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A IMPORTÂNCIA DA PALMEIRA Syagrus coronata (Mart.) Beec. PARA A CONSERVAÇÃO DA RIQUEZA E DIVERSIDADE DE ESPÉCIES EPÍFITAS VASCULARES NA CAATINGA1

THE IMPORTANCE OF THE PALM Syagrus coronata (Mart.) Beec. FOR THE CONSERVATION OF SPECIES RICHNESS AND DIVERSITY OF VASCULAR EPIPHYTES IN THE CAATINGA

RESUMO

Neste estudo, o objetivo foi avaliar as diferenças entre a riqueza e a diversidade epifítica sobre os forófitos de licuri, Syagrus coronata (Mart.) Beec., e outras espécies da Caatinga, bem como verificar a maior frequência das epífitas sobre os estratos de S. coronata. O estudo foi realizado no Parque Nacional do Vale do Catimbau, em Pernambuco. Foram selecionados, aleatoriamente, 50 indivíduos adultos de S. coronata (L), assim como o indivíduo arbóreo adulto mais próximo de cada S. coronata (O), excluindo-se os indivíduos de licuri, para contabilizar o número de indivíduos epifíticos por espécie e classificá-los quanto à forma de vida em hemepífitas primárias, hemepífitas secundárias, holoepífitas obrigatórias, holoepífitas facultativas e holoepífitas acidentais. Foram amostrados 760 indivíduos epifíticos distribuídos em 16 espécies, dos quais 15 táxons sobre S. coronata, principalmente encontrados na região da estipe recoberta pelos restos das bainhas das folhas antigas, e cinco no outro grupo forofítico. A diversidade de Shannon-Weaver (L - 1,936; O - 0,155) foi significativamente maior sobreS. coronata quando comparada com aquela observada sobre as outras espécies forofíticas. A análise de dissimilaridade florística das espécies epífitas em razão dos dois tipos de forófitos (L e O) apontou a formação de agrupamentos mais consistentes entre os indivíduos de S. coronata em relação às demais espécies. Além disso, considerando os tamanhos do diâmetro à altura do solo (DAS) e a altura, evidenciou-se que, quanto maiores esses parâmetros, maiores também a riqueza e abundância de indivíduos epifíticos. Assim, este estudo corrobora a importância desta espécie como hospedeira da riqueza e diversidade epifítica na Caatinga e para a conservação das populações de S. coronata.

Palavras-chave:
Epifitismo; PARNA do Catimbau; Arecaceae

ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the differences between the epiphytic diversity and richness on the phorophytes of licuri, Syagrus coronata (Mart.) Beec., and other species of the Caatinga and check the higher frequency of epiphytes on the strata of S. coronata. The study was conducted at the National Park of Catimbau Valley (Parque Nacional do Vale do Catimbau), in Pernambuco. We randomly selected 50 adults of S. coronata (L) as well as the individual adult tree closest to each S. coronata (O), excluding individuals of licuri to count the number of epiphytic individuals per species and classify them according to their life form in primary hemiepiphytes, secondary hemiepiphytes, mandatory holoepiphytes, optional holoepiphytes and accidental holoepiphytes. We sampled 760 individuals distributed in 16 species, 15 of which taxa of S. coronata, mainly found in the stem region covered by the remains of old leaf sheaths, and five in another phorophyte group. The Shannon-Weaver (L - 1.936; O - 0.155) diversity was significantly higher on S. coronata when compared to the one observed on other phorophyte species. The floristic dissimilarity analysis of the epiphytic species according to the two types of phorophytes (L and O) showed the formation of more consistent clusters among individuals of S. coronata in relation to other species. Moreover, considering the sizes of DGH (diameter at ground height) and height, it is evident that the higher these parameters are, the greater the richness and abundance of epiphytic individuals. Thus, this study confirms the importance of this species as a host of epiphytic diversity and richness in the Caatinga, and for the conservation of S. coronata populations.

Keywords:
Epiphytism; PARNA Catimbau; Arecaceae

1. INTRODUÇÃO

As epífitas, grupo de plantas de grande importância ecológica, estão distribuídas em 84 famílias e aproximadamente 25.000 espécies, representando 10% de toda a flora vascular conhecida (KRESS, 1986KRESS, W.J. The systematic distribution of vascular epiphytes: an update. Selbyana, v.9, n.1, p.2-22, 1986.; LÜTTGE, 1997LÜTTGE, U. Epiphytes, lianas and hemiepiphytes. In: LÜTTGE, U. (Ed.). Physiological ecology of tropical plants. Berlim: Springer-Verlag, 1997. p.210-224.). São fontes de recursos alimentares, como frutos, néctar, pólen e água, além de servirem de abrigo e local de reprodução de algumas espécies de animais (NADKARNI, 1988NADKARNI, N.M. Tropical rainforest ecology from a canopy perspective. In: ALMEIDA, F.; PRINGLE, C.M. (Ed.). Tropical rain forest: diversity and conservation. San Francisco: American Association for the Advancement of Science, 1988. p.306-308.; SCHINEIDER; TEIXEIRA, 2001SCHINEIDER, J.A.P.; TEIXEIRA, R.L. Relacionamento entre anfíbios anuros e bromélias da restinga de regência, Linhares, Espírito Santo, Brasil.Iheringia, Série Zoológica, v.91, p.41-48, 2001.; MESTRE et al., 2001MESTRE, L.A.M.; ARANHA, J.M.R.; ESPER, M.L. Macroinvertebrate fauna associated to the bromeliad ABREIVrisea inflataFECHAI of Atlantic Forest (Parana state, southern Brazil). Brazilian Archives of Biology and Technology, v.44, n.1, p.89-94, 2001.), possibilitando, assim, a ocorrência de uma diversidade faunística maior no ambiente que habitam (WAECHTER, 1992WAECHTER, J. L. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. 1992. 13f. Tese (Doutourado em Ecologia e Recursos Naturais) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1992.; MARQUES; FORATTINI, 2008MARQUES, G.R.A.M.; FORATTINI, O.P. Culicídeos em bromélias: diversidade de fauna segundo influência antrópica, litoral de São Paulo.Revista de Saúde Pública, v.42, p.979-985, 2008.). As epífitas também possuem grande influência na ciclagem de água e nutrientes nas florestas (INGRAM; NADKARNI, 1993INGRAM, S.W.; NADKARNI, N.M. Composition and distribution of epiphytic organic matter in a Neotropical Cloud Forest, Costa Rica.Biotropica, v.25, n.4, p.370-383, 1993.; OLIVEIRA, 2004OLIVEIRA, R.R. Importância das bromélias epífitas na ciclagem de nutrientes da Floresta Atlântica. Acta Botanica Brasilica, v.18, n.4, p.793-799, 2004.).

A despeito da sua importância, os estudos em florestas secas com esse grupo de plantas são escassos. Destacam-se os estudos desenvolvidos no Brasil (SILVA et al., 2006SILVA, M.A.P.; BARROS, L.M.; ALENCAR, A.L.;BRAGA, M.R.; FERREIRA, J.K.A.; SANTOS, A.C.B. Cadernos de Cultura e Ciência,v.1, n.1, p.22-25, 2006.), no Equador (GENTRY; DODSON, 1987aGENTRY, A.H.; DODSON C.H. Contribution of non-trees to species richness of a tropical rainforest. Biotropica, v.19, p.149-156, 1987a.), no Peru (IBISCH et al., 1996IBISCH, P.L.; BOEGNER, A.; NIEDER, J.;BARTHLOTT, W. How diverse are neotropical epiphytes? An analysis based on the "Catalogue of the flowering plants and Gymnosperms of Peru". Ecotropica, v.2, n.1, p.13-28, 1996.) e no México (OLMSTED; G'OMEZ-JU'AREZ, 1996OLMSTED, I.; JUÁREZ, M.G. Distribution and conservation of epiphytes on the Yucatan Peninsula. Selbyana, v.17, n.1, p.58-70, 1996.; MONTANA et al., 1997MONTAÑA, C.; DIRZO, R.; FLORES, A. Structural parasitism of an epiphytic bromeliad upon ABREICercidium praecoxFECHAI in an intertropical semiarid ecosystem. Biotropica, v.29, n.4, p.517-521, 1997.; GARCÍA-SUÁREZ et al., 2003GARCÍA-SUÁREZ, M.A.; RICO-GRAY, V.; SERRANO, H. Distribution and abundance of ABREITillandsiaFECHAI spp. (Bromeliaceae) in the Zapotitlán Valley, Puebla, México. Plant Ecology, v.166, n.2, p.207-215, 2003.; MONDRAGÓN, 2004MONDRAGÓN, D.; DURAN, R.; RAMÍREZ, I.; VALVERDE, T. Temporal variation in the demography of the clonal eiphyte ABREITillandsiabrachycaulosFECHAI (Bromeliaceae) in the Yucatán Peninsula, Mexico. Journal of Tropical Ecology, v.20, n.2, p.189-200, 2004.).

Trabalhos com as epífitas são mais abundantes em regiões tropicais e subtropicais úmidas (AGUIAR et al., 1981AGUIAR, L.W.; CITADINI-ZANETTE, V.;MARTAU, L.; BACKES, A. Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia Série Botânica, v.28, n.1, p.55-93, 1981.; GENTRY; DODSON, 1987bGENTRY, A.H.; DODSON C.H. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden, v.74, n.1, p.205-223, 1987b.; COXSON; NADKARNI, 1995COXSON, D.S.; NADKARNI, N.M. Ecological roles of epiphytes in nutrient cycles of forest ecosystems. In: LOWMAN, M.D.; NADKARNI, N.M. (Ed.).Forest canopies. San Diego: Academic Press, 1995. p.495-543.; ANDRADE; NOBEL, 1997ANDRADE; J.L.; NOBEL, P.S. Micro habitats and water relations of epiphytic cacti and ferns in a lowland neotropical forest.Biotropica, v. 29, n.3, p.261-270, 1997.; GUEVARA et al., 1998GUEVARA, L.; LABORDE, J.; SÁNCHEZ, G. Are isolated remmant trees in pastures a fragmented canopy? Selbyana, v.19, n.1, p.34-43, 1998.; NIEDER et al., 2001NIEDER, J.;PROSPERÍ, J.; MICHALOUD, G. Epiphytes and their contribution to canopy diversity. Plant Ecology, v.153, n.1, p.51-63, 2001.), incluindo o Brasil (CERVI; DOMBROWSKI, 1985CERVI, A.C.; DOMBROWSKI, L.T.D. Bromeliaceae de um capão de floresta primária do Centro Politécnico de Curitiba (Paraná, Brasil).Fontqueria, v.9, n.1, p.9-11, 1985.; CERVI et al., 1988CERVI, A.C.;ACRA, L.A.; RODRIGUES, L.;TRAIN, S.; IVANCHECHEN, S.L.; MOREIRA, A. Contribuição ao conhecimento das epífitas (exclusive Bromeliaceae) de uma floresta de araucária do primeiro planalto paranaense.Ínsula, v.18, n.1, p.75-82, 1988.; PINTO et al., 1995PINTO, A.C.; DEMATTÊ; M.E.S.P.; PAVANI, M.C.M.D. Composição florística de epífitas (Magnoliophyta) em fragmento de floresta no município de Jaboticabal, SP, Brasil. Científica,v.23, n.2, p.283-289, 1995.; DISLICH, 1996DISLICH, R. Florística e estrutura do componente epifítico vascular da Reserva da Cidade Universitária"Armando de Salles Oliveira", São Paulo, Brasil. 1996. 29f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.; FONTOURA et al., 1997FONTOURA, T.; SYLVESTRE, L.S.; VAZ, A.M.S.;VIEIRA, C.M. Epífitas vasculares, hemiepífitas e hemiparasitas da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: LIMA, H.C.; GUEDES-BRUNI, R.R. (Ed.). Serra de Macaé de Cima:diversidade florística e conservação em mata atlântica. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1997. p.89-101.; WAECHTER, 1986WAECHTER, J.L. Epífitos vasculares da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia Série Botânica, v.34, n.1, p.39-49, 1986., 1992, 1998; LABIAK; PRADO, 1998LABIAK, P.H.; PRADO, J. Pteridófitas epífitas da Reserva Volta Velha, Itapoá - Santa Catarina, Brasil. Boletim do Instituto de Botânica, v.11, n.1, p.1-79, 1998.; DITTRICH et al., 1999DITTRICH, V.A.O.; KOZERA, C.; SILVA, S.M. Levantamento florístico de epífitos vasculares no Parque Barigüi, Paraná, Brasil. Iheringia Série Botânica, v.25, n.1, p.11-22, 1999.; PILIACKAS et al., 2000PILIACKAS, J.M.; BARBOSA, L.M.; CATHARINO, E.L.M. Levantamento das epífitas vasculares do manguezal do Rio Picinguaba, Ubatuba, São Paulo. In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMAS BRASILEIROS, 5., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: ACIESP, 2000. v.2. p.357-363.; KERSTEN; SILVA, 2001KERSTEN, R.A.; SILVA, S.M. Composição florística e estrutura do componente epifítico vascular em Floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v.24, n.2, p.213-226, 2001.; BATAGHIN et al., 2012BATAGHIN, F.A.; MULLER, A.; PIRES, J.S.R.;BARROS, F.; FUSHITA, A.T.; SCARIOT, E.C. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil.Hoehnea, v.39, n.4, p.615-626, 2012.; DUARTE; GANDOLFI, 2013DUARTE, M.M.; GANDOLFI, S. Enriquecimento de florestas em processo de restauração: aspectos deepífitas e forófitos que podem ser considerados.Hoehnea, v.40, n.3, p.507-514, 2013.; LEITMAN et al., 2014LEITMAN, P.; AMORIM, A.; MENINI NETO, L.;FORZZA, R.C. Epiphytic angiosperms in a mountain forest in southern Bahia, Brazil. Biota Neotropica, v.14, n.2, p.1-12, 2014.). Dessa forma, a base do conhecimento sobre as epífitas é dada em geral por estudos realizados em regiões úmidas. Esses autores demonstraram, por exemplo, a baixa frequência das epífitas vasculares em forófitos específicos (HIETZ, 1997HIETZ, P. Population dynamics of epiphytes in a Mexican humid montane forest. Journal of Ecology, v.85, n.6, p.767-775, 1997.; BONNET; QUEIROZ, 2006BONNET, A.; QUEIROZ, M.H. Estratificação vertical de bromélias epifíticas em diferentes estádios sucessionais da Floresta Ombrófila Densa, Ilha de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v.29, n.2, p.217-228, 2006.; BATAGHIN, 2009BATAGHIN, F.A. Distribuição da comunidade de epífitos vasculares em diferentes sítios na Floresta Nacionalde Ipanema, Iperó, SP, Brasil. 2009. 74f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009.).

A hipótese deste estudo é de que essa característica não se aplica às florestas secas com a presença da palmeira Syagrus coronata, espécie que possui estipe recoberto por pecíolos foliares e persistem após a queda das folhas mais velhas. Essas estruturas formam microssítios capazes de armazenar matéria orgânica e umidade (DRUMOND, 2007DRUMOND, M.A. Licuri ABREISyagrus coronataFECHAI (Mart.) Becc. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2007. 10p.), o que se supõe favorecer a germinação de sementes e recrutamento de plântulas de epífitas (OLIVEIRA et al., 2015OLIVEIRA, U.R.; ESPÍRITO-SANTO, F.S.;ALVAREZ, I.A. Comunidade epifítica de ABREISyagrus coronataFECHAI (mart.) becc. (Arecaceae) em áreas depastagens na Caatinga, Bahia. Revista Caatinga, v.28, n.2, p.84-91, 2015.).

Essas bainhas das folhas antigas, em geral, não são encontradas nas demais espécies arbóreas das Caatingas, o que pode ser o fator de diferenciação entre a riqueza e a diversidade de espécies de epífitas sobre S. coronata em relação às outras espécies de forófitos. Dessa forma, a outra hipótese testada é de que existem estratos (regiões) específicos em S. coronata que favorecem o estabelecimento da comunidade epífita.

Os objetivos deste estudo foram: (i) avaliar comparativamente a riqueza e diversidade de espécies epífitas sobre a palmeira S. coronata e sobre outras espécies arbóreas da Caatinga; e (ii) verificar a frequência das epífitas sobreS. coronata por estratos de fixação. Adicionalmente, também foram avaliados outros aspectos ecológicos da relação entre as epífitas e S. coronata (análise de dissimilaridade florística da comunidade epífita e correlação dos parâmetros biométricos dos forófitos com a abundância e riqueza epifítica), a fim de nortear estratégias de conservação das espécies.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de estudo

O estudo foi realizado no Parque Nacional do Vale do Catimbau (PARNA do Catimbau) (08º32'54,2" S; 037º14'49,6" W) (Figura 1). O Parque possui uma área de 62.300 hectares e está situado nos Municípios de Buíque, Ibimirim e Tupanatinga.

Figura 1
Mapa de distribuição dos forófitos no Parque Nacional do Vale do Catimbau, Pernambuco.
Figure 1
Map of distribution of the sampled phorophytes in the National Park of Catimbau Valley, Pernambuco.

O PARNA do Catimbau é considerado de extrema importância biológica e área prioritária para a conservação da Caatinga, por apresentar números relevantes de endemismos e espécies raras (MMA, 2002; SAMPAIO et al., 2002SAMPAIO, E.V.S.B. Uso das plantas da caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.;VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C. (Ed.).Vegetação e flora da caatinga. Recife: APNE/CNIP, 2002. p.49-90.), sendo considerado ainda o segundo maior sítio arqueológico do país. Apresenta flora diversificada, em que se encontram desde espécies características das Caatingas até espécies de áreas mais úmidas e de maior altitude, como Mata Atlântica, Campo Rupestre e Cerrado (RODAL et al., 1998RODAL, M.J.N.;ANDRADE, K.V.A.; SALES, F.M.;GOMES, A.P.S. Fitossociologia do componente lenhoso de um refúgio vegetacional no municípiode Buíque, Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, v.58, n.3, p.517-526, 1998.). O local possui clima Tropical Semiárido com temperatura média anual de 26 °C, precipitação média anual de 600 mm, estação chuvosa entre os meses de abril e junho e altitude entre 600-1.000 m (SUDENE, 1990SUPERINTENDÊNCIADO DESENVOLVIMENTODO NORDESTE -SUDENE -. Dados pluviométricos mensais do Nordeste. 1990. Disponível em: http://www.sudene.gov.br/. Acesso em: 14 jun. 2012.
http://www.sudene.gov.br/...
; IBAMA, 2005INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIOAMBIENTE EDOS RECURSOS RENOVÁVEIS -IBAMA. Unidades de Conservação. 2005. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/supes-am/unidades-de-conservacao. Acesso em: 20 abr. 2012.
http://www.ibama.gov.br/supes-am/unidade...
).

A área de estudo possui por volta de 4 km2. É um setor do PARNA do Catimbau caracterizado pela Caatinga Arenícola, terrenos fortemente ondulados com grandes paredões, solos arenosos e altitude variando entre 800-1.000 m. A espécie distribui-se unicamente nessa região do Parque. Sua dispersão é irregular nessa área, apresentando manchas ora com elevado número de indivíduos, ora com poucos espécimes e indivíduos isolados entre eles (Figura 1).

2.2. Metodologia

Para avaliar as diferenças entre a riqueza e a diversidade epifítica sobre os forófitos de S. coronata e outras espécies arbóreas da Caatinga, foram selecionados 50 indivíduos adultos de S. coronata (L.), assim como o indivíduo arbóreo adulto mais próximo de cada S. coronata (O), excluindo-se outros indivíduos de licuri, num total de 100 forófitos (unidades amostrais). Foram considerados indivíduos adultos de S. coronata aqueles que apresentavam material reprodutivo ou restos deste. Já para os espécimes do outro grupo forofítico foram considerados adultos os indivíduos com DAS > 3 cm (diâmetro à altura do solo) (adaptado de RODAL et al., 1992RODAL, M.J.N.F.; SAMPAIO, E.V.S.B.;FIGUEIREDO, M.A. Manual sobre métodos de estudos florísticos efitos sociológicos: ecossistema caatinga. Brasília: Sociedade Botânica do Brasil, 1992. 24p.). Todos os forófitos tiveram aferidos seu DAS e estimada a sua altura total.

Em cada forófito foi contabilizado o número de indivíduos epifíticos por espécie. Aquelas espécies que possuem crescimento clonal, devido à sua reprodução vegetativa, foram considerados como um indivíduo, cada agrupamento (DISLICH, 1996DISLICH, R. Florística e estrutura do componente epifítico vascular da Reserva da Cidade Universitária"Armando de Salles Oliveira", São Paulo, Brasil. 1996. 29f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.). As epífitas foram classificadas quanto à sua forma de vida em hemiepífitas primárias, hemiepífitas secundárias, holoepífitas obrigatórias, holoepífitas facultativas e holoepífitas acidentais (BENZING, 1990BENZING, D.H. Vascular epiphytes. Cambrige: Cambrige University Press. 1990. 52p.). Por serem essencialmente terrícolas, as espécies desta última forma de vida foram desconsideradas neste estudo, evitando, assim, superestimavas do componente epifítico.

A diversidade epifítica foi avaliada segundo o índice de Shannon-Weaver (H') (SHANNON; WEAVER, 1949SHANNON, C.E.; WEAVER, W. The mathematical theory of communication. Urbana: University of IllinoisPress, 1949. 117p.) e a equabilidade de Pielou (E) (PIELOU, 1977PIELOU, E.C. Mathematical ecology. New York: John Wiley & Sons, 1977. 385p.).

O número mediano de indivíduos e espécies foi comparado entre os grupos de forófitos por meio do teste de Mann-Whitney (U) (p < 0,05) (ZAR, 1999ZAR, J.H. Bioestatistical analysis. New Jersey: Prentice Hall, 1999. 663p.). Diferenças entre as diversidades foram verificadas pelo teste t (p < 0,05) (LEHMANN, 1997LEHMANN, E.L. Testing statistical hypotheses. 2. ed. New York: Springer-Verlag, 1997. 600p.).

A dissimilaridade florística entre os forófitos foi verificada pelo coeficiente de distância de Bray-Curtis (BRAY-CURTIS, 1957BRAY, R.J.; CURTIS, J.T. An ordination of the upland forests communities of southern Winsconsin. Ecological Monographs, v.27, n.4, p.325-349, 1957.), sendo testada a validade dos agrupamentos formados por meio do teste de permutação ANOSIM (oneway) (CLARKE, 1993CLARKE, K.R. Non-parametric multivariate analysis of changes in community structure. Australian Journal of EcologyABREI,FECHAI v.18, n.1, p.117-143, 1993.). Através da SIMPER (porcentagem de similaridade), foi definido o percentual de contribuição das espécies epífitas para a formação dos grupos forofíticos (CLARKE, 1993CLARKE, K.R. Non-parametric multivariate analysis of changes in community structure. Australian Journal of EcologyABREI,FECHAI v.18, n.1, p.117-143, 1993.). Na construção dos clusters, os indivíduos vazios (sem a presença de epífitas) foram suprimidos para melhorar a apresentação gráfica dos resultados. O método de agrupamento utilizado nessas analises foi o Arithmetic Average Clustering (SNEATH; SOKAL, 1973SNEATH, P.H.A.; SOKAL, R.R. Numerical taxonomy. San Francisco: Freeman, 1973. 573p.).

Visando verificar se os forófitos (unidades amostrais) espacialmente próximos são mais semelhantes floristicamente entre si (dependência espacial), foi realizado o teste de Mantel com 10.000 randomizações (MANTEL, 1967MANTEL, N. The detection of disease clustering and a generalized regression approach. Cancer Research, v.27, p.209-220, 1967.). Para tanto, foram correlacionadas duas matrizes de dissimilaridade, sendo uma de distância florística (Bray-Curtis) e outra de distância espacial (distância euclidiana). A distância entre os forófitos foi aferida por meio de pontos de georreferenciamento obtidos com um aparelho de GPS.

Para inferir sobre a existência de sítios mais adequados para o estabelecimento das epífitas, os forófitos de S. coronata foram divididos em três estratos: (i) fuste - região que compreende a estipe da altura do solo até o início da região seguinte; (ii) transição - região da estipe recoberta pelos restos das bainhas das folhas antigas até o início da região seguinte; e (iii) copa - região apical caracterizada pelas folhas inseridas no ápice da estipe (Figura 2). A abundância de indivíduos e de espécies foi comparada entre os estratos, por meio do teste de Kruskal-Wallis (H) (p < 0,05), com as diferenças entre os postos avaliadas por Dunn (p < 0,05) (ZAR, 1999ZAR, J.H. Bioestatistical analysis. New Jersey: Prentice Hall, 1999. 663p.).

Figura 2
Esquema da divisão dos indivíduos de Syagrus coronata em estratos.
Figure 2
Scheme of the division of Syagrus coronata individuals into strata.

Para verificar se existe correlação entre o número de indivíduos e de espécies epifíticas e os parâmetros biométricos (DAS e altura) de S. coronata, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson ® (RODGERS; NICEWANDER, 1988RODGERS, J.L.; NICEWANDER, W.A. Thirteen ways to look at the correlation coefficient. The American Statistician, v.42, n.1, p.59-66, 1988.), sendo sua significância avaliada pelo teste t (p < 0,05) (LEHMANN, 1997LEHMANN, E.L. Testing statistical hypotheses. 2. ed. New York: Springer-Verlag, 1997. 600p.).

Todas as espécies foram coletadas, herborizadas e incorporadas ao Herbário Vale do São Francisco (HVASF). A classificação taxonômica foi elaborada de acordo com o Sistema APG III (2009). As análises estatísticas foram executadas utilizando os softwares Past 1.15(c) (HAMMER et al., 2001HAMMER, O.; HAPER, D.A.T.; RYAN, P.D. PAST: Paleontological Statistics Software package for education and data analysis.Palaeontologia Electronica, v.4, n.1, p.9, 2001.), MVSP 3.1(c) (KOVACH, 2005KOVACH, W. L. MVSP -A multivariate statistical package for windows, ver. 3.1. Pentraeth: Kovach Computing Services, 2005. 133p.) e BioEstat 5.0(c) (AYRES et al., 2007AYRES, M.; AYRES JUNIOR, M.; AYRES, D.L.;SANTOS, A.A.S.BioEstat: aplicações estatísticas nas áreas de Ciências Biomédicas. Belém: Sociedade Civil Mamirauá, 2007. 334p.).

3. RESULTADOS

Foram amostrados 760 indivíduos epifíticos distribuídos em 16 espécies, dos quais 202 espécimes e 15 táxons sobre S. coronata (L) e 558 indivíduos e cinco espécies, no outro grupo forofítico (O), representados por 28 morfotipos, distribuídos em 15 famílias (Tabela 1).

Tabela 1
Famílias e espécies epífitas amostradas no Parque Nacional do Vale do Catimbau, Pernambuco. Formas de vida segundo a classificação proposta por Benzing (1990)BENZING, D.H. Vascular epiphytes. Cambrige: Cambrige University Press. 1990. 52p. e abundância de indivíduos nos grupos forofíticos. Sendo: L – Syagrus coronata; e O – outras espécies.
Table 1
Families and epiphytic species sampled in National Park of Catimbau Valley, Pernambuco. Life forms according to the classification proposed by Benzing (1990)BENZING, D.H. Vascular epiphytes. Cambrige: Cambrige University Press. 1990. 52p., and plenty of individuals in phorophyte groups. Where: L - Syagrus coronata, O - other species.

Entre os 50 licuris observados, todos serviram de suporte para as epífitas e apenas 16 indivíduos dos demais forófitos tiveram a presença de alguma espécie epifítica. O valor mediano do número de espécies e de indivíduos foi maior sobre S. coronata (espécies - L = 2; O = 0; indivíduos - L = 3; O = 0), e ambas as variáveis apresentaram diferenças significativas entre os grupos forofíticos (espécies - U = 306; Z = 6,51; p < 0,0001; e indivíduos - U = 561,5; Z = 4,75; p < 0,0001).

Entre as formas de vida consideradas neste estudo, houve predominância das holoepífitas obrigatórias e facultativas, ambas representadas por sete espécies (43,75%). Ainda foram encontradas duas hemiepífitas secundárias (12,5%). Apesar de suprimida das análises, 38 morfotipos terrícolas foram encontrados sobre S. coronata, porém apenas três deles apresentavam material reprodutivo, indicando ser as únicas holoepífitas acidentais de fato:Alternanthera sp., Gomphrena sp.1 eGomphrena sp.2, todas da família Amaranthaceae.

A diversidade também foi diferente entre os grupos de forófitos (t = 21,3; p < 0,0001), sendo o H' epifítico estatisticamente maior sobreS. coronata (L - H' = 1,936; O -H' = 0,155). O valor de E foi de 0,715 sobre S. coronata e de 0,096 sobre as outras espécies.

A análise de dissimilaridade mostrou a formação de agrupamentos mais consistentes (com menor valor de Bray-Curtis) entre os indivíduos de S. coronata. Também, verificou-se alta dissimilaridade desse grupo com os indivíduos das outras espécies (Figura 3). Segundo o teste de permutação ANOSIM, o valor de R foi de 0,47 (p < 0,0001), indicando que as réplicas dentro dos grupos forófitos são mais similares entre si do que com as repetições do outro grupo.

Figura 3
Colus sftoerró pfriotodsu azimdoo spterlaad aonsá nlios eP daer qBurea yN-Cacuirotinsa pl adroa Vale do Catimbau, Pernambuco. Sendo: Ln-1 – Syagrus coronata; e O n-1 – outras espécies.
Figure 3
Cluster analysis of Bray-Curtis for phorophytes sampled at National Park of Catimbau Valley, Pernambuco. Where: Ln-1 – Syagrus coronata; and On-1 – other species.

Duas Orchidaceae e duas Bromeliaceae foram as espécies que mais contribuíram para a formação dos grupos forofíticos, segundo a SIMPER. Catasetum purumfoi o táxon com maior porcentagem de contribuição (37,70%), seguido porTillandsia recurvata (20,93%), Vanilla palmarum (12,06%) e Bilbergia porteana (11,01%). As outras 12 espécies contribuíram com 18,30%.

A similaridade florística apresentou dependência espacial segundo o teste de Mantel (R = 0,074; p = 0,025), ou seja, que os forófitos espacialmente mais próximos são mais semelhantes floristicamente entre si do que daqueles mais distantes.

Apenas um indivíduo de uma única espécie foi amostrado na copa de S. coronata. Os demais se distribuíram entre o fuste (nove espécies e 61 indivíduos) e a transição (13 espécies e 140 indivíduos) (Tabela 2). As diferenças observadas foram comprovadas estatisticamente (espécies - H = 59,87; p < 0,0001; indivíduos - H = 59,28; p < 0,0001), sendo ambas maiores na transição.

Tabela 2
Número de indivíduos das espécies epífitas sobre S. coronata amostrados no Parque Nacional do Vale do Catimbau, Pernambuco.
Table 2
Number of individuals of species epiphytes on S. coronata sampled at Valley National Park Catimbau, Pernambuco.

Os números de indivíduos e de espécies epífitas apresentaram correlação positiva com diâmetro e altura de S. coronata. Dessa forma, ficou caracterizado que quanto maior o DAS e a altura dos forófitos, maior a riqueza de espécies (DAS - r = 0,2965; t = 2,15; p = 0,0365; altura - r = 0,3851; t = 2,89; e p = 0,0057) e abundância de indivíduos (DAS - r = 0,3274; t = 2,4; p = 0,0202; altura - r = 0,4482; t = 3,47; e p = 0,0011) epifíticos.

4. DISCUSSÃO

A riqueza de espécies epífitas no PARNA do Catimbau foi menor que a da maioria das áreas estudadas no eixo Sul-Sudeste do país: Na Ilha do Mel, em Paranaguá (PR),Kersten e Silva (2001)KERSTEN, R.A.; SILVA, S.M. Composição florística e estrutura do componente epifítico vascular em Floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v.24, n.2, p.213-226, 2001. encontram 77 espécies epífitas distribuídas na Restinga e na Floresta Ombrófila Densa local. Nos Municípios de Terra de Areia e Capão da Canoa, na planície litorânea do Rio Grande do Sul, em Florestas Arenosas, Turfosas e Pluviais, também foram observadas 77 espécies epifíticas (GONÇALVES; WAECHTER, 2002GONÇALVES, C.N.; WAECHTER, J.L. Epífitos vasculares sobre espécimes de ABREIFicus organensis FECHAIisolados no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul: padrões de abundância e distribuição. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.4, p.429-441, 2002.). No Município de Assis, SP, em uma área de Savana, em Sete Barras (SP) em um sítio de Floresta Ombrófila Densa, em Cananeia (SP) na Restinga e em Galia (SP), em uma Floresta Estacional Semidecidual, foram observadas 15, 161, 178 e 25 espécies epífitas, respectivamente (BREIER, 2005BREIER, T.B. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. 2005. 104f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) -Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.). Na região Oeste do Estado do Paraná, em uma área de Floresta Estacional Semidecidual e em uma de Floresta Ombrófila Mista, Cervi e Borgo (2007)CERVI, A.C.; BORGO, M. Epífitos vasculares no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (Brasil). Levantamento preliminar. Fontqueria, v.55, n.51, p.415-422, 2007. encontram 56 espécies. Geraldino et al. (2010)GERALDINO, H.C.L.; CAXAMBÚ, M.G.; SOUZA, D.C. Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil. Acta Botânica Brasilica, v.24, n.2, p.469-482, 2010., na mesorregião Centro Ocidental do Paraná, em um sítio de Floresta Estacional Semidecidual, e de Floresta Ombrófila Mista, observaram 61 espécies de epífitas vasculares. Bianchi et al. (2012)BIANCHI, J.S.; BENTOS, C.M.; KERSTEN, R.A. Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófilas Densa e Mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR. Estudos de Biologia, v.34, p.37-44, 2012., em região de transição de Floresta Ombrófila Mista e para a Floresta Ombrófila Densa, registraram 127 espécies epifíticas.

Dias-Terceiro (2010)DIAS-TERCEIRO, R.G. Distribuição espacial do componente epifítico vascular em um fragmento de floresta ombrófila aberta situado no município de Areia, PBABREI.FECHAI 2010. 30f. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas) -Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2010., em um fragmento de Floresta Ombrófila Aberta no Nordeste brasileiro, amostrou 23 táxons. Na Caatinga, em área antropizada no Estado da Bahia, estudo de epífitas realizado também em licuri demonstra a presença de 18 espécies epífitas, porém distribuídas em número menor de famílias que o deste estudo (seis) (OLIVEIRA et al., 2015OLIVEIRA, U.R.; ESPÍRITO-SANTO, F.S.;ALVAREZ, I.A. Comunidade epifítica de ABREISyagrus coronataFECHAI (mart.) becc. (Arecaceae) em áreas depastagens na Caatinga, Bahia. Revista Caatinga, v.28, n.2, p.84-91, 2015.).

As famílias com maior número de espécies são as mesmas, havendo o predomínio das bromeliáceas e orquidáceas. Essas famílias possuem grande quantidade de espécies e indivíduos nas fisionomias florestais dos neotrópicos (WAECHTER, 1998WAECHTER, J. L. O epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Revista Ciência e Natura, v.20, n.1, p.4366, 1998.), o que parece só se repetir em Caatinga com a presença de Syagrus coronata. Em uma área dessa formação savânica sem a palmeira, Silva et al. (2006SILVA, M.A.P.; BARROS, L.M.; ALENCAR, A.L.;BRAGA, M.R.; FERREIRA, J.K.A.; SANTOS, A.C.B. Cadernos de Cultura e Ciência,v.1, n.1, p.22-25, 2006.) só encontraram Bromeliaceae, sendo todos táxons atmosféricos (BENZING; RENFROW, 1980BENZING, D.H.; RENFROW, A. The nutritionaldynamics of ABREITillandsia circinnataFECHAI in Southern Florida and the origin of the "air plant" strategy. Botanical Gazette, v.141, n.2, p.165-172, 1980.; BENZING, 1990BENZING, D.H. Vascular epiphytes. Cambrige: Cambrige University Press. 1990. 52p.; LEME, 1993LEME, E.M.C.; MARIGO, L.C. Bromélias na natureza. Rio de Janeiro: Marigo Comunicação Visual, 1993. 12p.), os mesmos observados no grupo forofítico das demais espécies neste estudo.

Diferentemente do que ocorre em florestas úmidas onde há a predominância de holoepífitas obrigatórias (GONÇALVES; WAECHTER, 2003GONÇALVES, C.N.; WAECHTER, J.L. Aspectos florísticos e ecológicos de epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul. Acta Botanica Brasilica, v.17, n.1, p.89-100, 2003.; MANIA, 2008MANIA, L.F. Florística e distribuição de epífitas vasculares em floresta alta de restinga na planície litorânea da praia da fazenda, núcleo Picinguaba, Parque Estadual Serra do Mar, município de Ubatuba, SP. 2008. 63f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) -Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. 2008.; DIAS, 2009DIAS, A.S. Ecologia de epífitas vasculares em uma área de mata atlântica do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis, RJ. 2009. 40f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2009.; GERALDINO et al., 2010GERALDINO, H.C.L.; CAXAMBÚ, M.G.; SOUZA, D.C. Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil. Acta Botânica Brasilica, v.24, n.2, p.469-482, 2010.; MANIA; MONTEIRO, 2010MANIA, L.F.; MONTEIRO, R. Florística e ecologia de epífitas vasculares em um fragmento de floresta de restinga, Ubatuba, SP, Brasil.Rodriguésia, v.61, n.4, p.705-713, 2010.), no PARNA do Catimbau, as holoepífitas facultativas apresentaram a mesma proporção de espécies dessa outra forma de vida. As condições biofísicas das Caatingas como intensa radiação solar em todo o gradiente solo-topo das árvores, baixo porte da vegetação e solos bem drenados, são em conjunto com as prováveis razões para esse resultado e corroboram com o que foi apontado por Waechter (1998)WAECHTER, J. L. O epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Revista Ciência e Natura, v.20, n.1, p.4366, 1998. e Kersten e Silva (2001)KERSTEN, R.A.; SILVA, S.M. Composição florística e estrutura do componente epifítico vascular em Floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v.24, n.2, p.213-226, 2001., para explicar a grande contribuição desse grupo nas áreas estudadas pelos autores.

Conforme Callaway et al. (2002)CALLAWAY, R.M.; REINHART, K.O.; MOORE,G.W.; MOORE, D.J.; PENNINGS, S.C. Epiphyte host preferences and host traits: mechanisms for species-specific interactions. Oecologia, v.132, n.2, p.221-230, 2002., quanto mais xérico o ambiente, maior a importância da morfologia dos forófitos, tornando a interação entre epífitas e hospedeiras mais espécie-específica. Os resultados deste estudo corroboram essa afirmação, pois sobre o forófito S. coronata, particularmente sobre as bainhas das folhas antigas, a flora epífita é composta por espécies exclusivas, e a riqueza e diversidade são maiores quando comparadas com o outro grupo forofítico.

O estabelecimento de epífitas está fortemente relacionado aos atributos individuais dos forófitos, como altura, diâmetro, idade, formato da copa, textura e química da casca (GENTRY; DODSON, 1987bGENTRY, A.H.; DODSON C.H. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden, v.74, n.1, p.205-223, 1987b.; GARCIA-FRANCO; RICO-GRAY, 1988GARCIA-FRANCO, J.G.; RICO-GRAY, V. Experiments on seed dispersal and deposition patterns of epiphytes - the case of ABREITillandsiadeppeanaFECHAI Steudel (Bromeliaceae). Phytologia,v.65, n.1, p.73-78, 1998.; DISLICH, 1996DISLICH, R. Florística e estrutura do componente epifítico vascular da Reserva da Cidade Universitária"Armando de Salles Oliveira", São Paulo, Brasil. 1996. 29f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.; HIETZ, 1997HIETZ, P. Population dynamics of epiphytes in a Mexican humid montane forest. Journal of Ecology, v.85, n.6, p.767-775, 1997.; FONTOURA et al., 1997FONTOURA, T.; SYLVESTRE, L.S.; VAZ, A.M.S.;VIEIRA, C.M. Epífitas vasculares, hemiepífitas e hemiparasitas da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: LIMA, H.C.; GUEDES-BRUNI, R.R. (Ed.). Serra de Macaé de Cima:diversidade florística e conservação em mata atlântica. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1997. p.89-101.; NIEDER et al., 2000NIEDER, J.; ENGWALD, S.; KLAWUN, M.;BARTHLOTT, W. Spatial distribution of vascular epiphytes (including Hemiepiphytes) in a lowland amazonian rain forest (surumoni crane plot) of southern Venezuela.Biotropica, v.32, n.3, p.385-396, 2000.). Em regiões semiáridas e áridas, estruturas morfológicas específicas devem ser mais relevantes, a exemplo das bainhas foliares e da copa perene das palmeiras. As bainhas favorecem o acúmulo de matéria orgânica e água e criam micro-hábitat com condições satisfatórias para a germinação de sementes e o recrutamento de plântulas (GRIME, 2001GRIME, J.P. Plant strategies, vegetation processes, and ecosystem properties. 2. ed. Chichester: Wiley, 2001. 14p.; PEARSON et al., 2002PEARSON, T.R.H.; BURSLEM, D.F.R.P.;MULLINS, C.E.; DALLING, J.W. Germination ecology of neotropical pioneers: interacting effects of environmental conditions and seed size. Ecology, v.83, p.2798-2807, 2002.). A copa perene, por sua vez, ameniza as condições físicas abióticas desfavoráveis incidentes em ambientes mais abertos e secos (WERNECK; ESPÍRITO-SANTO, 2002WERNECK M.D.; ESPIRITO-SANTO M.M.D. Species diversity and abundance of vascular epiphytes on ABREIVellozia piresianaFECHAI in Brazil.Biotropica, v.34, n.1, p.51-57, 2002.).

Das quatro espécies mais importantes para a formação dos grupamentos na análise de dissimilaridade, três delas (Catasetum purum, Vanilla palmarum eBilbergia porteana) ocorreram exclusivamente sobre S. coronata, reforçando a importância da palmeira como hospedeiro de epífitas na Caatinga. A outra espécie foi Tillandsia recurvata, cuja contribuição para a constituição dos grupos foi dada por sua ocorrência em ambos os grupos forofíticos. Essa bromeliácea é uma das epífitas com área de ocorrência mais ampla na América Tropical (VALVERDE et al., 2005VALVERDE, T.; HERNÁNDEZ-ROSAS, L.;BERNAL, R. Habitat preference of the epiphyte ABREITillandsia recurvataFECHAI (Bromeliaceae) in a semi-desert environment in Central Mexico Canadian. Journal of Botany, v.83, n.10, p.1238-1247, 2005.), ocorrendo nos mais variados ambientes, desde os semiáridos mexicanos (VALVERDE et al., 2005VALVERDE, T.; HERNÁNDEZ-ROSAS, L.;BERNAL, R. Habitat preference of the epiphyte ABREITillandsia recurvataFECHAI (Bromeliaceae) in a semi-desert environment in Central Mexico Canadian. Journal of Botany, v.83, n.10, p.1238-1247, 2005.) até as planícies costeiras úmidas do Rio Grande do Sul (GONÇALVES; WAECHTER, 2002GONÇALVES, C.N.; WAECHTER, J.L. Epífitos vasculares sobre espécimes de ABREIFicus organensis FECHAIisolados no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul: padrões de abundância e distribuição. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.4, p.429-441, 2002.), inclusive em sítios antropogênicos (FABRICANTE et al., 2006FABRICANTE, J.R.; ANDRADE, L.A.; MARQUES, F.J. Componente epifítico vascular ocorrente em árvores urbanas. Cerne, v.12, n.4, p.399-405, 2006.; PADILHA, 2010PADILHA, P.T. Comunidade de bromélias epifíticas em fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa em Criciúma, Santa Catarina. 2010. 21f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) -Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2010.). Como a espécie é muito generalista e plástica, ocorre em todos os tipos de forófitos.

A dependência espacial da similaridade florística e a correlação positiva entre a riqueza e diversidade das epífitas com o DNS e altura dos forófitos indicam que, para que a riqueza e diversidade epifítica sejam mantidas na área, é necessário que várias subpopulações de S. coronata e os indivíduos mais velhos (maior DNS e altura) da espécie sejam preservados e manejados adequadamente. A despeito de ilegal (IBAMA, Instrução Normativa, nº 191, de 24 de setembro de 2008INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIOAMBIENTE EDOS RECURSOS RENOVÁVEIS -IBAMA. Instrução normativa, nº 191, de 24 de set. de 2008. Disponível em: http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=414&Itemid=346Acesso em: 19 jun. 2012.
http://www.sema.mt.gov.br/index.php?opti...
), S. coronata é uma das frutíferas mais exploradas de forma extrativista na Caatinga, o que tem levado a uma rápida diminuição das suas populações naturais (DRUMOND et al., 2000DRUMOND, M.A.; KIILL, L.H.P.; LIMA, P.C.F.;OLIVEIRA, M.C.; OLIVEIRA, V.R.;ALBUQUERQUE, S.G.; NASCIMENTO, C.E.S.;CAVALCANTI, J. Avaliação e identificação de ações prioritárias para aconservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000. 3p.), especialmente aquelas mais velhas, que por sua vez possuem arquitetura mais propícia para a manutenção da diversidade epifítica.

5. CONCLUSÃO

Ambas as hipóteses testadas neste estudo foram aceitas. Assim, conclui-se que as epífitas apresentam maior riqueza e diversidade em forófito específico (Syagrus coronata) e pelo estrato de transição, que é composto pela região da estipe deS. coronata recoberta pelos restos das bainhas das folhas antigas. Esses resultados convergem para a importância da espécie S. coronata como amplificadora da riqueza e diversidade epifítica na Caatinga e para a importância da conservação das populações de S. coronata.

6. AGRADECIMENTOS

Ao Ministério da Integração Nacional e ao Sr. Francisco de Assis Araújo, chefe do PARNA do Catimbau.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2016

Histórico

  • Recebido
    31 Jan 2013
  • Aceito
    30 Out 2015
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