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Morfina como primeiro medicamento para tratamento da dor de câncer

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

Os medicamentos usados segundo a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) não promovem alívio da dor de uma parcela dos pacientes com dor oncológica. O objetivo deste estudo foi avaliar o uso de morfina como primeiro medicamento para o tratamento da dor oncológica moderada, em pacientes com doença avançada e/ou metástases, como opção às recomendações da escada analgésica preconizada pela OMS.

MÉTODO:

Sessenta pacientes sem terapia com opioide, com idade maior ou igual a 18 anos, foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos. Os pacientes do G1 receberam medicamentos segundo a escada analgésica e iniciaram o tratamento com não opioide no primeiro degrau, opioide fraco no segundo e opioide potente no terceiro; os do G2 receberam morfina como primeiro medicamento analgésico. Foram avaliadas a eficácia e a tolerabilidade do uso inicial de morfina, a cada duas semanas durante três meses.

RESULTADOS:

Os grupos foram semelhantes quanto aos dados demográficos. Não houve diferença significante entre os grupos quanto à intensidade da dor, qualidade de vida, capacidade física, satisfação com o tratamento, necessidade de complementação e dose de morfina usada. No G1 houve maior incidência de náusea (p = 0,0088), sonolência (p = 0,0005), constipação (p = 0,0071) e tontura (p = 0,0376) na segunda consulta e para sonolência (p = 0,05) na terceira.

CONCLUSÕES:

O uso de morfina como primeiro medicamento para tratamento da dor não promoveu melhor efeito analgésico do que a escada preconizada pela OMS e houve maior incidência de efeitos adversos.

Dor oncológica; Analgesia; Morfina


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