Hábitos saudáveis e mercado de trabalho: uma análise quantílica para o Brasil

Resumo

Este estudo investiga os efeitos de comportamentos saudáveis sobre os rendimentos do trabalho no Brasil. Embora a literatura especializada geralmente aponte uma associação positiva entre tais comportamentos e os salários, essa relação ainda é pouco explorada em países em desenvolvimento. Utilizando microdados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, realizada pelo IBGE, construímos variáveis indicadoras para comportamentos relacionados à saúde e estimamos equações salariais do tipo mincerianas. A análise emprega regressões médias e quantílicas, com correção para viés de seleção amostral decorrente da participação no mercado de trabalho. Contrariando achados convencionais, os resultados indicam uma associação negativa entre atividade física e rendimentos do trabalho ao longo da distribuição de renda. Tal resultado é explicado pela definição mais ampla de atividade física adotada no estudo, que inclui não apenas práticas de lazer, mas também atividades físicas relacionadas ao trabalho, deslocamento e afazeres domésticos - mais frequentes entre indivíduos de menor renda. Além disso, o engajamento em comportamentos preventivos de saúde está negativamente associado aos rendimentos, sobretudo entre as mulheres, sugerindo interações complexas entre investimento em saúde, restrições de tempo e resultados no mercado de trabalho.

Palavras-chave:
Atividades físicas; Hábitos saudáveis; Mercado de trabalho; Regressão quantílica; Correção de seleção de amostra