RESUMO
Objetivo: Selecionar os indicadores dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) determinantes da desnutrição infantil (DI) no Brasil e monitorar o alcance das metas da DI, por região, no ano de 2022.
Métodos: Estudo ecológico que utilizou os índices do Desenvolvimento Sustentável no Brasil e analisou os 100 indicadores de monitoramento dos ODS nos 5.570 municípios brasileiros. Foi construída uma árvore de classificação e regressão e calculada a sensibilidade para predizer os determinantes da DI. O teste qui-quadrado foi utilizado, e adotado nível de significância de 5%. As análises descritivas e a árvore foram realizadas com o auxílio do software R.
Resultados: Os determinantes da DI segundo percentuais, regiões do país mais afetadas e ordem de impacto foram: analfabetismo na população com ≥15 anos (Nordeste), pré-natal insuficiente (Norte), baixo peso ao nascer (Sul), mulheres jovens de 15 a 24 anos de idade que não estudam nem trabalham (Norte e Nordeste) e população ocupada entre 10 e 17 anos (Sul). Observou-se efeito individual e cumulativo na prevalência de DI nos municípios brasileiros, variando de 1,73 a 15,1%, de acordo com a ocorrência e sobreposição desses indicadores.
Conclusão: Os dados indicam que o Brasil não atingirá a meta de redução da DI estabelecida até o ano de 2025. Serão necessários mais investimentos nas áreas da educação e saúde, voltados principalmente para o público materno infantil e nas regiões Norte e Nordeste.
ABSTRACT
Objective: To select indicators of the Sustainable Development Goals (SDGs) that determine child malnutrition (CM) in Brazil and to monitor the achievement of SDG targets by region in 2022.
Methods: This is a cross-sectional, ecological study that used the Brazilian Sustainable Development indices and analyzed the 100 SDG monitoring indicators in the 5,570 Brazilian municipalities. A decision tree was created and sensitivity analysis was performed to predict CM determinants. Data were analyzed using the χ2 test at 5% significance level. Descriptive analyses and the decision tree were carried out using the R software.
Results: The CM determinants according to percentage, most affected regions of the country, and impact order were: illiteracy in the population aged ≥15 years (Northeast), insufficient prenatal care (North), low birth weight (South), young women aged 15-24 years who neither study nor work (North and Northeast), and employed population aged 10-17 years (South). We observed an individual and cumulative effect on the CM prevalence, ranging from 1.73 to 15.1%, in Brazilian municipalities according to the occurrence and overlap of these indicators.
Conclusion: The results denote that Brazil will not achieve the intended reduction of CM by 2025. There must be substantial investments in education and health mainly aimed at the maternal and child population and especially in the North and Northeast regions.
Keywords:
Child nutrition disorders; Sustainable development; Social determinants of health; Maternal and child health
INTRODUÇÃO
A desnutrição infantil (DI) é caracterizada pela deficiência de nutrientes básicos que culmina em déficits de peso e estatura1, sendo considerado um problema de saúde pública nos países de média e baixa renda2. Índices como peso para idade (P/I) e estatura para idade (E/I) foram adotados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o diagnóstico da DI, sendo o P/I uma medida do estado nutricional recente e a E/I um histórico de nutrição e condições de saúde desde o nascimento, tornando-os requisitos importantes para avaliação da conjuntura socioeconômica e política do país3-5.
Em 2000 foram estabelecidos os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) pelos Estados-membros da ONU, e uma das metas assumidas foi a redução da prevalência mundial de atraso no crescimento de crianças <5 anos de idade à metade, até o ano de 20153. Desde então, a segurança alimentar e nutricional tornou-se alvo das políticas públicas de combate à miséria e DI no Brasil6, e a prevalencia de DI reduziu de 13,5% em 1996 para 6,8% em 2007 — atribuída à expansão da cobertura de saúde, educação, saneamento e aumento da renda das famílias7.
A partir do sucesso no alcance de muitas metas dos ODM, em 2012, foi instituída a Agenda 2030, com 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), vigorando a partir de 20168,9. Uma das metas internacionais é, até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, e até 2025 atingir as metas internacionais sobre atraso no crescimento (reduzir 40%) e baixo peso (reduzir e manter <5%) em crianças <5 anos9. As metas nacionais foram ajustadas pelos especialistas brasileiros para E/I <3%10,11. Ressalta-se que o baixo P/I é uma condição aguda que pode mudar frequentemente e rapidamente, o que torna difícil gerar tendências confiáveis ao longo do tempo12 enquanto o atraso de crescimento refere-se a uma condição crônica, independentemente da etnia, status socioeconômico e tipo de alimentação da criança13.
A crise socioeconômica e política que se instalou no país em 2014 impactou no aumento da pobreza, na adoção de medidas de austeridades fiscais, no aumento do preço dos alimentos e na redução das medidas de proteção social aos grupos mais vulneráveis socioeconomicamente, contribuindo para o aumento da DI14. Em 2019, a prevalência de déficit estatural chegou a 13,4%, reduzindo-se para 11,7% em 2022, sendo as menores prevalências observadas no Sul (9%) e Sudeste (11,5%), e as maiores no Norte (15,4%) e Nordeste (12,9%), segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)15. Esse sistema apresenta dados da população atendida na Atenção Primária à Saúde (APS) e de beneficiários de programas de transferência de renda5, visto que o acompanhamento nutricional é parte de suas condicionalidades16.
Existe a necessidade de monitoramento dos indicadores dos ODS para o alcance da meta de redução da DI até 2025, por ser um problema persistente no Brasil. Ademais, a DI apresenta disparidades regionais e consiste em um complexo processo influenciado por causas intrínsecas (fisiológicas) e extrínsecas (alimentação, moradia, meio ambiente, renda familiar, escolaridade dos pais e acesso a bens, serviços essenciais17 e assistência materno-infantil18) que integram vários indicadores dos ODS19. No Brasil, não há estudos que tenham investigado as interações entre os indicadores dos ODS e a prevalência de DI.
A aplicação de métodos estatísticos robustos, como árvore de classificação e regressão (ACR)20, possibilitam identificar a interação de distintos fatores sobre a prevalência de DI. A partir desta análise, é possível identificar os indicadores dos ODS determinantes da DI em crianças <5 anos nos municípios brasileiros, bem como seu efeito individual e cumulativo nesta prevalência.
Este estudo teve como objetivo selecionar os indicadores dos ODS determinantes da DI no Brasil mediante o uso da ACR no ano de 2022 e monitorar o alcance das metas da DI, por região. Os achados deste estudo podem fornecer informações que direcionem tomadas de decisão na implementação de políticas públicas sociais e de saúde.
MÉTODOS
Estudo ecológico que utilizou dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades — Brasil (IDSC-BR) para acompanhamento da implementação dos ODS. O IDSC-BR utiliza dados produzidos por fontes nacionais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea); órgãos produtores de informação; e executores de políticas governamentais ligados à ONU11. Os dados utilizados neste estudo foram publicados em 2022 e estão disponíveis no site do IDSC-BR (https://www.cidadessustentaveis.org.br/).
Neste estudo, os 5.570 municípios brasileiros21 foram avaliados pelos 100 indicadores dos 17 ODS, dentre eles a DI, cujos dados são proveniente do SISVAN5. A variável dependente foi a prevalência de DI em crianças <5 anos, mensurada pelo índice E/I, enquanto as variáveis independentes foram os outros 99 indicadores dos ODS (Quadro 1).
Segundo o IDSC-BR, a nomenclatura e categorização preconizada para os indicadores dos ODS são: valor alvo (representado pela cor verde), limiar verde (cor amarela), limiar vermelho (cor laranja) e limite inferior (cor vermelha). Ainda considera metas alcançadas a junção do valor alvo e limiar verde, que foram, didaticamente, representadas neste estudo apenas pela cor verde; e metas não alcançadas a junção do limiar vermelho e limite inferior, representados pela cor vermelha11. Os valores estabelecidos pelos ODS para avaliar a prevalência de DI foram: <1% (valor alvo); 1% a <3% (limiar verde); 3% a <5% (limiar vermelho) e ≥5% (limite inferior)11 (https://www.cidadessustentaveis.org.br/methodology).
Na análise descritiva, as variáveis categóricas foram apresentadas em frequências absolutas e relativas enquanto as contínuas, por médias e erros-padrão da média amostral (EP).
Para a seleção dos indicadores determinantes da prevalência de DI, utilizou-se a ACR20. Construída a árvore, calculou-se a sensibilidade para predizer as principais variáveis independentes determinantes da DI. A ACR é um método que divide os dados em segmentos os mais homogêneos possíveis em relação a variável desfecho (prevalência de DI). Um nó é considerado homogêneo quando todos os casos possuem mesmo valor para o desfecho mediante um determinante específico20. Foi realizado teste qui-quadrado para verificar a significância estatística dessas correlações e adotado nível de significância de 95%. As análises descritivas e a árvore de classificação foram realizadas utilizando o software R, versão 4.3.0.
Este estudo dispensa Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa por utilizar dados do IDSC-BR, que não contemplam informações sigilosas e são de livre acesso. Foram respeitadas as questões éticas, diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa no Brasil.
RESULTADOS
A distribuição da DI no Brasil, conforme o painel de cores dos ODS, e o alcance de suas metas são apresentados na Figura 1. É nítida a concentração de municípios que atingiram a meta da prevalência de DI nas regiões Sul e Sudeste: 76,5% dos municípios, sendo que 16,2% foram classificados como limiar vermelho e 7,3% como limite inferior (Tabela 1).
Distribuição da desnutrição infantil e do alcance das metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável nos municípios brasileiros, segundo a classificação dos Índices do Desenvolvimento Sustentável do Brasil, 2022.
Caracterização da desnutrição infantil e seus determinantes, no Brasil e regiões, de acordo com os Índices de Desenvolvimento Sustentável do Brasil, 2022.
A região Sul apresentou 86,5% de municípios que atingiram a meta de redução da DI, seguida pela região Sudeste com 81,8%. Nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, os percentuais de municípios que atingiram a meta foram 70, 67,1 e 66%, respectivamente (Tabela 1).
Os seguintes indicadores foram selecionados pela ACR como determinantes da DI no Brasil: analfabetismo na população ≥15 anos (Analfabetismo ≥15 anos), pré-natal insuficiente (PNI), baixo peso ao nascer (BPN), mulheres jovens de 15 a 24 anos que não estudam nem trabalham (Mulheres 15-24 anos Nem-Nem) e população ocupada de 10 a 17 anos de idade (Pop-Ocupada 10-17 anos). Estimou-se o efeito cumulativo do aumento desses indicadores sobre a prevalência de DI (Figura 2).
Árvore de classificação e regressão e a correlação entre os indicadores dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável determinantes da desnutrição infantil. Brasil, 2022.
A prevalência de municípios que atingiram a meta de redução do analfabetismo ≥15 anos foi de 60,3% e da meta de superação do PNI, 85,8%. As regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste apresentaram maior número de municípios que atingiram a meta. Entretanto, 93% dos municípios do Nordeste não atingiram a meta de redução do analfabetismo, e 55,8% dos municípios do Norte não atingiram a meta de superação do PNI (Tabela 1).
No Brasil, 84,7% dos municípios atingiram a meta de superação do BPN. As regiões Sul e Sudeste apresentaram maior número de municípios que não atingiram a meta: 22,3 e 20,1%, respectivamente (Tabela 1).
Dentre os municípios brasileiros, 85% atingiram a meta de redução do indicador Mulheres 15-24 anos Nem-Nem. As regiões Nordeste e Norte apresentaram maior número de municípios que não atingiram a meta para esse indicador (28,7 e 27,2%, respectivamente). Atingiram a meta de redução da Pop-Ocupada 10-17 anos 87,3% dos municípios, e a região Sul apresentou maior percentual de municípios que não alcançaram a meta (39%) (Tabela 1).
A análise da ACR mostrou que em 2.713 municípios, nos quais o percentual de Analfabetismo ≥15 anos foi <13%, a prevalência de DI foi de 1,73% (EP±0,04). Em 2.017 municípios, onde o percentual de Analfabetismo ≥15 anos foi ≥13%, associado ao PNI <34%, a prevalência de DI elevou-se para 2,37% (EP±0,05). Em 596 municípios, nos quais os percentuais de Analfabetismo ≥ 15 anos foram >13%, PNI ≥34% e BPN <9%, a prevalência de DI foi de 2,86% (EP±0,09). Em 122 municípios que, além do Analfabetismo ≥15 anos >13%, do PNI ≥34%, BPN ≥9%, Mulheres 15-24 anos Nem-Nem contabilizaram <35%, a prevalência de DI aumentou para 2,89% (EP±0,22) (Figura 2).
Em 115 municípios que apresentaram >13% de Analfabetismo ≥15 anos, PNI ≥34%, BPN ≥9%, Mulheres 15-24 anos Nem-Nem ≥35% e Pop-Ocupada 10-17 anos <19%, a prevalência de DI foi 4,07% (EP±0,40). Em sete municípios, quando a Pop-Ocupada 10-17 anos foi ≥19% e todas as demais iniquidades se mantiveram, a prevalência de DI aumentou para 15,4% (EP±5,54) (Figura 2).
DISCUSSÃO
Esse estudo evidenciou que a meta dos ODS para redução da DI foi atingida por 76,5% dos municípios brasileiros, com destaque para as regiões Sul e Sudeste. O Centro-Oeste apresentou maior percentual de municípios que não alcançaram essa meta. Cinco indicadores dos ODS foram selecionados como determinantes da DI segundo percentuais e ordem de impacto (de acordo com o surgimento do indicador na ACR): Analfabetismo ≥15 anos, PNI, BPN, Mulheres 15-24 anos Nem-Nem e Pop-Ocupada 10-17 anos.
O fato de a região Centro-Oeste apresentar prevalência superior ao Norte, emerge questionamentos sobre a subnotificação e incompletude de dados nessa região, recorrentes em pesquisas nacionais, podendo mascarar resultados e impactar em tomadas de decisões22.
A prevalência de DI por E/I no Brasil, segundo dados da PNDS/2007 (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde), foi de 6,8%7, atingindo a meta estabelecida pelos ODM3. No entanto, dados do SISVAN revelaram valores maiores, variando de 15,1% (2008) a 13,4% (2019), com pequena redução em 2022 (11,7%), sendo maior no Norte (15,4%) e Nordeste (12,9%)15. Por outro lado, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani/2019), representativo da população brasileira, revelou prevalência de 7% de baixa E/I, sendo maior no Norte (8,4%), Sudeste (7,3%) e Sul (7%)23.
Devido à lacuna entre a PNDS/2007 e o ENANI/2019, desde o ano de 2008, os dados do SISVAN foram utilizados para monitoramento dessas metas5. O SISVAN apresenta dados de todas as regiões e possibilita o estudo da população atendida na APS24 e dos beneficiários de Programa Bolsa Família (PBF)5,16. Posteriormente, os dados do Enani/2019 passaram a ser incorporados aos relatórios de acompanhamento dos ODS para análise desses indicadores25.
Independentemente das diferenças regionais, a crise socioenômica e política que se instalou no Brasil desde 2014 impactou no aumento da pobreza; aumento do preço dos alimentos; na adoção de medidas de austeridades fiscais e redução das medidas de proteção social, contribuindo para o aumento da DI14.
Apesar da pandemia por COVID-19, em 2020, as medidas de proteção adotadas pelo poder público, em todas as suas esferas — por meio da criação do Auxilio Emergencial; Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda26; e dos incentivos financeiros específicos para a APS no enfrentamento da má nutrição, com foco em crianças e gestantes —, contribuiram para mitigar o efeito da insegurança alimentar e atenuar o impacto da pandemia na DI27.
A gravidade do analfabetismo funcional foi evidenciada no Nordeste e Norte, onde grande parcela dos municípios não atingiu a meta, se opondo às demais regiões. Um estudo no sul da África identificou que a prevalência de DI variou entre 3,4 e 30,2%, tendo sido associada ao analfabetismo28. Este último pode desencadear menos oportunidades de trabalho, menor renda e dificuldade na aquisição de alimentos e no acesso aos serviços de saúde, contribuindo para a DI7.
A meta de redução do analfabetismo não foi concretizada pelo Plano Nacional de Educação 2014-2024 devido a não implementação de políticas públicas de educação voltadas para o público ≥15 anos29. Além disso, não foram estabelecidos mecanismos para compatibilizar a jornada de trabalho, nem programa de transferência de renda específico30. Apenas em 2024 foi instituído o Programa Pé de Meia, voltado para estudantes de 14 a 24 anos de escolas públicas e aos pertencentes à categoria de Educação de Jovens e Adultos (EJA), de 19 a 24 anos31.
A meta de superação do PNI foi atingida por muitos municípios das regiões brasileiras, com exceção da região Norte. A cobertura do pré-natal no Brasil desde 201332 até 201933 foi de 89%. Ressalta-se que o Norte apresenta maior nível de precariedade de serviços, baixa cobertura de pré-natal e piores indicadores de qualidade34, relacionados à abrangência territorial, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e baixa fixação de profissionais na região35.
O acompanhamento nutricional durante o pré-natal é essencial para a prevenção do ganho de peso inadequado e controle de intercorrências36 que podem predispor a gestante ao parto prematuro, e a criança à restrição de crescimento intrauterino (RCIU) e ao BPN37. A gestante deve ser orientada quanto à amamentação e alimentação adequada para prevenir a DI38.
Nesta pesquisa, elevada frequência de municípios brasileiros do Norte, Nordeste e Centro-Oeste superaram a meta de BPN; o mesmo não ocorreu no Sul e Sudeste. As prevalências de BPN são 37,7% no Sul e 13,5% no Sudeste39.
O paradoxo do BPN foi observado nas regiões Norte e Sul. Este pode ser atribuído à melhora da assistência pré-natal nas regiões mais desenvolvidas com concomitante redução da prevalência de natimortos e aumento do BPN40, como observado na região Sul. O oposto foi observado no Norte, com menor prevalência de BPN e alto percentual de municípios com PNI. As possíveis explicações seriam as altas taxas de subnotificação de nascidos vivos no Norte41 e a elevada taxa de partos cesáreos no Sul42, relacionados à interrupção de gestações de risco, com consequente redução da idade gestacional, aumento da prematuridade e viabilidade de recém-nascidos com extremo baixo peso43.
O Brasil apresenta uma das maiores proporções de cesariana no mundo. Em 2019, 56,3% dos partos foram cesarianas e realizados principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul44, ressaltando as desigualdade no país. Posteriormente, estudos apontaram tendência de aumento no Norte e Nordeste, e declínio no Sul e Sudeste42. Apesar do declínio, a região Sul ainda apresenta maiores prevalências, e o Brasil permanece com taxas de cesariana muito acima do recomendado43.
Políticas públicas desenvolvidas desde a década de 1980, que culminaram com a implantação do Programa Rede Cegonha45, foram essenciais para a melhora de práticas importantes relacionadas ao parto e puerpério no Brasil. Outras políticas e estratégias relacionadas à proteção do aleitamento materno e introdução à alimentação complementar adequada e saudável foram essenciais para proteção da saúde infantil, especiamente dos lactentes, pois observa-se que as intercorrências no período neonatal estão mais relacionadas à gestação e ao parto e, após este período, estão mais relacionadas ao contexto socioeconômico da criança46.
A meta de redução do indicador Mulheres 15-24a Nem-Nem foi atingida por 85% dos municípios, com piores resultados no Norte e Nordeste. Em 2018, 23% dos jovens encontravam-se nesta situação, sendo a maioria mulheres de baixa renda10. Os motivos estão relacionados a habilidades cognitivas, obrigações domésticas e falta de políticas públicas que possam mitigar a desigualdade de gênero e elevar as perspectivas de superação da pobreza47. A baixa escolaridade, baixa renda e gestação na adolescência estão mais relacionadas à RCIU e a maior risco de gerar crianças desnutridas48,49. O investimento no capital humano2 dessas mulheres pode contribuir para o melhor planejamento familiar e a redução da DI50.
A escolaridade das mulheres é um forte preditor de saúde e sobrevivência de seus filhos, pois influencia no acesso aos serviços de saúde, cuidados em situações de adoecimento, às melhores oportunidades de trabalho e à geração de renda para os cuidados com a criança51. As mães tendem a gerenciar melhor os gastos familiares, direcionando-os para alimentação, vestuários e material escolar52.
A região Sul é a mais afetada pelo trabalho infantil, e com elevada prevalência do indicador Pop-Ocupada 10-17 anos. O trabalho infantil pode ocasionar danos na saúde física e mental de crianças e adolescentes, além do risco de adesão a hábitos de vida não saudáveis e desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis53. Também perpetua a baixa escolaridade, renda54 e DI46. Paradoxalmente, na região Sul, esse cenário pode estar relacionado à cultura que contempla o trabalho como ferramenta de educação55, pois não impactou negativamente nas taxas de analfabetismo, pré-natal, desigualdades de gênero e DI.
Nas demais regiões, para incremento da renda familiar, o trabalho infantil contribui para altas taxas de retenção, desistência e evasão escolar, necessitando de implementação de políticas que o desestimule. Lares providos apenas por mulheres aumentam o risco do trabalho infantil quando comparado à provisão paterna ou de ambos. Quanto maior a escolaridade e renda dos pais, menor o risco de abandono escolar55,56.
Os pontos de corte para cada indicador de DI, identificados pela ACR, estavam dentro da meta proposta pelos ODS. Apesar disso, esses contribuíram para o aumento da prevalência de DI. Ademais, o efeito cumulativo (efeito combinado desses indicadores na ordem que surgem na ACR) foi ainda mais impactante no aumento da prevalência de DI.
Alguns estudos também observaram o efeito cumulativo de indicadores de iniquidades sociais e de saúde associados à DI. O maior nível de escolaridade materna está associado à redução da DI57,58 e a maior adesão ao pré-natal59. No Rio Grande do Sul, foi encontrada associação entre pré-natal adequado e redução do BPN60. Em Pernambuco, observou-se associação da DI a menor escolaridade materna e BPN61. Uma revisão realizada na região Norte associou a DI à baixa escolaridade materna e a possuir pai/padrasto não alfabetizado62.
A complexidade do desfecho deste estudo é contemplada por meio do impacto que cada indicador, identificado como determinante da DI, influencia na sua prevalência, bem como pelas interrelações e interdependências que esses indicadores exercem na sucessão de eventos que favoreceram o aumento da prevalência de DI no Brasil.
As desigualdades regionais observadas foram estreitamente relacionadas ao alcance ou distanciamento das metas dos indicadores estudados, o que as tornaram vulneráveis ao aumento da DI.
Este estudo apresenta como limitações a utilização do banco de dados do IDSC-BR, que: considerou informações de anos próximos a 2022 para os indicadores, visto que alguns não traziam informações atualizadas; e utiliza dados do SISVAN para o monitoramento da DI. No entanto, as informações obtidas por meio do IDSC-BR constituem-se uma base de dados robusta da população brasileira, construída a partir da junção de informações de diversos órgãos e agências ligados à ONU11. Além disso, embora o SISVAN apresente falhas quanto à coleta dos dados, suas informações são consideradas oficiais para fins estatísticos devido a sua cobertura e ao número de informações por estado14.
Como aspectos positivos, ressalta-se que todos os indicadores de monitoramento dos ODS, em todos os municípios brasileiros — dispostos no banco de dados —, foram utilizados neste estudo, possibilitando uma investigação ampla do problema em questão. Além disso, foi utilizada a ACR para selecionar os indicadores determinantes da DI e estabelecer os pontos de corte de forma isolada e cumulativa.
Conclui-se que os indicadores de monitoramento dos ODS determinantes da DI no Brasil, isoladamente e em conjunto, foram Analfabetismo ≥15 anos, PNI, BPN, Mulheres 15-24 anos Nem-Nem e Pop-Ocupada 10-17 anos. O impacto desses indicadores sobre a prevalência de DI apresentou média de 1,73%, quando a prevalência do Analfabetismo ≥15 anos foi menor que 13%; até a média de 15,1%, quando todos os demais indicadores ultrapassaram os percentuais identificados pela ACR. Além disso, a maioria dos municípios brasileiros atingiu as metas para os indicadores selecionados pela ACR.
Todos os indicadores determinantes da DI estão relacionados à pobreza e às desigualdades sociais, dificultando o alcance da meta para a DI no país. Torna-se necessária a implantação e implementação de políticas socioeconômicas multidimensionais, pelos gestores de todas as esferas, que melhorem, em curto e longo prazos, a renda das famílias vulneráveis e o acesso à educação e aos serviços de saúde, especialmente para adolescentes/jovens e mulheres, de forma que minimizem e detenham o aumento das desigualdades existentes.
Além disso, as regiões Norte e Nordeste do país também devem ser priorizadas quanto aos investimentos para a atenção à saúde materno infantil, na qual haja acompanhamento da mulher desde o pré-natal, passando pelo parto, puerpério e os primeiros anos da vida da criança — consequentemente minimizando os riscos à saúde.
AGRADECIMENTOS:
Os autores são gratos ao Instituto Cidades Sustentáveis por disponilizar publicamente os dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil (IDSC-BR) utilizados neste artigo.
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Editado por
-
EDITORA ASSOCIADA:
Maria Laura da Costa Louzada http://orcid.org/0000-0002-3756-2301
-
EDITORES CIENTÍFICOS:
Cassia Maria Buchalla http://orcid.org/0000-0001-5169-5533 e Juraci Almeida Cesar http://orcid.org/0000-0003-0864-0486
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
31 Jan 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
20 Maio 2024 -
Revisado
24 Out 2024 -
Aceito
24 Out 2024