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Uso de testes não-invasivos na avaliação da hipertensão portal

PANORAMA INTERNACIONAL

GASTROENTEROLOGIA

Uso de testes não-invasivos na avaliação da hipertensão portal

Gustavo Pignaton de Freitas

As varizes de esôfago são resultantes da hipertensão portal e incidem em cerca de 50% dos pacientes com cirrose hepática. O risco de sangramento é de cerca de 30% no primeiro ano após a detecção das varizes. A mortalidade após o primeiro episódio de hemorragia digestiva é da ordem de 30%. Sendo assim, o rastreamento de varizes esofagianas e de sinais da cor vermelha pode prevenir a hemorragia através da adoção de profilaxia primária. A profilaxia antes do primeiro sangramento pode ser medicamentosa, pelo uso de beta-bloqueadores e nitratos; ou endoscópica, pelo emprego da ligadura elástica. Têm sido estudadas formas não-invasivas de detecção de hipertensão portal sem a necessidade de realizar endoscopia digestiva. Os parâmetros não-invasivos mais freqüentemente explorados são o tamanho do baço e a contagem de plaquetas. A trombocitopenia inferior a 88 mil/mm3, associada à esplenomegalia, indica maior risco de sangramento digestivo varicoso. A razão entre contagem de plaquetas/tamanho do baço superior ao valor de 909 indica ausência de varizes esofagianas, portanto dispensa o paciente da profilaxia medicamentosa.

Comentário

A razão entre contagem de plaquetas/tamanho de baço apresenta valor preditivo negativo de 100% e valor preditivo positivo de 83%, no entanto não traz correlação com o tamanho das varizes esofagianas. Na tentativa de aumentar o poder discriminativo dos testes não-invasivos, buscou-se a determinação de outro parâmetro que se correlacione fortemente com a presença e o tamanho das varizes. Este parâmetro é a razão entre o tamanho do lobo direito/nível sérico de albumina, sendo que o valor de corte é 4.425, alcançando uma sensibilidade de 83,1% e especificidade de 73,9%. A obtenção de testes de maior acurácia pode evitar a realização de exames invasivos e de maior custo em pacientes com varizes de maior calibre e com risco de sangramento, além de ajudar na seleção de pacientes que necessitam de endoscopias mais freqüentes. A partir da informação do teste não-invasivo pode-se iniciar a profilaxia primária. A endoscopia digestiva poderia ser reservada à terapêutica nos casos de intolerância medicamentosa e necessidade de ligadura elástica profilática. É, porém, improvável que os testes não-invasivos venham a excluir os pacientes de uma endoscopia digestiva inicial.

  • Sen S, Griffiths WJ. Non-invasive prediction of oesophageal varices in cirrhosis. World J Gastroenterol. 2008;14(15):2454-5.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jan 2009
  • Data do Fascículo
    Dez 2008
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