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NOVOS HÍBRIDOS DE MAMOEIRO AVALIADOS NAS CONDIÇÕES DE CULTIVO TRADICIONAL E NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

NEW HYBRIDS OF PAPAYA EVALUATED IN THE TRADITIONAL REGION FOR CROP AND IN THE BRAZILIAN SEMIARID

Resumos

RESUMO

O mamoeiro vem tornando-se uma das principais fruteiras cultivadas no Brasil dado ao grande mercado interno e ao crescente mercado de exportação. A demanda pela fruta fez crescer, nos últimos anos, as áreas de cultivo que lentamente se direcionam ao semiárido, e, com isso, cresce a necessidade de novas variedades melhoradas para o cultivo. Neste sentido, foram gerados híbridos de mamão pertencentes aos dois grupos heteróticos: Solo e Formosa,estes, avaliados consecutivamente ao longo do ciclo da cultura, tanto em um ambiente tradicional de cultivo como em um ambiente recente para a cultura, o semiárido. Foram identificados híbridos que superam as testemunhas em quase o dobro no aspecto de rendimento, tanto no grupo de híbridos pertences à categoria Solo (UC14, UC15 e UC16) quanto à categoria Formosa (UC10 e UC12). Estes, além de elevado rendimento, foram detentores de características favoráveis, como o elevado teor de sólidos solúveis e o baixo número de flores estéreis. Em adição, o coeficiente de repetibilidade das características avaliadas sugere que, dentre as características ligadas ao rendimento, o peso médio de fruto é a mais estável ao longo do ciclo de produção.

Carica papaya L.; repetibilidade; ‘Solo’; ‘Formosa’


ABSTRACT

Papaya tree has become a major fruit crops cultivated in Brazil given the large domestic market and the growing export market. The demand for fruit has increased in recent years the croplands that was slowly directed to the semiarid, and with it, the need for new improved varieties and hybrids for crops. In this regard, new papaya hybrids were generated belonging to the two heterotic groups: Solo and Formosa, these measured consecutivelythroughout the crop cycle in both, the traditional crop environment as in the recent environment for crop, the semiarid. It was identified hybrids that exceed the witnesses at nearly twice the aspect in terms of performance both in the group of hybrids belonging to the Solo category (UC14, UC15 and UC16) as in Formosa category (UC 10 and UC12). These, along high yield have favorable characteristics such as high soluble solids and low number of sterile flowers. In addition, the coefficient of repeatability of the evaluated characteristics suggests that among the traits related with yield, the average fruit weight is the most stable throughout the production cycle.

Carica papaya L.; repeatability; ‘Solo’; ‘Formosa’


INTRODUÇÃO

Mamão é uma das principais frutas cultivadas no País. Segundo dados da FAO, em 2011, o Brasil exportou cerca de 29 mil toneladas de mamão consolidando-se como o segundo exportador mundial da fruta, precedido pelo México (FAO, 2013 FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. Trade: crops and livestock products.Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/535/DesktopDefault.aspx?PageID=535#ancor>. Acesso em: 20 dez. 2013.
http://faostat.fao.org/site/535/DesktopD...
). Este volume de exportações confere ao Brasil um saldo comercial de U$ 38,8 milhões de dólares, já que o País não importa a fruta. Neste contexto, o mamão tem tomado uma importância cada vez maior na fruticultura nacional, como uma das principais frutíferas destinadas ao comércio exterior, pois temse tornado uma alternativa de consumo atraente no mundo em termos de fruta tropical.

Apesar da importância do mamão para a fruticultura Brasileira, toda a produção nacional de 1,85 milhão de toneladas, em 2011 (IBGE, 2013 IBGE. Produção agrícola municipal. 2011.Disponível em: <http://www.ibge.go v.br/estadosat/> Acessado em: 25 maio. 2013.
http://www.ibge.go v.br/estadosat/...
), concentra-se basicamente no cultivo de três ou quatro cultivares, sendo estas variedades do grupo heterótico Solo, Golden e Sunrise Solo, comercialmente conhecidas como mamão papaya ou havaí, cuja principal característica é o tipo de fruto pequeno, em média 0,6 kg. O segundo tipo de cultivar mais plantada são os híbridos, do grupo heterótico Formosa, Tainung 01 e Calimosa, que apresentam maior rendimento em comparação com as variedades do tipo Solo. Estima-se que 80% dos pomares comerciais no Brasil sejam ocupados unicamente por variedades do grupo Solo (SERRANO; CATANNEO, 2010 SERRANO, L.A.L.; CATANNEO, L.F.O cultivo do mamoeiro no Brasil.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 32, n. 3, p. 675-695,2010. ; RUGGIERO et al., 2010 RUGGIERO, C.; DURIGAN, J. F.; NATALE, W.;OLIVEIRA, C. A. L. de; BENASSI, A. C.Mamão.In: Donadio, L.C. (Org.). História da fruticultura paulista. Jaboticabal: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 2010. p. 210-234. ; ), RUGGIERO et al., 2011 RUGGIERO, C.; MARIN, S.L.D.; DURIGAN, J.F.Mamão, uma história de sucesso. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.33, n.1, p.76-82,2011. Número especial. estas, principalmente destinadas à exportação, enquanto o restante da área cultivada é ocupada com os híbridos do grupo Formosa, destinados ao mercado interno.

Pelo exposto, nota-se que apenas duas cultivares dominam o cenário agrícola na cultura do mamão, no que diz respeito ao cultivo de variedades do grupo Solo citadas acima. No momento, o Brasil possui apenas oito híbridos registrados no Registro Nacional de Cultivares (RNC), todos híbridos do grupo Formosa, tendo como principal característica a massa do fruto em torno de 1,5 kg; deste modo, não atendendo à demanda de frutos para a exportação, que é de frutos tipo papaya ou havaí.

O contínuo crescimento da cultura do mamão depende, dentre outros fatores, da disponibilidade de novas cultivares, produtivas e adaptadas à ampla faixa de ambientes de cultivo, e de algum modo, cultivares específicas para cada fatia dos mercados, externo e interno. Combinações híbridas de grande potencial para produção de frutos entre genótipos do grupo Solo e Formosa foram descritas por Marin et al. (2006a, b MARIN, S.L.D.; PEREIRA, M.G.; AMARAL JÚNIOR, A.T.; MARTELLETO, L.A.P.; IDE, C.D.Partial diallel to evaluated the combinig ability for economically important traits of papaya.Scientia Agricola, Piracicaba, v. 63, n. 6, p. 540-546, 2006b. ) e Ide et al. (2009) IDE, C.D.; PEREIRA, M.G.; VIANA, A.P.;PEREIRA, T.N.S.Use of testes for combining ability and selection of papaya hybrids.Crop Breeding and Applied Biotecnology, Viçosa, MG, v. 9, p.60-66, 2009. . Em adição, Cardoso (2012) CARDOSO, D.L.Análise dialélica para rendimento e qualidade de frutos do mamoeiro (Carica papaya L.).2012. 96 f.Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Campos dos Goytacazes, 2012. descreve híbridos com elevado potencial agronômico e relata considerada variabilidade dentro do grupo heterótico Solo, permitindo a obtenção de híbridos intragrupo, tanto Solo quanto Formosa.

Em plantas perenes, é comum estimar-se parâmetros que inferem sobre caracteres que permitam caracterizar os genótipos ao longo do tempo, entre os quais o coeficiente de repetibilidade. Segundo Cruz et al. (2012) CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J.; CARNEIRO, P.C.S.Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético.4. ed. Viçosa: UFV, 2012. , o coeficiente de repetibilidade de uma característica mede a correlação entre as medidas em um mesmo indivíduo, cujas avaliações foram repetidas no tempo ou no espaço; assim, ela expressa a proporção da variância total, que é devida às variações proporcionadas pelo genótipo e às alterações permanentes atribuídas ao ambiente.

Se tomarmos como exemplo a medida do número de frutos de um determinado genótipo, em uma época, e o coeficiente de repetibilidade desta característica for alto, podemos inferir que esta característica repetida no tempo é uma propriedade do genótipo. Dessa forma, acredita-se que as medidas de repetibilidade são bons indicadores das propriedades intrínsecas (agronômicas e/ou morfológicas) de uma cultivar qualquer, uma vez que é a reposta de um genótipo submetido a um determinado ambiente.

É muito comum sua utilização na descrição de genótipos de espécies perenes, como pêssego (BRUNA et al., 2012 BRUNA, E.D.; MORETO, A.L.; DALBÓ, M.A.Uso do coeficiente de repetibilidade na seleção de clones de pessegueiro para o litoral sul de Santa Catarina.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.34, n. 1, p. 206-215, 2012. ), dendê (CHIA et al., 2009 CHIA, G.S.; LOPES, R.; CUNHA, R.N.V.; ROCHA,R.N.C.; LOPES, M.T.G.Repetibilidade da produção de cachos de híbridos interespecíficos entre o cacauí e o dendezeiro.Acta Amazônica, Manaus, v. 39, n 2, p. 249-254, 2009. ), bacuri (SILVA et al., 2009 SILVA, R.G.; CHAVES, M.C.L.; ARNHOLD, E.;CRUZ, C.D.Repetibilidade e correlações fenotípicas de caracteres do fruto de bacuri no Estado do Maranhão.Acta Scientiarum Agronomy, Maringá,v. 31, n. 4, p. 587-591, 2009. ), laranja () eNEGREIROS et al., 2008 NEGREIROS, J.R.S.; SARAIVA, L.L.; OLIVEIRA,T.K.; IVARES, V.S.; RONCATTO, G.Estimativas de repetibilidade de caracteres de produção em laranjeiras-doces no Acre.Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 12, p. 1763-1768, 2008. ameixa (DANER et al., 2010 DANER, M.A.; RASEIRA, M.C.B.; SASSO,S.A.Z.; CITADIN, I.; SCARIOT, S.Repetibilidade de peso de fruto e de duração do ciclo em ameixeira e pessegueiro.Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v. 45, n. 8, p. 872-878, 2010. ), entre outros.

Neste trabalho, buscou-se avaliar quanto à produção de frutos, sete novos híbridos de mamoeiro em fase de avaliação final para lançamento, pertencentes aos grupos heróticos Solo e Formosa, de modo a formatar o perfil produtivo de cada genótipo e inferir qual tipo de mercado cada híbrido se adapta. Em adição, estimou-se o coeficiente de repetibilidade para os principais atributos ligados à produção, de modo a prever o comportamento produtivo dos híbridos.

MATERIAL E MÉTODOS

Material genético

Neste trabalho, foram avaliados sete híbridos de mamão oriundos do programa de melhoramento da UENF/Caliman. Os híbridos foram confeccionados no setor de sementes da Caliman Agrícola S&A, em Linhares-ES, a partir de genitores endogâmicos preservados no banco de germoplasma da UENF/ Caliman. As combinações híbridas foram definidas em ensaios anteriores de dialelos realizados por Marin et al. (2006a MARIN, S.L.D.; PEREIRA, M.G.; AMARAL JÚNIOR, A.T.; MARTELLETO, L.A.P.; IDE, C.D.Heterosis in papaya hybrids from partial diallel of ‘Solo’ and ‘Formosa’ parents.Crop Breeding and Applied Biotechnology, Viçosa, MG, v.6, p.24-29,2006a. ,b MARIN, S.L.D.; PEREIRA, M.G.; AMARAL JÚNIOR, A.T.; MARTELLETO, L.A.P.; IDE, C.D.Partial diallel to evaluated the combinig ability for economically important traits of papaya.Scientia Agricola, Piracicaba, v. 63, n. 6, p. 540-546, 2006b. ), Ide et al. (2009) IDE, C.D.; PEREIRA, M.G.; VIANA, A.P.;PEREIRA, T.N.S.Use of testes for combining ability and selection of papaya hybrids.Crop Breeding and Applied Biotecnology, Viçosa, MG, v. 9, p.60-66, 2009. e Cardoso et al. (2012) CARDOSO, D.L.Análise dialélica para rendimento e qualidade de frutos do mamoeiro (Carica papaya L.).2012. 96 f.Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Campos dos Goytacazes, 2012. .

Os híbridos foram obtidos a partir de dois grupos distintos de genitores pertencentes ao grupo heterótico Solo e ao grupo Formosa. Assim, os híbridos obtidos foram denominados, híbridos Solo x Solo (UC13, UC14, UC15 e UC16) e os híbridos Formosa (UC02 e UC10), além do triplo (UC12) também alocado na categoria de híbrido Formosa. Foram adicionadas três testemunhas: a variedade Golden e os híbridos Calimosa e Tainung 01.

Local e delineamento experimental

As sementes híbridas foram germinadas em tubos de plástico em casa de vegetação, na Fazenda Santa Terezinha, Caliman Agrícola S&A, Linhares- ES. Após a germinação, as plântulas permaneceram em casa de vegetação até o vigésimo dia após a germinação, sendo em seguida aclimatadas fora da casa de vegetação. O mesmo procedimento para a obtenção das mudas foi realizado na subsede da Caliman Agrícola, em Pureza-RN, com vistas à implantação de um dos experimentos neste local.

As mudas foram levadas a campo para plantio, aos trinta dias após a germinação. O plantio foi realizado no espaçamento 1,5 x 3,6 m em fileiras simples, com 10 plantas na parcela. Foi adotado o delineamento experimental de blocos ao acaso, com 4 repetições. Os experimentos foram instalados em dois ambientes representativos para a cultura do mamão, Linhares-ES, na Fazenda Santa Terezinha (Caliman Agrícola), latitude 19º 23’ 28” S, longitude 40º 04’ 20” O, altitude de 33 metros, temperatura média anual de 23,4 °C e pluviosidade média de 1.193 mm/ano, em Pureza-RN, subsede da Caliman, latitude 05° 28’ 01” S e logitude 35° 33’ 21” O.

Tomada de dados e análise estatística

Os dados de campo foram coletados por conta das colheitas que se deram aos 270; 360; 450 e 540 dias após o plantio, em cada um dos ambientes de estudo. Foram mensuradas as variáveis comprimento de fruto (cm) – CF, diâmetro de fruto (cm) – DF, média da espessura de polpa (cm) – MESP, peso médio de fruto (kg) – PMF, sólidos solúveis totais (°Brix) – SST, número de frutos deformados – NFD, estes a soma do número de frutos carpeloides e pentândricos em cada avaliação, número de frutos comerciais – NFC, e produção (kg/pl) – PROD, calculada a partir do produto entre o número de frutos e o peso médio. Em um segundo momento, visando a calcular a produção total nas épocas por local, foi calculado o número de frutos comerciais – NFCT, a partir da soma do número de frutos nas épocas de avaliação, o peso médio de fruto total (kg) – PMFT, a partir da média dos pesos médios nas épocas e a produção total (t.ha-1) – PRODT.

Após a coleta de dados, estes foram submetidos a teste de normalidade para se verificar a consistência dos dados, seguidos do teste de homogeneidade para se averiguar a possibilidade da análise e a variância conjunta para épocas de avaliação e locais de cultivo. Em seguida, foi realizada a análise de variância conjunta e a comparação de médias, com o auxílio do programa SAS versão 9.0 (SAS, 2002 SAS Institute. Statistical Analysis System: user guide [CD-ROM]. Version 8. Cary (NC): SAS Insitute Inc., 2002. ).

A partir dos dados referentes às oito épocas de avaliação e quatro épocas em cada ambiente, foram estimados o coeficiente de repetibilidade e o número mínimo de medições necessárias para se estimar as características na população de estudo. Para a estimativa destes parâmetros, foram utilizados quatro métodos distintos: métodos baseados na análise de variância (ANOVA), componentes principais com base na matriz de correlações (CPCOR) e na matriz de covariâncias (CPCV) e análise estrutural com base na matriz de correlações (AERCOR). Todos estes procedimentos estatísticos foram realizados com o auxílio do software Genes versão 2013.5.1 (CRUZ et al., 2013 CRUZ, C.D.G.GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá,v. 35, n. 3, p. 271-276, 2013. ).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todas as caracter ísticas avaliadas apresentaram normalidade, possibilitando a análise de variância, assim como a homogeneidade dos resíduos, permitindo a análise conjunta (Tabela 1).

Em média, os coeficientes de variação variaram de muito baixos (CF= 5,780%, DF= 6,014% e SST=6,343%) a medianos (PMF= 13,906%). Para as demais características, número de frutos comerciais e produção, os coeficientes de variação foram ligeiramente elevados, respectivamente, 21,79 e 22,33%. Contudo, considerando estas características de intensa variação fenotípica, segundo Pinto et al. (2013a,b PINTO, F.O.; RAMOS, H.C.C.; CARDOSO, D.L.;LUZ, L.N.; PEREIRA, M.G.Desenvolvimento de genótipos tolerantes à mancha fisiológica.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 35, n. 4,p. 1101-1115, 2013b. ), estes valores encontram-se dentro da margem de aceitação para o mamão. As médias fenotípicas das características mostradas na Tabela 1 referem-se à média do experimento, correspondendo ao período compreendido no sentido época/local, de modo que não refletem a produção total dos híbridos avaliados. O número de frutos comerciais (NFC= 24,29), por exemplo, reflete a produção de frutos na média de uma planta em uma única colheita, com valores superiores ou inferiores nos diferentes híbridos, assim como a variável produção (PROD= 25,15 kg/pl); estas, somadas às quatro colheitas, irão perfazer a produção total dos genótipos.

Para todas as características avaliadas, houve diferença significativa, refletindo a variação genética entre os híbridos. A interação entre os genótipos e os ambientes (GA) foi significativa para o teor de sólidos solúveis totais (SST), número de frutos deformados (NFD), número de frutos comerciais (NFC) e produção (PROD). Esta interação mostra uma forte variação no componente ambiente de plantio. Esta variação está diretamente relacionada à grande diferença entre os locais, Linhares-ES e Pureza-RN. Com relação às condições climáticas, Linhares apresenta mais frio e umidade nos períodos de inverno e outono, enquanto em Pureza, o clima é quente e seco, com pequenas exceções no período de chuvas no semiárido nordestino, que vai de janeiro a março.

Por outro lado, a interação dos genótipos nas épocas (GE) reflete a natureza do comportamento diferenciado dos genótipos nas diferentes colheitas, ou seja, a produção nas diferentes estações do ano. Deste modo, a forte interação genótipo x época para SST, NFD, NSF, NFC, PMF e PROD mostra que estas características e, consequentemente, os híbridos avaliados respondem de forma distinta às variações de clima, por exemplo, nas épocas mais quentes do ano, quando apresentam grande flutuação ambiental.

Silva et al. (2007 SILVA, F.F.; PEREIRA, M.G.; DAMASCENO JÚNIOR, P.C.; PEREIRA, T.N.S.; VIANA, A.P.; DAHER, R.F.; RAMOS, H.C.C.; FERREGUETTI,G.A.Evaluation of the sexual expression in a segregating BC1 papaya population.Crop Breeding and Applied Biotechnology, Viçosa, MG, v. 7, p. 16-23, 2007. ) e Damasceno Júnior et al. (2008) DAMASCENO JÚNIOR, P.C.; PEREIRA, T.N.S.;SILVA, F.F.; VIANA, A.P.; PEREIRA, M.G.Comportamento floral de híbridos de mamoeiro (Carica papaya L.) avaliados no verão e na primavera.Ceres, Viçosa, MG, v. 55, n. 4, p. 310-316, 2008. , avaliando o comportamento floral em híbridos e genótipos-elite de mamoeiro, concluíram que as flutuações ambientais são responsáveis pela variação no número de flores hermafroditas perfeitas. Segundo os autores, no verão, aumenta o número de flores estéreis e, nos meses mais frios do ano, o número de frutos deformados e pentândricos. Estes, por conseguinte, fazem aumentar o número de nós sem fruto e de frutos deformados, respectivamente.

O controle da taxa de reversão sexual do mamoeiro, ou seja, a reversão das flores hermafroditas em masculinas pela atrofia do ovário é conhecida como reversão sexual ou esterilidade de verão (AWADA; IKEDA, 1953 AWADA, M.; IKEDA, W.Effects of moisture on yield and sex expression of the papaya plants (Carica papaya L.). Honolulu: University of Hawaii, 1953. 4p. (Progress Notes, 97). ; STOREY, 1958 STOREY, W.B.Modifications of sex expression in papaya. Horticultural Advances, Firenzem v. 2, p.49-60, 1958. ). Esta é crucial no desenvolvimento de genótipos superiores, e estes devem ser o mais estável possível às flutuações ambientais, de modo a maximizar a produção de frutos comerciais e diminuir os frutos deformados e a esterilidade de verão (MARTELLETO et al., 2011 MARTELLETO, L.A.P.; RIBEIRO, R.L.D.; SUDO-MARTELLETO,M.; VASCONCELOS M.A.S.;PEREIRA, M.B.Expressão da esterilidade feminina e da carpeloidia em mamoeiro sob diferentes ambientes de cultivo protegido.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 33, n. 4, p. 1185- 1193, 2011. ). Na Tabela 1, a média para NSF (0,66) e NFD (14,79) é baixa, demonstrando que os híbridos avaliados apresentam maior estabilidade frente às variações climáticas; contudo, pela forte interação entre genótipo e época de colheita, o mérito dos híbridos pode ser mais bem observado a partir das Tabelas 2 e 3, onde estão disponíveis as médias individuais para NSF e NFD nos diferentes híbridos avaliados por época. Do mesmo modo, pela presença da interação GA e GE da interação tripla GEA, as demais características são mais bem explicadas pelas médias nas referidas épocas de avaliação.

A partir das Tabelas 2 e 3, pode-se ter um perfil da produção e das principais características ligadas à produção de frutos nos híbridos, porém nas épocas de colheita. Tomando como exemplo as características relativas aos aspectos qualitativos do fruto CF, DF e MESP, vê-se que estas variaram em todas as épocas e locais; contudo, sendo suas magnitudes não muito discrepantes. Normalmente, variáveis desta natureza são mais comumente estimadas em estudos de divergência (BARBOSA et al., 2011 BARBOSA, C.D.; VIANA, A.P.; QUINTAL, S.S.R.;PEREIRA, M.G.Artificial neural network analysis of genetic diversity in Carica papaya L.Crop Breeding Applied Biotechnology, Viçosa, MG, v.11, n. p.224-231, 2011. ; DIAS et al., 2011 DIAS, N.L.P.; OLIVEIRA, E.J.; DANTAS, J.L.D.Avaliação de genótipos de mamoeiro com uso de descritores agronômicos e estimação de parâmetros genéticos.Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v. 46, n. 11, p. 1471-1479, 2011. ; ), QUINTAL et al., 2012 QUINTAL, S.S.R.; VIANA, A.P.; GONÇALVES,L.S.A.; PEREIRA, M.G.; AMARAL JÚNIOR, A.TDivergência genética entre acesso de mamoeiro por meio de variáveis morfoagronômicas.Semina Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 1, p. 131-142, 2012. onde se busca estimar as diferenças entres acessos e são bastante variáveis em função dos genótipos avaliados. Por outro lado, parâmetros qualitativos de fruto são extremamente importantes em híbridos destinados à exportação, pois suas dimensões influem no tamanho final da embalagem e na montagem dos pellets.

Para as variedades Golden, uma das mais exportadas juntamente com a variedade Sunrise Solo, sabe-se que o padrão de frutos tipo exportação no aspecto comprimento de fruto se encontra na faixa entre 150 e 200 mm de comprimento. Nos resultados obtidos neste trabalho, em nenhum dos ambientes ou épocas avaliadas, a variedade Golden atingiu o comprimento médio de fruto mínimo para exportação, além de também apresentar um peso médio dos frutos inferior, em torno 0,400 kg. Este fato deve-se à variedade ser cultivada há muitos anos e vir demonstrando degenerescência em suas características (PINTO et al., 2013a PINTO, F.O.; LUZ, L.N.; PEREIRA, M.G.;CARDOSO, D.L.; RAMOS, H.C.C. Metodologia dos modelos mistos para seleção combinada em progênies segregantes de mamoeiro.Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v. 8, n. 2,p. 211-217, 2013a. ,b PINTO, F.O.; RAMOS, H.C.C.; CARDOSO, D.L.;LUZ, L.N.; PEREIRA, M.G.Desenvolvimento de genótipos tolerantes à mancha fisiológica.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 35, n. 4,p. 1101-1115, 2013b. ). Em casos como este, em que a variedade continua a ser plantada mesmo com declínio de suas características físicas e o número de frutos com padrão de exportação, num determinado plantio, cai drasticamente, são necessárias mais áreas de plantio para perfazer um mesmo total de frutos.

Nos híbridos Solo aqui descritos, UC13, UC14, UC15 e UC16, em comparação com a testemunha Golden, a superioridade dos híbridos é evidente para as características CF e DF. Dentro dos períodos de avaliação e dos locais, no geral, as médias mínima e máxima variaram de 161,98 (UC 14) a 210,40 (UC 15) para CF, no período 4 de Linhares. Para DF, as médias mínima e máxima foram de 90,73 (UC 15) no período 2 de Linhares e 108,27 (UC 16) no período 4 de Pureza, respectivamente.

Pelo aqui exposto, acredita-se que os híbridos Solo aqui avaliados estão de acordo com o padrão de frutos exigidos para exportação no aspecto das proporções do fruto para embalagem. Com as médias de CF e DF variando com a intensidade demonstrada aqui nos períodos de avaliação, esperase que o aproveitamento de frutos com padrões fenotípicos superiores seja superior aos de lavouras convencionais de Golden e Sunrise Solo, seus concorrentes diretos. Por outro lado, quanto aos híbridos do grupo Formosa UC 10 e UC 12 (Tabelas 2 e 3), apresentam-se como excelentes concorrentes do híbrido Tainung, muito semelhantes ao mesmo nos aspectos qualitativos de fruto, porém sendo UC 13 de menor tamanho e peso.

Outra característica de grande interesse em híbridos comerciais é a média de espessura da polpa (MESP) que no experimento foi de 2,55 cm (Tabela 1). Por outro lado, observando-se as médias dos genótipos nas Tabelas 2 e 3, vê-se que MESP varia bastante entre os genótipos. No geral, a menor média de MESP é para o genótipo Golden, 1,36 (Tabela 2),no segundo período de avaliação, em Pureza-RN.

Os maiores valores de MESP, em geral, são dos híbridos Formosa, com destaque para o híbrido UC 10, que atingiu sua maior média (3,7 cm) no primeiro período de Pureza-RN. Por outro lado, é interessante notar que os híbridos Solo aqui descritos, no geral, apresentam média de MESP bastante superior a sua testemunha-referência (Golden), o que mais uma vez atesta a superioridade dos híbridos Solo. Entre os híbridos do grupo Solo, UC 15 apresentou a maior média (2,79 cm) no primeiro e segundo períodos de Pureza-RN (Tabela 2); contudo, os demais híbridos Solo são bastante competitivos em relação à testemunha Golden.

Uma propriedade de grande destaque para híbridos comerciais é o teor de sólidos solúveis totais. Geralmente, SST é tido como uma das principais características na determinação das propriedades organolépticas em mamão. No geral, SST em torno de 12 °Brix, como no híbrido Calimosa (FERREGUETTI, 2003) FERREGUETTI, G.A.Caliman 01: O primeiro híbrido de mamão formosa Brasileiro.In: PAPAYA BRASIL, 2003, Vitória. Anais … p. 211-218, 2003. , é considerado de boa aceitação; contudo, há cultivares lançadas com valores de SST inferiores aos aqui citados, como exemplo, o Rubi 511 (10,2 °Brix) e Tainung 01 (10,8 °Brix) (Cattaneo et al., 2010 CATTANEO, L.F.; COSTA, A.F.S.; SERRANO,L.A.L.; COSTA, A.N.; FANTOM, C.J.; BRAVIM,A.J.B.‘Rubi INCAPER 511’ Primeira variedade de mamão do grupo ‘Formosa’ para o Espírito Santo.Vitória: DCM/Incaper, 2010. (Documentos,187). ). Os híbridos aqui avaliados apresentaram ampla variação para SST; contudo, a média geral do experimento, 10,06 °Brix, enquadra-se no perfil acima citado, exceto quando comparada com a do híbrido Calimosa.

O teor de sólidos solúveis é uma característica de difícil precisão, pois pode haver ampla variação devida a fatores como adubação, por exemplo. Nestes casos, a melhor alternativa é a comparação por meio de testemunhas, como aqui realizada. A partir das Tabelas 2 e 3, onde se pode precisar a flutuação dos SSTs através dos períodos de colheita, vê-se que, na comparação com as testemunhas Golden e Tainug, os híbridos aqui descritos são superiores em todas as épocas e locais de avaliação. O mesmo não se repete em relação à testemunha Calimosa; contudo, os principais híbridos aproximam-se deste, sendo considerados satisfatórios neste quesito. Em adição, ressalta-se que os valores para SST aqui descritos foram aferidos no momento da colheita, entre o estádio 0 e 1 de maturação, podendo ainda ascender em média 2 a 3 °Brix no estádio 6 de maturação, ponto ideal para o consumo in natura como demonstrado por Fuggate et al. (2010) FUGGATE, P.; WONGS-AREE, C.; NOICHINDA,S.; KALAYANARAT, S.Quality and volatile attributes of attached and detached ‘Pluk Mai Lie’ papaya during fruit ripening.Scientia Horticulturae,Amsterdam, v. 126, p. 120-129, 2010. .

As principais características que denotam a capacidade de produção dos híbridos são o número de frutos, peso médio de fruto e produção total. Estas características até aqui foram descritas em termos de época de avaliação ou colheita (Tabelas 1, 2 e 3); contudo, uma análise mais acurada quanto à capacidade produtiva dos híbridos é mais bem estimada quando em função do total de frutos produzidos no ciclo completo da lavoura (soma das colheitas individuais), multiplicado pelo peso médio (média de peso nas colheitas), resulta na produção total ou produção por ciclo completo da lavoura. Estes dados são descritos na Tabela 4.

A Tabela 4 apresenta a análise de variância para as características totais do número de frutos comerciais (NFCT), total do peso médio de fruto (PMFT) e a produção total de frutos (PRODT), totalizados após o ciclo completo da lavoura (dois anos). A média para NFCT e PRODT (Tabela 4) foi maior no ambiente Pureza-RN, indicando maior produção dos híbridos no ambiente do semiárido. O rendimento médio do experimento (186.246 t.ha-1) para o ciclo completo da cultura pode ser considerado extremamente alto, uma vez que o rendimento médio de uma lavoura no País é tido na ordem de 58,67 t.ha-1 (IBGE, 2013 IBGE. Produção agrícola municipal. 2011.Disponível em: <http://www.ibge.go v.br/estadosat/> Acessado em: 25 maio. 2013.
http://www.ibge.go v.br/estadosat/...
). O rendimento médio dos híbridos e o comparativo com as testemunhas podem ser vistos na Tabela 5.

De modo geral, todos os híbridos foram mais produtivos no ambiente de semiárido, Pureza- RN, à exceção da testemunha Tainung, onde a produção em Linhares (196,91 t.ha-1) foi superior à produção em Pureza (174,60 t.ha-1). A testemunha Golden também não apresentou grandes diferenças em relação aos ambientes de avaliação. Em comparação com as testemunhas, todos os híbridos Formosa (UC03, UC10 e UC12) foram superiores à testemunha Tainung, seu concorrente direto, e apenas em Linhares UC03 (145,38 t.ha-1) foi inferior à Tainung (196,91 t.ha-1).

Os híbridos Formosa geralmente são mais produtivos do que híbridos ou linhagens Solo, principalmente pelo peso de seus frutos, que são em geral acima de 1,4 kg. Atualmente, no mercado, há apenas um híbrido Formosa comercializado, o Tainung, e seu rendimento é em torno do aqui exposto na Tabela 5, na média dos ambientes (185,75 t.ha-1).

Outro concorrente direto dos híbridos Formosa aqui descritos é a variedade Rubi 511; contudo, segundo Cattaneo et al. (2010) CATTANEO, L.F.; COSTA, A.F.S.; SERRANO,L.A.L.; COSTA, A.N.; FANTOM, C.J.; BRAVIM,A.J.B.‘Rubi INCAPER 511’ Primeira variedade de mamão do grupo ‘Formosa’ para o Espírito Santo.Vitória: DCM/Incaper, 2010. (Documentos,187). , seu rendimento médio é da ordem de 176,12 t.ha-1, inferior aos híbridos dispostos na Tabela 5.

Os híbridos do grupo Solo destacam-se dos demais, pois todos eles são mais produtivos do que seu concorrente direto da variedade Golden, em qualquer dos ambientes avaliados, com produção mínima de 122,05 t.ha-1 para UC13 em Linhares-ES e máxima de 230,80 t.ha-1 para UC14 em Pureza- RN. Em alguns casos como no ambiente Pureza, a produção dos híbridos do grupo Solo supera a variedade Golden em quase o dobro. Estes híbridos, além de serem completa novidade no cenário agrícola nacional, apresentam diversas qualidades que denotam superioridade em relação à variedade Golden, como as apresentadas nas Tabelas 2 e 3, dimensões de fruto compatíveis com as embalagens para exportação, teor de sólidos solúveis elevados, menores taxas de esterilidade e deformações de fruto, além do rendimento elevado.

Conforme apresentado e discutido inicialmente, as diferenças de produção nas épocas e locais foram significativas (Tabela 1), ou seja, atestavam comportamento diferenciado dos híbridos ao longo do ano quanto às principais características avaliadas. Deste modo, o número de frutos, o peso médio de fruto e o rendimento médio de planta foram computados ao longo do ciclo e utilizados para se estimar o coeficiente de repetibilidade, pois, através deste, tem-se uma previsão de comportamento dos híbridos frente ao ambiente.

Os coeficientes de repetibilidade para as principais características ligadas à produção nos híbridos avaliados são apresentados na Tabela 6. Para o número de frutos comerciais, (NFC) o coeficiente de repetibilidade (r) variou de 0,414 pelo método da análise de variância (ANOVA), a 0,692 pelo método dos componentes principais, com base na matriz de covariância (CPCOV). Valores de r como estes indicam que o número de frutos por planta possui um comportamento medianamente previsível, sendo a variação para este caráter comum aos híbridos (CRUZ et al., 2013 CRUZ, C.D.G.GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá,v. 35, n. 3, p. 271-276, 2013. ). De outro modo, os valores de r para PMF, variando de 0,848 pelo método da ANOVA, a 0,930 pelo método de CPCOV, demonstram alta capacidade de previsão para PMF, uma vez que os valores de r variam ente 0 e 1. Assim, PMF tem um comportamento previsível ao longo das safras, podendo ser tomado como uma propriedade marcante dos híbridos.

A produção de frutos (PROD), assim como NFC, apresentou uma variação nos valores de r a depender do método de análise, pois variou de 0,388 via ANOVA, a 0,810 via CPCOV. Este último valor é tido como de alta repetibilidade, o que credencia PROD como uma característica de grande repetição no tempo. Apesar da discrepância para os valores de r nos distintos métodos avaliados, sabe-se que estas são comuns, pois a estimação da repetibilidade quando é feita com base em métodos multivariados leva a magnitudes de r mais ajustadas (CRUZ et al., 2013 CRUZ, C.D.G.GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá,v. 35, n. 3, p. 271-276, 2013. ).

Diversos autores (CHIA et al., 2009 CHIA, G.S.; LOPES, R.; CUNHA, R.N.V.; ROCHA,R.N.C.; LOPES, M.T.G.Repetibilidade da produção de cachos de híbridos interespecíficos entre o cacauí e o dendezeiro.Acta Amazônica, Manaus, v. 39, n 2, p. 249-254, 2009. ; DANNER et al., 2010 DANER, M.A.; RASEIRA, M.C.B.; SASSO,S.A.Z.; CITADIN, I.; SCARIOT, S.Repetibilidade de peso de fruto e de duração do ciclo em ameixeira e pessegueiro.Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v. 45, n. 8, p. 872-878, 2010. ; BRUNA et al., 2012 BRUNA, E.D.; MORETO, A.L.; DALBÓ, M.A.Uso do coeficiente de repetibilidade na seleção de clones de pessegueiro para o litoral sul de Santa Catarina.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.34, n. 1, p. 206-215, 2012. ) reportam a valores altos de r quando estimados pelo método dos componentes principais como os aqui descritos em CPCOV e CPCOR, e estes foram os maiores valores de r para todas as características aqui descritas.

Alta repetibilidade, por sua vez, implica dizer que a produção ao longo do tempo, ao menos nas oito safras avaliadas, segue certo padrão. Na prática, esta informação é de extrema importância, uma vez que permite pensar-se no escalonamento da produção ao longo do ano. Pelo exposto nas Tabelas 2e 3, vê-se que, nas quatro épocas de avaliação,independentemente do híbrido avaliado, há uma tendência de maior produção de frutos na primeira e terceira colheitas, por volta dos 270 e 450 dias após o plantio, e menor na segunda e quarta colheitas, aos 360 e 540 dias após o plantio.

Em muitas culturas, é comum a utilização do coeficiente de repetibilidade r na previsão do comportamento de algumas características como o número de frutos, por exemplo. Estes valores proporcionam a descrição de genótipos em espécies perenes como pêssego (BRUNA et al., 2012 BRUNA, E.D.; MORETO, A.L.; DALBÓ, M.A.Uso do coeficiente de repetibilidade na seleção de clones de pessegueiro para o litoral sul de Santa Catarina.Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.34, n. 1, p. 206-215, 2012. ), dendê (CHIA et al., 2009 CHIA, G.S.; LOPES, R.; CUNHA, R.N.V.; ROCHA,R.N.C.; LOPES, M.T.G.Repetibilidade da produção de cachos de híbridos interespecíficos entre o cacauí e o dendezeiro.Acta Amazônica, Manaus, v. 39, n 2, p. 249-254, 2009. ), bacuri (SILVA et al., 2009 SILVA, R.G.; CHAVES, M.C.L.; ARNHOLD, E.;CRUZ, C.D.Repetibilidade e correlações fenotípicas de caracteres do fruto de bacuri no Estado do Maranhão.Acta Scientiarum Agronomy, Maringá,v. 31, n. 4, p. 587-591, 2009. ), laranja (NEGREIROS et al., 2008 NEGREIROS, J.R.S.; SARAIVA, L.L.; OLIVEIRA,T.K.; IVARES, V.S.; RONCATTO, G.Estimativas de repetibilidade de caracteres de produção em laranjeiras-doces no Acre.Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 12, p. 1763-1768, 2008. ), ameixa (DANER et al., 2010 DANER, M.A.; RASEIRA, M.C.B.; SASSO,S.A.Z.; CITADIN, I.; SCARIOT, S.Repetibilidade de peso de fruto e de duração do ciclo em ameixeira e pessegueiro.Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v. 45, n. 8, p. 872-878, 2010. ), entre outros.

TABELA 1
Análise de variância para nove características em híbridos e genótipos-elite de mamoeiro avaliadas em dois ambientes, em Pureza-RN e Linhares-ES, em quatro épocas distintas. Campos dos Goytacazes, 2014.
TABELA 2
Médias para nove características avaliadas em híbridos e genótipos-elite de mamoeiro em Pureza, RN, em quatro períodos distintos (Tukey, p<0.05). Campos dos Goytacazes, UENF 2014.
TABELA 3
Médias para nove características avaliadas em híbridos e genótipos-elite de mamoeiro em Linhares-ES, em quatro períodos distintos (Tukey, p<0.05). Campos dos Goytacazes, UENF, 2014.
TABELA 4
Análise de variância para quatro características produtivas em genótipos de mamoeiro obtidas a partir da soma de quatro épocas distintas de avaliação em dois ambientes. Campos dos Goytacazes, 2014.
TABELA 5
Média para quatro características produtivas em mamoeiro obtidas a partir da soma de quatro épocas distintas de avaliação em dois ambientes (Tukey, p<0.05). Campos dos Goytacazes, 2014.
TABELA 6
Coeficiente de repetibilidade para quatro características produtivas em genótipos de mamoeiro mensuradas a partir de oito avaliações consecutivas, em dois ambientes, por quatro métodos de análise. Campos dos Goytacazes, 2014.

CONCLUSÃO

Os híbridos avaliados apresentam características essenciais para entrada no mercado consumidor, seja ele interno, seja externo sendo UC14 e UC 16 excelentes alternativas para exportação de frutos tipo papaya ou havaí. Pela quantidade de híbridos aqui oferecidos e pela constatação da produção diferenciada ao longo dos períodos, é possível dimensionar as lavouras em função das épocas de colheita, plantando mais de um híbrido por vez nas lavouras comerciais. Quanto ao rendimento, os híbridos aqui descritos são bastante superiores às testemunhas, principalmente o híbrido Solo, quando comparados à testemunha Golden, em alguns casos superando até o híbrido Tainung, assim como os híbridos Formosa.

AGRADECIMENTOS

À CAPES, pela concessão da bolsa de doutorado ao primeiro autor, à Empresa Caliman Agrícola S/A, pela condução do experimento, à UENF e ao Curso de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da UENF, Campos dos Goytacazes, RJ, pela oportunidade de execução desta pesquisa.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    13 Fev 2014
  • Aceito
    12 Jun 2014
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