RESUMO
Objetivo: Este artigo tem dois objetivos principais: 1. mensurar o nível de bem-estar financeiro (BEF) dos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e 2. testar a hipótese de que a alfabetização financeira é um antecedente do BEF.
Originalidade/valor: Considerando que ainda não há uma definição e uma medida universalmente aceitas para o BEF (Brüggen, Hogreve, Holmlund, Kabadayi, & Löfgren, 2017), este estudo busca aplicar a metodologia proposta pelo Consumer Financial Protection Bureau (CFPB) no Brasil, uma vez que as tentativas anteriores de aplicação de outras escalas demonstraram uma grande instabilidade. E ainda é testada a hipótese de que a alfabetização financeira é um antecedente do BEF.
Design/metodologia/abordagem: Para mensurar, o BEF utilizou-se a escala desenvolvida pelo CFPB. A alfabetização financeira foi construída a partir das três dimensões propostas pela Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), a saber: comportamento, atitude e conhecimento financeiros. O instrumento foi aplicado em 561 beneficiários das três faixas de financiamento do PMCMV. Utilizaram-se para análise técnicas de estatística descritiva, análise fatorial confirmatória e regressão linear múltipla.
Resultados: Os resultados indicaram que a maioria dos beneficiários do programa apresenta níveis médio baixo e médio alto de BEF. A hipótese de que a alfabetização financeira é um antecedente do BEF foi confirmada, e as três dimensões impactaram positivamente. O nível de renda também exerce impacto positivo, ao passo que o fato de possuir dependentes exerce influência negativa no nível de BEF. A escala de BEF proposta pelo CFPB parece adequada ao contexto brasileiro. O avanço nas estratégias nacionais de alfabetização financeira tende a ampliar o BEF dos beneficiários do PMCMV.
PALAVRAS-CHAVE
Bem-estar financeiro; Programa Minha Casa Minha Vida; Alfabetização financeira; Proteção financeira; Escalas de bem-estar