Open-access O karatê entre espontaneidade e autoconsciência: reflexões configuracionais a partir de uma etnografia na região do Cariri cearense

Karate between spontaneity and self-awareness: configurational reflections from an ethnography in the Cariri region of Ceará

Karate entre espontaneidad y autoconciencia: reflexiones configuracionales desde una etnografía en la región de Cariri en Ceará

RESUMO

Objetivou-se analisar como a leitura da configuração atual do karatê pode auxiliar a entender o estágio do processo civilizador em que estamos inseridos. Para a compreensão e interpretação das percepções e significados atribuídos aos cotidianos da academia de karatê, utilizou-se da etnografia e, em seguida, a análise configuracional, as quais produziram dois elementos de reflexão: a configuração do karatê e os elementos pedagógicos que transformam a configuração. Ao analisarmos o karatê, estamos pensando onde estamos nesse processo civilizador. No que se refere ao karatê como lazer, entendemos que ele está mais conectado com um espectro que transita entre a tradição e o novo, entre a espontaneidade e a autoconsciência.

Palavras-chave:  Karatê; Artes marciais; Etnografia; Cultura

ABSTRACT

The aim of this study was to analyze how reading the current configuration of karate can help us understand the stage of the civilizing process in which we are inserted. To understand and interpret the perceptions and meanings attributed to the daily life of the karate academy, we used ethnography and then configurational analysis, which produced two elements for reflection: the configuration of karate and the pedagogical elements that transform the configuration. When we analyze karate, we are thinking about where we are in this civilizing process. Regarding karate as a leisure activity, we understand that it is more connected to a spectrum that moves between tradition and the new, between spontaneity and self-awareness.

Keywords:  Karate; Martial arts; Ethnography; Culture

RESUMEN

El objetivo fue analizar cómo la lectura de la configuración actual del karate puede ayudar a comprender la etapa del proceso civilizador en el que estamos insertos. Para comprender e interpretar las percepciones y significados atribuidos a las rutinas cotidianas de la academia de karate, se utilizó la etnografía y luego el análisis configuracional, que produjo dos elementos de reflexión: la configuración del karate y los elementos pedagógicos que transforman los escenarios. Cuando analizamos el Karate, pensamos en dónde nos encontramos en este proceso civilizador. Cuando se trata del karate como ocio, entendemos que está más conectado a un espectro que se mueve entre la tradición y lo nuevo, entre la espontaneidad y la autoconciencia.

Palabras clave:  Kárate; Artes marciales; Etnografía; Cultura

INTRODUÇÃO

A competição não tinha muita agressividade, o professor a toda hora incentivava os alunos a aplicarem golpes, buscando ampliar a agressividade. Algumas lutas foram realmente muito paradas, em alguns momentos, o professor teve que parar a luta e pedir para que os adversários realizassem seus golpes (Diário de campo, 16 dez. 2023).

Durante a imersão etnográfica, o pesquisador que esteve em campo para a realização desta pesquisa, ocorrida em uma academia de karatê no interior do Ceará, procurou se relacionar com os interlocutores, principalmente alunos e professor, de forma a entender as lógicas culturais do universo em que estava se inserindo. Nesse contexto, em um dado momento de sua imersão no campo, começou a notar que o professor incentivava, de forma reiterada, os seus alunos a serem mais agressivos, tendo que parar as lutas para pedir que eles não agissem de forma abrandada, e impusessem mais contundência nos seus golpes. Ora, considerando-se a marcialidade do karatê, a lógica da luta não demandaria a aplicação de golpes contundentes, de modo a sobrepujar o oponente? Chutes e socos no karatê não deveriam ser proferidos com força suficiente para nocautear o adversário?

O fato é que o professor se sentia incomodado com a falta de ímpeto dos alunos, que tinham receio de aplicar os golpes nos colegas. Ou seja, havia um descompasso entre a lógica marcial do karatê, a expectativa do professor e os autocontroles exercidos pelos alunos, que tinham dificuldade em aprender um certo habitus lutador que lhes era exigido. Em alguma medida, parecia que havia, por parte desses alunos, um alto nível de sensibilidade e de repulsa a qualquer sinal de violência, ainda que estivessem praticando uma modalidade de luta marcial cujas normas e regras minimizam os riscos de acidentes e lesões. No karatê, há diversos mecanismos utilizados para exercer essa função reguladora, como o uso de luvas, de proteções de canela, de capacetes, tatames, tempo, categorias de peso, bem como a intervenção do árbitro ou professor, de forma a apenas mimetizar as emoções dos impulsos agressivos de modo controlado e seguro.

O descompasso, apontado acima, simboliza um certo estágio civilizatório no qual agir agressivamente, ainda que exigido pela luta e situado dentro de espaços seguros e controlados, como era a academia de karatê, transbordava os limites da autoconsciência dos indivíduos. Em outras palavras, o processo civilizador - que é não linear e continuamente tensionado - produz transformações nas redes de interdependência e na inculcação de autocontroles de modo a repudiar impulsos violentos, ímpetos estes que acabam por se deslocar para o fundo da consciência, como ensina Elias (1994a). Assim, de forma análoga à configuração social que produzia manuais de boa conduta para a civilidade de crianças apresentados pelo autor, a configuração social contemporânea vai produzindo constrangimentos relacionados aos modos de agir dos indivíduos, especialmente aqueles relacionados à inibição da agressividade e da violência, como parece ser o caso da cena relatada na academia de karatê.

Assim, o aumento da autoconsciência parece ser um elemento importante para a análise da configuração social contemporânea, inclusive das práticas esportivas e de lazer. Elias e Dunning (2019) mostram, na clássica obra A Busca da Excitação, como as atividades de lazer cumprem uma função mimética e de produção de tensão e excitação de modo a compensar o mal-estar da civilização. Dito de outro modo, o aumento da consciência e a diminuição de espaços/tempos para a manifestação das emoções e dos impulsos em espaços públicos fez surgir uma série de atividades altamente reguladas, com controle da violência, que são as atividades esportivas e de lazer, as quais possibilitam a manifestação - ainda que controlada – de impulsos emocionais, inclusive agressivos, porém de forma mimética e segura. Entretanto, uma preocupação contemporânea é com o excesso de autoconsciência em atividades de lazer (Elias, 2022), ou seja, os autocontroles são tão fortemente exercidos que sobra pouco espaço para a manifestação emocional. Ainda que haja espaço para impulsos agressivos nas lutas, os indivíduos são coagidos e habituados a controlar esses impulsos de modo a, por exemplo, lutarem de forma pouco agressiva, o que não apenas descaracteriza a lógica de produção de tensão-excitação da luta, mas também faz com que a produção mimética de emoções seja desfavorecida, resultando em um balanço espontaneidade-autoconsciência altamente desequilibrado em favor do segundo.

Assim, entendemos que olhar para a manifestação das emoções na academia de karatê auxilia a entender o estágio do processo civilizador em que estamos inseridos. Norbert Elias (2009) concebe as emoções como fenômenos que resultam da interação entre processos inatos e adquiridos, rompendo com a dicotomia tradicional entre natureza e cultura. Para Elias, as emoções humanas não podem ser entendidas de forma isolada, como meramente biológicas ou culturais; elas emergem de um "engate" entre aspectos biológicos e sociais. Esse "engate" reflete-se em três dimensões das emoções: o comportamento, o componente somático/fisiológico e o sentimento subjetivo. O autor enfatiza que, à medida que a espécie humana transformou-se, os comportamentos adquiridos ganharam primazia sobre os instintos inatos, o que se reflete no desenvolvimento emocional ao longo da vida. As emoções, portanto, são moldadas tanto por predisposições biológicas quanto por aprendizagens sociais, sendo a expressão emocional uma forma simbólica de comunicação que está profundamente enraizada na experiência humana coletiva (Elias, 1994b). Nesse sentido, as emoções têm uma função essencial na vida social, servindo como indicadores da capacidade inata dos seres humanos para viver em sociedade, regulando e expressando seus sentimentos de maneira que é simultaneamente biológica e cultural.

As lutas são manifestações da cultura corporal altamente reguladas e construídas de forma a distanciar riscos e perigos de violência real. Ainda que em algumas práticas de lutas haja ferimentos, lesões e sangramentos, isso se dá de modo mais ou menos controlado, sendo que mortes e lesões permanentes são relativamente raras nesse universo. Assim, as lutas contemporâneas, ao mesmo tempo que se caracterizam como espaços permitidos de excitação e de liberação mimética de emoções agressivas, inculcam uma série de autocontroles de modo que a luta permaneça dentro de parâmetros aceitáveis de agressividade e de risco para os participantes. O pancrácio, uma forma de luta popular na Grécia Antiga, era extremamente violento, permitindo aos lutadores utilizar todas as partes do corpo para infligir danos graves e até fatais aos adversários. Com práticas como arrancar olhos, morder e estrangular, o pancrácio frequentemente resultava em ferimentos severos e, por vezes, na morte dos participantes. Elias e Dunning (2019) usam o exemplo do pancrácio para comparar os níveis socialmente aceitáveis de violência entre a sociedade grega e a da Inglaterra, quando da criação do esporte moderno, argumentando que as configurações sociais aumentaram a complexidade das redes de interdependência, a monopolização da força física pelo Estado, a relativa pacificação das relações sociais, a parlamentarização e a atuação por procuração, bem como a formação de uma consciência altamente sensível frente à violência.

É nessa configuração social que surgem práticas de lutas nas quais se equilibram as manifestações de excitação e o autocontrole das emoções. Assim, entendemos que olhar para o estágio atual das lutas, especificamente do karatê, não na sua forma esportivizada, mas sim no ensino cotidiano de uma prática de lazer em uma academia de ensino desta luta, pode auxiliar a entender a configuração em que estamos inseridos. De que modo aquelas manifestações de resistência ao emprego da agressividade e da violência nos ajudam a entender a formação da consciência e o estágio do processo civilizador em que estamos inseridos? De que modo os descompassos entre a atuação do professor e os anseios pela produção de tensão-excitação na luta de karatê com os medos e vergonhas dos alunos ajuda a analisar a configuração esportiva contemporânea? Com base nesses elementos, temos como objetivo analisar como a leitura da configuração atual do karatê pode auxiliar a entender o estágio do processo civilizador em que estamos inseridos.

CAMINHOS INVESTIGATIVOS

Este trabalho, de cunho etnográfico, busca compreender e interpretar as percepções e significados que grupos sociais e indivíduos atribuem a determinadas simbologias. Uma investigação dessa natureza compromete-se com a multiplicidade e a complexidade das crenças, valores, motivações e anseios dos agentes sociais (Geertz, 1978).

O estudo foi desenvolvido em uma academia de karatê da região do Cariri Oeste do estado do Ceará, de junho de 2023 a março de 2024. O grupo que foi observado na pesquisa de campo era constituído por 14 participantes, 10 homens e quatro mulheres. O professor responsável possuía, à época, como graduação, uma faixa preta 3° Dan de karatê Shotokan. Todos os alunos e alunas também possuíam alguma graduação, e suas faixas variavam entre a amarela (de menor graduação) e a marrom (maior graduação antes da faixa preta).

A observação participante foi o recurso utilizado para a compreensão das dinâmicas socioculturais do grupo. O pesquisador responsável pela coleta dos dados buscou inserir-se no grupo de modo a participar ativamente do campo social, desenvolvendo suas interações a partir de relações concretas e vívidas. Fisicamente, essas relações forjaram “calos corporais”, suscitados a partir da vivência e do contato contínuo com os agentes do campo investigado (Wacquant, 2002).

Como recurso empregado para o registro das observações, foi utilizado um diário de campo. Segundo Winkin (1998), esse instrumento possui três funções: a empírica, que trata dos dados observados; a reflexiva, considerando o imbricamento dos dados produzidos com os processos teóricos; e a catártica, que correlaciona aspectos de interação do pesquisador com seu objeto de estudo a nível sensorial.

O pesquisador responsável pela coleta já possuía experiência com artes marciais, tendo se graduado na prática do muay thai. Essa condição impactou na configuração do campo, pois o fato de uma pessoa estranha ao grupo anunciar que pretendia participar das aulas para realizar uma pesquisa já mobilizou as atenções; tendo essa pessoa um estereótipo vinculado a outra arte marcial, pronunciou-se a vigilância e a resistência sobre a sua admissão.

Nesse sentido, houve uma disposição peculiar no comportamento dos praticantes, materializada no subdesenvolvimento dos processos de relações sociais. A esses processos impuseram-se uma “barreira afetiva” (Elias e Scotson, 2000, p. 25), consubstanciada pela ideia de que o pesquisador era um outsider, ou seja, um “de fora”, do grupo de karatê. Essa dificuldade esteve presente por cerca de dois meses. Com o tempo, e com os novos calos corporais adquiridos, foram se construindo espaços para as relações sociais e o pesquisador teve acesso, de fato, ao grupo observado. Por fim, a sua participação exitosa em um torneio de karatê sedimentou a entrada em campo.

Neste estudo, tomamos como referência a destacada obra de Wacquant (2002), na qual esse autor relata sua pesquisa etnográfica numa academia de boxe situada em um gueto de Chicago. Assim como Wacquant, buscamos experimentar, explorar e interpretar os sons, os toques, os cheiros e os sabores do campo. Com essa direção, o pesquisador que se inseriu no campo buscou tornar-se um nativo, um lutador de karatê Shotokan. Para isso, participou ativamente das aulas, lutando, recebendo e desferindo golpes, conversando e absorvendo as dinâmicas oriundas do campo.

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Regional do Cariri com o CAAE de número 64954022.2.0000.5055 e parecer de aprovação 5.865.500.

MEDO, VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE: O QUE É A CONFIGURAÇÃO?

A prática das artes marciais está arraigada por representações que apontam para a figura do guerreiro. Nessas construções simbólicas, o praticante de artes marciais afigura-se de brutalidade e de sentimentos ligados à coragem, à ausência de medo e à combatividade. Nesse perfil, as condutas agressivas e, por vezes, violentas, apresentam-se como um traço de distinção que demarca os espaços sociais da figura representativa do lutador. Dessa forma, emerge-se a construção de uma tipificação comportamental e física que direciona seus praticantes a construírem percepções aguerridas e combativas (Dziubinski, 2020; Lima et al., 2024).

Nesse sentido, destaca-se que o campo das artes marciais é impactado pelo ethos guerreiro, que se configura como “uma espécie de código de honra que consiste num conjunto de comportamentos socialmente (re)produzidos, nutridos de valores militares, baseados em honra, hierarquia e disciplina, de cunho civilizador pela imposição violenta da lógica do controle” (Elias, 1997, pp. 100-101).

Todavia, as transformações das sociedades no decorrer dos séculos fizeram com que essas práticas corporais fossem impactadas por elementos ligados às dinâmicas sociais mais amplas (Elias, 1994a), como os aspectos políticos, econômicos e sociais, desencadeando na construção de novas configurações. O karatê, segundo Cynarski (2019, p. 27), possui elementos ontológicos que caracterizam essa prática: “1) sujeitos, eventos e processos: professor e alunos (karateca); 2) ambiente: dojô, kimono, equipamentos; 3) formação como processo de educação e transferência de valores, tempo necessário para o aprimoramento das habilidades por meio do esforço”.

Nesse sentido, não podemos refletir sobre o karatê a partir de aspectos isolados, mas a partir de suas dinâmicas socioculturais, circunscritas por conhecimentos sociais e históricos construídos ao longo dos séculos. Destarte, a prática do karatê pode ser refletida a partir de uma ótica configuracional, ou seja, analisando os processos de continuidade, conformidade e mudança dos seus padrões sociais.

No ambiente investigado, a conduta marcial tradicional ligada à combatividade é reconfigurada. A própria pedagogia marcial apresentada pelo sensei não enfatiza os combates e a agressividade como elementos característicos do grupo. Os treinos são direcionados para aspectos relacionados ao kihon1 e ao kata2, objetivando a realização dos exames de faixa. Desse modo, há uma centralidade na técnica e na estética dos movimentos, sendo esses os elementos mais cobrados. “Como os combates não são muito trabalhados durante as aulas, os alunos tinham um certo receio em participar dos momentos de luta. [...] quando o sensei fala que será combate, eles mesmos reclamam e questionam sobre a possibilidade de terem que lutar” (Diário de campo 24 jun. 2023).

Podemos perceber que a configuração analisada se distingue das representações tradicionais das artes marciais, pautadas na ideia de combatividade. Esse processo pode estar ligado, segundo Elias (2005), à forma como são construídas as relações entre os agrupamentos de indivíduos, que são impactados por relações de interdependência que incitam processos de coerção da espontaneidade das emoções.

Com reforço, Elias (2022) aponta que embora os seres humanos sejam impactados pelos impulsos de ordem social e biológica, como a necessidade de expressar a agressividade, o medo, a raiva, a excitação, etc, esses impulsos são modificados e controlados por uma autocoerção direcionada por processos civilizadores.

Elias (1994c, p. 74) aponta que os indivíduos são direcionados a uma “aprendizagem do autodomínio”, controlando suas ações e ajustando-as à configuração a que pertencem. Esse processo é perceptível a partir da análise dos excertos: “Qualquer movimento mais forte gerava um comentário sobre agressividade e controle da força. Uma aluna de faixa roxa era a que mais falava sobre o controle da força, e analisava o comportamento de todas as outras duplas” (Diário de campo, 21 fev. 2024). “Uma aluna de faixa verde fez o exercício com um aluno de faixa amarela, mas sempre que ele ia realizar os movimentos, ela comentava: ‘devagar! Vamos com cuidado!’” (Diário de campo, 24 fev. 2024). Essa regulação da agressividade é direcionada pelo sensei:

Uma aluna de faixa amarela estava realizando ataques muito fortes, o sensei parou o treino e falou para todos: “pessoal, vamos realizar a atividade devagar. Vamos ter cuidado, o karatê é autocontrole”, e mostrou algumas frases pintadas na parede, que representam os cinco lemas do karatê: (i) esforçar-se para a formação do caráter, (ii) fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão, (iii) criar o intuito de esforço, (iv) respeito acima de tudo e (v) conter o espírito de agressão (Diário de campo 10 jul. 2023).

Com a regulação da agressividade, os próprios indivíduos internalizam um determinado sentimento de vergonha e embaraço frente à violência, servindo como uma agência de autocontrole. A vergonha passa a operar como um elemento que causa tensão nos indivíduos, impactando no desenvolvimento de uma autovigilância que se incorpora na personalidade individual. Esse processo é perceptível a partir da análise do seguinte trecho do diário de campo: “Uma aluna de faixa roxa deu um chute forte em outro aluno de faixa roxa. Todos pararam seus movimentos e olharam de maneira instantânea para eles. A aluna de faixa roxa abraçou o colega, pediu desculpas e disse: ‘agora tenha calma quando for me atacar’” (Diário de campo, 20 jan. 2024).

Podemos considerar que a configuração das artes marciais não possui uma autorregulação independente. Ela é construída e impactada por dinâmicas sociais que envolvem operações de poder ligadas aos aspectos políticos, culturais e econômicos. Nesta seara, Elias (2022) destaca que os processos de racionalização dos aspectos sociais solidificam as autocontenções, desencadeadas pelas pressões sociais que são internalizadas pelos seres humanos, fazendo com que não sejam capazes de explorar livremente suas espontaneidades. Essa configuração é perceptível a partir da análise do excerto:

Perguntei a um aluno de faixa roxa sobre a importância da realização dos exames para troca de faixa, ele disse: "eu quero chegar à faixa preta. Mas assim, é um pouco complicado porque às vezes eu preciso ficar na cidade da universidade, mas não gosto de treinar em outras academias, porque lá eles são muito rígidos e ríspidos. Aqui é mais tranquilo, me sinto muito à vontade. O professor é compreensivo, os colegas ajudam na realização dos movimentos e o clima é leve. Não precisa aquela brutalidade que algumas pessoas querem trazer para o karatê’" (Diário de campo 02 dez. 2023).

A percepção dos praticantes sobre a agressividade e a violência é relativizada, sendo construída por uma disposição específica do grupo, circunscrita por uma pedagogia marcial centrada em aspectos filosóficos. Com reforço, destacamos o seguinte recorte: “‘Este aqui – apontou para um aluno de faixa roxa – tem muito nervosismo, faz o karatê porque gosta da arte’. O aluno complementa: ‘antes de entrar no karatê, eu estudei toda história, vi onde surgiu, estudei os contextos. Gosto muito disso tudo’” (Diário de campo 24 jun. 2023). Dessa forma, podemos perceber que o sensei direciona os alunos e alunas a compreenderem e incorporarem, particularmente, as disposições filosóficas do karatê que priorizam o autocontrole.

Nesse sentido, as relações sociais são construídas a partir de “um combinado de interdependências entre indivíduos em desenvolvimentos indeterminados e composto por jogos e alianças entre seus membros” (Koury, 2013, p. 90). À vista disso, as disposições e percepções do grupo são incorporadas pelos indivíduos a partir de um “ethos sociocultural” (Koury, 2013, p. 90), constituído pela tradição, pelos costumes, pelas formas de agir, pela moralidade e por demais aspectos ligados ao grupo. Nesse sentido, o padrão mutável das configurações sociais encontra-se sempre em movimento, ora mais intenso, ora mais lento, mas sempre formando um “tecido de relações móveis” (Elias, 1994c, p. 28).

A configuração analisada neste estudo conflui com a ensinança elisiana, na medida em que “a espontaneidade do impulso e do sentimento é quebrada pela racionalização e pela autoconsciência” (Elias, 2022, p. 49). Nesse aspecto, os praticantes são direcionados para ter um controle contínuo de suas pulsões, em que a espontaneidade expressa pelos sentimentos e emoções imediatas são subordinadas às exigências ligadas às normas de comportamento social. Em síntese, “o fluxo espontâneo de seus sentimentos é contido ou interrompido por um raciocínio frio” (Elias, 2022, p. 69).

DE UM HABITUS DE REPETIÇÃO PARA UMA HABITUS DE COMPETIÇÃO: ELEMENTOS PEDAGÓGICOS QUE TRANSFORMAM A CONFIGURAÇÃO

Considerando os impactos das redes de interdependências nos elementos configuracionais, podemos destacar que as configurações sociais são moldadas em continuum, desencadeadas por um “entrelaçado flexível de tensões” (Koury, 2013, p. 92) cujas forças motrizes estão sempre a tensionar as estruturas vigentes. Nesse sentido, Elias (2022) aponta que as tensões estabelecidas entre espontaneidade e autoconsciência podem favorecer qualquer um desses preceitos a partir da construção de uma nova rotinização. Ou seja, a inovação das configurações sociais a partir de uma nova estrutura de rotinização pode contribuir para um “maior refresco emocional” (p. 79), possibilitando a fruição momentânea de determinadas espontaneidades enquanto as forças operacionais da coerção dos comportamentos não se organizam novamente, desencadeando um processo cíclico de construção e desconstrução das configurações.

No ambiente investigado, um elemento impactou a (des)construção da configuração inicial do grupo: as experiências vivenciadas em uma competição. No dia 17 de junho de 2023, o sensei anunciou a data da realização de um exame de faixa da academia e, já no dia seguinte, anunciou a data de uma competição que ocorreria no dia primeiro de julho, na cidade de Crato - CE. Nas aulas subsequentes, a dinâmica das atividades da academia voltou-se, sobremaneira, para o exame de faixa, priorizando as simulações do exame. Todavia, quando o pesquisador responsável pelas coletas perguntou ao sensei se alguém iria participar da competição, ele disse que não. Na ocasião, o pesquisador sinalizou que gostaria de participar do evento, e o sensei respondeu que ele também participaria: “Eu também vou, preciso trazer uma medalha para a academia, nem que eu me quebre, mas eu preciso trazer. Isso irá motivar o pessoal para participar das competições” (Diário de campo, 18 jun. 2023).

Em conversa com o sensei, ele afirmou que, ao longo de mais de 15 anos de prática do karatê, participou de apenas quatro competições, e que já havia completado sete anos desde a sua última participação em um torneio. Quando questionado sobre essa baixa participação, ele respondeu: “Eu faço karatê pelo karatê. Não tenho muito interesse em competição, até porque o investimento é alto demais. Por isso que muita gente não participa, e a ajuda é muito pouca, mas quero trazer medalhas para motivar o pessoal” (Diário de campo, 01 jul. 2023). Ele também destacou o distanciamento da Federação Cearense de Karatê da região do Cariri. Segundo o sensei, essa federação tem centralizado seus eventos em Fortaleza e na região metropolitana no entorno da capital. Todavia, o fato de a referida federação realizar um evento na região Cariri do estado do Ceará possibilitou a participação do sensei.

A primeira disputa aconteceu no kata, em que os atletas faziam os movimentos individualmente e a arbitragem votava, apresentando o melhor kata. Havia três competidores, dois se enfrentaram em um primeiro momento e o terceiro participante já estaria classificado à final. O sensei ganhou a primeira disputa, classificando-se para a final. Porém, na final, seu adversário fez um kata “muito complexo”. Então o sensei fez um kata “de maior complexidade”, mas não havia treinado os movimentos o suficiente, e ele acabou errando alguns movimentos, ficando com o segundo lugar na categoria. Notoriamente, ele ficou chateado com a situação, pois repetia, em vários momentos, que deveria ter realizado o kata que treinou.

Outra situação relatada reforça essa falta de experiência da equipe de karatê observada: na hora dos combates, tanto o pesquisador quanto o sensei estavam sem protetor bucal, um elemento obrigatório para o kumitê3. Isso só foi percebido pelo árbitro na checagem anterior ao início da luta e, fortuitamente, conseguiu ser resolvido com a aquisição imediata dos protetores, comprados no próprio local do evento. O fato é que o sensei conseguiu participar do torneio e realizou duas lutas, vencendo as duas e ganhando o primeiro lugar. No transcorrer da primeira luta, “percebi que ele estava um pouco nervoso, um pouco tenso. Ele repetia que precisava dar o seu melhor e trazer essa medalha para casa. Eu acredito que ele colocou essa pressão interna sobre conseguir as medalhas” (Diário de campo, 01 jul. 2023).

O primeiro adversário era lento, o que facilitava as movimentações do sensei, que possui 1,90 m de altura, além de ser magro e ágil. O desempenho do sensei nesse combate foi muito bom, ele acabou acertando diversos golpes no adversário, mas alguns golpes não foram contabilizados, devido a déficits na postura após a execução dos golpes. Mas mesmo assim, ele acabou marcando sete pontos e não sofreu nenhum, ganhando a luta. Em sua categoria, havia apenas três participantes e como o sensei já tinha vencido a primeira luta, classificou-se para a final, enfrentando um adversário que ainda não havia lutado.

Passados apenas 10 minutos de descanso, o sensei subiu ao tatame para lutar. O adversário marcou três pontos. O sensei parecia tenso. Atacava muito, mas sem efetividade. O sensei investia muito em chutes, e acabou acertando um mawashi geri4 na cabeça do adversário e marcou dois pontos. Isso alterou o comportamento do adversário, que começou a recuar. O sensei, então, acertou outro mawashi geri na cabeça do adversário e virou o placar. O pesquisador responsável que, a essa altura, estava designado provisoriamente como técnico, pediu tempo e se arriscou a fazer algumas orientações para seu sensei. Na ocasião, sugeriu que o sensei mantivesse a distância, valendo-se de sua maior envergadura, e que esperasse o ataque do adversário para contra-atacar com chutes. Essa estratégia deu certo, pois no reinício da luta o sensei defendeu um chute que lhe foi desferido e contra-atacou em seguida, acertando mais uma vez a cabeça do adversário com um mawashi geri. Depois disso, o adversário atacou de maneira desordenada, não conseguindo acertar os golpes. A luta terminou com a vitória do sensei.

O sensei ficou muito feliz, era notória a sua empolgação: “eu nem vou tirar o kimono, vou até a cidade de kimono e com as medalhas”, o que realmente fez. Também falou: “Cara, nossa academia é muito boa, principalmente no kata. Se o pessoal tivesse vindo em peso, ganharíamos várias medalhas, mas nossa vitória aqui vai motivar eles. Na próxima, vamos vir com mais gente (Diário de campo, 01 jul. 2023).

Após essa experiência, o sensei passou a inserir em suas aulas, com mais frequência, movimentações relacionadas ao kumitê e exercícios ligados ao combate. Embora os participantes estivessem impactados por uma regulação da agressividade, alguns alunos começaram a redirecionar essa percepção: “um aluno de faixa marrom fez dupla com o sensei durante um combate. O aluno atacava firmemente, e o professor também o fazia. Foi um momento intenso, e sempre que algum golpe “entrava”, percebia-se a potência e o impacto” (Diário de campo, 22 jul. 2023). Conquanto alguns alunos tivessem incorporado essa nova dinâmica, a grande maioria ainda ficava perplexa com a intensidade dos golpes. Uma aluna chegou a comentar: “os caras estão levando a sério mesmo” (Diário de campo, 22 out. 2023).

As distintas maneiras de incorporação dos combates também são perceptíveis a partir do excerto:

O sensei orientou que todos fizessem os golpes em direção ao adversário, no intuito de tocar, e assim o fizemos. Eu e um aluno de faixa verde fazíamos o golpe em direção ao corpo, mas sem muita velocidade para que a defesa pudesse acontecer. Já os dois alunos de faixa marrom faziam com uma velocidade muito alta” (Diário de campo, 09 jul. 2023).

Os dois alunos de faixa marrom faziam os exercícios com mais intensidade e potência que os demais. Eles estavam impactados, talvez, por uma demarcação da hierarquia das faixas em que, quanto maior o grau, maior a responsabilidade de mostrar as suas habilidades. Embora inicialmente a dinâmica do ambiente estivesse regulada pela restrição das emoções e pelo controle da agressividade, paulatinamente, os alunos foram incorporando, em maior ou menor escala, a tensão e o clímax do confronto - o que vai ao encontro da teoria que nos dá suporte nesta pesquisa (Elias, 2022).

Esse fato é perceptível a partir dos seguintes extratos: “no momento de intervalo para descanso, dois alunos brincavam de luta ao desferir golpes e simularem um combate. Quando o sensei viu a cena, começou a dar dicas ao aluno de faixa amarela, incentivando-o a atacar (Diário de campo, 18 nov. 2023). Ao final do treino, uma aluna de faixa verde e um aluno de faixa amarela brincavam de luta. O sensei comentou: “caso queiram ‘sair na mão’, podem pegar as luvas” (Diário de campo, 25 fev. 2024).

Em um dos treinos, os alunos e alunas deveriam ficar em duplas e desferir socos e chutes no tórax e chutes nas pernas. Foi um momento muito intenso e voltado ao confronto físico. Por mais que na academia haja certo controle da violência, nesse treino ninguém relaxou, parecia que os alunos queriam “descontar” os golpes sofridos, aplicando mais força na sequência seguinte. O ethos guerreiro entrou em ação. Em um certo momento, o sensei gritou “castiga” (Diário de campo 11 nov. 2023).

Desse modo, podemos perceber que existe uma flutuação do ethos no ambiente observado, que ora é regulado pela coerção das ações violentas ora é estimulado em função do estímulo à combatividade, desencadeando a possibilidade de construção de um “novo” habitus. Segundo Koury (2013, p. 91), o conceito de habitus, à luz da sociologia configuracional, “pode mudar com o tempo, porque, para a análise elisiana, as experiências de um indivíduo no interior de uma configuração ou sociedade, ou de uma nação, e seus agrupamentos estão em movimento contínuo”. Nesse sentido, o acúmulo de experiências sociais direciona os indivíduos a uma acumulação de saberes e percepções em que o habitus é transfigurado e reformado, sendo incorporado a partir dos tensionamentos entre os novos códigos de conduta vivenciados com as experiências adquiridas a partir de vivências anteriores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados encontrados permitiram compreender que, no universo investigado, há uma importante busca pelo controle das ações que podem desencadear violência. As aulas de karatê deram ênfase aos exames de faixa e a práticas como a repetição de movimentos e treinos de kata e kihon. Nesse contexto, os combates eram, em alguma medida, secundarizados; fato que pôde ser expendido com a pequena adesão do grupo de karatecas na única competição em que a academia esteve representada durante o período da etnografia. Dos 14 alunos e alunas, apenas o professor e o pesquisador responsável pela coleta de dados desta pesquisa participaram do evento esportivo. Esse distanciamento dos combates foi tanto consequência como causa para os comportamentos vigiados, controlados e autorregulados.

A descrição etnográfica também expôs ambivalências nas ações pedagógicas do sensei que, ao conduzir os treinamentos de karatê, ora regulava os comportamentos dos alunos para o autocontrole, ora estimulava posturas mais combativas e agressivas. Relembramos que a participação na supracitada competição esportiva exerceu influência sobre a forma com que o professor modificou a regulação dos comportamentos dos alunos. Antes da competição, predominavam os discursos de autocontrole, enfatizando-se condutas não violentas; após o evento, a euforia esportiva e o vislumbre de uma representação de sucesso contribuíram para desencadear o incentivo de ações mais combativas.

Em um sentido mais amplo, o próprio karatê segue uma tendência que concilia as suas tradições com a modernização e a modificação de suas estruturas, incutindo na adoção de abordagens de ensino distintas e na elaboração de decodificações peculiares das simbologias ligadas a ele. Esse padrão mutável, constituído ao longo do tempo, está ligado aos tensionamentos a nível individual e social, em que os elementos configuracionais, a partir de uma intrínseca rede de interdependência, condicionam processos de continuidade, conformidade e mudança dos padrões sociais.

Assim, é latente, no presente trabalho, que os níveis de tolerância, assim como os evocados por Elias, sofrem uma transformação contextual, que diz respeito às transformações configuracionais pertinentes ao tempo presente. Se Elias nos provoca no sentido do entendimento figuracional para a compreensão dos fenômenos esportivos e de lazer, o karatê se coaduna com essa reflexão. Deve-se expor, também, a necessidade da compreensão das nuances advindas dos fenômenos para dialogar com a teoria.

Desta maneira, o karatê que, em um primeiro momento, pode parecer enclausurado nas tradições e na história da modalidade, mostra-se com um lugar de reflexão sobre as interconexões entre o modo de fazer antigo e rigoroso e as mudanças oriundas de uma configuração complexa, difusa e intermediada por ditames contemporâneos. Ao entendermos a violência em uma sala de treinamento, estamos pensando no nosso momento como sociedade. Afinal, onde estamos nesse processo dito civilizador? Qualquer resposta que refute outras análises não “para em pé”, é perigosa e incompleta, na medida em que tenta compreender elementos que podem se transformar em um processo de associação e dissociação. O que podemos dizer, do momento do lazer, é que ele está mais conectado com um espectro que transita entre a tradição e o novo, entre a espontaneidade e a autoconsciência. Enfim, entre o anterior e o porvir.

  • 1
    Execução de técnicas do karatê.
  • 2
    Luta imaginária contra quatro adversários.
  • 3
    Combate entre dois adversários.
  • 4
    Chute circular
  • FINANCIAMENTO
    Não se aplica.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jan 2025
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    10 Out 2024
  • Aceito
    04 Nov 2024
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