RESUMO:
Objetivo:
Descrever o consumo de psicofármacos pela população adulta residente em Brumadinho, Minas Gerais, após o rompimento da barragem da Vale, ocorrido em 2019.
Métodos:
Trata-se de um estudo transversal, inserido no Projeto Saúde Brumadinho, desenvolvido em 2021, junto a uma amostra representativa da população adulta (18 anos ou mais) residente no município de mesmo nome. Foram incluídos na análise 2.805 indivíduos com informações sobre o uso autorreferido de psicofármacos (antidepressivos e ansiolíticos-hipnóticos/sedativos) nos últimos 15 dias. A prevalência do uso de psicofármacos foi estimada e os psicofármacos mais utilizados foram identificados. O teste do qui-quadrado de Pearson (com correção de Rao-Scott) foi utilizado para testar as associações entre exposições e o uso de psicofármacos, considerando-se o nível de significância de p<0,05.
Resultados:
O uso de antidepressivos (14,2%) foi mais comum do que o uso de ansiolíticos ou hipnóticos/sedativos (5,2%), sendo a sertralina e a fluoxetina os antidepressivos mais utilizados. O uso de ansiolíticos e hipnóticos/sedativos foi maior entre os moradores que residiam em área diretamente atingida pela lama da barragem, e o uso de algum psicofármaco foi maior entre aqueles que perderam algum parente/amigo no desastre e que avaliaram que sua saúde piorou após o desastre bem como entre mulheres.
Conclusão:
Os resultados do estudo corroboram o observado em outras populações expostas a tragédias semelhantes no que concerne às associações identificadas e ao padrão de utilização desses psicofármacos.
Palavras-chave:
Psicofármacos; Uso de medicamentos; Desastre; Farmacoepidemiologia