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Prevalência de transtornos mentais comuns entre estudantes de Medicina durante a pandemia de Covid-19

Resumo:

Introdução:

Transtornos mentais comuns (TMC) têm sido frequentemente identificados entre universitários na área de saúde, especialmente em Medicina. Acredita-se que características inerentes ao curso exerçam potencial influência na saúde mental do estudante. Quando se adiciona o contexto de pandemia com as restrições sociais inerentes, os determinantes psicológicos relacionados à desconhecida patologia e o temor do rápido alastramento do novo coronavírus, existe a possibilidade de potencialização dos fatores de riscos para o sofrimento psíquico nessa população.

Objetivo:

Este estudo teve como objetivo estimar a prevalência de TMC entre estudantes de Medicina durante a pandemia da Covid-19, analisando seus principais determinantes nos âmbitos acadêmico, social e econômico.

Método:

Trata-se de estudo transversal, realizado com 388 estudantes de Medicina em Salvador, na Bahia. Por meio da plataforma Google Forms, coletaram-se dados sociodemográficos e acadêmicos, sobre hábitos de vida, comorbidades e sintomas de transtornos não psicóticos mensurados pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20).

Resultado:

A prevalência de TMC foi de 39,7% entre os estudantes de Medicina, sendo de 47,4% no ciclo básico, 40,3% no ciclo clínico e 12,3% no internato. Entre os fatores associados ao surgimento de TMC, estão sedentarismo, tabagismo, uso de substâncias que favoreçam o desempenho acadêmico, insatisfação com o próprio rendimento acadêmico, má qualidade de sono, falta de apetite, cefaleia frequente, má digestão, ideação suicida e tristeza. Observou-se maior índice de transtornos mentais não psicóticos entre as mulheres, não havendo diferença quanto ao ciclo acadêmico e à natureza administrativa da instituição de ensino.

Conclusão:

Durante a pandemia de Covid-19, demonstrou-se uma expressiva prevalência de TMC entre estudantes de Medicina do sexo feminino, brancos, solteiros, que residem com familiares e não possuem renda própria. Apesar de estudos sugerirem aumento da prevalência nos universitários no momento atual, os dados deste estudo permaneceram concordantes com a literatura anterior à pandemia, configurando o próprio curso de Medicina como principal fator de risco para taxas superiores de TMC nessa população. Entretanto, novos estudos acerca do impacto em longo prazo da pandemia na saúde mental dos universitários ainda são necessários.

Palavras-chave:
Estudantes de Medicina; Transtornos Mentais; Covid-19; Pandemias; Educação Médica

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