Acessibilidade / Reportar erro

Complicações na gastrectomia por câncer e obesidade

Panorama Internacional

Clínica Cirúrgica

COMPLICAÇÕES NA GASTRECTOMIA POR CÂNCER E OBESIDADE

Este estudo tem como propósito esclarecer o efeito da obesidade nas complicações pós-operatórias e na sobrevida da cirurgia do câncer gástrico. Foram estudados 293 pacientes submetidos a gastrectomia subtotal com linfadenectomia D2 por câncer gástrico no período entre 1990 e 1997.

Formaram-se três grupos de acordo com o índice de massa corpórea (IMC). Analisaram-se o tempo operatório, perda sangüínea, complicações pós-operatórias e sobrevida entre os grupos. O grupo A representou 61 pacientes com IMC< 20, o grupo B 178 pacientes com IMC entre 20 e 25 e o grupo C 54 pacientes com IMC > 25. O tempo operatório se mostrou maior quanto maior fosse o IMC (grupo C >grupo B > grupo A) com p<0,05. A perda sangüínea também foi significante (p<0,05), isto é, era maior quanto maior fosse o IMC. As complicações pós-operatórias (fístula, abscesso e sangramento) foram de 3,3% no grupo A, 5,6% no grupo B e 22,2% no grupo C. Não houve diferença significativa na taxa de sobrevida em cinco anos entre os três grupos. O trabalho concluí que quanto maior o IMC nos pacientes com câncer de estômago submetidos a gastrectomia com linfadenectomia D2 maiores são as complicações pós-operatórias.

Comentário

Sabemos que no indivíduo obeso as dificuldades para a realização da gastrectomia aumentam, principalmente quando se realiza a linfadenectomia. O grande volume de gordura intracavitária prejudica a identificação das cadeias linfonodais e sua adequada retirada. Provavelmente, este seja um dos importantes fatores pelos quais os cirurgiões do ocidente tem resultados piores que seus colegas japoneses quando realizam gastrectomias com linfadenectomias. Além disso, um cirurgião deve realizar pelo menos 30 gastrectomias com linfadenectomia por ano para se manter treinado no procedimento, segundo o professor Maruyama do Centro Nacional do Câncer de Tokio. São poucos os cirurgiões que têm essa oportunidade, uma vez que o grande número de pacientes com câncer de estômago se concentra em hospitais públicos, sendo que estes estabelecimentos geralmente tem residentes em treinamento, o que leva a uma diluição do número de cirurgias por médico dificultando assim um bom treinamento para a linfadenectomia.

ELIAS JIRJOSS ILIAS

PAULO KASSAB

OSVALDO PRADO CASTRO

Referência

Inagawa S, Adachi S, Oda T, Kawamoto T, Koike N, Fukao K. Effect of fat volume on postoperative complications and survival rate after D2 dissection for gastric cancer. Gastric Cancer 2000; 3:141-4.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Set 2002
Associação Médica Brasileira R. São Carlos do Pinhal, 324, 01333-903 São Paulo SP - Brazil, Tel: +55 11 3178-6800, Fax: +55 11 3178-6816 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: ramb@amb.org.br