| Ensinar como sociabilidade |
O ensino está ligado ao compartilhamento de vivências entre aluno, academia e professor. |
Ana |
“Para mim ensinar é você trazer algo novo para alguém. Algo que você não está acostumada. Por que assim, eu trabalho com musculação, mas a gente não vive só do exercício em si, não é? Não é só ali: você vai aprender esse exercício e pronto, mas eu gosto de saber mais da rotina dela. O que ela pratica além disso. Para ver se a pessoa está aprendendo algo novo ou ela está se descobrindo, reaprendendo algo da rotina dela, entendeu?”. |
| Nathan |
“Onde eu trabalho atualmente, a experiência que eu tenho é muito mais um ambiente ali de comunidade. Não é? Tipo, a gente... A filosofia de criar vários tipos de comunidade, de amizade, criar vínculo entre os alunos para tornar a aula mais legal, mais divertida, tira um pouco desse peso de a gente ter que ficar puxando aluno, entendeu?”. |
| Caio |
“O ensinar, eu acho que ele é todo um contexto em que você tem o vínculo com aquela pessoa que você está dando o ensinamento, onde você tem a responsabilidade de saber direcionar. Mas eu acho, agora pensando novamente, o vínculo permeia tudo isso, entendeu? A gente até já conversou isso na sala do estúdio, quando eu tenho que dar uma aula para um que eu não conheço, é muito difícil”. |
| Ensinar como processo formativo |
O ensino está ligado à demarcação e estruturação de um caminho cognoscente a ser seguido |
Nathan |
“Ah, ensinar é formar, não é? Mostrar o caminho, um exemplo, tanto para a senhora de 60 anos que não faz exercício físico. Eu tento mostrar para ela que ela fazer exercício físico, mesmo com 60 anos, ela vai mudar a vida dela, entendeu?”. |
| Caio |
“Ensinar é você só dar um caminho para mostrar a pessoa olhar de outra forma, ou uma informação que ela alimenta com outras informações, como, por exemplo, ‘ajeita a sua postura!’”. |
| Leandro |
“Ensinar não é só passar na lousa a matéria, não é só cobrar do aluno que ele tem que saber tal regra, tal fórmula. Eu acho que ensinar vai muito além disso. É você entender o porquê do aluno não conseguir, porque ele não consegue aprender e aí eu acho que dá para fazer uma ligação com a escola. O aluno que ele não consegue entender matemática e do aluno na academia que ele não consegue executar um movimento. Na questão de mostrar, de não só falar, mas mostrar o porquê, explicar o porquê. Acho que fica muito mais claro, didático para o aluno, ele entender o porquê ele está fazendo aquilo, para que vai ser bom e que mudanças”. |
| Ensinar como produtividade |
O ensino está ligado à uma imposição/ pressão administrativa da academia. |
Ana |
“Lá eles querem que você vá e ensine o exercício. E na prática não funciona assim. Às vezes você tem que montar o treino. Aí você passa o treino e tenta otimizar para a pessoa ir embora rápido, para ter aquela... produtividade. Tem gente que chega lá e fica a manhã inteira. Tem aluno que chega às 9 horas comigo e vai embora comigo. Aconteceu hoje. Aí você vê que não é só a questão de ensinar e pronto, sabe?”. |
| Leandro |
“Então, a maioria do público da musculação, hoje eu acho que está mudando, pelos professores que estão hoje. Eu acho que mudou muito a dinâmica. Eu acho que está muito puxado para o personalizado do que a musculação tradicional. Só que na época que eu estava, a gente tinha essa visão de que o pessoal chegava na musculação para treinar e ir embora. E aí, é claro, a gente ajudava quando precisava. Só que ele queria que a gente sempre ficasse no pé. Algo que a gente e os professores conversavam que não nos agradava tanto e que a gente achava que era melhor não intervir. Era quando o aluno estava de fone de ouvido, aqueles fones grandes, para perceber que está de fone mesmo e ele estava treinando. E aí, o nosso chefe passava e falava: ‘Tá vendo, vai lá ajudar a pessoa, vê se ela precisa de ajuda!’. E aí a gente achava assim: se ela está naquele momento dela, fechada e executando corretamente, eu acho que não tem o porquê a gente ir ali e intervir, a não ser que a gente veja que ele precisa de ajuda”. |