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Modelando os determinantes próximos da fecundidade para o Brasil: o advento das preferências competitivas

Resumo

Mais da metade dos habitantes do planeta vive em um país onde a Taxa de Fecundidade Total (TFT) está abaixo do nível de reposição (MYRSKYLA; KOHLER; BILLARI, 2009). No Brasil, a TFT caiu de 4,26 filhos por mulher, em 1980, para 1,91, em 2010. Existem, no entanto, disparidades internas. No presente trabalho, são utilizados dados da DHS de 1986, 1996 e da PNDS de 2006, o estudo mais recente disponível, que permitem decompor e analisar taxas de fecundidade empregando o método proposto por Bongaarts (2001), o qual é especialmente útil para explorar e comparar os fatores que compõem a TFT. O método inclui o tamanho desejado de família, a fecundidade indesejada, a preferência por sexo, a reposição da mortalidade infantil, o aumento da idade ao primeiro filho, a infertilidade involuntária e as preferências competitivas. Ao compreender a variação da fecundidade e seus componentes ao longo do tempo no Brasil, esse artigo explora como tais fatores variam de acordo com as características sociodemográficas (raça/cor, religião, nível de riqueza, educação e local de residência) e como esses fatores combinados formaram a TFT ao longo dos anos e nos contextos de alta e baixa fecundidade. Observou-se que mulheres nos períodos mais recentes têm, em média, menos filhos do que poderiam ter segundo seu tamanho ideal de família. Ao mesmo tempo, gravidezes indesejadas ainda são responsáveis por alguns grupos sociais terem mais filhos do que desejavam. Também verificou-se que mulheres com níveis mais altos de educação tendem a desejar mais filhos do que aquelas com nível mais baixo. As preferências competitivas são a explicação principal para essa incompatibilidade.

Palavras-chave
Fecundidade abaixo da reposição; Decomposição; Determinantes próximos; Brasil

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