Diversos fatores contribuíram para aumentar o número de procedimentos com circulação extracopórea para neonatos e lactentes. Esses pacientes necessitam procedimentos especiais de perfusão, fundamentos em sua fisiologia particular, nas características do seu metabolismo e na sua resposta aos desvios da homeostase, principalmente a acidose lática. São analisados os protocolos de perfusão em 110 procedimentos com parada circulatória total, para a realização da correção intracardíaca, durante a qual diversos mecanismos de injúria ao sangue foram identificados. A injúria mecânica, por ação das forças desenvolvidas na circulação artificial do sangue e nas trocas gasosas, pode danificar os elementos figurados e as proteínas do plasma sangüíneo. O contato com as superfícies do circuito extracorpóreo pode ativar os sistemas das cininas, da coagulação, da fibrinólise e do complemento, por ativação inicial do fator XII e produzir uma reação inflamatória generalizada. A produção de ácido lático pode modificar o pH ideal para a função enzimática e celular, e o superaquecimento do sangue, durante o reaquecimento, pode produzir dano ao sangue semelhante àquele causado pelos fatores físicos da circulação extracorpórea. A perfusão neonatal e de pequenos lactentes é um continuado exercício de atenção aos detalhes e respeito aos aspectos particulares da fisiologia, do metabolismo e da resposta à injúria.
circulação extracorpórea