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EDUCAÇÃO MÉDICA: REAFIRMAÇÃO DE PRINCÍPIOS

O Boletim Informativo da ABEM publicou em sua edição n° 1, janeiro/ abril de 1997, matéria sobre Educação Médica. O assunto despertou manifestações de vários leitores sobre a clareza "o posicionamento político nela contidos, alguns solicitando maior divulgação e explicação das idéias. Agradecemos aos diletos professores por brindarem nossa Associação, colocando-a no espaço de suas observações.

No artigo informamos que a ABEM, às vésperas de completar 35 anos, reconhece as dificuldades por que passa a educação médica, geradas, em parte, pela crise do Estado brasileiro. Nossa instituição trabalha pelo fortalecimento do sistema universitário, por isso convoca as escolas médicas a enfrentarem essa realidade negativa, que se reflete na formação profissional, assegurando qualidades técnicas ao atendimento médico.

É posição da ABEM:

  1. Não aceitar: os injustos e aviltantes salários que afastam os professores da docência, comprometendo ainda mais o processo ensino/aprendizagem. (O que dizer da pesquisa que exige igual tempo e dedicação?)

  2. Reiterar: a tese de que a economia de mercado é a solução para todos os problemas, como também o estímulo à especialização precoce; o uso abusivo da tecnologia, da hospitalização e a excessiva medicalização, que oneram os custos da atenção com a saúde, afastando dela os destituídos de recursos.

  3. Denunciar e condenar: a tendência do retorno à proliferação desenfreada de escolas médicas, o que considera mera reprodução do modelo adotado entre 1960 e 1971 (que, sabidamente, não repercutiu em níveis de atendimento à saúde da população); o descaso do governo Federal para com a saúde, provocando o fechamento de vários hospitais universitários, comprometendo a formação de recursos humanos do Sistema Único de Saúde no campo do ensino e da prestação de serviços. (A quem interessa tornar vulnerável o sistema público?)

  4. Lamentar e reconhecer que tudo isso vem ocorrendo à revelia de uma proposta de reforma sanitária, que aponta para a universalização, equidade e qualidade os níveis de saúde da população brasileira. Sobremaneira, faz coro com os segmentos da sociedade que exigem a presença do Estado como regulador na condução de suas políticas para tornar o país mais igual.

Às portas do novo milênio, estes desafios precisam ser enfrentados, e a ABEM já definiu seu campo de luta. No plano educativo continuará trabalhando com um modelo de formação que aproxime a educação médica da realidade sanitária do país. Neste ponto destaca o trabalho da Comissão Institucional de Avaliação do Ensino Médico (CINAEM) que em julho de 1996 apresentou ao Brasil um "Relatório-Diagnóstico da realidade do ensino médico. Precisamos, agora, ocupar o espaço brasileiro com os resultados dessa pesquisa, empregando-os utilmente na escola médica. Precisamos, também, sacudir a inércia e, com mais agilidade e humildade, ajudar a fortalecer o pacto nacional que, em conjunto, sustentou o excelente trabalho realizado pelas entidades ligadas à CINAEM, com recursos próprios e vontade política, compromissadas mm o nosso país.

Não podemos arrefecer os ânimos. Unidos pelo mesmo objetivo, construiremos um novo modelo pedagógico que oriente a formação médica em nosso país, comprometida com a qualidade de vida e a saúde da população, sem descuidar das nossas peculiaridades, cultura e meio ambiente.

No plano administrativo, tomamos providências inadiáveis, incluindo: a) reunião periódica da diretoria com a participação das diretorias regionais, a partir de 1997; b) o fortalecimento de seus núcleos regionais; c) a criação de um canal de comunicação mais estreito com os estudantes através da DENEM e da representação regional; d) ampliação da representatividade nacional e das alianças com outras entidades e instituições; e) aproximação dos professores e alunos no âmbito da escola médica e de suas representações; f) dinamizar seus veículos de divulgação, em especial o Boletim Informativo, a Revista de Educação Médica Brasileira e o Congresso Brasileiro de Educação Médica.

Ao finalizar, lembremo-nos que nenhuma tecnologia substituiu na Medicina, os olhos, os ouvidos, as mãos e a capacidade de relacionamento daqueles que, eticamente, colocam sua profissão a serviço do ser humano e da sociedade. Nunca estivemos tão próximos de colocar a educação médica no Brasil em rota certa.

Vamos à luta!

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 1997
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