RESUMO
A retirada de espessas camadas de solo sob cerrado nativo da margem direita do rio Paraná, em Selvíria, MS, para a construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, provocou degradação ambiental, com reflexos no processo de revegetação do solo decapitado. Esse local foi submetido às tentativas de usos e manejos diversificados ao longo dos anos, constituindo o objetivo deste trabalho avaliar o efeito das abordagens aplicadas à recuperação da qualidade estrutural do solo. O experimento foi realizado considerando cinco tratamentos e 30 repetições. Os tratamentos experimentais consistiram em: solo degradado (decapitado), sem intervenção antrópica e com ausência de cobertura vegetal; solo degradado, tratado com lodo de esgoto e cultivado com eucalipto e gramínea há um ano; solo degradado, mantido com capoeira em regeneração natural desde o ano de 1969; solo com pastagem desde 1978, em substituição à vegetação nativa; e solo sob vegetação nativa (Cerrado). A caracterização química do solo para cada tratamento experimental foi realizada na camada de 0,00-0,20 m. Uma grade de amostragem com 30 pontos foi utilizada para avaliar a porosidade e densidade do solo e os índices de estabilidade de agregados diâmetro médio ponderado (DMP) e diâmetro médio geométrico (DMG). A estabilidade de agregados foi também determinada com chuva simulada. Os resultados evidenciaram que a utilização de lodo de esgoto incorporado com enxada rotativa melhorou a fertilidade química e promoveu distribuição mais equilibrada do tamanho de poros do solo. Os tratamentos com capoeira e pastagem apresentaram nível intermediário de qualidade estrutural do solo, sendo mais similares entre si. A qualidade do solo degradado e sem intervenção antrópica foi a mais prejudicada, havendo valores menores de capacidade de troca catiônica e macroporosidade, bem como valores maiores de densidade do solo e de porcentagem de agregados com diâmetros <0,50 mm, corroborados pelo seu menor teor de matéria orgânica. Já o porcentual de agregados de tamanhos maiores foi mais expressivo no tratamento sob vegetação nativa, o que refletiu positivamente nos valores de DMP e DMG. Portanto, mesmo decorridas várias décadas da implantação de alguns dos sistemas de uso e manejo avaliados, para mitigar os efeitos deletérios advindos da instalação dessa Usina Hidrelétrica, ainda são necessárias abordagens mais eficientes para recuperar a qualidade estrutural do solo.
estabilidade de agregados; compactação; solo decapitado; qualidade do solo