Acessibilidade / Reportar erro

Novos achados nas imagens de ressonância magnética em pacientes com polimialgia reumática

Um novo estudo sobre pacientes com polimialgia reumática (PMR) utilizando ressonância magnética (RM) dos ombros e dos quadris foi publicado no número anterior da Radiologia Brasileira(11 Leão RV, Calich ALG, Calich I, et al. Magnetic resonance imaging findings in patients with polymyalgia rheumatica. Radiol Bras. 2022;55:346-52.). A PMR é uma condição relativamente desconhecida por grande parte dos radiologistas, em contraste com o que ocorre no caso de outras doenças reumáticas como, por exemplo, a artrite reumatoide, as espondiloartrites, a artrite psoriásica e a gota. Por outro lado, diferentes técnicas de imagem têm-se mostrado úteis para auxiliar na definição desse diagnóstico(22 Cantini F, Salvarani C, Olivieri I, et al. Shoulder ultrasonography in the diagnosis of polymyalgia rheumatica: a case-control study. J Rheumatol. 2001; 28:1049-55.

3 Camellino D, Cimmino MA. Imaging of polymyalgia rheumatica: indications on its pathogenesis, diagnosis and prognosis. Rheumatology (Oxford). 2012; 51:77-86.
-44 Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.). Nos critérios da European League Against Rheumatism/American College of Rheumatology para diagnóstico da PMR, por exemplo, está incluída a avaliação por ultrassonografia, que pode ser utilizada para confirmar a presença de bursite subdeltóidea, tenossinovite do bíceps, sinovite glenoumeral, bursite trocantérica e sinovite no quadril(44 Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.).

O diagnóstico da PMR é baseado em escores a partir de critérios clínicos e laboratoriais, mas as manifestações clínicas habituais da doença, isoladamente, não são específicas. Adicionalmente, não existe um padrão de referência para o diagnóstico da PMR e tais dificuldades tornam seu diagnóstico um desafio(44 Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.). Diferentes modalidades de diagnóstico por imagem têm sido utilizadas para afastar diagnósticos diferenciais e comorbidades. A avaliação por imagem também pode ser usada para identificar achados relacionados a vasculite de grandes vasos e arterite craniana, que podem coexistir com a PMR(44 Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.).

As radiografias podem ser utilizadas eventualmente para afastar a presença de calcificações por doença de depósito de cristais e artrite erosiva, achados que geralmente não são esperados na PMR. A ultrassonografia tem sido empregada para identificar a presença de sinovite, tenossinovite e bursite com distribuição simétrica nas articulações frequentemente envolvidas pela doença(22 Cantini F, Salvarani C, Olivieri I, et al. Shoulder ultrasonography in the diagnosis of polymyalgia rheumatica: a case-control study. J Rheumatol. 2001; 28:1049-55.,44 Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.). Outros métodos de imagem têm sido utilizados, como a tomografia por emissão de pósitrons, que pode ser útil especialmente em casos que não estão respondendo ao tratamento de escolha(44 Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.).

As imagens por RM têm sido utilizadas esporadicamente na prática clínica no diagnóstico da PMR e alguns estudos na literatura já mostraram potencial utilidade do método(55 Cantini F, Nicolli L, Nannini C, et al. Inflammatory changes of hip synovial structures in polymyalgia rheumatica. Clin Exp Rheumatol. 2005;23:462-8.

6 Ochi J, Nozaki T, Okada M, et al. MRI findings of the shoulder and hip joint in patients with polymyalgia rheumatica. Mod Rheumatol. 2015;25:761-7.
-77 Marzo-Ortega H, Rhodes LA, Tan AL, et al. Evidence for a different anatomic basis for joint disease localization in polymyalgia rheumatica in comparison with rheumatoid arthritis. Athritis Rheum. 2007;56:3496-501.). As imagens de RM têm condições de demonstrar manifestações de sinovite, tenossinovite e bursite nos ombros e nos quadris, embora essas alterações não sejam específicas da doença. O estudo publicado na Radiologia Brasileira confirma a alta prevalência de bursite subdeltóidea, derrame articular nos ombros e nos quadris em pacientes com PMR em imagens de RM(11 Leão RV, Calich ALG, Calich I, et al. Magnetic resonance imaging findings in patients with polymyalgia rheumatica. Radiol Bras. 2022;55:346-52.). Um ponto que merece grande destaque em relação à publicação em foco é que este é um dos primeiros estudos que identifica alta prevalência de capsulite e peritendinite nas imagens de RM de pacientes com PMR. Este achado abre perspectivas de que novos critérios diagnósticos possam ser incorporados e pode aumentar a importância relativa da RM no estudo da PMR, uma vez que as imagens de RM têm maior acurácia do que a ultrassonografia para identificação de alterações capsulares e de edema peritendíneo.

Uma limitação importante do estudo em questão é não ter avaliado um grupo controle com voluntários assintomáticos e grupos de pacientes com outras doenças. De qualquer modo, os resultados são promissores e devem desencadear novas pesquisas a respeito do uso de técnicas de imagem e em especial sobre a aplicação de imagens de RM na PMR. O artigo de Leão et al.(11 Leão RV, Calich ALG, Calich I, et al. Magnetic resonance imaging findings in patients with polymyalgia rheumatica. Radiol Bras. 2022;55:346-52.) merece especial atenção e ajuda ao expandir o conhecimento a respeito da doença estudada.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Leão RV, Calich ALG, Calich I, et al. Magnetic resonance imaging findings in patients with polymyalgia rheumatica. Radiol Bras. 2022;55:346-52.
  • 2
    Cantini F, Salvarani C, Olivieri I, et al. Shoulder ultrasonography in the diagnosis of polymyalgia rheumatica: a case-control study. J Rheumatol. 2001; 28:1049-55.
  • 3
    Camellino D, Cimmino MA. Imaging of polymyalgia rheumatica: indications on its pathogenesis, diagnosis and prognosis. Rheumatology (Oxford). 2012; 51:77-86.
  • 4
    Lundberg IE, Sharma A, Turesson C, et al. An update on polymyalgia rheumatica. J Intern Med. 2022;292:717-32.
  • 5
    Cantini F, Nicolli L, Nannini C, et al. Inflammatory changes of hip synovial structures in polymyalgia rheumatica. Clin Exp Rheumatol. 2005;23:462-8.
  • 6
    Ochi J, Nozaki T, Okada M, et al. MRI findings of the shoulder and hip joint in patients with polymyalgia rheumatica. Mod Rheumatol. 2015;25:761-7.
  • 7
    Marzo-Ortega H, Rhodes LA, Tan AL, et al. Evidence for a different anatomic basis for joint disease localization in polymyalgia rheumatica in comparison with rheumatoid arthritis. Athritis Rheum. 2007;56:3496-501.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2023
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br