Resumo
O presente estudo investiga as práticas discursivas nos relatórios socioambientais da Norte Energia, revelando como estas refletem a ideologia dominante de desenvolvimento. Utilizando o modelo de análise crítica do discurso de Fairclough e o conceito de contabilidade contra-hegemônica, o estudo examina os relatórios de sustentabilidade da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, com foco nos impactos sobre os povos indígenas dentro dos temas desmatamento, água, biodiversidade e violência. A construção da usina resultou em significativos impactos ambientais e sociais, como o desmatamento e a alteração dos regimes hídricos, a biodiversidade e a violência contra as comunidades indígenas locais. A análise textual revela o uso de uma linguagem técnica e quantitativa para minimizar a gravidade dos impactos ambientais, como o desmatamento e a gestão hídrica. Em relação à biodiversidade, os relatórios destacam esforços de preservação que, na realidade, mostram uma desconexão entre as ações relatadas e os impactos reais. O estudo aponta para a sub-representação da violência e dos conflitos, especialmente em relação às comunidades indígenas e ribeirinhas, onde os conflitos e as violações de direitos humanos são minimizados ou omitidos. Por fim, conclui-se que a abordagem da empresa perpetua relações de poder desiguais e marginaliza as preocupações sociais e ambientais, reforçando a necessidade de uma reorientação para uma racionalidade substantiva que valorize os direitos e conhecimentos das comunidades afetadas, promovendo um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável.
Palavras-chave:
discurso; contra-hegemônica; ideologia