RESUMO:
Este é o relato de um projeto de pesquisa que teve como base teórica os Estudos da Deficiência, os princípios norteadores da Pesquisa Emancipatória, aportados pelo PesquisarCOM, e como metodologia a Entrevista Compreensiva. Essa combinação, fortemente vinculada pelos princípios da ética do cuidado, oportunizou encontros fluídos e ricos em informações. Contou-se com um grupo de apoio, que acompanhou todo o processo, composto por mulheres com deficiência que vivem ou já vivenciaram a experiência acadêmica. Foram entrevistadas nove mulheres com deficiência, estudantes de cursos de graduação e pós-graduação em Instituições de Ensino Superior públicas. A plataforma virtual do Google Meet, eleita pelas partícipes, foi utilizada. Os principais conceitos surgidos foram: 1) a fadiga de acesso existe e é vivenciada cotidianamente nas relações estabelecidas no âmbito acadêmico; 2) a rede de cuidado é constituída a partir das experiências de intimidade forçada, vivenciadas na academia; e 3) as partícipes reconhecem vivenciar opressões pelos diferentes marcadores de identidade. Apesar de os conceitos denotarem que o ambiente acadêmico mantém suas características elitistas, sexistas e capacitistas, configurando-se como um espaço pouco acolhedor que responsabiliza as estudantes com deficiência pelo processo, para as partícipes, sua presença nesse espaço é política e potencializa o comprometimento com a luta anticapacitista.
PALAVRAS-CHAVE:
Fadiga de acesso; Interseccionalidade; Intimidade forçada; Capacitismo; Mulheres com deficiência