Acessibilidade / Reportar erro

Performance e documento, ou o que chamamos por esses nomes?

Performance, Documentation, or what we call by these names?

Performance, Documentation, ou qu'entend-on par ces termes?

RESUMO

O artigo ensaia a discussão entre a questão do documento na performance e a perspectiva que desarma a lógica do colonizador na produção dessa arte em países periféricos. Sugere a possibilidade de se pensar os desafios das instituições de apoio/arquivo da obra de arte nesse contexto e em face das perspectivas da arte contemporânea, tomando como princípio norteador a ideia de que há uma produção de performance brasileira que escapa ao entendimento forjado nos centros de prestígio internacionais que norteiam o mercado artístico.

Palavras-chave:
Performance; Documento; Performatividade; Arquivo; Memória

ABSCTRACT

This essay makes an effort to discuss the question of performance art documentation, under the point of view of the deconstruction of colonizer's logic as a result of the practice of this art in peripheral countries. The essay suggests the possibility to think about challenges put against institutions in charge to archive and support the work of art, Regards the perspectives concerning contemporary art. It takes, as a guiding principle, the idea that there is a production of Brazilian performance which gets out of the common understanding forged in prestigious centers of the international art market.

Keywords:
Performance; Document; Performativity; Archive; Memory

RÉSUMÉ

L'article apporte une réflexion sur la question de la documentation dans l'art de la performance, s'inscrivant dans une perspective qui cherche à déconstruire la logique du colonisateur dans la production de cet art dans des pays périphériques. Le texte propose d'envisager les défis qui se posent aux institutions chargées de donner support et d'archiver le travail artistique dans le contexte de l'art contemporain, soutenant l'idée qu'il existe une production performatique brésilienne qui échappe à la compréhension forgée dans les grands centres urbains qui commandent le marché de l'art international et prestigieux.

Mots-clés:
Art Action; Documentation; Performativité; Archives; Mémoire

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • ANDRADE, Oswald de. A Utopia Antropofágica. São Paulo: Globo, 2011.
  • AUSLANDER, Philip. The Performativity of Performance Documentation. PAJ - A Journal of Performance and Art, Nova York, MIT Press, v. 28, n. 3, p. 1-10, set. 2006.
  • AUSLANDER, Philip. A performatividade da documentação de performance. ¿Hay en Portugués?, Florianópolis, Universidade do Estado de Santa Catarina, n. 2, s.p., 2013. Tradução: Regina Melim e equipe. Disponível em: <Disponível em: http://www.hayenportugues.blogspot.com.br/ >. Acesso em: 19 ago. 2013.
    » http://www.hayenportugues.blogspot.com.br/
  • AUSTIN, John Langshaw. How to do Things with Words - the William James Lectures delivered at Harvard University in 1955. Oxford: Clarendon Press, 1962.
  • CLAUSEN, Barbara. Archives of Inspiration. Ciel Variable - Art Photo Médias Culture - Performance, Montreal, Les Productions Ciel Variable, v. 86, s.p., outono 2010.
  • COUTINHO, Liliana. De que falamos quando falamos de performance. Marte, Lisboa, Associação dos Estudantes de Belas Artes/Universidade de Lisboa, n. 3, s.p., 2008.
  • LIGIÉRO, Zeca (Org.). Performance e Antropologia de Richard Schechner. Rio de Janeiro: Mauad X, 2012.
  • MACHADO, Arlindo. A Ilusão Especular - introdução à fotografia. São Paulo: Brasiliense, 1984.
  • PEREZ-ORAMA, Luis. Exhibition Guide - 30th Bienal de São Paulo - The Imminence of Poetics. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2012.
  • ROLNIK, Suely. Geopolítica da Cafetinagem. Disponível em: <Disponível em: http://transform.eipcp.net/transversal/0507/rolnik/pt >. Acesso em: 19 ago. 2013 2013.
    » http://transform.eipcp.net/transversal/0507/rolnik/pt
  • SCHECHNER, Richard. Performance Studies - an introduction. 2. ed. New York: Routledge, 2006.
  • SWIDZINSKI, Jan. L'Art et son Contexte - au fait, qu'est-ce que l'art? Québec: Inter, 2005.
  • TAYLOR, Diana. Performance. Buenos Aires: Asunto Impresso, 2012.
  • VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Encontros. Organização: Renato Sztutman. Rio de Janeiro: Azougue, 2008.
  • WU, Chin Tao. Privatização da Cultura. São Paulo: SESC-SP/Boitempo, 2006.
  • 1
    O termo performance vem admitindo vários outros de acordo com os lugares de uso. Durante muito tempo, empregou-se o termo live art na Inglaterra, action nos francofônicos e arte accion entre os hispânicos. Mais recentemente, o termo de maior uso é performance art para diferenciar de outros sentidos que a palavra tem no inglês. Eu pessoalmente milito para a manutenção do termo performance pois performance arte, em português, é uma sintaxe alheia ao nosso idioma.
  • 2
    Trata-se da tradicional imagem mitológica da serpente que morde o próprio rabo - Ourobouros ou Urobóros.
  • 3
    O termo "restored behavior" é frequentemente traduzido como "comportamento restaurado". As traduções de Schechner que circulavam no meio acadêmico brasileiro eram precárias até a recente edição de Performance e Antropologia, de Richard Schechner (Ligiéro, 2012). A data dessa publicação coincide com o livro citado de Diana Taylor, que esclarece a noção em espanhol: "[...] performance es comportamento reiterado, re-actuado, o re-vivido" (Taylor, 2012, p. 22). Para afirmar isso, a autora vale-se de uma citação de Schechner que explica que a "performance is twice-behaved behavior". Isto é, trata-se de um comportamento reiterado, espécie de repetição de uma ação que já foi feita e assim é reconhecida. Convenha-se que essa ideia está mais próxima do que vulgarmente conhecemos como representar ou mesmo atuar e que se distancia de restaurar, que, no português, refere-se mais frequentemente a "reformar algo antigo ou fazer esse algo retornar a uma suposta condição original". O meu entendimento pessoal é que o que Schechner propõe seria uma outra forma de descrever a clássica situação cênica. Mas o que me parece interessar para a performance propriamente dita é o caráter de re-encenação (reenactment) que já estaria implícito em todo ato desse tipo.
  • 4
    Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Seven_Easy_Pieces>. Acesso em: 19 ago. 2013.
  • 5
    Disponível em: <http://www.pacodasartes.org.br/temporada-de-projetos/2012/artistas/carlos_monroy.aspx>. Acesso em: 19 ago. 2013.
  • 6
    Os artistas comentados são Daniel Guzman e Luis Felipe Ortega.
  • 7
    Disponível em: <http://www.luisfelipeortega.com/lfo/projects/36/191-remake.html>. Acesso em: 19 ago. 2013.
  • 8
    "Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos" (Andrade, 2011 [1928], p. 68-69).
  • 9
    Jan Swidzinski observa, no seu L'art et son contexte: "O que caracteriza esse movimento é que é mais fácil encontrar um festival internacional [de performance] em lugares periféricos tais como Romênia, Eslováquia (Nové Zamky) ou Coréia que nos Estados Unidos. A performance traça uma nova carta de ações artísticas diferente daquelas de outros tempos" (Swidzinsky, 2005, p. 135).
  • 10
    Ver Encontros, de Eduardo Viveiros de Castro (Sztutman, 2007).
  • 11
    A descrição da performance, citada por Auslander: "Segurando uma câmara posta distante de mim e pronta para disparar, enquanto caminho por uma linha contínua em uma rua da cidade. Tento não piscar. Cada vez que pisco: uma foto". No original em inglês: "Holding a camera, aimed away from me and ready to shoot, while walking a continuous line down a city street. Try not to blink. Each time I blink: snap a photo" (Auslander, 2006, p. 4).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2014

Histórico

  • Recebido
    04 Set 2013
  • Aceito
    18 Out 2013
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Av. Paulo Gama s/n prédio 12201, sala 700-2, Bairro Farroupilha, Código Postal: 90046-900, Telefone: 5133084142 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: rev.presenca@gmail.com