Resumo
Justificativa e objetivos:
Há poucos dados na literatura que caracterizam o padrão de uso de analgésicos na América Latina e no Brasil. Também se sabe pouco sobre o subtratamento da dor e sua influência no hábito de automedicação analgésica. O objetivo desta pesquisa é definir o padrão de uso de analgésicos entre os portadores de dor crônica (DC) e a sua potencial associação à automedicação analgésica.
Método:
Estudo observacional transversal com amostra de população urbana. A dor crônica foi definida como aquela presente por pelo menos 90 dias. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional.
Resultados:
Foram incluídos 416 indivíduos; 45,7% (n = 190) portadores de dor crônica, sendo os do sexo feminino (72,3%; p = 0,04) os mais acometidos. A automedicação analgésica é praticada por 78,4% dos portadores de dor crônica. O tratamento analgésico vigente mais frequente é composto pelos anti-inflamatórios não esteroides (AINES), dipirona e paracetamol. Os opioides fracos são pouco usados e apenas 2,6% dos indivíduos com dor crônica fazem uso desses analgésicos. Nenhum dos indivíduos estava em uso de opioides potentes.
Conclusões:
A prática de automedicação analgésica é frequente entre os portadores de dor crônica, o que pode ser consequência da pouca prescrição de analgésicos mais potentes, como os opioides. Pode-se também dizer que, pelos dados apresentados, não ocorre uma crise de uso recreativo de opioides na população estudada.
PALAVRAS-CHAVE
Dor crônica; Analgésicos; Automedicação; População urbana