Acessibilidade / Reportar erro

Futebol e "imaginário nacional" helvético (1920-1942): os jogos Suíça-Alemanha no entreguerras vistos pela imprensa suíça francófona

The soccer and the helvetian national Imaginary (1920-1942): Switzerland against Germany between the wars, by the francophone swiss press

Fútbol y "imaginario nacional" helvético (1920-1942): los juegos Suiza-Alemania entre las guerras, según la prensa suiza francófona

Resumos

Nosso objetivo é procurar circunscrever o processo de construção de representações nacionais helvéticas por meio de uma sucessão de eventos esportivos: as partidas de futebol entre os times nacionais suíços e alemães entre 1920 e 1942. Os elementos destacados testemunham a celebração de um imaginário nacional helvético. Neutros, unidos, indomáveis, homogêneos, os jogadores de futebol suíços são a parte em movimento de um imaginário nacional, definindo-se diante de um Outro, alemão. E, se os resultados não são sempre favoráveis, a caracterização nacional, que se coloca igualmente nos relatos dos defeitos helvéticos, permite-nos afirmar o caráter perene dessas representações

Futebol; imaginário nacional; Suíça; período entreguerras


Our ambition is to try to circumscribe the construction process of some Swiss national representations, through a succession of major sporting events: football matches between national teams Swiss and German between 1920 and 1942. The elements highlighted emphasize the celebration of a Swiss imagined communities. Neutral, united, fierce, homogeneous, the Swiss football players are the moving portion of an Imagined communities, constantly redefining itself toward an Other German. And if the results are not always favorable, national characterization operating also in the Swiss accounts of defeats, allows us to affirm the sustainable nature of these representations

Football; imagined communities; Switzerland; interwar period


Nuestro objetivo es procurar circunscribir el proceso de construcción de representaciones nacionales helvéticas por medio de una serie de eventos deportivos: los partidos de fútbol entre los equipos nacionales suizos y alemanes entre 1920 y 1942. Los elementos destacados testimonian la celebración de un imaginario social helvético. Neutrales, unidos, indomables, homogéneos, los futbolistas suizos son la parte en movimiento de un imaginario nacional, definiéndose frente al Otro alemán. Si los resultados no siempre son favorables, la caracterización nacional, que se pone igualmente en los relatos de los defectos helvéticos, nos permite afirmar el carácter perenne de esas representaciones

Fútbol; imaginario social; Suiza; período entre las guerras


ARTIGOS ORIGINAIS

Futebol e "imaginário nacional" helvético (1920-1942): os jogos Suíça-Alemanha no entreguerras vistos pela imprensa suíça francófona* * Título original: "Football et 'imaginaire national' helvetique (1920-1942). Les matchs Suisse-Allemagne au cours de l'entre-deux-guerre vus par la presse romande". Texto traduzido por Ione Ribeiro Valle, professora do Departamento de Estudos Especializados em Educação - Centro de Ciências da Educação - UFSC, e Norberto Dallabrida, professor do Departamento de Ciências Humanas - Centro de Ciências da Educação - Udesc. Uma versão preliminar do trabalho foi publicada na Revue Historique Vaudoise, n. 116, número especial, Histoire du sport dans le canton de Vaud, p. 149-160.

The soccer and the helvetian national Imaginary (1920-1942): Switzerland against Germany between the wars, by the francophone swiss press

Fútbol y "imaginario nacional" helvético (1920-1942): los juegos Suiza-Alemania entre las guerras, según la prensa suiza francófona

Grégory Etienne Quin, MS

Mestre em ciências do esporte - Université de Strausbour. Professor no Institut des Sciences du Sport da Université de Lausanne (Canton de Vaud - Suíça). E-mail: gregory.quin@unil.ch

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Grégory Quin Institut des Sciences du Sport Université de Lausanne Bâtiment de Vidy 1015 Lausanne - Suisse

RESUMO

Nosso objetivo é procurar circunscrever o processo de construção de representações nacionais helvéticas por meio de uma sucessão de eventos esportivos: as partidas de futebol entre os times nacionais suíços e alemães entre 1920 e 1942. Os elementos destacados testemunham a celebração de um imaginário nacional helvético. Neutros, unidos, indomáveis, homogêneos, os jogadores de futebol suíços são a parte em movimento de um imaginário nacional, definindo-se diante de um Outro, alemão. E, se os resultados não são sempre favoráveis, a caracterização nacional, que se coloca igualmente nos relatos dos defeitos helvéticos, permite-nos afirmar o caráter perene dessas representações.

Palavras-chave: Futebol; imaginário nacional; Suíça, período entreguerras.

ABSTRACT

Our ambition is to try to circumscribe the construction process of some Swiss national representations, through a succession of major sporting events: football matches between national teams Swiss and German between 1920 and 1942. The elements highlighted emphasize the celebration of a Swiss imagined communities. Neutral, united, fierce, homogeneous, the Swiss football players are the moving portion of an Imagined communities, constantly redefining itself toward an Other German. And if the results are not always favorable, national characterization operating also in the Swiss accounts of defeats, allows us to affirm the sustainable nature of these representations.

Key words: Football; imagined communities; Switzerland; interwar period.

RESUMEN

Nuestro objetivo es procurar circunscribir el proceso de construcción de representaciones nacionales helvéticas por medio de una serie de eventos deportivos: los partidos de fútbol entre los equipos nacionales suizos y alemanes entre 1920 y 1942. Los elementos destacados testimonian la celebración de un imaginario social helvético. Neutrales, unidos, indomables, homogéneos, los futbolistas suizos son la parte en movimiento de un imaginario nacional, definiéndose frente al Otro alemán. Si los resultados no siempre son favorables, la caracterización nacional, que se pone igualmente en los relatos de los defectos helvéticos, nos permite afirmar el carácter perenne de esas representaciones.

Palabras claves: Fútbol; imaginario social; Suiza; período entre las guerras.

INTRODUÇÃO

No período entreguerras, o fato esportivo, em particular o futebol, internacionaliza-se, politiza-se, liga-se à economia e difunde-se em todas as classes sociais. Assim, com Philippe Liotard, afirmamos que "se o esporte não é a causa dos nacionalismos, parece, no entanto, os relevar, até mesmo os exacerbar"1 1 . LIOTARD, P. Questions pour des champions, Quasimodo, n. 1, 1996, p. 9. , por meio de uma difusão social, permitindo um crescimento das possibilidades de identificação de um maior número de pessoas com os valores esportivos.

A intenção desta contribuição é apreender uma parcela do processo de construção nacionalista helvética, através de uma sucessão de eventos esportivos determinantes que são as partidas de futebol entre as equipes nacionais suíças e alemãs de 1920 a 1942. Anteriormente2 2 . QUIN, G.; BANCEL, N. Football et construction nationalitaire en Suisse: les matchs Suisse-Allemagne à la Coupe du monde de 1938, Contribution au Colloque Le football en Suisse: enjeux sociaux et symbolique d'un espestacle universel. Lausanne: Université de Lausanne, 24-25 maio, 2007. Publication des actes en cours. , havíamos ilustrado a reatualização de uma cartografia mental suíça por meio de um grande evento esportivo no final dos anos de 1930, a saber: as partidas entre as equipes nacionais suíça e alemã na Copa do mundo de 1938, na França. Fundada sobre a hipótese da compreensão do contexto internacional nos discursos midiáticos sobre o esporte, nosso trabalho tentou mostrar as representações oriundas de cartografias mentais helvéticas, ao mesmo tempo elementos de compreensão das relações internacionais e verdadeira proclamação dos valores suíços. A presente análise recorta um período mais longo, de 1920 à Segunda Guerra mundial, mas a ambição é similar: trata-se de delimitar a atualização de valores e de traços nacionalistas3 3 . Sobre o conceito de nação, ver RENAN, E. Qu'est-ce qu'une nation?, In: Oeuvres complètes (19471961). Paris: Calmann-Lévy, pp. 887-906; e THIESSE, A. m. La creation des identities nationals. Europe XVIII-XX siècle, [Paris], Seuil, 2001. característicos da Suíça nos discursos produzidos durante as partidas esportivas, na mídia suíça francófona.

No período entreguerras, o esporte torna-se um condutor privilegiado da construção de um imaginário nacional4 4 . ANDERSON, B. L'imaginaire national. Reflexions sur l'origine et l'essor du nationalism. Paris: La Décourvete, 1996. ; este não pode ser exclusivamente pensado como imposição estatal de valores e símbolos para a sociedade civil, nem pode ser entendido fora da noção das relações sociais. Ele é continuamente examinado e recomposto nos discursos e atos dos cidadãos, nos quatros cantos do espaço social. Nesse sentido, e entre outros lugares, o esporte e as partidas esportivas são lugares de construção desse imaginário nacional, no qual certamente o Estado exerce papel primordial principalmente de organização, mas no qual os comentários produzidos, os mecanismos de identificação e as interações sociais veiculam uma determinada ideia de nação e contribuem tanto para a sua perenização quanto para a sua reatualização em um mesmo movimento.

A ideia de celebração nacionalista é sempre entendida em paralelo a esta construção de uma geopolítica esportiva. A imbricação dessas duas dimensões analíticas constitui a problemática central de nossa argumentação. Após algumas precisões metodológicas, retornaremos ao importante número de partidas que aconteceram entre Suíça e Alemanha no entreguerras. Em seguida, nós nos debruçaremos sucessivamente sobre dois períodos articulados em torno da tomada de poder na Alemanha pelos nazistas em 1933. Na verdade, a partir de 1933, a Suíça encontra diante de si mais que um Estado, mas uma ideologia conquistadora, que utiliza o esporte para fins de propaganda, imitando nisso a ideologia mussoliniana, em prática desde os anos de 1920.

DISCURSOS JORNALÍSTICOS E ESPORTE. CORPUS E METODOLOGIA

O discurso midiático-esportivo não é fácil de circunscrever. Apoiado em lógicas contraditórias de neutralização e de exacerbação metafórica das apostas políticas, ele não autoriza uma leitura clara das tensões internacionais, não mais que o imaginário nacional. Incidente - ou até mesmo acidente - na economia geral dos discursos midiático-esportivos, o imaginário nacional atualiza-se, entretanto, nas crônicas jornalísticas, como as dos jogos Suíça-Alemanha. Não é preciso considerar que esses jogos são singulares desse ponto de vista, mas a escolha de uma contribuição precisa e aprofundada obriga a fazer escolhas de objeto. Outras partidas, como aquela realizada entre Suíça e Itália (igualmente numerosas a partir dos anos de 1920), ou entre Suíça e Hungria, poderiam ser objeto de análises semelhantes, e deixam em aberto um campo de pesquisa5 5 . Sobre a França e a Alemanha, ver BARREAUD, m.; COLzY, A. Les rencontres de football France-Alemagne, de leur origine à 1970: déroulement, environnement et perception, In: Sports et relations internationales. Actes du Colloque de metz-Verdun, 22-23-24 septembre, 1993, apresentados por Pierre Arnoud e Alfred Want em mETz, 1994 (publicações do Centre de Recherches Histoire e Civilization de l'Université de metz 19), p. 113-131. .

A metodologia escolhida é qualitativa, decisão que se tornou necessária ao mesmo tempo pelos limites do corpus e pelo caráter inapreensível do imaginário nacional. Os artigos estudados são oriundos da imprensa suíça francófona, com seis títulos: Le Sport Suisse, Feuille d'avis de Lausanne, Gazette de Lausanne, La Sentinelle, L'express de Neuchâtel, e artigos da Tribune de Genève. Para cada jogo e em cada jornal, selecionamos dois artigos, tanto o de apresentação (na véspera ou no dia do jogo) e o dos resultados (em geral, no dia seguinte às partidas)6 6 . No caso do jornal Le Sport Suisse - hebdomadário esportivo -, selecionamos os números da semana precedente às partidas e os números da semana seguinte (e mais o suplemento publicado na véspera dos jogos). , quanto os discursos sobre os confrontos e os que explicitam os resultados. Dois eixos analíticos foram privilegiados: de um lado, a colocação em destaque do vocabulário e particularmente das recorrências que designam o adversário e a eles mesmos; de outro lado, os regimes narrativos que organizam o discurso. Enfim, seria ilusório pretender circunscrever o conjunto dos discursos produzidos a propósito de uma vintena de jogos de futebol. Assim, será sempre a exploração de um imaginário nacional que guiará nossas análises, levando em conta tensões nacionais e internacionais exacerbadas durante o entreguerras.

DAS PARTIDAS FREQUENTES E, ÀS VEZES, PIONEIRAS ÀS APOSTAS ESPORTIVAS VARIADAS

Um elemento é reconhecidamente marcante quando se contabilizam as partidas entre Suíça e Alemanha: sua recorrência em tempos conturbados; nos anos de 1920, o retorno da Alemanha ao concerto das nações deu-se muito lentamente, e nos anos de 1930 os dois regimes políticos opõem-se filosoficamente. De um lado, temos um regime federal no qual a busca pelo consenso social e político constitui um imperativo decisório; do outro, um regime republicano7 7 . A República de Weimar (1919-1933) é um regime democrático, heterogêneo do ponto de vista institucional (parlamentar e presidencial); desde sua implantação, ele não se beneficia de nenhum consenso, nem político, nem social. que logo será totalitário e cuja ideologia nacional-socialista - após 1933 - constitui um "conjunto heterogêneo, ou até mesmo contraditório, cuja coerência só aparece quando se considera a finalidade do conjunto: [a saber] a guerra"8 8 . HERLEM, D. Ein Gesunder Volkskörper, l'obsession d'un corps social sain comme condition préalable et permanente de la guerra totale sous le Troisième Reich (1933-1945), Quasimodo, n. 9, Carmon 2006, p. 127. . Apesar dessas oposições principais, Suíça e Alemanha vão confrontar-se nada menos do que 27 vezes entre 1908 e 1950, e, ocasionalmente, várias vezes no mesmo ano (em 1928, 1938, 1941 e 1942).

Desde 1908 a Suíça abre as campanhas internacionais do futebol alemão, após alguns jogos inter-regionais9 9 . Aconteceram três partidas inter-regionais antes de 1908 entre a Suíça (alemã) e a Alemanha (do Sul), ganhas primeiramente pela Suíça em Bale em 1898 (3-1), pela Alemanha em 1900 (2-0) em Estrasburgo e novamente em Bale em 1901 (7-4). , opondo equipes dos dois países na virada do século.

Em 1920, os helvéticos menosprezam o clima internacional - e particularmente esportivo - muito hostil à retomada das partidas esportivas com a Alemanha, grande perdedora da Primeira Guerra mundial, e a acolhem no seu solo. Alguns anos mais tarde, precisamente no final dos anos de 1930, enquanto as nações europeias se recusam novamente a encontrar o que se tornou o ameaçador Terceiro Reich, a Suíça continua a jogar com as seleções alemãs, e isso até 1942. Enfim, após a Segunda Guerra mundial, os suíços figurarão novamente como pioneiros, em 1950, reabrindo as campanhas internacionais do futebol alemão, desde então dividido em dois, entre a RFA (a oeste) e a RDA (a leste). Sobre o conjunto dessas 27 partidas, a Alemanha obtém 16 vitórias, a Suíça sete, e somente quatro jogos acabarão em empate. Frequentemente amistosos, os jogos Suíça-Alemanha ou Alemanha-Suíça também vão dar lugar a confrontos mais épicos, como por ocasião da Copa do mundo de 1938, nas oitavas de final (dois jogos que verão a vitória dos helvéticos sobre o que se tornara a "Grande Alemanha" seguida da Anschluss, a anexação da áustria pelo Terceiro Reich).

Tanto para a Alemanha quanto para a Suíça, os anos do entreguerras são os dos primeiros sucessos, mas também os das primeiras desilusões esportivas e, particularmente, futebolísticas. A Suíça chega duas vezes às quartas de final da Copa do mundo (1934 e 1938), após ter chegado à final do torneio olímpico em Paris (192410 10 . A Suíça atribui-se nesse momento o título - muito oficioso - de campeã da Europa de futebol. ), enquanto a Alemanha chega ao terceiro lugar na Copa do mundo de 1934, após ter chegado às quartas de final no torneio olímpico de Amsterdã (1928). Dentre as desilusões alemãs, é preciso citar o fracasso de sua equipe de futebol nos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936, ao qual se sucederá o fracasso na Copa do mundo de 1938. Se, no entreguerras, ao futebol suíço não faltaram desilusões, será, no entanto, a época posterior à Segunda Guerra mundial a que verá o futebol helvético levantar menos alto as cores da Confederação.

OS ANOS DE 1920: UM RETORNO PRECOCE AO JOGO

A Primeira Guerra mundial é pesada em termos de consequências para a Suíça, que vê, no início dos anos de 1920, sua população fortemente dividida entre germanófilos, bastante favoráveis à Alemanha, e suíços francófonos, mais afinados com a França.

O primeiro jogo diante da Alemanha, previsto para domingo, 27 de junho de 1920, em zurique, vê seu destino ligado àquele jogado contra a França no início dos anos de 1920. Naquela ocasião, os suíços - ou, sobretudo, uma parte das instâncias dirigentes da Federação Helvética de Futebol11 11 . Associação Suíça de Futebol (ASF). -, presentes no Congresso de Bruxelas12 12 . O Congresso da Fifa, organizado em Bruxelas em 1919, tinha por objetivo relançar as atividades da Federação, que diminuíram durante a Primeira Guerra mundial, e estatuir sobre as relações esportivas a serem desenvolvidas entre "vencedores", "vencidos" e "neutros". no final do ano de 1919, esforçaram-se para não encontrar a Alemanha "até que a situação internacional fosse definitivamente regrada"13 13 . Propósito citado no Le Sport Suisse, 7 jan. 1920, p. 2. . Vários elementos determinantes se juntaram nesse ponto: de um lado, os delegados que decidiram sobre o jogo contra a França, e também sobre as cláusulas atenuantes, não tinham mandato para engajar o conjunto da Federação Helvética de Futebol nesse caminho; de outro, a neutralidade da Suíça não foi colocada em dúvida na partida contra a França do ponto de vista da Suíça. Se os suíços francófonos não veem com bons olhos a retomada das partidas esportivas contra a Alemanha, seus argumentos não convencem os que decidem na Federação, para quem o jogo contra a Alemanha não poderia deixar de acontecer.

Passado apenas um ano - quase no mesmo dia - da assinatura do Tratado de Versalhes, a Suíça (re)engaja-se nas campanhas esportivas internacionais da Alemanha, sob os olhos medusoides das democracias que saíram vitoriosas da Primeira Guerra mundial. Se a unidade por trás da equipe nacional não é absoluta, notadamente na região da Suíça francófona, a proclamação da neutralidade incondicional veiculada na organização da partida é primordial para compreender esse retorno precoce ao jogo.

PARTIDAS REGULARES ENTRE 1922 E 1932

A equipe nacional helvética de futebol e a equipe nacional alemã de futebol vão encontrar-se dez vezes de 1922 a 1932, ou seja, quase uma vez por ano, o que testemunha a recorrência das relações esportivas entre os dois países.

Desde 1922 a Suíça continua a celebrar sua independência e sua neutralidade no cenário internacional ao deslocar-se à Alemanha: "Indo lá, a Suíça permanece fiel a seus princípios, os quais ela não permitirá a ninguém tocar"14 14 . Idem, 22 mar. 1922, p. 3. ; essa primeira partida internacional em terras alemãs "tem um significado que ultrapassa o mero interesse esportivo"15 15 . La Sentinelle, 27 mar. 1922, p. 4 .

Assim, as equipes suíça e alemã se encontrarão durante dez anos alternadamente em seus respectivos países. Se até 1926 os resultados esportivos se mostram bem equilibrados, com duas vitórias helvéticas, dois empates e quatro vitórias alemãs, a Suíça registra, de 1928 a 1938, somente derrotas contra um adversário cada vez mais temível16 16 . Sob a República de Weimar, o espaço dos esportes e da educação física vai progressivamente sendo tomado nas mãos pelo Estado alemão, um processo que será perseguido até 1933. .

As partidas de futebol entre Suíça e Alemanha são, para os cronistas, o lugar de atualização de um imaginário nacional helvético e o lugar de descrição de uma Outra nação - Alemanha - às vezes fantasmagórica. Os estilos de jogo são apresentados por meio de tramas narrativas caracterizantes. Assim, o jogo alemão não brilha por sua fineza, mas apoia-se em "longos passes, com um bom controle da bola"17 17 . La Sentinelle, 4 jun. 1923, p. 2. ; os alemães jogam com mais força e técnica. Dito de outra maneira, "no terreno do futebol, a Alemanha domina nosso pequeno país pelo seu poder e por uma técnica mais rebuscada e verdadeiramente completa [...]"18 18 . Feuille d'Avis de Lausanne, 11 fev. 1929, p. 12. . E esta Alemanha diz ao cronista do Le Sport Suisse: "Esta terrível técnica germânica me assusta. [...] Esta máquina em marcha que quebra persistentemente a resistência helvética [...]19 19 . Le Sport Suisse, 9 mar. 1932, p. 3. ".

A Suíça não pode opor sua técnica ou sua ciência ao jogo alemão. Isso não impede que os helvéticos, esses "bravos pequenos jogadores"20 20 . Idem, 7 maio 1930, p. 4. , joguem com todo o seu ardor, com toda a sua veemência. "Nossa representação [...] oferece a vantagem de uma melhor homogeneidade e de um moral excelente"21 21 . Feuille d'avis de Lausanne, 3 maio 1930, p. 22. . E, mesmo quando a equipe suíça perde de goleada, como em 1929, por 7 gols a 1, "é [...] [a] tentativa de fazer um futebol fino e inteligente que derrota os suíços"22 22 . Le Sport Suisse, 13 fev. 1929, p. 4. , segundo as palavras do cronista. Ancorada em um imaginário nacional - feito de ligação com a terra e de trabalho duro, forjado sobre um território acidentado -, a trama narrativa que revela as performances da equipe suíça proclama essas características e atualiza durante os anos de 1920 a ideia de uma unidade secular da Suíça para além de todas as dificuldades circunstanciais. Assim, na homogeneidade celebrada pela equipe, é permitido ler uma proclamação da unidade reencontrada após as tensões do imediato pós-Primeira Guerra mundial.

OS ANOS DE 1930 DIANTE DA ASCENSãO DO NAZISMO

A homogeneidade proclamada da equipe nacional suíça fará ainda sentido quando se trata de confrontar a equipe da Alemanha que se tornou representação do Terceiro Reich. A ideologia nazista é antes de tudo nacionalista; de certa maneira, pode-se postular que ela vai obrigar os países limítrofes - parceiros diretos ou não - a redefinir seu posicionamento geopolítico diante dela, assim como seus próprios discursos nacionalistas.

A passagem da "Alemanha" a "Reich" é frequentemente o indício mais forte, em todo caso o mais recorrente, que se encontra sob a pena dos cronistas esportivos dos jornais suíços francófonos por ocasião das partidas entre Suíça e Alemanha após a tomada do poder por Hitler.

Somente o jornal socialista La Sentinelle propõe uma leitura mais contrastada da primeira partida entre a Suíça e a Alemanha da era nazista, em novembro de 1933, em zurique, mencionando as controvérsias acerca da presença da bandeira com o emblema nazista - "a bandeira com a suástica dos assassinos hitleristas"23 23 . La Sentinelle, 17 nov. 1933, p. 5. - no estádio e os assobios do público na entrada da equipe alemã e, especialmente, no momento da saudação fascista. mas, paradoxalmente, as partidas de 1935 e 1937 não foram objeto de nenhum comentário em particular, sendo o lugar atribuído aos cronistas dos jogos sensivelmente reduzido no jornal socialista; às vezes, as contas prestadas não ultrapassam uma quinzena de linhas.

Em 1933, 1935, 1937 e 1938, a Alemanha ganha três partidas, marca oito gols, a Suíça somente um24 24 . Um gol por um jogo empatado (1-1), 6 de fevereiro de 1938, em Colônia. : "o aço entrou na manteiga"25 25 . Le Sport Suisse, 30 jan. 1935, p. 5. . As partidas são menos regulares, mas atestam sempre o mesmo processo de atualização discursiva de imaginários nacionais helvético e germânico bem caracterizados. Para o L'Express de Neuchâtel, em novembro de 1933, se, "do lado suíço, se veem onze homens bem decididos a defender seu país [...]. Do lado alemão, presenciamos onze atletas, bem tranquilos, tecnicamente, excessivamente fortes, e ainda por cima possuindo um excelente jogo de conjunto"26 26 . L'Express, 20 nov. 1933, p. 1. Suplemento L'Expres - Sport. .

Cada vez mais durante os anos de 1930, os cronistas comparam o jogo alemão com o jogo inglês - referência na matéria -, e diante dessa "máquina de esmagar os suíços [...]", os pequenos helvéticos só podem provar seu imenso "devotamento"; eles são "tenazes", "heroicos", apoiando-se sobre a defesa, novo ponto forte desde que Karl Rappan passou a treinar o time em 1937. Com sua tática dita de retranca, Rappan dá novamente cores à defesa suíça. Fala-se então de "fortaleza suíça"27 27 . Le Sport Suisse, 9 fev. 1938, p. 5. ou da impossibilidade "de desenraizar os carvalhos da defesa suíça"28 28 . Idem, ibidem. . Se o resultado ainda não é positivo em fevereiro de 1938, o time suíço deu o máximo"29 29 . Idem, ibidem. ; e o faria novamente em junho de 1938.

1938, UMA COPA DO MUNDO, DUAS PARTIDAS

Em junho de 1938, Alemanha e Suíça encontram-se pela primeira vez em uma grande competição desde os Jogos Olímpicos de Amsterdã, em 1928. Tratase, dessa vez, da Copa do mundo de Futebol - a terceira com esse nome - e do primeiro turno da competição. No Parque dos Príncipes, em Paris, em 4 de junho de 193830 30 . O jogo do Parque dos Príncipes foi o jogo de abertura da Copa do mundo de 1938. , as duas equipes despedem-se com um empate de 1 a 1. E, em um jogo amistoso, cinco dias depois, a equipe portando "a cruz branca" consegue superar o poder e a força alemães, com um escore de 4 gols a 2.

Esses jogos têm um gosto especial, desde que se leve em conta o seu desenvolvimento no conjunto de um evento esportivo mundial e, além disso, apenas alguns meses após o Anschluss. Desde então parte integrante da "Grande Alemanha", os jogadores de futebol austríacos tornam-se rapidamente - ao menos em parte - responsáveis pela derrota alemã na Copa do mundo francesa de 1938, como testemunha a insistência dos cronistas suíços sobre a heterogeneidade da equipe alemã.

Esses jogos são a oportunidade de uma intensa reatualização discursiva de um imaginário nacional helvético. Essa vitória é a da coragem, da bravura e da inteligência sobre uma força superior e brutal. Essa bravura suíça está associada a certa fineza tática e estratégica, somada à "velocidade"31 31 . Gazette de Lausanne, 11 jun. 1938, p. 2. dos jogadores ao desenvolver um bom jogo. Diante disso, a "Grande Alemanha" é apresentada com os traços de um "monstro frio" em uma trama narrativa que recorre amplamente a todos os estereótipos para o seu propósito. Os jogadores alemães são qualificados de "teutões", "poderosos", organizados tanto cientificamente quanto mecânica ou geometricamente; eles constituem uma poderosa máquina de guerra.

Assim, segundo as palavras de um cronista da Gazette de Lausanne, uma vez mais "o evento ultrapassou amplamente a área do esporte. Ele é nacional. E, como patriotas que somos, temos o direito de estar orgulhosos de nosso time de futebol nacional"32 32 . Idem, 10 jun. 1938, p. 6. .

Frequentemente comentadas fora do cenário estritamente esportivo durante o entreguerras, as partidas entre os times da Suíça e da Alemanha, em pleno coração da Segunda Guerra mundial, em 1941 e 1942, são também significativas.

EM PLENA GUERRA

Se Suíça e Alemanha não se confrontam mais de junho de 1938 a março de 1941, vão retomar suas relações futebolísticas em pleno coração da Segunda Guerra mundial. Assim, são pelo menos quatro partidas organizadas entre março de 1941 e outubro de 1942.

Pouco surpreendente do ponto de vista do Reich, pois este organiza 106, 50, 50 e 51 partidas internacionais no seu solo, respectivamente em 1939, 1940, 1941 e 194233 33 . São bem mais do que o dobro das partidas realizadas em 1932 ou 1933. Ver KRUGER, A. Le rôle du sport politique dans la politique internationale alemande, 1918-1945. In: ARNOUD, P.; RIORDAN, J. (Ed.). Sport et relations internationales (1900-1941): les démocraties face au fascisme et au nazisme. Paris: L'Harmattan, 1998, p. 73-94. ; tais jogos de futebol são vistos do lado suíço como uma nova proclamação da neutralidade, enquanto todo o continente mergulha no mais absoluto terror.

No plano esportivo, esses jogos são mais uma vez a oportunidade de afirmação dos traços de um imaginário nacional, em particular nas colunas da Feuille d'Avis de Lausanne, por ocasião do jogo de outubro de 1942, em Berna. Os alemães são "os artistas da bola, influenciados pela escola vienense, eles desenvolvem um jogo harmonioso e um estilo muito puro; diante deles, os suíços são menos técnicos, não fazem floreios, mas são combatentes indomáveis [...]"34 34 . Feuille d'Avis de Lausanne, 16 out. 1942, p. 10. .

No final, o contexto é quase inteiramente ocultado pelos cronistas em benefício das narrações das peripécias esportivas, mesmo que essas partidas possam tomar "um ar [de] demonstração de independência, de uma vontade de resistir [...] [assim se] desde que o jogo recomeçou não há mais suíços nem alemães [...]. Um jogo de futebol é uma batalha, uma batalha sem derramamento de sangue [...]"35 35 . Le Sport Suisse, 23 abr. 1941, p. 4. .

Dito de outra maneira, o esporte é um meio para deslocar a guerra para outro terreno. E, se entre 1938 e 1942 a Suíça fez mais que jogar de igual para igual com a "Grande Alemanha"36 36 . A Suíça ganha três dos sete jogos, obtendo também dois empates. , é antes de tudo um "fracasso do método estéril diante da fuga às improvisações férteis"37 37 . La Sentinelle, 21 abr. 1941, p. 2. , uma fuga frequentemente associada pelos jogadores suíços a uma "vontade indomável e um pouco selvagem"38 38 . Idem, ibidem. , assim como a uma tática defensiva desde então bem ancorada. Enquanto a Suíça transforma efetivamente seu sistema de jogo - sob a influência do treinador Rappan -, a insistência dos cronistas sobre a qualidade defensiva das equipes helvéticas, nos anos de 1930, insere-se em um imaginário nacional reatualizado e redefinido diante do aumento de poder da agressiva ideologia nazista.

Os elementos colocados em evidência atestam a celebração de um imaginário nacional durante os jogos Suíça-Alemanha. Neutros, unidos, cheios de ardor, indomáveis, homogêneos, os jogadores de futebol suíços são a porção em movimento de um imaginário nacional em constante redefinição. E, se os resultados nem sempre são favoráveis à Suíça, como os de 1928 a 1938, a caracterização nacionalista manifestada também nas narrações das más atuações nos permite afirmar o caráter perene das representações da nação, ancoradas em cartografias mentais helvéticas e expressas nas penas dos cronistas quando das partidas Suíça-Alemanha.

A atenção dada a uma sucessão de partidas, desenvolvidas em diferentes configurações sociopolíticas, permite levantar duas perspectivas. De um lado, o posicionamento do jornal na paisagem midiática diminui muito pouco os discursos nacionalistas, o que não autoriza uma real modulação das conclusões em vista do posicionamento relativo dos diferentes títulos retidos no meio de um campo midiático suíço francófono; a celebração nacionalista permanece transversal. De outra parte, incidentais ou acidentais na economia geral dos discursos midiático-esportivos, as evoluções políticas da Europa - e particularmente a ascensão dos totalitarismos - despertam os propósitos dos cronistas, contribuindo para reatualizar um imaginário nacional helvético, podendo-se postular que ele se exacerba diante da ascensão do nazismo nos anos de 1930. "O esporte destrona [então] de qualquer forma a vida política e transforma [...] os futebolistas em heróis nacionais [...]"39 39 . Jost, H.-U. menace et repliement (1914-1945). In: Nouvelle Histoire de la Suisse et des Suisses, Lausanne: Payot, 2004, p. 763. , como em 1938, durante a Copa do mundo de Futebol realizada na França.

Recebido: 1 dez. 2009

Aprovado: 2 fev. 2010

O trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza e tampouco houve conflitos de interesses para a sua realização.

  • 1. LIOTARD, P. Questions pour des champions, Quasimodo, n. 1, 1996, p. 9.
  • 2. QUIN, G.; BANCEL, N. Football et construction nationalitaire en Suisse: les matchs Suisse-Allemagne à la Coupe du monde de 1938, Contribution au Colloque Le football en Suisse: enjeux sociaux et symbolique d'un espestacle universel. Lausanne: Université de Lausanne, 24-25 maio, 2007. Publication des actes en cours.
  • 3. Sobre o conceito de nação, ver RENAN, E. Qu'est-ce qu'une nation?, In: Oeuvres complètes (19471961). Paris: Calmann-Lévy, pp. 887-906;
  • e THIESSE, A. m. La creation des identities nationals Europe XVIII-XX siècle, [Paris], Seuil, 2001.
  • 4. ANDERSON, B. L'imaginaire national. Reflexions sur l'origine et l'essor du nationalism. Paris: La Décourvete, 1996.
  • 5. Sobre a França e a Alemanha, ver BARREAUD, m.; COLzY, A. Les rencontres de football France-Alemagne, de leur origine à 1970: déroulement, environnement et perception, In: Sports et relations internationales. Actes du Colloque de metz-Verdun, 22-23-24 septembre, 1993, apresentados por Pierre Arnoud e Alfred Want em mETz, 1994 (publicações do Centre de Recherches Histoire e Civilization de l'Université de metz 19), p. 113-131.
  • 8. HERLEM, D. Ein Gesunder Volkskörper, l'obsession d'un corps social sain comme condition préalable et permanente de la guerra totale sous le Troisième Reich (1933-1945), Quasimodo, n. 9, Carmon 2006, p. 127.
  • 13. Propósito citado no Le Sport Suisse, 7 jan. 1920, p. 2.
  • 15. La Sentinelle, 27 mar. 1922, p. 4
  • 17. La Sentinelle, 4 jun. 1923, p. 2.
  • 18. Feuille d'Avis de Lausanne, 11 fev. 1929, p. 12.
  • 19. Le Sport Suisse, 9 mar. 1932, p. 3.
  • 21. Feuille d'avis de Lausanne, 3 maio 1930, p. 22.
  • 22. Le Sport Suisse, 13 fev. 1929, p. 4.
  • 23. La Sentinelle, 17 nov. 1933, p. 5.
  • 25. Le Sport Suisse, 30 jan. 1935, p. 5.
  • 26. L'Express, 20 nov. 1933, p. 1. Suplemento L'Expres - Sport.
  • 27. Le Sport Suisse, 9 fev. 1938, p. 5.
  • 31. Gazette de Lausanne, 11 jun. 1938, p. 2.
  • 33. São bem mais do que o dobro das partidas realizadas em 1932 ou 1933. Ver KRUGER, A. Le rôle du sport politique dans la politique internationale alemande, 1918-1945. In: ARNOUD, P.; RIORDAN, J. (Ed.). Sport et relations internationales (1900-1941): les démocraties face au fascisme et au nazisme. Paris: L'Harmattan, 1998, p. 73-94.
  • 34. Feuille d'Avis de Lausanne, 16 out. 1942, p. 10.
  • 35. Le Sport Suisse, 23 abr. 1941, p. 4.
  • 37. La Sentinelle, 21 abr. 1941, p. 2.
  • 39. Jost, H.-U. menace et repliement (1914-1945). In: Nouvelle Histoire de la Suisse et des Suisses, Lausanne: Payot, 2004, p. 763.
  • Endereço para correspondência:
    Grégory Quin
    Institut des Sciences du Sport
    Université de Lausanne Bâtiment de Vidy 1015 Lausanne - Suisse
  • *
    Título original: "Football et 'imaginaire national' helvetique (1920-1942). Les matchs Suisse-Allemagne au cours de l'entre-deux-guerre vus par la presse romande". Texto traduzido por Ione Ribeiro Valle, professora do Departamento de Estudos Especializados em Educação - Centro de Ciências da Educação - UFSC, e Norberto Dallabrida, professor do Departamento de Ciências Humanas - Centro de Ciências da Educação - Udesc. Uma versão preliminar do trabalho foi publicada na
    Revue Historique Vaudoise, n. 116, número especial, Histoire du sport dans le canton de Vaud, p. 149-160.
  • 1
    . LIOTARD, P. Questions pour des champions,
    Quasimodo, n. 1, 1996, p. 9.
  • 2
    . QUIN, G.; BANCEL, N. Football et construction nationalitaire en Suisse: les matchs Suisse-Allemagne à la Coupe du monde de 1938, Contribution au Colloque Le football en Suisse: enjeux sociaux et symbolique d'un espestacle universel. Lausanne: Université de Lausanne, 24-25 maio, 2007. Publication des actes en cours.
  • 3
    . Sobre o conceito de nação, ver RENAN, E. Qu'est-ce qu'une nation?, In:
    Oeuvres complètes (19471961). Paris: Calmann-Lévy, pp. 887-906; e THIESSE, A. m.
    La creation des identities nationals. Europe XVIII-XX siècle, [Paris], Seuil, 2001.
  • 4
    . ANDERSON, B.
    L'imaginaire national. Reflexions sur l'origine et l'essor du nationalism. Paris: La Décourvete, 1996.
  • 5
    . Sobre a França e a Alemanha, ver BARREAUD, m.; COLzY, A. Les rencontres de football France-Alemagne, de leur origine à 1970: déroulement, environnement et perception, In:
    Sports et relations internationales. Actes du Colloque de metz-Verdun, 22-23-24 septembre, 1993, apresentados por Pierre Arnoud e Alfred Want em mETz, 1994 (publicações do Centre de Recherches Histoire e Civilization de l'Université de metz 19), p. 113-131.
  • 6
    . No caso do jornal
    Le Sport Suisse - hebdomadário esportivo -, selecionamos os números da semana precedente às partidas e os números da semana seguinte (e mais o suplemento publicado na véspera dos jogos).
  • 7
    . A República de Weimar (1919-1933) é um regime democrático, heterogêneo do ponto de vista institucional (parlamentar e presidencial); desde sua implantação, ele não se beneficia de nenhum consenso, nem político, nem social.
  • 8
    . HERLEM, D. Ein Gesunder Volkskörper, l'obsession d'un corps social sain comme condition préalable et permanente de la guerra totale sous le Troisième Reich (1933-1945),
    Quasimodo, n. 9, Carmon 2006, p. 127.
  • 9
    . Aconteceram três partidas inter-regionais antes de 1908 entre a Suíça (alemã) e a Alemanha (do Sul), ganhas primeiramente pela Suíça em Bale em 1898 (3-1), pela Alemanha em 1900 (2-0) em Estrasburgo e novamente em Bale em 1901 (7-4).
  • 10
    . A Suíça atribui-se nesse momento o título - muito oficioso - de campeã da Europa de futebol.
  • 11
    . Associação Suíça de Futebol (ASF).
  • 12
    . O Congresso da Fifa, organizado em Bruxelas em 1919, tinha por objetivo relançar as atividades da Federação, que diminuíram durante a Primeira Guerra mundial, e estatuir sobre as relações esportivas a serem desenvolvidas entre "vencedores", "vencidos" e "neutros".
  • 13
    . Propósito citado no
    Le Sport Suisse, 7 jan. 1920, p. 2.
  • 14
    . Idem, 22 mar. 1922, p. 3.
  • 15
    .
    La Sentinelle, 27 mar. 1922, p. 4
  • 16
    . Sob a República de Weimar, o espaço dos esportes e da educação física vai progressivamente sendo tomado nas mãos pelo Estado alemão, um processo que será perseguido até 1933.
  • 17
    .
    La Sentinelle, 4 jun. 1923, p. 2.
  • 18
    .
    Feuille d'Avis de Lausanne, 11 fev. 1929, p. 12.
  • 19
    .
    Le Sport Suisse, 9 mar. 1932, p. 3.
  • 20
    . Idem, 7 maio 1930, p. 4.
  • 21
    .
    Feuille d'avis de Lausanne, 3 maio 1930, p. 22.
  • 22
    .
    Le Sport Suisse, 13 fev. 1929, p. 4.
  • 23
    .
    La Sentinelle, 17 nov. 1933, p. 5.
  • 24
    . Um gol por um jogo empatado
    (1-1), 6 de fevereiro de 1938, em Colônia.
  • 25
    .
    Le Sport Suisse, 30 jan. 1935, p. 5.
  • 26
    .
    L'Express, 20 nov. 1933, p. 1. Suplemento L'Expres - Sport.
  • 27
    .
    Le Sport Suisse, 9 fev. 1938, p. 5.
  • 28
    . Idem, ibidem.
  • 29
    . Idem, ibidem.
  • 30
    . O jogo do Parque dos Príncipes foi o jogo de abertura da Copa do mundo de 1938.
  • 31
    .
    Gazette de Lausanne, 11 jun. 1938, p. 2.
  • 32
    . Idem, 10 jun. 1938, p. 6.
  • 33
    . São bem mais do que o dobro das partidas realizadas em 1932 ou 1933. Ver KRUGER, A. Le rôle du sport politique dans la politique internationale alemande, 1918-1945. In: ARNOUD, P.; RIORDAN, J. (Ed.).
    Sport et relations internationales (1900-1941): les démocraties face au fascisme et au nazisme. Paris: L'Harmattan, 1998, p. 73-94.
  • 34
    .
    Feuille d'Avis de Lausanne, 16 out. 1942, p. 10.
  • 35
    .
    Le Sport Suisse, 23 abr. 1941, p. 4.
  • 36
    . A Suíça ganha três dos sete jogos, obtendo também dois empates.
  • 37
    .
    La Sentinelle, 21 abr. 1941, p. 2.
  • 38
    . Idem, ibidem.
  • 39
    . Jost, H.-U. menace et repliement (1914-1945). In:
    Nouvelle Histoire de la Suisse et des Suisses, Lausanne: Payot, 2004, p. 763.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Maio 2011
    • Data do Fascículo
      Maio 2010

    Histórico

    • Recebido
      01 Dez 2009
    • Aceito
      02 Fev 2010
    Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte Universidade de Brasilia - Campus Universitário Darcy Ribeiro, Faculdade de Educação Física, Asa Norte - CEP 70910-970 - Brasilia, DF - Brasil, Telefone: +55 (61) 3107-2542 - Brasília - DF - Brazil
    E-mail: rbceonline@gmail.com