Historiadores e cientistas sociais, ao analisar a carreira política de Jânio Quadros, apontaram que ele conquistou força política propondo uma administração impessoal do Estado. Ele representaria a antítese de Getúlio Vargas ou de Adhemar de Barros, cujos apelos possuíam um notável conteúdo paternal. Porém, isso parece ser parcialmente correto. Por meio de cartas a ele enviadas durante as eleições presidenciais que disputou entre 1959 e 1960, é possível perceber que muitos de seus apoiadores o concebiam como um político capaz de defender relacões sociais tradicionais. Alguns o invocaram para lutar contra especuladores que estocavam mercadorias em contexto inflacionário, outros o trataram como uma figura paternal ao pedir-lhe dinheiro, empregos públicos e outros tipos de favor. Neste texto, sugiro que tais demandas podiam veicular manifestações políticas ou constituir-se em determinadas expressões de cidadania.
Jânio Quadros; Tradições populares; Paternalismo; Cidadania; Cartas