RESUMO:
A perspectiva bilíngue para a educação de surdos caracteriza um desafio para a formação de professores, sobretudo no contexto sociocultural brasileiro, no qual a predominância da língua herdada do país colonizador tem desvalorizado historicamente grupos linguísticos minoritários brasileiros. Em consideração à origem francesa da educação de surdos no Brasil, o presente trabalho buscou analisar a organização da formação de professores no Brasil e na França, de modo a contribuir para reflexões mais amplas sobre uma educação bilíngue para surdos. Com base nos pressupostos analíticos vigotskianos do enfoque histórico-cultural, foram analisados dados coletados em plataformas digitais de ensino-aprendizagem de Instituições de Ensino Superior, brasileiras e francesas, além de documentos legais que regem a formação de professores nos dois países. A abstração dos dados, realizada a partir das categorias analíticas identificadas no fenômeno analisado, em seu movimento histórico, aponta para contradições instituídas na trajetória da educação de surdos, expressas na necessidade de transmitir o conhecimento historicamente acumulado pela humanidade aos sujeitos surdos, registrados sumariamente na forma escrita da língua majoritária – utilizando outra língua, de modalidade distinta. Discute-se a importância da formação para o ensino bilíngue nos cursos de licenciatura, além de formas alternativas de organização da educação escolar para surdos.
PALAVRAS-CHAVE:
Educação bilíngue; Educação dos surdos; Formação docente; Teoria sócio-histórico-cultural
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Nota. Extraída de
Nota de acessibilidade: Diagrama em formato de tabela, com doze células dispostas em quatro linhas, sendo a primeira com os títulos das três colunas: “Fenômeno em sua forma mais evoluída: a realidade atual”, “Categorias analíticas para compreensão do fenômeno em seu movimento histórico” e “Função da escola”. Na primeira linha de dados: “Estudantes surdos sinalizantes (não oralizados)”, “Acesso à língua de sinais” e “Acesso à linguagem”. Na segunda: “Educação escolar”, “Educação bilíngue (escola comum/escola especial)” e “Transmissão do conhecimento historicamente acumulado”. Na terceira linha: “Formação de professores”, “Formação específi ca/Formação generalista” e “Propiciar acesso aos conteúdos escolares”. Setas bidirecionais conectam as células da esquerda e da direita às do centro. Cada célula está conectada, ainda, com as de cima e as de baixo. Acima e abaixo do diagrama, setas horizontais largas e curvas, uma em cada direção, conectam as células das extremidades, indicando uma conexão cíclica. À direita da tabela, o texto, em negrito: “UNIDADE DE ANÁLISE: Dificuldade de acesso dos estudantes surdos à língua de registro, utilizada pela comunidade majoritária”.