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Ressonância magnética de corpo inteiro: uma técnica eficaz e pouco utilizada

As vantagens da ressonância magnética de corpo inteiro (RMCI) residem particularmente na ausência de radiação ionizante, com especial importância em imagem pediátrica, em razão do aumento da sensibilidade das crianças à radiação ionizante. Outra importante vantagem baseia-se na elevada acurácia da RMCI em estudar a medula óssea, órgãos sólidos, e na resolução superior de contraste nos tecidos moles, quando comparada a outras técnicas. Há interesse particular no seu papel no campo da oncologia pediátrica (por exemplo: linfoma, neuroblastoma, sarcoma e células de Langerhans). As principais desvantagens da RMCI são os seus tempos de exame relativamente longos e artefatos de movimento (que requerem a cooperação do paciente ou anestesia geral). No entanto, os avanços nas técnicas de computação e de imagem, incluindo sequências adicionais (saturação de gordura, imagem ponderada em difusão e uso de realce por gadolínio) estão reduzindo o impacto de alguns destes desafios.

O estadiamento preciso e o acompanhamento minucioso são essenciais em pacientes com doença neoplásica, para avaliar o prognóstico e decidir as opções terapêuticas mais adequadas. A imagem desempenha papel fundamental nestas etapas de avaliação. A tomografia computadorizada (TC) e, recentemente, a tomografia por emissão de pósitrons/tomografia computadorizada (PET/CT) são amplamente utilizadas, a fim de obter uma abordagem de diagnóstico integrado ao câncer como uma doença sistêmica( 1Hochhegger B, Irion K, Marchiori E. Whole-body magnetic resonance imaging: a viable alternative to positron emission tomography/CT in the evaluation of neoplastic diseases. J Bras Pneumol. 2010;36:396. , 2Basu S, Alavi A. Unparalleled contribution of 18F-FDG PET to medicine over 3 decades. J Nucl Med. 2008;49:17N-21N, 37N. ). Em particular, o uso do radiofármaco 18-fluorodesoxiglucose (FDG) forneceu, até agora, uma significativa contribuição à imagem oncológica e tem sido amplamente indicado. No entanto, esta técnica utiliza altas doses de radiação ionizante e tem algumas limitações no que concerne à resolução espacial e ao contraste, além de resultados falso-negativos e falso-positivos, que são bem descritos no crânio e abdome superior( 3Hochhegger B, Marchiori E, Irion K, et al. Magnetic resonance of the lung: a step forward in the study of lung disease. J Bras Pneumol. 2012;38:105-15. ). Por esses motivos, a RM, com a ausência de radiação ionizante, alto contraste de tecidos moles e boa resolução espacial, é uma aplicação útil para a detecção e estadiamento de neoplasias malignas, e pode superar os limites da FDG-PET/CT( 4Marchiori E, Ferreira EC, Zanetti G, et al. Whole-body magnetic resonance imaging for the evaluation of thoracic involvement in disseminated paracoccidioidomycosis. J Bras Pneumol. 2013;39:248-50. ). Em meta-análise recente, a RMCI mostrou-se um método tão eficaz quanto a PET/CT em oncologia( 5Ciliberto M, Maggi F, Treglia G, et al. Comparison between whole-body MRI and fluorine-18-fluorodeoxyglucose PET or PET/CT in oncology: a systematic review. Radiol Oncol. 2013;47:206-18. ). Este mesmo trabalho sugere que estudos prospectivos maiores e, em especial, a análise de custo-efetividade comparando os métodos, são necessários para escolher qual deve ser o padrão de investigação( 5Ciliberto M, Maggi F, Treglia G, et al. Comparison between whole-body MRI and fluorine-18-fluorodeoxyglucose PET or PET/CT in oncology: a systematic review. Radiol Oncol. 2013;47:206-18. ). Mesmo na avaliação do tórax, em que só recentemente a RM vem ganhando espaço, várias publicações recentes mostram o interesse dos autores nacionais, especialmente na área da oncologia torácica( 6Hochhegger B, Marchiori E, Sedlaczek O, et al. MRI in lung cancer: a pictorial essay. Br J Radiol. 2011;84:661-8.

Hochhegger B, Marchiori E, Irion K, et al. MRI in assessment of lung cancer. Thorax. 2011;66:357.

Marchiori E, Zanetti G, Rodrigues RS, et al. Pleural endometriosis: findings on magnetic resonance imaging. J Bras Pneumol. 2012;38:797-802.

Hochhegger B, Marchiori E, Souza LS Jr, et al. Magnetic resonance in N staging of lung cancer. Eur J Radiol. 2013;82:193.

10 Hochhegger B, Marchiori E, Irion K. MRI in lymph node staging of lung cancer. AJR Am J Roentgenol. 2013;200:W540.

11 Guimaraes MD, Schuch A, Hochhegger B, et al. Functional magnetic resonance imaging in oncology: state of the art. Radiol Bras 2014;47:101-11.

12 Guimaraes MD, Hochhegger B, Santos MK, et al. Chest MRI in the cancer patient evaluation: state of the art. Radiol Bras. 2015;48:33-42.

13 Guimaraes MD, Gross JL, Chojniak R, et al. MRI-guided biopsy: a valuable procedure alternative to avoid the risks of ionizing radiation from diagnostic imaging methods. Cardiovasc Intervent Radiol. 2014;37:858-60.

14 Guimaraes MD, Marchiori E, Odisio BC, et al. Functional imaging with diffusion-weighted MRI for lung biopsy planning: initial experience. World J Surg Oncol. 2014;12:203.

15 Guimarães MD, Hochhegger B, Benveniste MFK, et al. Improving CT-guided transthoracic biopsy of mediastinal lesions by diffusion-weighted magnetic resonance imaging. Clinics (Sao Paulo). 2014;69:787-91.
- 1616 Testa ML, Chojniak R, Sene LS, et al. Ressonância magnética com difusão: biomarcador de resposta terapêutica em oncologia. Radiol Bras. 2013;46:178-80. ). Na área da pediatria, em virtude da ausência de radiação, a RMCI vem mostrando vantagens indiscutíveis em relação à PET/CT( 1Hochhegger B, Irion K, Marchiori E. Whole-body magnetic resonance imaging: a viable alternative to positron emission tomography/CT in the evaluation of neoplastic diseases. J Bras Pneumol. 2010;36:396. , 6Hochhegger B, Marchiori E, Sedlaczek O, et al. MRI in lung cancer: a pictorial essay. Br J Radiol. 2011;84:661-8. ).

É também importante considerar o custo dos exames de imagem. Em função da natureza e da complexidade do sistema de imagem, bem como dos custos de manutenção intrínsecos, a RM é um teste mais caro que a TC. Entretanto, é mais barato que a PET/CT. Além disso, o equipamento para PET/CT tem mais componentes e a demanda por uma produção contínua de produtos radiofarmacêuticos a torna intrinsecamente mais cara. Em razão do sistema de imagem em si e da ausência de manipulação radiofarmacêutica, a RM é também uma modalidade mais segura que a PET/CT. Demonstrou-se que, diferentemente da radiação ionizante usada na TC, o poderoso campo magnético e a energia de radiofrequência da RM não causam câncer ou anomalias fetais( 1Hochhegger B, Irion K, Marchiori E. Whole-body magnetic resonance imaging: a viable alternative to positron emission tomography/CT in the evaluation of neoplastic diseases. J Bras Pneumol. 2010;36:396. , 6Hochhegger B, Marchiori E, Sedlaczek O, et al. MRI in lung cancer: a pictorial essay. Br J Radiol. 2011;84:661-8. ). É importante observar que, embora se saiba que a TC cause câncer, o risco exato de desenvolver câncer em decorrência da exposição à TC ou a repetidos exames tomográficos é desconhecido( 1Hochhegger B, Irion K, Marchiori E. Whole-body magnetic resonance imaging: a viable alternative to positron emission tomography/CT in the evaluation of neoplastic diseases. J Bras Pneumol. 2010;36:396. , 6Hochhegger B, Marchiori E, Sedlaczek O, et al. MRI in lung cancer: a pictorial essay. Br J Radiol. 2011;84:661-8. ).

No número anterior da Radiologia Brasileira, Teixeira et al.( 1717 Teixeira SR, Elias Jr J, Barbosa MHN, et al. Ressonância magnética de corpo inteiro em pediatria: estado da arte. Radiol Bras. 2015;48:111-20. ) realizam uma revisão muito interessante sobre a RMCI em pediatria. Eles revisam o papel do método, tanto em oncologia - no diagnóstico e rastreamento de tumores em pacientes portadores de síndromes genéticas, na avaliação da extensão de doenças e estadiamento oncológico, na avaliação da resposta terapêutica e no seguimento pós-terapêutico - como em lesões não neoplásicas - osteomielite multifocal, malformações vasculares e síndromes que comprometam múltiplas regiões do corpo. Este artigo é um guia interessante para todos os que querem se iniciar no método e adiciona também uma especial atenção aos aspectos técnicos, que são um dos maiores entraves para a disseminação da técnica. Por fim, o artigo demonstra que é a RM é um método que, no contexto pediátrico, deve substituir o estudo de PET/CT em breve, em função de uma acurácia semelhante e da ausência de radiação ionizante.

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    Hochhegger B, Irion K, Marchiori E. Whole-body magnetic resonance imaging: a viable alternative to positron emission tomography/CT in the evaluation of neoplastic diseases. J Bras Pneumol. 2010;36:396.
  • 2
    Basu S, Alavi A. Unparalleled contribution of 18F-FDG PET to medicine over 3 decades. J Nucl Med. 2008;49:17N-21N, 37N.
  • 3
    Hochhegger B, Marchiori E, Irion K, et al. Magnetic resonance of the lung: a step forward in the study of lung disease. J Bras Pneumol. 2012;38:105-15.
  • 4
    Marchiori E, Ferreira EC, Zanetti G, et al. Whole-body magnetic resonance imaging for the evaluation of thoracic involvement in disseminated paracoccidioidomycosis. J Bras Pneumol. 2013;39:248-50.
  • 5
    Ciliberto M, Maggi F, Treglia G, et al. Comparison between whole-body MRI and fluorine-18-fluorodeoxyglucose PET or PET/CT in oncology: a systematic review. Radiol Oncol. 2013;47:206-18.
  • 6
    Hochhegger B, Marchiori E, Sedlaczek O, et al. MRI in lung cancer: a pictorial essay. Br J Radiol. 2011;84:661-8.
  • 7
    Hochhegger B, Marchiori E, Irion K, et al. MRI in assessment of lung cancer. Thorax. 2011;66:357.
  • 8
    Marchiori E, Zanetti G, Rodrigues RS, et al. Pleural endometriosis: findings on magnetic resonance imaging. J Bras Pneumol. 2012;38:797-802.
  • 9
    Hochhegger B, Marchiori E, Souza LS Jr, et al. Magnetic resonance in N staging of lung cancer. Eur J Radiol. 2013;82:193.
  • 10
    Hochhegger B, Marchiori E, Irion K. MRI in lymph node staging of lung cancer. AJR Am J Roentgenol. 2013;200:W540.
  • 11
    Guimaraes MD, Schuch A, Hochhegger B, et al. Functional magnetic resonance imaging in oncology: state of the art. Radiol Bras 2014;47:101-11.
  • 12
    Guimaraes MD, Hochhegger B, Santos MK, et al. Chest MRI in the cancer patient evaluation: state of the art. Radiol Bras. 2015;48:33-42.
  • 13
    Guimaraes MD, Gross JL, Chojniak R, et al. MRI-guided biopsy: a valuable procedure alternative to avoid the risks of ionizing radiation from diagnostic imaging methods. Cardiovasc Intervent Radiol. 2014;37:858-60.
  • 14
    Guimaraes MD, Marchiori E, Odisio BC, et al. Functional imaging with diffusion-weighted MRI for lung biopsy planning: initial experience. World J Surg Oncol. 2014;12:203.
  • 15
    Guimarães MD, Hochhegger B, Benveniste MFK, et al. Improving CT-guided transthoracic biopsy of mediastinal lesions by diffusion-weighted magnetic resonance imaging. Clinics (Sao Paulo). 2014;69:787-91.
  • 16
    Testa ML, Chojniak R, Sene LS, et al. Ressonância magnética com difusão: biomarcador de resposta terapêutica em oncologia. Radiol Bras. 2013;46:178-80.
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    Teixeira SR, Elias Jr J, Barbosa MHN, et al. Ressonância magnética de corpo inteiro em pediatria: estado da arte. Radiol Bras. 2015;48:111-20.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2015
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