Resumo
Introdução:
Cateteres venosos centrais são fundamentais na prática clínica diária. Em hospitais de ensino, esse procedimento é realizado por médicos residentes, frequentemente sem supervisão ou treinamento estruturado.
Objetivo:
Descrever as características das punções venosas centrais e a taxa de complicações relacionadas.
Método:
Estudo de coorte retrospectiva. Foram selecionados pacientes adultos submetidos a punção venosa central fora de unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital de ensino no ano letivo de 2014 (março de 2014 a fevereiro de 2015). Os dados foram coletados por meio de revisão de prontuários com o uso de formulário eletrônico. Foram avaliadas características clínicas e laboratoriais dos pacientes, características do procedimento, taxa de complicações mecânicas e infecciosas relacionadas. Foram comparados os pacientes com complicações em relação àqueles sem complicações.
Resultados:
Foram avaliadas 311 punções venosas centrais. Os principais motivos para realização do procedimento foram falta de rede periférica, quimioterapia e sepse. Ocorreram 20 complicações mecânicas (6% dos procedimentos); punção arterial foi a mais comum. Procedimentos realizados no segundo semestre do ano letivo foram associados a menor risco de complicações (razão de chances de 0,35 [IC95 0,12-0,98; p=0,037]). Foram descritos 35 casos de infecção relacionada ao cateter (11,1%). Casos de infecção foram associados a pacientes mais jovens e procedimentos realizados por residentes com mais de um ano de treinamento. Procedimentos realizados após o primeiro trimestre tiveram menor chance de infecção.
Conclusão:
Esses resultados mostram que a taxa de complicações mecânicas de punção venosa central em nosso hospital é semelhante à da literatura; porém, maior atenção deve ser dada para medidas de prevenção de infecção.
Palavras-chave:
cateteres venosos centrais; infecções relacionadas a cateter; dispositivos de acesso vascular; pneumotórax; ultrassonografia