração e em outras ciências, um reflexo interessante da "explosão do conhecimento" foi o aumento substancial do número de referências e citações por artigo.

Como se sabe, citações e referências conduzem o leitor pelo enorme volume de conhecimento acumulado e o ajudam a se situar. Citações e referências também têm um papel legitimador: elas atestam a conhecimento do autor sobre o campo, reforçam sua credibilidade e aumentam a possibilidade de aceitação do artigo, quando submetido a um periódico. Muitos editores iniciam sua leitura de manuscritos pelo resumo e saltam diretamente para as referências e a conclusão. Se o trabalho for pobre ou desatualizado em termos de referências, ou ignorar as principais publicações da área, as chances de aceitação serão limitadas.

Por outro lado, o excesso de referências e citações pode ocupar espaço que poderia ser destinado ao desenvolvimento da contribuição teórica ou à discussão de resultados, ou ainda ao aumento do número de artigos publicados por periódico. Há também o risco de gerar revisões bibliográficas redundantes em trabalhos que tratam de temas similares. Finalmente, a leitura pode se tornar aborrecida e maçante.

Observações não sistemáticas deste editor sobre os artigos enviados à RAE e à RAE-eletrônica, mostram alguns problemas comuns: primeiro, excesso de citações e referências; segundo, excesso de citações e referências de trabalhos do próprio autor ou de sua instituição; terceiro, excesso de referências de livros, em detrimento de referências de bons periódicos; e quarto, citações apresentadas na forma de recorte de idéias, sem a devida articulação.

A soma destas características leva comumente a artigos longos e de limitada contribuição científica. É notável a dificuldade de autores, especialmente aqueles das áreas de recursos humanos, estratégia e organizações, de produzir textos abaixo de 8000 palavras, limite definido como desejável nas normas da revista.

Outras áreas de conhecimento, como as Ciências Biológicas, têm experimentado iniciativas para limitar a extensão dos trabalhos veiculados em periódicos. O seminal trabalho sobre a estrutura do DNA, publicado em 2 de abril de 1953, na revista Nature, por J. D. Watson F. H. C. Crick, tinha 1 página e 6 referências! Talvez seja uma boa referência para nossas reflexões sobre a qualidade e extensão do que geramos em nosso campo de conhecimento.

Boa leitura!

Thomaz Wood Jr.

Diretor e Editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Dez 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2003
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