INTRODUÇÃO: A decisão de realizar uma intervenção coronária percutânea (ICP) em pacientes com angina deve se basear em sinais objetivos de isquemia. A angiografia vem sendo utilizada como padrão-ouro para definição de doença arterial coronariana (DAC), embora suas limitações sejam conhecidas. Por outro lado, o valor da medida do fluxo fracionado de reserva do miocárdio (FFR) na avaliação da DAC está bem estabelecido. OBJETIVO: Avaliar a acurácia da angiografia em definir as lesões culpadas e sua correlação com o FFR, em todos os pacientes admitidos para ICP eletiva em nossa Instituição, durante determinado período. MÉTODO: Foram incluídos no estudo 250 pacientes (471 vasos). Foram avaliadas todas as estenoses >50% pela estimativa visual, selecionadas por três cardiologistas independentes, medindo-se o FFR. Quando o FFR era < 0,75, a lesão foi tratada; se o FFR era >0,75, a lesão não foi tratada. Foi realizada QCA off-line de todas as lesões, divididas em moderadas (< 70% - 327) e graves (125). Foram determinados o coeficiente de correlação entre o grau de estenose (%DE) e o FFR para os dois grupos e a acurácia da estimativa visual da angiografia em definir se uma lesão era ou não isquêmica, tomando-se o FFR como padrão-ouro. RESULTADOS: Foi possível obter o FFR em 96% das lesões (452). %DE e FFR médios de 56 ± 8% e 0,74 e 76 ± 6% e 0,48 para as lesões moderadas e graves. Notouse pobre correlação negativa entre o %DE e o FFR, principalmente nas lesões moderadas (Spearman rho = -0,33, p<0,0001). A acurácia da estimativa visual da angiografia comparada com o FFR foi de 57% e 96%, respectivamente, nas lesões moderadas e graves. CONCLUSÕES: A angiografia coronária não é um método capaz de prever adequadamente a importância funcional das lesões coronarianas, tornando clara a necessidade de associá-la a um método funcional capaz de orientar corretamente o tratamento dessas estenoses.
Circulação coronária, fisiologia; Contenedores; Angioplastia transluminal percutânea coronária