Com base em documentos de Estado-Maior, este artigo analisa a importação pelos militares brasileiros de um corpo de idéias gerado na França na segunda metade dos anos de 1950. Trata-se da doutrina conhecida como guerre révolutionnaire, voltada para a derrota do movimento marxista-leninista e desenvolvida no contexto da Guerra da Argélia. Trazidas para a América do Sul, inicialmente por militares argentinos, as idéias francesas chegaram ao Brasil em 1959, numa conferência pronunciada na Escola Superior de Guerra. A partir de então, foram adotadas como doutrina oficial pelo Estado-Maior das Forças Armadas, ajudaram na campanha de idéias que precedeu o golpe de 1954 e continuaram influentes depois da ruptura do processo constitucional. Ao contrário do que aparece na literatura sobre o tema, autores franceses, e não norte-americanos, teriam sido a fonte principal do pensamento militar brasileiro nos anos de 1960.
Forças Armadas; Guerra Fria; Governo militar; Teoria da guerra; Golpe de 1964