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Tabagismo e climatério

Panorama Internacional

Ginecologia

TABAGISMO E CLIMATÉRIO

O tabagismo é uma das preocupações da sociedade moderna devido aos efeitos deletérios que acarreta na população. O hábito do tabagismo em mulheres jovens vem aumentando progressivamente, não havendo controle eficaz dos órgãos de saúde pública para regular e coibir tal prática. As entidades governamentais não têm desenvolvido programas específicos e regulares em escolas e nos meios de comunicação com a finalidade de prevenir a população para os diversos efeitos nocivos do cigarro.

A composição do cigarro é feita de aerosóis e substâncias químicas, sendo os principais metabólitos: nicotina, cotidina, carboxihemoglobina, tiocinato, cadmium, cobre, ferro, níquel, chumbo, benzopirina, arsênico, N-nitrosonornicotina, beta-nafilamina, arabinase, polonium 210, benzina e amônia. Os gases são: monóxido de carbono, acetaldeído, metanol e óxidos de nitrogênio.

A nicotina aumenta a incidência de recém-natos de baixo-peso, natimortos, abortos espontâneos e placenta prévia, por mecanismos de reação placentária à hipóxia causada pelo monóxido de carbono. Há maior risco de infertilidade, com redução dos níveis séricos de hormônio luteinizante, vasopressina, hormônio antidiurético, prolactina e aumento dos níveis de catecolaminas, androgênios adrenais e cortisol.

O mecanismo da carcinogênese do tabagismo envolve três fases: inalação, promoção e progressão dos vários metabólitos aos órgãos alvos. A ação carcinogênica dos metabólitos do cigarro envolve diversos orgãos: pulmões, laringe, cavidade oral, esôfago, pâncreas, bexiga, rins e estômago.

O tabagismo aumenta o risco para osteoporose, reduzindo a massa óssea precocemente e aumentando sua perda no adulto jovem. Aumenta ainda a incidência de maior resistência à insulina, assim como maior incidência de problemas cardiovasculares, tromboembólicos, doença pulmonar obstrutiva e bronquite crônica (inclusive nos familiares de tabagistas de mais de um maço/dia, os fumantes passivos).

Fonseca et al., estudando 240 mulheres climatéricas, sendo 140 fumantes e 100 não fumantes, observaram quanto ao perfil clínico e laboratorial, que as mulheres fumantes tiveram menopausa antecipada em três anos, assim como maior sintomatologia climatérica, maiores níveis plasmáticos de colesterol total, LDL-colesterol, triglicérides e maior perda óssea. Straten et al., citam ainda outros efeitos relacionados ao tabagismo como: enrugamento e perda da gordura facial, mudanças de coloração e perda do brilho da pele, unhas amareladas, cicatrização mais lenta, psoríase, halitose e estomatite nicotínica, doença vascular periférica aterosclerótica, doença de Raynaud entre outras.

Comentário

A divulgação dos efeitos adversos decorrentes do tabagismo pode ser uma ferramenta valiosa ao alcance dos médicos para estimular a parada do vício.

ANGELA MAGGIO DA FONSECA

PAULO AUGUSTO DE ALMEIDA JUNQUEIRA

JOSEFINA ODETE MASSABKI POLAK

Referências

1. Massabki JOP et al. Tabagismo. Rev. Ginec Obstet, 9(4):264-8, 1998.

2. Fonseca AM et al. Menopausa e tabagismo. Rev. Ginec. Obstet. 10(1):21-5, 1999.

3. Vander Straten M, Carrasco D, Paterson MS, McCrary Ml, Meye DJ, Tyring SK et al. Tobacco use skin disease. South Med J 2001; 94:621-34.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Nov 2001
  • Data do Fascículo
    Set 2001
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