Acessibilidade / Reportar erro

Índice de tensão específica dos flexores do cotovelo em homens treinados e não treinados

Specific tension index of elbow flexors in trained and untrained men

Resumos

O índice de tensão específica (ITE) estima a relação entre o torque máximo (TQ) e o volume muscular (VM) para uma tarefa específica, e inclui a espessura muscular (EM) como um parâmetro medido diretamente pela ultrassonografia. O objetivo do presente estudo foi comparar o VM, TQ e ITE dos flexores do cotovelo entre indivíduos treinados e não treinados em força. Participaram do estudo 40 homens, sendo 11 treinados em força há pelo menos dois anos [grupo treinado (GT): 23,5 ± 3,1 anos; 182,1 ± 4,9 cm; 88,1 ± 8,4 kg], e 29 não treinados [grupo não treinado (GNT): 29,8 ± 1,6 anos; 172,4 ± 6,6 cm; 76,4 ± 8,1 kg]. O ITE dos flexores de cotovelo de ambos os grupos foi calculado como sendo a razão do torque pelo VM. A EM através da ultra-sonografia foi utilizada para estimativa do VM. O torque de flexão do cotovelo (TQ) foi obtido em teste de contração voluntária isométrica máxima (CVIM). Teste não paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para verificar possíveis diferenças no TQ, ITE e VM entre grupos. O VM e o TQ apresentaram valores significativamente maiores no GT (526,07 ± 86,13 cm³; 112,04 ± 24,18 Nm), quando comparados aos valores apresentados pelo GNT (385,40 ± 80,89 cm³; 88,46 ± 13,77 Nm), porém, não foram encontradas diferenças estatísticas para o ITE entre os grupos GT (0,213 ± 0,03 Nm.cm-3) e GNT (0,233 ± 0,02 Nm.cm-3). O ITE dos flexores de cotovelo não apresentou valores reduzidos para o GT, sugerindo a manutenção da linearidade da relação força-volume. O TQ e a estimativa de VM mostraram-se confiáveis na distinção dos grupos, e a medida de ITE pode contribuir para análise mais aplicada, no campo da prática clínica e da prescrição de atividades físicas, como um indicador de níveis não adequados de sobrecarga e de risco de lesão.

Força muscular; Biomecânica; Torque máximo


The specific tension index (STI) estimates the ratio of maximum torque (TQ) to muscle volume (MV) for a specific task and includes muscle thickness as a parameter, which can be directly evaluated by ultrasound. The objective of the present study was to compare TQ, MV and STI of the elbow flexors between strength-trained and untrained subjects. Forty men, including 11 subjects strength trained for at least two years [trained group (TG): 23.5 ± 3.1 years; 182.1 ± 4.9 cm; 88.1 ± 8.4 kg] and 29 untrained subjects [untrained group (UG): 29.8 ± 1.6 years; 172.4 ± 6.6 cm; 76.4 ± 8.1 kg], participated in the study. The STI of the elbow flexors, expressed as the TQ/MV ratio, was calculated for both groups. Muscle thickness measured by ultrasound was used to estimate MV. TQ of the elbow flexors was estimated using maximum isometric voluntary contractions. The Mann-Whitney test was used to determine possible differences in TQ, STI and MV between groups. MV and TQ were significantly higher in TG (526.07 ± 86.13 cm³; 112.04 ± 24.18 Nm) than UG (385.40 ± 80.89 cm³; 88.46 ± 13.77 Nm). There was no significant difference in the STI between TG (0.213 ± 0.03 Nm.cm3-) and UG (0.233 ± 0.02 Nm.cm3-). Although stronger, trained subjects presented elbow flexor STI values similar to those of the untrained group, a finding suggesting the maintenance of the linearity of the force-volume ratio. TQ and MV estimates were found to be reliable parameters for the distinction between groups. The STI may contribute to a more applied analysis in clinical practice and in the prescription of physical activity as an indicator of inadequate levels of overload and of the risk of injury.

Muscle strength; Biomechanics; Maximum torque


ARTIGO ORIGINAL

Índice de tensão específica dos flexores do cotovelo em homens treinados e não treinados

Specific tension index of elbow flexors in trained and untrained men

Thiago Torres MattaI; Belmiro Freitas de SallesII; Juliano SpinettiI; Roberto SimãoI; Liliam Fernandes OliveiraI

IUniversidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Educação Física e Desportos. Rio de Janeiro, RJ. Brasil.

IIUniversidade do Estado do Rio de Janeiro. Laboratório de Pesquisa em Microcirculação Janeiro, RJ. Brasil.

Correspondencia para Thiago Torres Matta Universidade Federal do Rio de Janeiro. Laboratório de Biomecânica. Escola de Educação Física e Desportos. Av. Carlos Chagas Filho, 540. Ilha do Fundão. 21941-590 - Rio de Janeiro, RJ. Brasil E-mail: ttmatta@yahoo.com.br

RESUMO

O índice de tensão específica (ITE) estima a relação entre o torque máximo (TQ) e o volume muscular (VM) para uma tarefa específica, e inclui a espessura muscular (EM) como um parâmetro medido diretamente pela ultrassonografia. O objetivo do presente estudo foi comparar o VM, TQ e ITE dos flexores do cotovelo entre indivíduos treinados e não treinados em força. Participaram do estudo 40 homens, sendo 11 treinados em força há pelo menos dois anos [grupo treinado (GT): 23,5 ± 3,1 anos; 182,1 ± 4,9 cm; 88,1 ± 8,4 kg], e 29 não treinados [grupo não treinado (GNT): 29,8 ± 1,6 anos; 172,4 ± 6,6 cm; 76,4 ± 8,1 kg]. O ITE dos flexores de cotovelo de ambos os grupos foi calculado como sendo a razão do torque pelo VM. A EM através da ultra-sonografia foi utilizada para estimativa do VM. O torque de flexão do cotovelo (TQ) foi obtido em teste de contração voluntária isométrica máxima (CVIM). Teste não paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para verificar possíveis diferenças no TQ, ITE e VM entre grupos. O VM e o TQ apresentaram valores significativamente maiores no GT (526,07 ± 86,13 cm3; 112,04 ± 24,18 Nm), quando comparados aos valores apresentados pelo GNT (385,40 ± 80,89 cm3; 88,46 ± 13,77 Nm), porém, não foram encontradas diferenças estatísticas para o ITE entre os grupos GT (0,213 ± 0,03 Nm.cm-3) e GNT (0,233 ± 0,02 Nm.cm-3). O ITE dos flexores de cotovelo não apresentou valores reduzidos para o GT, sugerindo a manutenção da linearidade da relação força-volume. O TQ e a estimativa de VM mostraram-se confiáveis na distinção dos grupos, e a medida de ITE pode contribuir para análise mais aplicada, no campo da prática clínica e da prescrição de atividades físicas, como um indicador de níveis não adequados de sobrecarga e de risco de lesão.

Palavras-chave: Força muscular; Biomecânica; Torque máximo

ABSTRACT

The specific tension index (STI) estimates the ratio of maximum torque (TQ) to muscle volume (MV) for a specific task and includes muscle thickness as a parameter, which can be directly evaluated by ultrasound. The objective of the present study was to compare TQ, MV and STI of the elbow flexors between strength-trained and untrained subjects. Forty men, including 11 subjects strength trained for at least two years [trained group (TG): 23.5 ± 3.1 years; 182.1 ± 4.9 cm; 88.1 ± 8.4 kg] and 29 untrained subjects [untrained group (UG): 29.8 ± 1.6 years; 172.4 ± 6.6 cm; 76.4 ± 8.1 kg], participated in the study. The STI of the elbow flexors, expressed as the TQ/MV ratio, was calculated for both groups. Muscle thickness measured by ultrasound was used to estimate MV. TQ of the elbow flexors was estimated using maximum isometric voluntary contractions. The Mann-Whitney test was used to determine possible differences in TQ, STI and MV between groups. MV and TQ were significantly higher in TG (526.07 ± 86.13 cm3; 112.04 ± 24.18 Nm) than UG (385.40 ± 80.89 cm3; 88.46 ± 13.77 Nm). There was no significant difference in the STI between TG (0.213 ± 0.03 Nm.cm3-) and UG (0.233 ± 0.02 Nm.cm3-). Although stronger, trained subjects presented elbow flexor STI values similar to those of the untrained group, a finding suggesting the maintenance of the linearity of the force-volume ratio. TQ and MV estimates were found to be reliable parameters for the distinction between groups. The STI may contribute to a more applied analysis in clinical practice and in the prescription of physical activity as an indicator of inadequate levels of overload and of the risk of injury.

Keywords: Muscle strength; Biomechanics; Maximum torque

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Endereço para correspondência:

Recebido em 12/09/08

Revisado em 12/12/08

Aprovado em 17/05/09

  • 1. Akagi R, Kanehisa H, Kawakami Y, Fukunaga T. Establishing a new index of muscle cross-sectional area and its relationship with isometric muscle strength J Strength Cond Res 2008;22(1):82-87.
  • 2. Ikegawa S, Funato K, Tsunoda N, Kanehisa H, Fukunaga T, kawakami Y. Muscle force per cross-sectional area is inversely related with pennation angle in strength trained athletes. J Strength Cond Res 2008;22(1):128-131.
  • 3. Martinson H, Stokes MJ. Measurement of anterior tibial muscle size using real-time ultrasound imaging. Eur J Appl Physiol Occup Physiol 1991;63(3-4):250-254.
  • 4. Kawakami Y, Nakazawa K, Fujimoto T, Nozaki D, Miyashita M, Fukunaga T. Specific tension of elbow flexor and extensor muscles based on magnetic resonance imaging. Eur J Appl Physiol 1994;68(2):139-147.
  • 5. Esformes JI, Narici MV, Maganaris CN. Measurements of human volume using ultrasonography. Eur J Appl Physiol 2002;87(1):90-92.
  • 6. Lieber R. Skeletal Muscle Structure, Function & Plasticity. USA: Lippincott Williams & Wilkins, 2002.
  • 7. Fukunaga T, Miyatani M, Tachi M, Kouzaki M, Kawakami Y, Kanehisa H. Muscle volume is a major determinant of joint torque in humans. Acta Physiol Scand 2001;172(4):249-255.
  • 8. Kawakami Y. The effects of strength training on muscle architecture in humans. Int J Sport Health Sci 2005;3(Special _Issue):208-217.
  • 9. Ichinose Y., Kanehisa, H., Ito M., Kawakami Y., Fukunaga T. Relationship between muscle fiber pennation and force generation capability in Olympic Athletes. Int J Sports Med 1998;19(8):541-546.
  • 10. Kawakami Y, Abe T, Kuno S, Fukunaga T. Training induced changes in muscle architecture and specific tension. Eur J Appl Physiol 1995;72(1-2):37-43.
  • 11. Sale DG, MacDougall JD, Alway SE & Sutton JR. Voluntary strength and muscle characteristics in untrained men and women and male bodybuilders. J Appl Physiol 1987;62(5):1786-1793.
  • 12. Shephard RJ. PAR-Q Canadian home fitness test and exercise screening alternatives. Sports Med 1988;5(3):185-195.
  • 13. Miyatani M, Kanehisa H, Ito M, Kawakami Y, Fukunaga T. The accuracy of volume estimates using ultrasound muscle thickness measurements in different muscle groups. Eur J Appl Physiol 2004;91(2-3):264-272.
  • 14. Asakawa D. S., Pappas G. P., Delp S. L. and  Drace J. E. Aponeurosis length and fascicle insertion angles of the biceps brachii. J Mec Med Biol 2002;13(3-4):1-7.
  • 15. Narici M. Human skeletal muscle architecture studied in vivo by non-invasive imaging techniques: functional significance and applications. J Electromyogr Kinesiol 1999;9(2):97-103.
  • Thiago Torres Matta
    Universidade Federal do Rio de Janeiro.
    Laboratório de Biomecânica.
    Escola de Educação Física e Desportos.
    Av. Carlos Chagas Filho, 540. Ilha do Fundão.
    21941-590 - Rio de Janeiro, RJ. Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Fev 2013
    • Data do Fascículo
      Fev 2010

    Histórico

    • Revisado
      12 Dez 2008
    • Recebido
      12 Set 2008
    • Aceito
      17 Maio 2009
    Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário Trindade, Centro de Desportos - RBCDH, Zip postal: 88040-900 - Florianópolis, SC. Brasil, Fone/fax : (55 48) 3721-8562/(55 48) 3721-6348 - Florianópolis - SC - Brazil
    E-mail: rbcdh@contato.ufsc.br