Na região Sul do Brasil, a partir de 1989, foram descritos inúmeros casos de contato acidental com o corpo de lagartas venenosas da mariposa da espécie Lonomia obliqua Walker, 1855 (Lepidoptera: Saturniidae). As lagartas de L. obliqua possuem comportamento gregário e alimentam- -se de folhas das árvores hospedeiras durante a noite, permanecendo agrupadas no tronco durante o dia, o que favorece a ocorrência de acidentes. Essa lagarta possui o corpo recoberto por cerdas urticantes, que, ao contato com a pele dos indivíduos, se rompem e liberam seu conteúdo, inoculando o veneno na vítima. A constituição básica do veneno é proteica e seus componentes produzem modificações fisiológicas no acidentado, que incluem distúrbios na hemostasia. Síndrome hemorrágica associada a coagulopatia de consumo, hemólise intravascular e insuficiência renal aguda são algumas das manifestações clínicas possíveis relacionadas ao envenenamento por L. obliqua. Ainda não foram descritas avaliações laboratoriais específicas para diagnóstico do envenenamento, que é feito com base na anamnese do paciente, nas manifestações clínicas, nos índices hematimétricos e, principalmente, nos parâmetros que avaliam a coagulação sanguínea. A terapêutica é feita com a utilização de medidas de suporte e com a administração de um soro heterólogo hiperimune específico. Os envenenamentos podem ser graves e até mesmo fatais.
Palavras-chave:
hemostasia; lepidópteros; animais venenosos