O tema deste artigo são as relações de afeto entre humanos e animais não humanos em um contexto de prática científica: um biotério de uma instituição pública que abriga camundongos, hamsters e ratos para pesquisa. Os personagens centrais nesta narrativa são os animais e os técnicos do biotério. Estes últimos, quando relatam suas experiências com os roedores, afirmam que para cuidar bem dos animais não basta seguir os protocolos estabelecidos, sendo preciso também ter um modo afetivo de percebê-los e tocá-los. A existência de um interesse pelo bem-estar do animal para além do protocolar nos permite observar como se constituem trocas intersubjetivas em um campo em que supostamente reinam apenas relações instrumentais. A intenção não é apenas mostrar que afetos permeiam as relações entre não humanos e humanos, mas explorar como eles podem nos dar indicações por pensar questões relativas à ética.
Relação humanos e animais não humanos; Modelo animal; ética; Prática científica; Afetos