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FITOTOXICIDADE DE FUNGICIDAS, ACARICIDAS E INSETICIDAS, SOBRE O MAMOEIRO (Carica papaya L.) CULTIVAR SUNRISE SOLO IMPROVED LINE 72/12 EM CONDIÇÕES DE CAMPO

TOXIC EFFECTS OF FUNGICIDES, ACARICIDES AND INSECTICIDES, ON PAPAYA PLANT (Carica papaya L.) cv. SUNRISE SOLO IMPROVED LINE 72/12, UNDER FIELD CONDITIONS

Resumos

A presente pesquisa teve como objetivo estudar os efeitos fitotóxicos de fungicidas, acaricidas e inseticidas e algumas associações entre eles, em plantas de mamoeiros (Carica papaya L.) cv. Sunrise Solo Improved Line 72/12, em condições de campo, no município de São Mateus -- ES, pertencente à maior região produtora do Estado. O experimento foi arranjado em delineamento de blocos casualizados, com 4 repetições e 03 plantas úteis por parcela. Foram utilizados os seguintes produtos, com as respectivas doses, para cada 100 L de água: chlorothalonil (Daconil PM-200g); mancozeb (Dithane PM -- 200g); oxicloreto de cobre (Reconil -- 400g); thiabendazole (Tecto 450 -- 100ml); dicofol + tetradifon (Carbax -- 200ml); triazophós (Hostathion 400 BR -- 150ml); óxido de fenbutatina (Torque 500 SC -- 60ml); e abamectin (Vertimec 18 CE -- 50ml): Analisou-se a fitotoxicidade dos produtos testados, em relação à altura da planta, nº de folhas, número de flores e frutos ; diâmetro do caule e queimaduras ou injúrias foliares. As datas das avaliações foram: 01 dia antes das pulverizações, 15 dias e 30 dias após as mesmas. Os fungicidas Daconil BR, Reconil e Tecto 450; o fungicida acaricida Dithane PM; os acaricidas Carbax e Torque 500 SC; e o inseticida-acaricida Vertimec 18 CE, aplicados isoladamente, não afetaram o crescimento e a produção das plantas, nem causaram injúrias nas folhas das mesmas. A associação de fungicidas e fungicida-acaricida, com os acaricidas, ou inseticida-acaricida, não mostrou nenhum efeito fitotóxico sobre os parâmetros de crescimento avaliados, nem causaram queimaduras ou injúrias foliares.

mamão; defensivos; produtos fitossanitários


The objective of this work was to evaluate the phytotoxic effect of insecticides, acaricides and fungicides alone and in combination, on papaya plants, cv. Sunrise Solo Improved Line 72/12, under field and summer conditions. The experiment were conducted in a private farm, located at São Mateus county, the most important papaya region in the State of Espírito Santo. The experiment, arranged in a randomized block design with four replications, were conducted. Each plot consisted of three plants. The products with their respective dose in a volume of 100 l H2O were:chlorothalonil (Daconil PM -200g); mancozeb (Dithane PM - 200g); Cupric oxychloride (Reconil - 400g); thiabendazole (Tecto 45 - 100ml).; dicofol + tetradifon (Carbax - 200ml); triazophós (Hostathion 400 BR - 150ml); fenbutatin oxide (Torque 500 SC - 60ml); and abamectin (Vertimec 18 CE - 50ml). Hostathion 400 BR was phytotoxic to adult papaya plants, mainly when associated with other chemical products.The fungicides Daconil BR, Reconil and Tecto 450; the fungicide-acaricide Dithane PM; the acaricides Carbax and Torque 500 SC; and the inseticide-acaricide Vertimec 18 CE, applied lonely, did not affect plant growth and production, and did not cause leaf and burns injury. These association of fungicides and fungicide-acaricide, with each other acaricides or inseticide-acarice, showed neither phytotoxic reactions, growth pattern alterations nor leaf injury and burning.

papaya; phytotoxic effects; pesticide products


FITOTOXICIDADE DE FUNGICIDAS, ACARICIDAS E INSETICIDAS, SOBRE O MAMOEIRO (Carica papaya L.) CULTIVAR SUNRISE SOLO IMPROVED LINE 72/12 EM CONDIÇÕES DE CAMPO 1 1 Trabalho nº 100/2001. Recebido: 09/03/2001. Aceito para publicação: 20/07/2001. 2 Pesquisador, Dr. da PESAGRO-RIO, Estação Experimental de Macaé, Estrada Velha de Glicério Km 03. CEP. 27901-970, Cx. Postal 119.371, Macaé-RJ. pesagro@castelo.com.br 3 Professor Titular de Fruticultura, Departamento de Produção Vegetal ¾ FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, km 05. CEP. 14884-900 ¾ Jaboticabal-SP. E-mail: ruggiero@fcav.unesp.br. 4 Professor Assistente, M.Sc., Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, UENF, Avenida Alberto Lamego, 2000 ¾ Horto ¾ CEP. 28015-620, Campos-RJ.

ALCÍLIO VIEIRA2 1 Trabalho nº 100/2001. Recebido: 09/03/2001. Aceito para publicação: 20/07/2001. 2 Pesquisador, Dr. da PESAGRO-RIO, Estação Experimental de Macaé, Estrada Velha de Glicério Km 03. CEP. 27901-970, Cx. Postal 119.371, Macaé-RJ. pesagro@castelo.com.br 3 Professor Titular de Fruticultura, Departamento de Produção Vegetal ¾ FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, km 05. CEP. 14884-900 ¾ Jaboticabal-SP. E-mail: ruggiero@fcav.unesp.br. 4 Professor Assistente, M.Sc., Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, UENF, Avenida Alberto Lamego, 2000 ¾ Horto ¾ CEP. 28015-620, Campos-RJ. , CARLOS RUGGIERO3 1 Trabalho nº 100/2001. Recebido: 09/03/2001. Aceito para publicação: 20/07/2001. 2 Pesquisador, Dr. da PESAGRO-RIO, Estação Experimental de Macaé, Estrada Velha de Glicério Km 03. CEP. 27901-970, Cx. Postal 119.371, Macaé-RJ. pesagro@castelo.com.br 3 Professor Titular de Fruticultura, Departamento de Produção Vegetal ¾ FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, km 05. CEP. 14884-900 ¾ Jaboticabal-SP. E-mail: ruggiero@fcav.unesp.br. 4 Professor Assistente, M.Sc., Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, UENF, Avenida Alberto Lamego, 2000 ¾ Horto ¾ CEP. 28015-620, Campos-RJ. E SÉRGIO LUCIO DAVID MARIN4 1 Trabalho nº 100/2001. Recebido: 09/03/2001. Aceito para publicação: 20/07/2001. 2 Pesquisador, Dr. da PESAGRO-RIO, Estação Experimental de Macaé, Estrada Velha de Glicério Km 03. CEP. 27901-970, Cx. Postal 119.371, Macaé-RJ. pesagro@castelo.com.br 3 Professor Titular de Fruticultura, Departamento de Produção Vegetal ¾ FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, km 05. CEP. 14884-900 ¾ Jaboticabal-SP. E-mail: ruggiero@fcav.unesp.br. 4 Professor Assistente, M.Sc., Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, UENF, Avenida Alberto Lamego, 2000 ¾ Horto ¾ CEP. 28015-620, Campos-RJ.

RESUMO - A presente pesquisa teve como objetivo estudar os efeitos fitotóxicos de fungicidas, acaricidas e inseticidas e algumas associações entre eles, em plantas de mamoeiros (Carica papaya L.) cv. Sunrise Solo Improved Line 72/12, em condições de campo, no município de São Mateus ¾ ES, pertencente à maior região produtora do Estado. O experimento foi arranjado em delineamento de blocos casualizados, com 4 repetições e 03 plantas úteis por parcela. Foram utilizados os seguintes produtos, com as respectivas doses, para cada 100 L de água: chlorothalonil (Daconil PM-200g); mancozeb (Dithane PM ¾ 200g); oxicloreto de cobre (Reconil ¾ 400g); thiabendazole (Tecto 450 ¾ 100ml); dicofol + tetradifon (Carbax ¾ 200ml); triazophós (Hostathion 400 BR ¾ 150ml); óxido de fenbutatina (Torque 500 SC ¾ 60ml); e abamectin (Vertimec 18 CE ¾ 50ml): Analisou-se a fitotoxicidade dos produtos testados, em relação à altura da planta, nº de folhas, número de flores e frutos ; diâmetro do caule e queimaduras ou injúrias foliares. As datas das avaliações foram: 01 dia antes das pulverizações, 15 dias e 30 dias após as mesmas. Os fungicidas Daconil BR, Reconil e Tecto 450; o fungicida acaricida Dithane PM; os acaricidas Carbax e Torque 500 SC; e o inseticida-acaricida Vertimec 18 CE, aplicados isoladamente, não afetaram o crescimento e a produção das plantas, nem causaram injúrias nas folhas das mesmas. A associação de fungicidas e fungicida-acaricida, com os acaricidas, ou inseticida-acaricida, não mostrou nenhum efeito fitotóxico sobre os parâmetros de crescimento avaliados, nem causaram queimaduras ou injúrias foliares.

Termos de indexação: mamão, defensivos e produtos fitossanitários.

TOXIC EFFECTS OF FUNGICIDES, ACARICIDES AND INSECTICIDES, ON PAPAYA PLANT (Carica papaya L.) cv. SUNRISE SOLO IMPROVED LINE 72/12, UNDER FIELD CONDITIONS.

ABSTRACT -The objective of this work was to evaluate the phytotoxic effect of insecticides, acaricides and fungicides alone and in combination, on papaya plants, cv. Sunrise Solo Improved Line 72/12, under field and summer conditions. The experiment were conducted in a private farm, located at São Mateus county, the most important papaya region in the State of Espírito Santo. The experiment, arranged in a randomized block design with four replications, were conducted. Each plot consisted of three plants. The products with their respective dose in a volume of 100 l H2O were:chlorothalonil (Daconil PM -200g); mancozeb (Dithane PM - 200g); Cupric oxychloride (Reconil - 400g); thiabendazole (Tecto 45 - 100ml).; dicofol + tetradifon (Carbax - 200ml); triazophós (Hostathion 400 BR - 150ml); fenbutatin oxide (Torque 500 SC - 60ml); and abamectin (Vertimec 18 CE - 50ml). Hostathion 400 BR was phytotoxic to adult papaya plants, mainly when associated with other chemical products.The fungicides Daconil BR, Reconil and Tecto 450; the fungicide-acaricide Dithane PM; the acaricides Carbax and Torque 500 SC; and the inseticide-acaricide Vertimec 18 CE, applied lonely, did not affect plant growth and production, and did not cause leaf and burns injury. These association of fungicides and fungicide-acaricide, with each other acaricides or inseticide-acarice, showed neither phytotoxic reactions, growth pattern alterations nor leaf injury and burning.

Index terms: papaya, phytotoxic effects, pesticide products.

INTRODUÇÃO

O mamoeiro Carica papaya L. pertence à família Caricaceae, sendo o gênero Carica o mais conhecido.

Com a ocorrência do mosaico-do-mamoeiro houve a migração da cultura, de São Paulo, principalmente para a Bahia, Espírito Santo e Pará, onde se cultivam, na grande maioria, os mamoeiros de sementes importadas, e/ou seus avanços genéticos, notadamente, a cultivar Sunrise Solo Line 72/12 (Martelleto et al., 1997).

Diversas pragas e doenças fúngicas também ocorrem na região do Norte do Espírito Santo (atualmente a mais importante no Brasil), necessitando de controle, quer nas diversas fases de desenvolvimento das plantas, quer em frutos pós-colheita (Marin et al., 1995). Para este controle, são necessárias pulverizações periódicas, o que acarreta problemas de fitotoxicidade, agravados pela sensibilidade do mamoeiro à aplicação de defensivos.

Marin et al. (1995), dentre vários produtos, recomendaram, para o controle do ácaro-branco do mamoeiro, o uso do abamectin + óleo mineral (Vertimec 18 CE ¾ 50 ml + Naturoil 250 ml), abamectin + clofentezine (Vertimec 18 CE ¾ 25 ml + Acaristop 500 SC ¾ 20 ml); para o ácaro-rajado e ácaro-vermelho, Vertimec 18 CE a 50 ml, óxido de fenbutatina (Torque 500 SC ¾ 80 a 100 ml e Partner SC ¾ 80 a 100 ml ) e dicofol + tetradifon (Carbax ou Acardifon ¾ 200 ml), todas recomendações em 100 l de água.

Medina (1980) indicou, para o controle da varíola ou pinta-preta, o uso de fungicidas cúpricos, como Cupravit Azul e Cupravit Verde, nas dosagens de 0,30%. Para o controle da antracnose, o mancozeb (Dithane M 45 a 0,24%). Para o controle do oídio ou míldio, enxofre 80 PM de 0,60 a 0,70% , quinomethionate (Morestan 25 PM a 0,05%) e triazophós (Afugan 30 CE a 0,08%). Para o controle da podridão-do-pedúnculo, utilizar propineb (Antracol 70 PM a 0,25%).

Marin et al. (1995) recomendaram o uso de diversos agrotóxicos, para o controle de doenças do mamoeiro, dentre estes, podem ser citados para o controle da antracnose, mancozeb (Dithane M 45 ¾ 150 a 200 g), chlorothalonil (Daconil Br ¾ 200g), thiabendazole (Tecto 600 ¾ 150 g), oídio, chlorothalonil (Daconil BR ¾ 200 g ); podridão-do-pedúnculo do fruto e mancha de ascoquita, chlorothalonil (Daconil BR ¾ 200 g), mancozeb (Dithane M-45 ¾ 150 a 200g), thiabendazole (Tecto 600 ¾ 100 g), todas as doses diluídas em solução contendo 100 litros de água.

Foram conduzidos dois experimentos por Marin (1988), usando-se mudas envasadas, em casa de vegetação, na FCAV ¾ UNESP, em Jaboticabal -SP, para estudar os efeitos fitotóxicos de inseticidas, acaricidas e fungicidas, no mamoeiro 'Sunrise Solo Improved Line 72/12'; algumas de suas conclusões foram: o triazophós (Hostathion 40 CE), causou a redução do diâmetro do caule e do número de folhas das plantas, além de apresentar extrema fitotoxicidade às folhas das plantas jovens; tetradifon + dicofol (Carbax 16 CE), mancozeb (Dithane M 45), oxicloreto de cobre (Recop 84 PM) e chlorotalonil (Daconil 75 PM) não causaram queimaduras às folhas, ou estas foram leves, aparentemente não afetando o seu desenvolvimento.

Em relação aos níveis de fitotoxicidez, Marin et al. (1995) afirmaram que o Hostathion 40 CE ou Hostathion 400 BR, utilizados a 100 ml, causam severo desfolhamento em plantas de mamoeiro; o Carbax (240ml), Dithane M 45 (200g), Recop (50% PM ¾ 250 g), Vertimec 18 CE (50 ml), Torque 500 SC (100 ml), praticamente não são tóxicos, e as folhas permanecem normais, com pouca ou quase nenhuma mancha.

Vieira et al. (1998) avaliaram a fitotoxicidade de diversos produtos, sobre mamoeiros da cv. Sunrise Solo Improved Line 72/12, em condições de campo, após a "sexagem" , em São Mateus ¾ ES. Os produtos foram aplicados isoladamente, ou em mistura; concluíram que abamectin (Vertimec 18 CE) + oxicloreto de cobre (Reconil) ou thiabendazole (Tecto 450) ocasionaram leves injúrias foliares, 15 dias após as pulverizações; e que mancozeb (Dithane PM), Reconil, Tecto 450, dicofol +tetradifon (Carbax), óxido de fenbutatina (Torque 500 SC), Dithane PM + Vertimec 18 CE, Dhitane PM + Torque 500 SC Reconil + Carbax, Reconil + Torque 500 SC, Tecto 450 + Carbax, e Tecto 450 + Torque 500 SC, não interfiriram no desenvolvimento e na produção, nem causaram injúrias, ou queimaduras nas folhas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em propriedade particular, no município de São Mateus-ES, localizado a 19º.25' de latitude sul e 40º03' de longitude oeste, em solo do tipo Latossolo Vermelho Distrófico (LVD) 11, de clima típico Awi.

A formação das mudas e todo o sistema de produção utilizado foram o proposto por Marin et al. (1995).

A cultura foi irrigada por aspersão convencional e de acordo com as necessidades da mesma.

Embora não houvesse condições de aferir no local os dados necessários, na prática, observou-se que as condições, durante o desenvolvimento dos trabalhos, foram semelhantes às condições de São Mateus, que apresentava, nos meses estudados, precipitações mais elevadas e temperaturas mais altas do que nos períodos "mais frescos" do ano.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com 25 tratamentos, 04 repetições e 3 plantas úteis por parcela experimental.

As avaliações foram efetuadas um dia antes das pulverizações, 15 dias e 30 dias após.

Os dados relativos aos efeitos fitotóxicos foram analisados estatisticamente, aplicando-se o teste F, e as médias comparadas através do teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Avaliaram-se os parâmetros: de crescimento da planta - altura da planta, diâmetro do caule (a 10 cm do solo) e número de folhas relacionadas à produção ¾ número de flores e frutos.

Os sintomas visuais de fitotoxicidade (injúrias e/ou queimaduras nas folhas) foram verificados por 02 observadores, através da seguinte escala visual de notas, utilizada por Marin (1988):

Nota 0 ¾ plantas com folhas normais, sem sintomas de queimaduras;

Nota 1 ¾ plantas com folhas levemente injuriadas e/ou com pequenas áreas queimadas;

Nota 2 ¾ plantas com folhas medianamente injuriadas, amareladas e com bordas e ápices queimados;

Nota 3 ¾ plantas com folhas intensamente injuriadas, apresentando severo desfolhamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao fazer as avaliações da intensidade de queimadura nas plantas estudadas, constatou-se que somente os tratamentos, onde constava a aplicação do Hostathion (Tabela 1), ocasionaram queimaduras e injúrias nas folhas dos mamoeiros.

Todos os outros produtos, aplicados isoladamente ou associados, não causaram nenhum dano às folhas dos mamoeiros.

No trabalho desenvolvido por Marin (1988), o triazophós (Hostathion 40 CE) também causou fitotoxicidade às folhas das plantas jovens. Afirmou que o Carbax 16 CE, Dithane M 45, oxicloreto de cobre (Recop 84 PM) e Daconil 75 PM podem causar injúrias às folhas destas plantas, o que não se verificou no presente trabalho, porque, provavelmente, é maior a resistência à fitotoxicidade de plantas mais adultas (no campo, após sexagem) e em pleno desenvolvimento, favorecidas pôr condições propícias ao crescimento dos mamoeiros.

Em condições climáticas mais amenas, Vieira et al. (1998) constataram, no mesmo local do presente trabalho, que o Vertimec 18 CE, associado ao Recomil ou ao Tecto 450, pode ocasionar leves injúrias às folhas dos mamoeiros; estes efeitos não foram encontrados na presente pesquisa. Os demais tratamentos testados por esses autores, também naquele experimento, não causaram nenhuma injúria ou queimadura foliar.

Pode-se constatar, pelos resultados apresentados na Tabela 2, que somente a associação entre o Hostathion 400 BR e o Tecto 450 afetou negativamente o crescimento das plantas, em relação à altura das mesmas. Os efeitos dos produtos, sobre o diâmetro dos caules, também evidenciam o efeito fitotóxico do Hostathion 400 BR, principalmente associado às misturas com os fungicidas testados: Daconil BR, Dithane PM, Reconil e Tecto 450. Efeitos semelhantes foram obtidos por Marin (1988), em relação ao Hostathion 400 BR. Ao comparar-se os efeitos dos outros produtos, aplicados isoladamente ou em associação, estes não afetaram o desenvolvimento em altura e diâmetro das plantas, coincidindo com os resultados do trabalho desenvolvido por Vieira et al. (1998).

Os resultados advindos das contagens do número de flores e frutos (Tabela 3) nos conduzem, também, à constatação do efeito altamente fitotóxico do Hostathion 400 BR, aplicado isoladamente ou associado aos fungicidas testados.. Vieira et al. (1998) também não constataram redução do número de flores e frutos em relação aos efeitos do Dithane PM, Reconil, Tecto 450 (fungicidas), Carbax, Torque 500 SC e Vertimec 18 CE (acaricidas, inseticida-acaricida), aplicados isoladamente ou quando da associação entre fungicidas, com acaricidas, e inseticida-acaricida.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, nas condições em que foi realizado o presente trabalho, pode-se concluir que:

1. O Hostathion 400 BR apresentou fitotoxicidade em mamoeiros adultos, principalmente quando associado aos outros produtos, ou seja, Daconil BR, Dithane PM, Reconil e Tecto 450.

2. Os outros produtos, aplicados isoladamente ou associados, não afetaram os parâmetros de crescimento e produção das plantas, também não ocasionaram queimaduras ou injúrias foliares.

3. Deve-se considerar, sempre, ao fazer-se avaliações de fitotoxicidade de produtos fitossanitários em mamoeiros, o estágio de desenvolvimento das plantas, o balanço hídrico-climático e as normais de temperatura e umidade relativa do ar, do local da experimentação, por ocasião da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOBRÁFICAS

  • AGRIANUAL. 1995: Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 1996. p.268-72
  • MARIN, S.L.D. Efeitos fitotóxicos de inseticidas, acaricidas e fungicidas em mudas de mamoeiro (Carica papaya L.) cv. Solo. 1988. 97p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) ž Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1988.
  • MARIN, S.L.D, et al. Recomendações para a cultura do mamoeiro dos grupos Solo e Formosa no Estado do Espírito Santo. 4.ed. Vitória : EMCAPA, 1995. 57p. (Circular Técnica, 3).
  • MARTELLETO, L. A.P., MALDONADO, J.F.M., VIEIRA, A, et al. A cultura do mamão: perspectivas, tecnologias e viabilidade. Niterói: PESAGRO-RIO, 1997. 28p. (Documentos, 37).
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  • VIEIRA, A, RUGGIERO, C. MARIN, S.L.D. Fitotoxicidade de produtos de uso fitossanitário sobre o mamoeiro (Carica papaya L). Cultivar Sunrise Solo Improved Line 72/12. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 15., 1998, Poços de Caldas. Resumos.. Lavras : UFLA, 1998. p. 486.
  • 1
    Trabalho nº 100/2001. Recebido: 09/03/2001. Aceito para publicação: 20/07/2001.
    2
    Pesquisador, Dr. da PESAGRO-RIO, Estação Experimental de Macaé, Estrada Velha de Glicério Km 03. CEP. 27901-970, Cx. Postal 119.371, Macaé-RJ.
    3
    Professor Titular de Fruticultura, Departamento de Produção Vegetal ¾ FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, km 05. CEP. 14884-900 ¾ Jaboticabal-SP. E-mail:
    4
    Professor Assistente, M.Sc., Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, UENF, Avenida Alberto Lamego, 2000 ¾ Horto ¾ CEP. 28015-620, Campos-RJ.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Jun 2002
    • Data do Fascículo
      Ago 2001

    Histórico

    • Recebido
      09 Mar 2001
    • Aceito
      20 Jul 2001
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