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Projeto “Conte Comigo”: enfretamento da violência contra as mulheres nos jogos universitários

Resumo:

Introdução:

A universidade é instrumento de mudança social capaz de levar à comunidade novos pensamentos e análises críticas. Com a expansão do movimento feminista no Brasil, a discussão a respeito das relações de gênero se expandiu, com reivindicações por relações simétricas, justapondo os espaços universitários a tais demandas. Nesse contexto, nos jogos universitários entre Faculdades de Medicina (Intermed), evidenciou-se a violência contra as mulheres, havendo necessidade de um núcleo capaz de prover proteção às estudantes e promover mudanças na condução de tais eventos. A partir dessa realidade, surgiu a ideia do projeto “Conte Comigo”.

Relato de experiência:

Na organização do “Intermed” de 2017, um grupo de mulheres se propôs a estruturar um ambiente em que as participantes conseguissem salvaguarda em um contexto opressor. Foi criada uma tenda de apoio na qual seriam acolhidas queixas de transgressões que ocorressem durante o evento. Para otimizar a abordagem de queixas específicas, promoveu-se capacitação na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher para as voluntárias do projeto, além da elaboração de uma rede para atuar durante o evento com: escala de pronto atendimento na tenda; livro-ata para registro das queixas e dos adornos para identificação das voluntárias. Em 2018, as participantes do “Conte Comigo” ajudaram na redação do estatuto que rege a organização do “Intermed”, atribuindo punições a alguns tipos de violência. Além disso, nesse documento, foi formalizada a obrigatoriedade de um espaço físico para o projeto em todas as edições.

Discussão:

Em poucos anos, o “Conte Comigo” se estabeleceu como aparelho para a segurança e o bem-estar das participantes. Como a violência contra a mulher é um problema de saúde pública, essa medida inovadora se contrapôs a comportamentos machistas.

Conclusão:

Mesmo com a implementação do “Conte Comigo” podendo ser considerada um sucesso, múltiplas ações ainda são necessárias para tornar o ambiente universitário justo para todos os estudantes, o que depende de engajamento das voluntárias com capacitações frequentes, educação dos estudantes homens quanto à causa e coordenação das escolas médicas que têm o dever de prover o melhor ambiente possível a todos os estudantes.

Palavras-chave:
Feminismo; Educação de Graduação em Medicina; Violência de Gênero; Universidades; Assédio Sexual

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