Resumo
Os métodos mistos de investigação têm despertado cada vez mais o interesse dos estudiosos de população, por favorecerem uma compreensão abrangente e aprofundada dos fenômenos analisados, superando as limitações da aplicação isolada de uma única técnica de pesquisa. Apesar das vantagens associadas à sua utilização, uma das principais dificuldades encontradas no uso dos métodos mistos é a escassez de conhecimento sobre os procedimentos que garantam a efetiva integração das evidências produzidas por diferentes tipos de dados. Este artigo busca contribuir para a superação dessa limitação ao apresentar a técnica Pillar Integration Process, que permite integrar, de forma transparente e rigorosa, dados qualitativos e quantitativos em um mesmo processo de pesquisa. Além de detalhar todas as etapas de aplicação da técnica, o trabalho apresenta um exemplo de sua utilização no estudo da migração indígena para as cidades no Brasil, tema em que se observa elevada fragmentação metodológica entre os estudos publicados no país.
Palavras-chave:
Métodos mistos; Pillar Integration Process; Dados qualitativos; Dados quantitativos; Migração indígena
Abstract
Mixed methods research has increasingly attracted the interest of demographers because it enables a comprehensive and in-depth understanding of the phenomena under study, overcoming the limitations of relying solely on a single research technique. Despite its advantages, one of the main challenges in using mixed methods is the lack of knowledge about procedures that ensure the effective integration of evidence produced through different approaches. This article seeks to contribute to overcoming this challenge by presenting the Pillar Integration Process, a technique that enables the transparent and rigorous integration of qualitative and quantitative data within the same research process. In addition to detailing all the steps required for applying the technique, an example of its use is provided through the study of the migration of Indigenous peoples to cities in Brazil.
Keywords:
Mixed methods; Pillar Integration Process; Qualitative data; Quantitative data; Indigenous migration
Resumen
Los métodos mixtos de investigación han despertado un interés creciente entre los expertos en población, ya que favorecen una comprensión amplia y profunda de los fenómenos estudiados, superando las limitaciones de la aplicación aislada de una única técnica de investigación. A pesar de sus ventajas, una de las principales dificultades encontradas para el uso de los métodos mixtos es la falta de conocimiento sobre procedimientos que garanticen la integración efectiva de las evidencias producidas bajo diferentes métodos. El presente artículo busca contribuir a superar esta dificultad presentando la técnica Pillar Integration Process, que permite integrar de manera transparente y rigurosa los datos cualitativos y cuantitativos en un mismo proceso de investigación. Además de detallar todas las etapas para la aplicación de la técnica, se presenta un ejemplo de su uso en el estudio de la migración de indígenas a las ciudades en Brasil.
Palabras clave:
Métodos mixtos; Pillar Integration Process; Datos cualitativos; Datos cuantitativos; Migración indígena
Introdução
Os procedimentos investigativos baseados em métodos mistos têm despertado crescente interesse entre os cientistas sociais. Ao combinarem técnicas de pesquisa quantitativa e qualitativa em um mesmo estudo, tais métodos possibilitam uma compreensão mais ampla e aprofundada dos fenômenos analisados, ao mesmo tempo que superam as limitações decorrentes da aplicação isolada de cada abordagem.
A separação entre técnicas quantitativas e qualitativas, historicamente associada a paradigmas distintos - da explicação (erklären) no caso quantitativo e da compreensão (verstehen) no qualitativo -, resultou em uma clivagem entre pesquisadores voltados ora à causalidade, ora ao sentido dos fenômenos (Cano, 2012). No entanto, conforme apontam Cano (2012) e Sampieri, Collado e Lucio (2013), tais diferenças são mais de ênfase do que de antagonismo, de modo que os métodos mistos, fundamentados no pragmatismo, oferecem alternativas de complementaridade ao conciliar os pontos fortes de ambas as técnicas e minimizar suas fragilidades. Nesse mesmo sentido, Sampieri, Collado e Lucio (2013) sustentam que a controvérsia é desnecessária, sendo que a escolha metodológica deve ser orientada pela natureza do fenômeno em análise.
Uma das principais dificuldades encontradas para utilizar os métodos mistos é a falta de conhecimento de procedimentos que garantam a efetiva integração das evidências produzidas por técnicas quantitativas ou qualitativas (Johnson; Grove; Clarke, 2019).
O presente artigo busca contribuir para a superação dessa dificuldade, apresentando um procedimento que possibilita integrar, de forma transparente e rigorosa, dados qualitativos e quantitativos em um mesmo processo de pesquisa. Esse método, denominado de Pillar Integration Process (PIP), foi desenvolvido recentemente (Johnson; Grove; Clarke, 2019) e vem sendo utilizado de forma crescente em diferentes campos de pesquisa social (Drury; Sheila; Anne-Marie, 2023; Gauly; Ulahannan; Grove, 2024; Hall; Mansfield, 2025). Possui como vantagem a facilidade de implementação e um elevado poder de integração.
O artigo está dividido da seguinte forma: na próxima seção, faremos uma síntese da utilização de métodos mistos nas ciências sociais. Em seguida, apresentaremos o procedimento PIP, detalhando todas as etapas de sua aplicação. Posteriormente aplicaremos o procedimento, a título de exemplo, em um estudo sobre a migração indígena para as cidades no Brasil.
Esse tema mostra-se particularmente adequado ao exercício proposto, uma vez que não há diálogo consolidado entre os estudos sobre o fenômeno no país. As pesquisas dividem-se entre análises qualitativas, restritas a contextos específicos, e estudos agregados, de natureza quantitativa, que não estabelecem articulação com o primeiro tipo de abordagem.
A partir do detalhamento dos procedimentos necessários para a aplicação do método, no formato de passo a passo, assim como da apresentação de um exemplo prático de sua aplicação, fornecemos ao leitor um método rigoroso para integrar dados qualitativos e quantitativos em pesquisa social, contribuindo para a disseminação do uso dos métodos mistos no país.
A utilização de métodos mistos nas ciências sociais
O termo “método misto” é utilizado para classificar pesquisas que mesclam abordagens qualitativas e quantitativas em um mesmo estudo. Na prática, isso significa trabalhar conjuntamente com dados tanto numéricos (quantitativos) quanto textuais (qualitativos) (Creswell; Tashakkori, 2007; Greene; Caracelli; Graham, 1989; Tashakkori, 1998).
As vantagens do uso desses métodos estão ligadas à ideia de uma complementariedade existente entre as abordagens qualitativa e quantitativa, quando cada uma delas suprime as eventuais lacunas da outra (Creswell; Clark, 2017).
O uso de métodos mistos pode ser feito seguindo três tipos de desenho metodológico: exploratório, explanatório ou convergente (Creswell; Clark, 2017). A diferença entre eles decorre do momento de aplicação de cada uma das técnicas.
No desenho exploratório, a pesquisa inicia-se com a coleta e análise de dados qualitativos. A partir dos primeiros resultados, o pesquisador conduz um levantamento quantitativo no intuito de expandir os resultados da fase anterior. No desenho explanatório ocorre o contrário: a pesquisa inicia-se com a coleta e análise de dados quantitativos. Após sua tabulação e análise, lança-se mão de uma pesquisa qualitativa a fim de explicar os achados produzidos na primeira fase. A terceira abordagem, definida como desenho convergente, ocorre quando a coleta, tratamento e análise dos dados qualitativos e quantitativos acontecem de forma simultânea.
O principal desafio enfrentado por pesquisadores que adotam métodos mistos, independentemente do desenho de pesquisa empregado, consiste na integração das análises. De acordo com alguns autores, a análise conjunta dos distintos tipos de dados representa o momento central do processo de integração (Bazeley, 2016; Onwuegbuzie; Johnson, 2021).
Conforme pontuam Guetterman, Fetters e Creswell (2015), muitas vezes os pesquisadores apenas coletam dados quantitativos e qualitativos, mas não os integram efetivamente. Segundo os autores, a integração de dados ainda é considerada uma “etapa em desenvolvimento”, o que explica a proliferação de propostas metodologias voltadas para tal fim (Bryman, 2006; Fetters, 2019; Onwuegbuzie; Johnson, 2021).
Johnson, Grove e Clarke (2019) agrupam os procedimentos de integração em quatro grandes categorias:
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a primeira categoria engloba as técnicas que buscam converter uma parte dos dados coletados para o formato da outra;
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um outro grupo de técnicas mantém os dados no formato original e busca encadear as evidências coletadas numa espécie de fio condutor do processo analítico (chamada estratégia following a thread);
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outro grupo é composto por estratégias chamadas de procedimentos de triangulação, quando dados qualitativos e quantitativos são coletados e analisados separadamente, sendo combinados apenas no momento final da interpretação;
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por fim, na categoria que nos interessa no presente trabalho, os autores agrupam as chamadas técnicas visuais (joint display), representadas pelos procedimentos de análise via pareamento visual dos dados, na qual se inclui o procedimento tratado no presente artigo, a ser detalhado na próxima seção.
Joint display e Pillar Integration Process
O uso de dispositivos analíticos baseados na exibição conjunta (joint display) para a fusão de dados (Creswell; Clark, 2017; Fetters, 2019) baseia-se em estratégias de comparação de evidências de diferentes naturezas em um mesmo instrumento visual. Busca-se gerar resultados de segunda ordem a partir de uma metainferência, ou seja, de interpretações das interpretações (Fetters, 2019).
No presente trabalho utilizaremos uma técnica específica de exibição conjunta denominada Processo de Integração por Pilares (PIP), proposta por Johnson, Grove e Clarke (2019). Seu desenvolvimento está ancorado na construção de matrizes e diagramas representativos de fácil aplicação (Miles; Huberman, 1994).
Trabalhos recentes evidenciam a utilidade do método PIP. Exemplos incluem pesquisas em enfermagem (Cooper et al., 2024), saúde (Richards et al., 2022) e perspectivas de cuidado humano (Drury; Sheila; Anne-Marie, 2023; Gauly; Ulahannan; Grove, 2024).
Pillar Integration Process: desenvolvimento metodológico
O processo de integração de dados ocorre em quatro etapas: na primeira, listam-se e categorizam-se separadamente as informações quantitativas (percentuais, índices, estatísticas) e qualitativas (códigos, citações, temas); em seguida, realiza-se a correspondência entre categorias qualitativas e quantitativas com potencial de diálogo; depois, verifica-se a compatibilidade e, se necessário, refinam-se os nomes das categorias para facilitar a comparação; por fim, procede-se à interpretação conjunta, criando categorias de segunda ordem que sintetizam os pares analisados e resultam na integração conceitual dos dados, registrada na coluna central da matriz. As etapas do processo são as seguintes:
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etapa 1 - Listagem e categorização: nessa fase, as informações quantitativas preliminares (percentuais, índices, estatísticas descritivas e parâmetros estimados, por exemplo) e as informações qualitativas sintéticas (como códigos, citações exemplares ou temas) são listadas em colunas separadas. Em seguida, as células de cada coluna são categorizadas, preenchendo-se a coluna “Categorias”. Ao final desta fase, as quatro colunas extremas (“Dados Quali”, “Categorias Quali”, “Dados Quanti”, “Categorias Quanti”) da Figura 1 estarão preenchidas;
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etapa 2 - Correspondência (matching): cada uma das categorias qualitativas é pareada com as categorias quantitativas que têm possibilidade de “diálogo” interpretativo;
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etapa 3 - Verificação: após o pareamento das categorias qualitativas e quantitativas, procede-se à verificação da compatibilidade entre elas e entre os dados que elas representam. Nessa etapa os nomes das categorias podem ser refinados para facilitar a comparação;
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etapa 4 - Construção do pilar: procede-se à interpretação conjunta das categorias, buscando criar novas categorias “de segunda ordem” que representem, conceitualmente, o conteúdo de cada par de categorias que está sendo analisado conjuntamente;
a integração dos dados é o produto da junção conceitual realizada nesta etapa, através da confrontação visual de todo material, presente na coluna central da matriz.
Um exemplo prático com base nas migrações de indígenas no Brasil
O estudo das migrações indígenas para as cidades, iniciado no Brasil desde Cardoso de Oliveira (1968), tem ganhado destaque recentemente (Nunes, 2010). Apesar disso, ainda apresenta uma clivagem analítica: de um lado, existem pesquisas qualitativas voltadas a grupos específicos e contextos localizados, que não permitem a realização de inferências para níveis mais amplos (Azevedo; Brand; Colman, 2013; Santos et al., 2019; Teixeira; Mainbourg; Brasil, 2009); de outro, há análises quantitativas agregadas que, entretanto, carecem de diálogo com a riqueza interpretativa dos estudos qualitativos (Campos et al., 2019, 2021). Nesse contexto, defende-se que o uso de métodos mistos pode ajudar a complementar os achados de ambos os enfoques, favorecendo uma compreensão mais abrangente do fenômeno no país.
Migrações de indígenas para as cidades
Os estudos recentes sobre a migração dos indígenas têm sido fortemente influenciados pelas teorias ligadas à “virada transnacional” (Glick-Schiller; Basch; Blanc-Szanton, 1992; Vertovec, 1999). Esses trabalhos voltam-se para a análise de diásporas e espaços híbridos, evitando atribuir explicações (uni)determinísticas para a ocorrência da migração. Na América Latina, os estudiosos têm destacado a adoção de um padrão de ocupação espacial “multilocal” pelos indígenas, estruturado em torno de circuitos rurais-urbanos (Padoch et al., 2008; Trujano, 2008) e dos “espaços híbridos” de sobrevivência (Alexiades; Peluso, 2015; Cielo; Durán, 2012; Campos; de Campos; Horn, 2023).
No Brasil, a produção acadêmica direciona-se para as regiões Norte e Centro-Oeste, onde estão as maiores concentrações de população indígena do país (Fígoli; Fazito, 2009; Teixeira; Mainbourg; Brasil, 2009), com poucos estudos dedicados a outras áreas do país (Campos et al., 2019; Campos; Damasceno, 2019; Estanislau, 2014). Entre esses estudos, observamos uma excessiva fragmentação disciplinar e metodológica nas análises.
Aplicação do método PIP às migrações de indígenas no Brasil
Para a aplicação do método PIP ao estudo em questão, serão utilizados dois tipos de informação. Os dados qualitativos foram obtidos por meio de um estudo de caso realizado em 2020 sobre um grupo de indígenas Pataxó que havia migrado para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os dados quantitativos, por outro lado, foram extraídos do Censo Demográfico de 2010 do IBGE.
Descrevemos, em seguida, como as informações foram obtidas e qual tratamento foi realizado em cada base de dados.
A pesquisa qualitativa
O estudo de caso que configura a abordagem qualitativa de nosso trabalho foi realizado com um grupo de migrantes indígenas da RMBH. As informações foram produzidas segundo quatro etapas de pesquisa: entrevistas, transcrição de áudios, análise temática e validação.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 14 indígenas que migraram das aldeias Pataxó no estado da Bahia para o município de São Joaquim de Bicas, na RMBH. No momento das entrevistas esse grupo de indígenas estava engajado em um processo de “retomada” de terras, fundando uma nova aldeia em um município da região metropolitana, para onde pensavam se mudar definitivamente e estruturar um modo de vida mais condizente às suas aspirações. A aldeia, contudo, ainda se encontrava sem as condições mínimas para suportar uma comunidade, acarretando num fluxo de deslocamento constante entre a mesma e o município da capital.
As entrevistas abordaram temas como história de vida, trajetória migratória, condições de vida da origem e no destino, situação familiar, trabalho, escolaridade e perspectivas futuras dos entrevistados. A pesquisa contou com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visando proteger os informantes e assegurar a integridade da informação.1
Todas as entrevistas foram gravadas em arquivos digitais, totalizando 6 horas e 42 minutos de gravação. Em seguida, foi feita a transcrição literal do material para a produção do banco de dados em formato textual. Em seguida, o banco de dados passou por um processo de codificação em dois ciclos, através do procedimento de análise temática, a fim de encontrar padrões discursivos no material (Braun; Clarke, 2006).
No primeiro ciclo foi aplicada a codificação descritiva (Saldaña, 2013), conforme metodologia proposta por Adu (2019). Nesse processo foram atribuídos rótulos textuais (tagging) aos indicadores empíricos presentes nos dados, gerando a árvore de códigos iniciais. No segundo ciclo foi aplicada a codificação axial (Charmaz, 2014), utilizando-se do princípio de comparação constante (Glaser; Strauss, 1967). Após a realização de análise temática, buscou-se validar os dados a partir do processo de members checking (Adu, 2019).
Dados quantitativos
As informações quantitativas foram produzidas a partir dos dados do Censo Demográfico 2010, referentes a três formas de captação da migração e da presença de indígenas em contextos urbanos.
Em relação aos dados sobre migração, foram utilizados os microdados da amostra, única possibilidade de realizar análises individualizadas com os dados do Censo Demográfico brasileiro. O objetivo era conhecer a propensão migratória dos indígenas, vis-à-vis a dos não indígenas, assim como suas características individuais. Foram feitas análises descritivas com base na situação rural ou urbana dos domicílios de indígenas e não indígenas, tanto para os migrantes como para os não migrantes. Utilizou-se a combinação do tempo de moradia no domicílio no momento da entrevista mais o local de residência anterior (migração de última etapa) para estimar as propensões a migrar desses indivíduos. Também foi analisado o município de nascimento dos indígenas, embora nesse caso não tenha sido possível distinguir entre áreas urbanas e rurais. Foram então estimados os percentuais de migrantes indígenas e não indígenas por situação de domicílio, assim como sua renda e escolaridade.
O tamanho amostral da pesquisa, entretanto, impossibilita a realização de análises para pequenas áreas. Como, para ter uma aproximação com a pesquisa qualitativa, era necessário trabalhar em escala reduzida, foram utilizados os dados dos agregados dos setores censitários. Apesar de possibilitarem análise para pequenas áreas, esses dados não possuem informações sobre migração e nem sobre cor ou raça da população. Serviram, por isso, apenas para caracterizar as áreas de presença indígena na região do estudo. O objetivo era conhecer o nível socioeconômico dos locais de moradia dos indígenas na região. Tabularam-se os totais de indígenas residentes em cada setor censitário, assim como o rendimento médio agregado desses setores. Em seguida foram realizadas análises de correlação de Pearson entre essas duas variáveis. Embora esses dados tenham uma elevada precisão espacial, devido ao tamanho reduzido da área do setor censitário, eles possuem um número limitado de variáveis.
Para promover um diálogo entre cor ou raça da população e o nível socioeconômico das áreas de residência dos indígenas, realizou-se um pareamento entre os dados de setores censitário do Censo Demográfico e as informações advindas das Unidades de Desenvolvimento Humano disponibilizadas pelo Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (PNUD; Ipea; FJP, 2013). Estas áreas são agregações dos dados do questionário da amostra reorganizados em áreas menores e mais homogêneas do ponto de vista das condições socioeconômicas. Contudo, elas não possuíam os dados de cor ou raça dos moradores. Foi preciso então realizar uma transferência dessas informações para a base da UDH através de operações espaciais via Sistema de Informação Geográfica (SIG). Por fim, foi conduzida uma análise de correlação canônica (ACC) para determinar as correlações das variáveis socioeconômicas com o total da população segundo as categorias de cor ou raça.
O Quadro 1 detalha as fontes de dados utilizadas no estudo, assim como seu potencial analítico e as limitações para a compreensão do fenômeno.
É importante destacar, conforme pode ser observado no Quadro 1, que as fontes utilizadas no presente estudo referem-se a diferentes escalas espaciais. Não há restrição metodológica para que isso seja feito, embora devamos considerar as escalas no momento do pareamento dos resultados.
Aplicação da técnica PIP
Na etapa 1 de aplicação do método são feitas análises dos resultados obtidos em cada uma das quatro técnicas separadamente. As principais evidências obtidas nessa etapa estão descritas a seguir.
Os dados do Censo Demográfico 2010 mostram que um percentual significativo dos indígenas (39%) vivia nas áreas urbanas do Brasil. A partir da análise dos dados da amostra, vimos que os indígenas que residiam nas áreas urbanas apresentaram maior propensão para migrar do que os não indígenas que viviam nas mesmas áreas. Entre os que moravam nas áreas rurais, a propensão migratória foi pequena tanto para indígenas como para não indígenas.
O perfil etário dos migrantes como um todo estava concentrado entre os adultos jovens, com destaque para o grupo de 25 a 29 anos de idade, seguido das crianças. Esse perfil destacou-se mais entre os indígenas do que entre os não indígenas. Os migrantes indígenas possuíam, em média, rendimentos mais elevados e maior nível de escolaridade do que os indígenas que não migraram. Mais da metade dos indígenas residentes em áreas urbanas morava, no momento da entrevista do Censo, em um município diferente daquele em que nasceu, exceção feita às crianças
A análise dos dados dos setores censitários de residência dos indígenas em Belo Horizonte mostrou que aqueles setores em que vivam mais indígenas apresentavam rendimentos domiciliares relativamente mais baixos. Os resultados da análise indicam uma correlação de -0,78 entre essas variáveis.
As análises dos dados das UDHs indicaram que as variáveis rendimento e nível de fecundidade tiveram maior poder explicativo na diferenciação do espaço municipal segundo a cor ou raça dos moradores. Nas áreas em que residiam mais brancos o rendimento era mais elevado, assim como era menor a fecundidade. Contudo, sua situação em relação aos pardos e pretos era mais favorável.
Em relação aos dados qualitativos, a sistematização das respostas indica que o grupo entrevistado continha indígenas que apresentavam uma trajetória de elevada mobilidade espacial ao longo da vida. Além de migrações entre diferentes municípios, o grupo possuía uma dinâmica de vida que incluía constantes deslocamentos entre cidades, áreas urbanas e rurais e entre as terras tradicionais localizadas na Bahia e municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
As migrações começavam na adolescência e se intensificavam no momento em que formavam as famílias, através de casamentos ou uniões, época em nasciam os primeiros filhos. Eles afirmaram, categoricamente, que gostavam de ter muitos filhos e que, por isso, suas famílias são numerosas. As crianças acompanhavam os pais nesses constantes deslocamentos.
Percentual de pessoas que residiam em um município diferente do que nasceram, por idade, segundo situação de domicílio e condição de ser ou não indígena Brasil - 2010
A migração, segundo os relatos, estava relacionada a pressões de diversas naturezas sofridas nas terras indígenas, que os “empurravam” para outros locais na busca por trabalho e escolas para seus filhos. Eles relataram já terem experiências prévias de vida nas cidades antes de se mudarem para elas de forma definitiva.
A escolha pelo destino, segundo as entrevistas, estava ligada à presença prévia de outros indígenas no local. Essas redes sociais de migração forneciam suporte para encontrar moradia e conseguir ocupação.
Os indígenas reclamaram dos locais de residência nas cidades, sendo que grande parte deles vivia nas favelas e periferias. Segundo eles, suas condições de habitação eram desfavoráveis para sua reprodução econômica e cultural.
Representação esquemática dos elementos dinamizadores da migração e da mobilidade espacial de um grupo de indígenas Pataxó residente na Região Metropolitana de Belo Horizonte
As evidências produzidas pelas diferentes fontes de informação foram listadas nas colunas da extrema direita (qualitativas) e esquerda (quantitativas) da matriz de integração (etapa 2), elemento central do método PIP (Quadro 2).
Em seguida foram criadas categorias que captavam o aspecto essencial de cada informação. Logo depois foi feito o ordenamento das categorias na tabela de integração, buscando o pareamento (matching) entre as categorias qualitativas e quantitativas (etapa 3). Categorias que não possuíam nenhuma possibilidade de “diálogo” foram excluídas da tabela.
Na parte final do processo criou-se o pilar de integração (etapa 4), formado pela interpretação conjunta das categorias pareadas.
A partir da interpretação do pilar central do Quadro 2, foi possível inferir que a migração para as cidades é uma prática comum para muitos povos indígenas. Esse fenômeno intensifica-se em etapas específicas do ciclo de vida. Na comunidade estudada, a motivação para a migração estava relacionada à busca por trabalho e estudo. Vê-se também que as pressões externas sofridas sobre seus territórios se aliam a pressões demográficas como importantes estímulos para a migração dos indígenas.
Outro fator extraído dos resultados é o fato de os migrantes possuírem características específicas que lhes dão maiores chances de “sucesso” de adaptação às cidades. Ao mesmo tempo, eles carregavam consigo atributos de sua origem, como altos níveis de fecundidade e natalidade.
Os indígenas enfrentam dificuldades para encontrar emprego, moradia adequada e acesso a serviços básicos nas cidades. Além disso, discriminação e preconceito são obstáculos para sua integração na sociedade urbana.
Em decorrência desses aspectos, muitos migrantes continuam apresentando alta mobilidade espacial. Eles têm uma propensão migratória maior do que os migrantes não indígenas em todas as idades, conforme os dados do censo. Os dados colhidos no estudo de caso mostram que o grupo estudado continua deslocando-se continuamente no espaço.
Discussão
A partir da aplicação do método Pillar Integration Process (PIP) ao estudo das migrações indígenas para as cidades brasileiras, foi possível realizar uma integração sistemática entre dados quantitativos e qualitativos, permitindo uma análise mais abrangente e profunda do fenômeno. A combinação dos dados do Censo Demográfico com o estudo de caso da comunidade Pataxó na Região Metropolitana de Belo Horizonte possibilitou identificar padrões migratórios relevantes, contextualizá-los socialmente e compreender seus significados a partir da perspectiva dos próprios sujeitos da migração.
Os resultados apontam que a migração indígena urbana não é um fenômeno marginal ou excepcional, mas um processo articulado a dinâmicas estruturais e estratégias de vida elaboradas por diferentes grupos. Enquanto os dados quantitativos revelam um perfil marcadamente jovem, com maior propensão à migração entre indígenas urbanos e níveis de escolaridade e renda superiores aos de não migrantes, os dados qualitativos indicam que essa mobilidade está profundamente enraizada em redes sociais, trajetórias familiares e aspirações coletivas. Essa dualidade entre fatores estruturais e subjetivos reforça a ideia de que os deslocamentos não ocorrem apenas por fatores econômicos, mas também por pressões simbólicas, culturais e políticas.
O uso do PIP revelou-se altamente produtivo ao permitir o pareamento e a criação de categorias de segunda ordem que não seriam identificadas por meio de apenas um dos tipos de dados. A partir da análise conjunta, foi possível construir inferências de maior complexidade, apontando não apenas para padrões, mas também para os sentidos atribuídos pelos sujeitos às suas ações. Nesse sentido, a técnica contribui metodologicamente para o avanço dos estudos de métodos mistos, superando uma das maiores fragilidades desse tipo de pesquisa: a dificuldade de integração entre abordagens distintas.
Contudo, é necessário reconhecer alguns limites do estudo. A diferença de escalas espaciais entre as fontes de dados utilizadas pode gerar distorções interpretativas, exigindo cautela para evitar generalizações indevidas ou a chamada falácia ecológica. Além disso, a análise qualitativa baseada em um único grupo étnico limita a diversidade de experiências indígenas no país, o que demanda a ampliação dos estudos de caso em futuras pesquisas. Ainda assim, a riqueza das informações obtidas permite avanços importantes na compreensão do fenômeno e aponta caminhos promissores para investigações subsequentes.
Do ponto de vista metodológico, o estudo também indica que a adoção de estratégias visuais e integrativas, como o PIP, pode fomentar uma maior transparência nos processos analíticos e promover a elaboração de arcabouços interpretativos de médio alcance, conforme defendido por autores como Merton (1968). Tais arcabouços, longe de fornecer verdades universais, oferecem ferramentas para a construção de hipóteses, identificação de lacunas e elaboração de novos desenhos de pesquisa.
Por fim, é necessário destacar a relevância política e social da temática abordada. O reconhecimento da presença indígena nas cidades e a compreensão das dinâmicas migratórias envolvidas são elementos fundamentais para a formulação de políticas públicas que respeitem as especificidades culturais desses povos. O estudo reforça a necessidade de superar visões essencialistas e territorialmente fixas sobre os indígenas, propondo uma leitura dinâmica, relacional e crítica de suas estratégias de mobilidade e adaptação.
Nesse sentido, espera-se que este trabalho contribua não apenas para o avanço teórico e metodológico dos estudos sobre migração e métodos mistos, mas também para o fortalecimento de uma agenda de pesquisa comprometida com a diversidade e a justiça social. Estudos futuros poderão expandir a aplicação do método PIP para outras populações e fenômenos sociais, consolidando-o como uma estratégia promissora para a integração de saberes e práticas na ciência social contemporânea.
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Financiamento:
Este estudo foi apoiado pelo GCRF QR Sustainable Partnership Scheme da Universidade de Sheffield (Research England/ HEFCE, referência interna: 164372); pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (311002/2023-4; 313883/2021-1; 402922/20212; 402907/2022-1).
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Aprovação ética:
Os autores certificam que o trabalho não inclui seres humanos ou animais.
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Disponibilidade de dados e material:
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
17 Nov 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
24 Fev 2025 -
Aceito
28 Ago 2025




Fonte:
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010.
A matriz de integração