RESUMO:
Objetivo:
Avaliar a associação entre consultas odontológicas e variação no índice de hemoglobina glicada (A1C) em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) com controle glicêmico bom ou não ao longo do tempo.
Métodos:
Pacientes com DM2, A1C ≥ 7% (não controlado) e < 7% (bem controlado), que compareceram a um serviço de atenção primária e foram acompanhados de janeiro de 2010 a maio de 2018. O desfecho foi a variação de A1C, obtidos em laboratórios de referência. No início do estudo, foi aplicado um questionário com informações comportamentais, clínicas e socioeconômicas. Foram ajustados modelos de regressão linear múltipla para controle de fatores de confusão, e testou-se a interação de todas as variáveis com o nível glicêmico inicial (não controlado ou controlado).
Resultados:
A amostra foi composta de 507 pessoas, 65% mulheres e 66% indivíduos de 55 a 74 anos, acompanhados em média por 5,4 anos. Houve interação (p = 0,01) entre as consultas odontológicas e níveis iniciais de A1C. Pacientes não controlados com pelo menos uma consulta odontológica tiveram redução média de A1C de -0,56 pontos percentuais (intervalo de confiança de 95% — IC95% -1,06 – -0,56), enquanto o grupo controlado que também teve pelo menos uma consulta odontológica teve aumento de 0,34 ponto percentual (IC95% -0,18 – 0,87).
Conclusão:
As visitas ao dentista foram associadas à melhora na A1C de aproximadamente meio ponto percentual em pacientes que tiveram a A1C inicial considerada não bem controlada.
Palavras-chave:
Diabetes mellitus; Atenção primária à saúde; Saúde bucal; Assistência odontológica