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Pais e médicos precisam conhecer e recomendar as vacinas contra HPV

EDITORIAL

Pais e médicos precisam conhecer e recomendar as vacinas contra HPV

As vacinas contra os tipos mais agressivos de Papilomavírus Humano (HPV) são muito bem-vindas, pois vão reduzir a incidência do câncer cervical uterino, diminuirão o estresse provocado por resultados anormais nos exames citológicos ou pelo diagnóstico de uma doença infecciosa sexualmente transmitida e pouparão gastos referentes aos cuidados com a saúde1. Mas para atingir tais benefícios, é indispensável que a vacina seja realmente aceita pelos grupos de pessoas nos quais ela será indicada, isto é, nos jovens ou crianças pré-adolescentes. Esta aceitação envolve aspectos muito peculiares, sendo indispensável avaliar a percepção do problema pelos diversos atores envolvidos como os usuários, suas famílias, os profissionais da área da saúde (com suas respectivas instituições) e a sociedade em geral2.

Nas decisões sobre o emprego da vacina deve-se encarar a progressiva redução da idade com que rapazes e moças do mundo ocidental iniciam a atividade sexual. Um estudo de 2005, nos Estados Unidos, constatou que 5,7% das meninas e 7,9% dos meninos já tinham se iniciado nas práticas sexuais. Desta forma, a vacinação deve ser indicada para pré-adolescentes ou jovens no início da adolescência para obter o maior benefício possível da prevenção3.

Recentes estudos de campo procuram esclarecer o grau de conhecimento das mulheres sobre o HPV e as principais variáveis que têm influência na citada percepção quanto ao emprego da vacina. Muitos destes estudos procedem da Europa e América do Norte, pois não existem trabalhos brasileiros correspondentes, encontrando-se apenas os realizados com mulheres já portadoras de HPV.

Como o benefício da vacina só ocorre para pessoas que ainda não contraíram a infecção pelo HIV, os alvos principais das campanhas de vacinação deverão ser jovens na pré-adolescência e na adolescência precoce. Pesquisas feitas com a vacina contra hepatite B nestes grupos etários mostram que os indivíduos confiam nos pais para questões de vacina4.

Os profissionais da área da saúde têm papel importante no sentido de influenciar os pais e os usuários para a aceitação da vacina contra HPV. É preciso que eles desenvolvam conhecimentos e habilidades para tal tarefa. Além disso, nos Estados Unidos já se demonstrou que o grau de endosso destes profissionais às imunizações, de modo geral, depende muito da recomendação das associações de classe.

PAULO ALIGIERI

Referências

1. Goldie SJ, Kohli M, Grima D, Weinstein MC, Wright TC, Bosch FX, et al. Projected clinical benefits and cost-effectiveness of a human papillomavirus 16/18 vaccine. J Natl Cancer Inst. 2004;96(8):604-15.

2. Sturm LA, Mays RM, Zimet GD. Parental beliefs and decision making about child and adolescent immunization: from polio to sexually transmitted infections. J Dev Behav Pediatr. 2005;26(6):441-52.

3. Rosenthal SL. Protecting their adolescents from harm: parental views on STI vaccination. J Adolesc Health. 2005;37(1):177 8.

4. Rosenthal SL, Kottenhahn RK, Biro FM, Succop PA. Hepatitis B vaccine acceptance among adolescents and their parents. J Adolesc Health. 1995;17(2):248-54.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2007
  • Data do Fascículo
    Ago 2007
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