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The Artist is Present: as artimanhas do visível

The Artist is Present: the slyness of the visible

The Artist is Present: les astuces du visible

RESUMO

Este artigo se propõe a refletir sobre uma experiência específica: a minha participação em uma performance de Marina Abramović chamada The Artist is Present, ocorrida em março de 2010, no Museum of Modern Art (MoMA), na cidade de Nova Iorque. A partir dessa reflexão, vários aspectos são abordados, dentre eles, a questão da presença e a sua relação com a visão. Quando o campo em exame é o das artes da cena, muitas vezes, a visão pode ser enganadora, pode funcionar quase como um obstáculo para a instauração de experiências.

Palavras-chave:
Presença; Visão; Experiência; Percepção; Participação

ABSTRACT

In this article I intend to reflect upon a specific experience: my participation in a performance created by Marina Abramović called "The Artist is Present", occurred in March, 2010 at MoMA - Museum of Modern Art - in New York City. Through the development of this reflection various aspects will be examined, among them the question of presence and its relationship with sight. When the territory in question is associated with the Performative Arts, very often sight can generate deceptive implications, it can function as a sort of obstacle for the emergence of experiences.

Keywords:
Presence; Vision; Experience; Perception; Participation

RÉSUMÉ

Dans cet article, l'auteur propose une réflexion sur une expérience spécifique: sa participation à un spectacle créé par Marina Abramovic, intitulé "l'artiste est présent", qui a eu lieu en Mars 2010 au MoMA - Musée d'Art Moderne - à New York City. Dans l'élaboration de cette réflexion, différents aspects seront examinés, notamment la question de la présence et sa relation avec la vue. Lorsque ce territoire est associé aux arts performatifs, la vision peut très souvent générer des implications trompeuses, pouvant fonctionner comme une sorte d'obstacle à l'émergence d'expériences.

Mots-clés:
Présence; Vision; Expérience; Perception; Participation

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Referências

  • ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual. São Paulo: Thomsom Pioneira, 1998.
  • DANTO, Arthur C. What Art is. London: Yale University Press, 2013.
  • FISCHER-LICHTE, Erika. The Transformative Power of Performance. New York and London: Routledge, 2008.
  • GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de Presença. O que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.
  • LEDER, Drew. The Absent Body. Chicago: University of Chicago Press, 1990.
  • MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. São Paulo: Perspectiva, 2002.
  • THE ARTIST IS PRESENT. New York: The Museum of Modern Art - MoMA, 2010.
  • 1
    Ao criar essas categorias - cultura de sentido e cultura de presença -, Gumbrecht recorre necessariamente a generalizações, uma vez que não adentra no específico de cada cultura mencionada, mas olha somente para os aspectos que, ao seu ver, são recorrentes em tais casos. Se, por um lado, ao criar categorias, Gumbrecht nos faz perceber possíveis elementos transculturais, por outro, ele não examina as especificidades que geram em cada caso tais elementos. De qualquer forma, as generalizações representam, nesse caso, um risco justificável, na medida em que generalizações são a condição necessária, talvez, de qualquer categorização.
  • 2
    Conhecida como psicologia da forma, essa abordagem busca demonstrar o funcionamento de alguns processos de estabilização dos perceptos; a percepção, inclusive visual, é considerada, nesse caso, como autorreguladora e resultante da articulação dinâmica entre variados estímulos. Ver, dentre inúmeras referências, Arte e Percepção Visual (Arnheim, 1998).
  • 3
    Apesar da incompatibilidade epistemológica existente entre Merleau-Ponty e Gumbrecht - de fato, as elaborações de Gumbrecht estariam mais próximas da fenomenologia heideggeriana -, inseri aspectos elaborados por Merleau-Ponty a fim de abrir possibilidades de conexão entre o que Gumbrecht chama de presença e o que Merleau-Ponty nomeia como invisível.
  • 4
    A noção de quiasma examinada em O Visível e o Invisível é proveniente do termo "chiasmus", figura de linguagem em que sentenças apresentam uma dupla reversibilidade. Merleau-Ponty se vale dessa reversibilidade para reforçar o caráter de entrelaçamento perceptivo que permeia as experiências humanas, propondo, assim, uma dissolução de oposições tais como o táctil e o tangível, o objetivo e o subjetivo, o visível e o invisível.
  • 5
    Em sintonia com o ponto de vista elaborado por Erika Fischer-Lichte, entendo por experiência, nesse caso, um processo liminal que envolve a emergência de rupturas e deslocamentos perceptivos.
  • 6
    Marina Abramović nasceu na região de Montenegro em novembro de 1946. Ela foi uma das pioneiras da performance nos anos 1960 do século XX e é considerada como uma das mais importantes performers da atualidade. Dentre os seus projetos atuais, merecem destaque as chamadas reperformances que envolvem a repetição de performances já criadas por diferentes artistas. Dentre essas reperformances, cabe ressaltar Seven Easy Pieces, nome dado ao evento organizado pelo Guggenheim Museum de Nova Iorque em 2005. Nele, sete performances foram executadas por Marina Abramović: Body Pressure (1974), de Bruce Nauman; Seedbed (1972), de Vito Acconci; Genital Panic (1969), de Valie Export; The Conditioning (1973), de Gina Pane; How to Explain Pictures to a Dead Hare (1965), de Joseph Beuys; Lips of Thomas (1975) e Entering the Other Side (2005), ambas criadas por Abramović. A artista declarou, na época, que o objetivo, nesse caso, foi buscar preservar a memória de performances que a influenciaram como artista.
  • 7
    No original em inglês: "{...} for me this performance - The Artist is Present - summarizes all my experiences as a performance artist in one single act". Citação de um texto dito por Marina Abramović, extraído da faixa quarenta e cinco do CD intitulado Marina Abramović The Artist is Present - The Artist's Guide, o qual acompanha o homônimo livro publicado pelo Museum of Modern Art (MoMA) em 2010.
  • 8
    As imagens relativas a Nightsea Crossing revelam a utilização de uma mesa retangular, ao passo que as imagens de Conjunction mostram uma mesa redonda. Já em The Artist is Present, a mesa utilizada é quadrada.
  • 9
    O nome real de Ulay é Frank Uwe Laysiepen, nascido em 30 de novembro de 1943 em Solingen, Alemanha. De 1976 até 1989, ele trabalhou e viveu com Marina Abramović. Para mais informações, ver <http://www.ulay.si>.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2014

Histórico

  • Recebido
    26 Ago 2013
  • Aceito
    23 Out 2013
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