Resumo
Objetivo:
Avaliar o impacto da necessidade de ventilação mecânica (VM) e sua duração na qualidade de vida (QV) e no estado funcional físico (EFF) dos pacientes após a alta imediata da UTI.
Método:
Estudo transversal incluindo todos os pacientes que, consecutivamente, tiveram alta da UTI durante um período de um ano. Durante a primeira semana após a alta da UTI, a QV foi avaliada através do questionário WHOQoL-Bref e o EFF através do índice de Karnofsky e do índice de Barthel modificado, comparados retrospectivamente com o estado pré-admissão (variação [Δ] dos índices).
Resultados:
Durante o estudo, 160 indivíduos preencheram os critérios de inclusão. Os indivíduos submetidos a VM apresentaram maior prejuízo no EFF (Δ Karnofsky [-19,7 ± 20,0 vs. -14,9 ± 18,2; p=0,04] e Δ Barthel modificado [-17,4 ± 12,8 vs. -13,2 ± 12,9; p=0,05]) quando comparados aos pacientes sem VM. A duração da VM foi um bom preditor de redução do EFF (Δ Karnofsky [-14,6-1,12 * dias totais de VM; p=0,01] e Δ Barthel modificado [-14,2-0,74 * dias totais de VM; p=0,01]). A QV, avaliada pelo WHOQoL-Bref, não mostrou diferença entre os grupos (14,0 ± 1,8 vs. 14,5 ± 1,9; p=0,14) e a duração da VM não influenciou a QV (WHOQoL-Bref [14,2-0,05 * dias totais de VM; p=0,43]).
Conclusão:
A necessidade e a duração do VM reduzem a performance física dos pacientes após a alta da UTI.
Palavras-chave:
Respiração Artificial; Qualidade de Vida; Unidades de Terapia Intensiva; Alta do Paciente; Atividades Cotidianas; Recuperação de Função Fisiológica; Estudos Transversais