À BEIRA DO LEITO
GINECOLOGIA
Câncer do endométrio o que considerar?
Luis Bahamondes
Na discussão da temática do câncer de endométrio três questões práticas devem ser consideradas:
1) Quais mulheres devem ser investigadas?
Não existe dúvida de que em qualquer mulher com sangramento após menopausa, o diagnóstico de câncer de endométrio ou de lesões precursoras deve ser afastado; por outro lado, naquelas na menacme com sangramento uterino disfuncional (SUD) o endométrio deve ser obrigatoriamente estudado, antes de se iniciar qualquer terapêutica, pois não raramente pode-se tratar de um carcinoma endometrial ou de uma lesão precursora. Nessas mulheres a anamnese, o exame clínico e a determinação sérica da glicose são imprescindíveis, pois é comum a associação entre câncer de endométrio, diabetes, hipertensão arterial e obesidade. Cuidadosa investigação do peso também deve ser incluída, destacando o sobrepeso e a obesidade mórbida, pois é cada vez mais freqüente o número de casos de câncer de endométrio nessas mulheres.
2) Qual a melhor metodologia diagnóstica?
Em relação às mulheres após a menopausa há um consenso quanto ao primeiro exame que deve ser solicitado: a ultra-sonografia, de preferência a transvaginal para mensurar a espessura endometrial (dupla camada); se esta for menor de 5 mm, afasta-se praticamente o câncer endometrial.
O outro exame, também ambulatorial é a aspiração do endométrio com cânula tipo Pipelle, que de acordo com a Associação Norte-americana de Câncer é capaz de diagnosticar 99% das lesões. Este exame é o mais indicado para as mulheres com SUD em idade reprodutiva.
3) Quais tratamentos devem ser indicados?
Não há duvida de que a histerectomia total é a terapêutica de eleição e a extensão da cirurgia dependerá do estadiamento da doença. Entretanto, é crescente o número de casos de mulheres com câncer de endométrio em idade reprodutiva que desejam conservar seu potencial reprodutivo ou de mulheres com contra-indicações para a cirurgia. Nestas situações duas opções emergem como importantes alternativas: a inserção de um sistema intra-uterino liberador de levonorgestrel (Mirena) ou a utilização do acetato de medroxiprogesterona em altas doses.
Referências
1. Parazzini F, La Vecchia C, Bocciolone L, Francheschi S. The epidemiology of endometrial cancer. Gynecol Oncol 1991; 41:1-16.
2. Everett E, Tamini H, Greer B, Swisher E, Paley P, Mandel L, et al. The effect of body mass index on clinical/pathologic features, surgical morbidity, and outcome in patients with endometrial cancer. Gynecol Oncol 2003; 90:150-7.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
07 Maio 2004 -
Data do Fascículo
2004