RESUMO:
Objetivo:
Analisar os fatores associados ao trabalho remunerado, após o rompimento da barragem, com ênfase no estrato geográfico, entre homens e mulheres residentes em Brumadinho, Minas Gerais.
Métodos:
Foram utilizados dados dos participantes da linha de base do Projeto Saúde Brumadinho, com 18 anos ou mais de idade, obtidos por aplicação de questionário, entre julho e novembro de 2021 (n=2.783). A variável dependente foi trabalho remunerado após o rompimento da barragem, e as variáveis explicativas foram estrato geográfico, idade, escolaridade, raça/cor, autopercepção de saúde e vínculo de trabalho antes do rompimento da barragem. A análise ajustada foi estimada pela regressão logística. Todas as análises foram realizadas separadamente para homens e mulheres.
Resultados:
O trabalho remunerado após o rompimento da barragem foi relatado por 58,3% (IC95% 55,0–61,6) dos participantes, sendo a maior prevalência entre os homens (71,4%; IC95% 67,1–75,3) em comparação às mulheres (48,6%; IC95% 44,3–52,8) (p<0,001). Após ajustes, os resultados mostraram que a população diretamente exposta apresentou menor chance de ter trabalho remunerado após o rompimento da barragem, tanto para as mulheres (OR=0,68; IC95% 0,48–0,95) quanto para os homens (OR=0,48; IC95% 0,30–0,78). Além disso, mulheres diretamente expostas ao rompimento da barragem e que relataram trabalho autônomo antes do rompimento apresentaram menor probabilidade de ter trabalho remunerado, em comparação àquelas que informaram trabalhar com ou sem carteira assinada.
Conclusão:
A participação no mercado de trabalho é determinada por vários fatores. Dessa forma, políticas intersetoriais são necessárias para atender às demandas de vida e trabalho da população em situações de desastre.
Palavras-chave:
Trabalho; Barragem; Saúde; Escolaridade