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MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE PORTA-ENXERTOS DO GÊNERO PRUNUS SOB DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE BAP EM DOIS MEIOS DE CULTURA

IN VITRO MULTIPLICATION OF PRUNUS ROOTSTOCKS IN DIFFERENT BAP CONCENTRATIONS IN TWO CULTURE MEDIA

Resumos

Este trabalho teve como objetivo determinar a melhor concentração de BAP (6-benzilaminopurina) e meio de cultura para a multiplicação in vitro de porta-enxertos de Prunus sp., recentemente introduzidos no Brasil. Os porta-enxertos G x N22, GF 677, Mr.S 2/5, Marianna e Mirabolano foram testados em dois meios de cultura, meio MS e meio MS ¾ (reduzido em 25% dos sais do meio inteiro), combinados com quatro concentrações da citocinina BAP: 0,1; 0,3; 0,5 e 0,7 mg.L-1. Observou-se que os genótipos apresentaram comportamentos diferentes entre si em relação às concentrações de BAP e aos meios. Concluiu-se que, para os porta-enxertos G x N22 e Mr.S 2/5, o melhor meio de multiplicação é o MS ¾ com BAP na concentração de 0,7 mg.L-1; para o porta-enxerto Marianna, o meio MS com BAP na concentração de 0,7 mg.L-1; para o porta-enxerto Mirabolano, o meio MS ¾ com BAP na concentração de 0,5 mg.L-1, sendo que, para este porta-enxerto, o BAP exerce efeito negativo sobre o tamanho das brotações, independentemente do tipo de meio. Já para o porta-enxerto G x N22, este efeito se fez notar apenas no meio MS. O porta-enxerto GF 677 não apresentou bons resultados na propagação in vitro.

citocinina; pessegueiro; cultura de tecidos


The purpose of this work was to determine the best BAP concentration and culture media for the in vitro multiplication of Prunus rootstocks starting from nodal segments. The rootstocks G x N22, GF 677, Mr.S 2/5, Marianna and Mirabolano were tested in two culture media (MS and MS ¾) combined with four BAP concentrations (0.1; 0.3; 0.5 and 0.7 mg.L-1). It was observed that the genotypes had different performance as the two media and BAP concentrations are concerned. BAP provided better results in the MS ¾ for the rootstocks G x N22 and Mr.S 2/5. For 'Marianna', the best results were found in the MS at 0.7 mg.L-1 BAP. 'Mirabolano', showed better results in the MS ¾ at 0.5 mg.L-1 BAP and in the two tested media, the shoot length decreased with the increase for BAP. The rootstock G x N22, had the same effect only in the MS medium. The rootstock GF 677 didn't present good results in micropropagation.

cytokinin; peach; tissue culture


MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE PORTA-ENXERTOS DO GÊNERO PRUNUS SOB DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE BAP EM DOIS MEIOS DE CULTURA1 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS.

CARLOS AUGUSTO POSSER SILVEIRA2 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS. , JOSÉ CARLOS FACHINELLO3 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS. , GÉRSON RENAN DE LUCES FORTES4 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS. , IDEMIR CITADIN2 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS. , ALEXANDRE COUTO RODRIGUES2 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS. , ALBERTO CENTELLAS QUEZADA2 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS. , JOÃO BAPTISTA DA SILVA5 1 (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: posser@ufpel.tche.br 2 Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 3 Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS. 4 Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 5 Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS.

RESUMO - Este trabalho teve como objetivo determinar a melhor concentração de BAP (6-benzilaminopurina) e meio de cultura para a multiplicação in vitro de porta-enxertos de Prunus sp., recentemente introduzidos no Brasil. Os porta-enxertos G x N22, GF 677, Mr.S 2/5, Marianna e Mirabolano foram testados em dois meios de cultura, meio MS e meio MS ¾ (reduzido em 25% dos sais do meio inteiro), combinados com quatro concentrações da citocinina BAP: 0,1; 0,3; 0,5 e 0,7 mg.L-1. Observou-se que os genótipos apresentaram comportamentos diferentes entre si em relação às concentrações de BAP e aos meios. Concluiu-se que, para os porta-enxertos G x N22 e Mr.S 2/5, o melhor meio de multiplicação é o MS ¾ com BAP na concentração de 0,7 mg.L-1; para o porta-enxerto Marianna, o meio MS com BAP na concentração de 0,7 mg.L-1; para o porta-enxerto Mirabolano, o meio MS ¾ com BAP na concentração de 0,5 mg.L-1, sendo que, para este porta-enxerto, o BAP exerce efeito negativo sobre o tamanho das brotações, independentemente do tipo de meio. Já para o porta-enxerto G x N22, este efeito se fez notar apenas no meio MS. O porta-enxerto GF 677 não apresentou bons resultados na propagação in vitro.

Termos para indexação: citocinina; pessegueiro; cultura de tecidos

IN VITRO

MULTIPLICATION OF PRUNUS ROOTSTOCKS IN DIFFERENT BAP CONCENTRATIONS IN TWO CULTURE MEDIA

ABSTRACT - The purpose of this work was to determine the best BAP concentration and culture media for the in vitro multiplication of Prunus rootstocks starting from nodal segments. The rootstocks G x N22, GF 677, Mr.S 2/5, Marianna and Mirabolano were tested in two culture media (MS and MS ¾) combined with four BAP concentrations (0.1; 0.3; 0.5 and 0.7 mg.L-1). It was observed that the genotypes had different performance as the two media and BAP concentrations are concerned. BAP provided better results in the MS ¾ for the rootstocks G x N22 and Mr.S 2/5. For 'Marianna', the best results were found in the MS at 0.7 mg.L-1 BAP. 'Mirabolano', showed better results in the MS ¾ at 0.5 mg.L-1 BAP and in the two tested media, the shoot length decreased with the increase for BAP. The rootstock G x N22, had the same effect only in the MS medium. The rootstock GF 677 didn't present good results in micropropagation.

Index terms: cytokinin, peach, tissue culture

INTRODUÇÃO

Na multiplicação in vitro, os fatores concentração de citocinina e tipo de meio usado são extremamente importantes para obter bons resultados. Vários meios básicos têm sido utilizados na multiplicação de plantas, sendo que a maioria se baseia no meio MS (Murashige e Skoog, 1962). Modificações e diluições deste meio têm apresentado bons resultados para diversas espécies. Em 1974, Boxus e Quoirin (1974) deram início ao cultivo in vitro de espécies do gênero Prunus, através da cultura de meristemas. Logo após, Tabachnik e Kester (1977) realizaram os primeiros trabalhos de micropropagação de híbridos de pessegueiro e amendoeira, a partir de gemas apicais. Na Itália, Zuccherelli (1979) deu início à multiplicação in vitro de porta-enxertos de pessegueiro. Ainda na Itália, Marino (1982) realizou vários trabalhos visando a desenvolver protocolos de multiplicação in vitro de porta-enxertos híbridos de Prunus. Além do tipo de meio, outro aspecto importante na multiplicação in vitro está relacionado com o tipo de citocinina e sua concentração, sendo ambos determinantes no sucesso da multiplicação in vitro (Grattapaglia e Machado, 1998).

Este trabalho teve como objetivo estabelecer os melhores meios de cultura e concentração de BAP para a multiplicação de porta-enxertos do gênero Prunus.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Os porta-enxertos utilizados foram: G x N22, GF 677, Marianna, Mirabolano e Mr.S 2/5. Os explantes (segmentos nodais) originaram-se de subcultivos anteriores do mesmo laboratório. O tamanho do explante variou de acordo com o porta-enxerto, ficando em torno de 5,0 mm e/ou 5 gemas. Foram usados dois meios de cultura, MS e MS ¾ (reduzido em 25% dos sais do meio inteiro), combinados com quatro concentrações da citocinina BAP (6-benzilaminopurina): 0,1; 0,3; 0,5 e 0,7 mg.L-1 A ambos os meios foram acrescidos 30 g.L-1 de sacarose, 6,5 g.L-1 de ágar e 100 mg.L-1 de mio-inositol. O pH foi ajustado para 5,8 antes da colocação do ágar. Os meios foram distribuídos em frascos de 250 mL com 8 cm de diâmetro. Em cada frasco, colocaram-se 30 mL de meio. Após, foram autoclavados à temperatura de 121 oC, durante 15 minutos. Em cada frasco, foram colocados 5 (cinco) explantes. Após a colocação destes, os frascos foram levados para sala de crescimento, sob condições de luz fluorescente, com intensidade de 20 mE.m-2.s-1, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 25±2ºC, permanecendo nestas condições por período de 35 dias.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com 4 (quatro) repetições, sendo cada unidade experimental constituída de um frasco contendo 5 (cinco) segmentos nodais. O delineamento de tratamento foi um fatorial 2x4x5, sendo os fatores Meio de cultura (MS e MS ¾), Concentração de BAP (0,1; 0,3; 0,5 e 0,7 mg.L-1) e Porta-enxerto (G x N22, GF 677, Marianna, Mirabolano e Mr.S 2/5).

As variáveis analisadas foram: número de gemas e de brotações (transformadas segundo e , respectiva-mente), e tamanho das brotações (em mm). A análise estatística dos dados foi feita através da análise da variação e decomposição da variação para os fatores Meio e Porta-enxerto, pela comparação de médias através do teste de Duncan (a = 0,05), e Concentração de BAP, pela análise de regressão polinomial. O nível mínimo de significância adotado em todos os testes foi de 5%. As análises estatísticas foram executadas pelo programa SANEST - Sistema de Análise Estatística para Microcomputadores (Zonta e Machado, 1984).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, são apresentados os resultados da variável número de gemas. No meio MS ¾, o porta-enxerto G x N22 foi superior aos demais, enquanto no MS, o porta-enxerto Mirabolano foi melhor (o porta-enxerto G x N22 foi o único que apresentou resposta significativamente superior em relação ao tipo de meio, preferindo aquele menos concentrado). Os meios baseados em formulações básicas diluídas têm possibilitado melhores resultados para a multiplicação das mais diversas espécies (Preece, 1995). Na Figura 1A, observa-se o comportamento do G x N22 em função da concentração de BAP nos dois meios testados. No meio MS ¾, o número de gemas aumentou linearmente de acordo com o aumento de BAP, já no meio MS, as melhores respostas foram obtidas na concentração de 0,34 mg.L-1.


Os porta-enxertos responderam diferentemente às concentrações de BAP (Figura 1A-1F). De acordo com Zimmerman (1988), as necessidades das cultivares dentro de uma mesma espécie são diferentes, havendo necessidade de modificação do meio e doses de citocinina. O comportamento do porta-enxerto G x N22 indica que meios ricos em sais dificultam a proliferação de gemas. Este fato se agrava ainda mais quando maiores concentrações de BAP forem adicionadas a meios desse tipo. O porta-enxerto Mirabolano não apresentou resposta significativa aos meios e às concentrações de BAP. Apesar disso, as melhores respostas da variável número de gemas foram observadas nas concentrações de 0,5 e 0,7 mg.L-1 de BAP, nos meios MS ¾ e MS, respectivamente.

Para o tamanho das brotações, observou-se diferença significativa apenas para o porta-enxerto G x N22, sendo que as melhores respostas foram obtidas no meio MS ¾ (Tabela 2). No meio MS, este mesmo porta-enxerto apresentou os maiores tamanhos de brotações nas menores concentrações de BAP (Figura 1E). Apesar disso, no meio MS ¾, o aumento da concentração de BAP não influenciou significativamente o tamanho das brotações (Figura 1E), indicando que, para esse genótipo, meios com sais reduzidos minimizam os efeitos negativos das citocininas. Tabachnik e Kester (1977) observaram que concentrações de 6-BA (6-benziladenina) de até 1,0 mg.L-1 foram melhores para a multiplicação de híbridos de amendoeira e pessegueiro. Por outro lado, concentrações maiores inibiram a elongação das brotações, enquanto a concentração de 0,1 mg.L-1 proporcionou o alongamento das brotações. Harada e Murai (1996), em trabalho com o Prunus mume, observaram, no entanto, que o tamanho das brotações não foi influenciado pelas concentrações de benziladenina de até 5 mM, sendo que a maior proliferação de gemas foi obtida nessa concentração. Segundo Grattapaglia e Machado (1998), muitas vezes, concentrações crescentes de citocininas inibem o alongamento das brotações. Boxus (1986), por sua vez, observou que, além da redução na concentração de BAP no meio de multiplicação, é interessante limitar o número de subcultivos com o objetivo de minimizar os efeitos negativos das citocininas.

Os porta-enxertos Marianna, no meio MS, e Mr.S 2/5 tiveram comportamento semelhante, ou seja, à medida que aumentou a concentração de BAP, aumentou o número de gemas (Figura 1C e 1B, respectivamente). Marino (1982) observou que concentração de BAP de 1,0 mg.L-1 possibilitou maiores taxas de multiplicação de Prunus, porém o tamanho das brotações foi muito pequeno, dificultando a separação das gemas. Analisando conjuntamente as variáveis número de gemas e tamanho das brotações, para os porta-enxertos G x N22, no meio MS, e Mirabolano, os resultados obtidos estão de acordo com Marino (1982). O porta-enxerto Mirabolano apresentou, no meio MS, as melhores respostas para o número de brotações, sendo significativamente superior aos demais (Tabela 3). A resposta do porta-enxerto Mirabolano indica um comportamento linear decrescente em função das concentrações de BAP (Figura 1D). Possivelmente, os teores endógenos de citocinina deste porta-enxerto sejam altos, o que, aliado às doses exógenas, contribuiu para o efeito decrescente desta variável. O efeito negativo do aumento de BAP também se fez notar na variável tamanho das brotações (Figura 1F). Em relação ao porta-enxerto GF 677, apesar de ser micropropagado comercialmente na Europa, apresenta uma taxa de proliferação muito baixa (Dimasi-Theriou & Economou, 1995). Estes autores, no entanto, conseguiram um elevado número de brotações deste porta-enxerto apenas controlando o tempo de exposição e a concentração de etileno dentro dos frascos. No presente trabalho, este porta-enxerto não apresentou bons resultados, sendo aquele de pior desempenho em todas as variáveis analisadas, além de ser aquele que apresentou maiores percentagens de contaminação in vitro (observações empíricas). É possível que seu desempenho tenha sido influenciado pela presença de bactérias endógenas nos explantes ou mesmo bactérias exógenas presentes no meio de cultura, o que dificultou a absorção dos nutrientes do meio assim como da citocinina. Esse fato certamente mascarou as respostas deste porta-enxerto.

CONCLUSÕES

1. Para os porta-enxertos G x N22 e Mr.S 2/5, o melhor meio de multiplicação foi o MS ¾ com 0,7 mg.L-1 de BAP.

2. Para o porta-enxerto Marianna, o melhor meio é o MS com 0,7 mg.L-1 de BAP.

3. Para o porta-enxerto Mirabolano, o melhor meio foi o MS ¾ com 0,5 mg.L-1 de BAP.

4. Para o porta-enxerto Mirabolano, o BAP exerce efeito negativo sobre o tamanho das brotações, independentemente do tipo de meio. Já para o porta-enxerto G x N22, este efeito se fez notar apenas no meio MS.

5. O porta-enxerto GF 677 não apresentou bons resultados na propagação in vitro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • 1
    (Trabalho 001/2001). Recebido: 08/01/2001. Aceito para publicação: 31/07/2001. Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail:
    2
    Pós-graduandos em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel/Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS.
    3
    Prof. Dr. FAEM/UFPel, Pelotas, RS.
    4
    Prof. Dr., Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS.
    5
    Prof. Livre Docente, IFM/UFPel, Pelotas, RS.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      05 Jun 2002
    • Data do Fascículo
      Dez 2001

    Histórico

    • Aceito
      31 Jul 2001
    • Recebido
      08 Jan 2001
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