Acessibilidade / Reportar erro

CITRICULTURA BRASILEIRA: EFEITOS ECONÔMICO-FINANCEIROS, 1996 <FONT FACE=Symbol>¾</FONT> 2000

BRAZILIAN CITRUS INDUSTRY: ECONOMIC AND FINANCIAL EFFECTS, 1996 - 2000

Resumos

Este estudo analisa a importância econômica da citricultura na balança comercial brasileira, no qüinqüênio 1996 -- 2000, bem como a movimentação econômico-financeira na cadeia citrícola ao longo de 1999. Mostra, através desta análise, a relevante participação do suco concentrado de laranja na balança comercial paulista, onde só recentemente perdeu o 1º lugar para aviões. Evidencia, ainda, a importância do suco concentrado entre os principais produtos brasileiros exportáveis, colocando a fruticultura nacional em destaque na pauta de exportação.

citricultura; citros e derivados; exportação; balança comercial


This study analyses the economic importance of the Brazilian citrus industry in the Brazilian Trade Balance in the period of 1996 - 2000, as well as the economic financial transaction in the citrus chain along 1999. This analysis shows the considerable participation of the frozen concentrate orange juice (FCOJ) in the Sao Paulo Trade Payment, where only recently this product lost the 1st place for airplanes, as well as its importance among the most important Brazilian export products, placing the Brazilian fruits crops inside the best export products.

citrus industry; citrus products; export; Trade Payment


COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

CITRICULTURA BRASILEIRA: EFEITOS ECONÔMICO-FINANCEIROS, 1996 ¾ 20001 1 Trabalho nº 059/2001. Recebido: 28/03/2001. Aceito para publicação: 10/07/2001. 2 Professor Titular - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba - SP, e-mail: emneves@esalq.usp.br 3 Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista Estagiário do Depto. de Economia, Administração e Sociologia - ESALQ/USP, Piracicaba - SP, e-mail: mdayoub@esalq.usp.br; dsdragon@esalq.usp.br 4 Professor Doutor - Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA) - Campus USP, Ribeirão Preto -SP, e-mail: mfaneves@usp.br

EVARISTO MARZABAL NEVES2 1 Trabalho nº 059/2001. Recebido: 28/03/2001. Aceito para publicação: 10/07/2001. 2 Professor Titular - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba - SP, e-mail: emneves@esalq.usp.br 3 Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista Estagiário do Depto. de Economia, Administração e Sociologia - ESALQ/USP, Piracicaba - SP, e-mail: mdayoub@esalq.usp.br; dsdragon@esalq.usp.br 4 Professor Doutor - Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA) - Campus USP, Ribeirão Preto -SP, e-mail: mfaneves@usp.br , MARIAM DAYOUB3 1 Trabalho nº 059/2001. Recebido: 28/03/2001. Aceito para publicação: 10/07/2001. 2 Professor Titular - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba - SP, e-mail: emneves@esalq.usp.br 3 Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista Estagiário do Depto. de Economia, Administração e Sociologia - ESALQ/USP, Piracicaba - SP, e-mail: mdayoub@esalq.usp.br; dsdragon@esalq.usp.br 4 Professor Doutor - Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA) - Campus USP, Ribeirão Preto -SP, e-mail: mfaneves@usp.br , DIOGO SUZIGAN DRAGONE3 1 Trabalho nº 059/2001. Recebido: 28/03/2001. Aceito para publicação: 10/07/2001. 2 Professor Titular - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba - SP, e-mail: emneves@esalq.usp.br 3 Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista Estagiário do Depto. de Economia, Administração e Sociologia - ESALQ/USP, Piracicaba - SP, e-mail: mdayoub@esalq.usp.br; dsdragon@esalq.usp.br 4 Professor Doutor - Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA) - Campus USP, Ribeirão Preto -SP, e-mail: mfaneves@usp.br , MARCOS FAVA NEVES4 1 Trabalho nº 059/2001. Recebido: 28/03/2001. Aceito para publicação: 10/07/2001. 2 Professor Titular - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba - SP, e-mail: emneves@esalq.usp.br 3 Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista Estagiário do Depto. de Economia, Administração e Sociologia - ESALQ/USP, Piracicaba - SP, e-mail: mdayoub@esalq.usp.br; dsdragon@esalq.usp.br 4 Professor Doutor - Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA) - Campus USP, Ribeirão Preto -SP, e-mail: mfaneves@usp.br

RESUMO - Este estudo analisa a importância econômica da citricultura na balança comercial brasileira, no qüinqüênio 1996 ¾ 2000, bem como a movimentação econômico-financeira na cadeia citrícola ao longo de 1999. Mostra, através desta análise, a relevante participação do suco concentrado de laranja na balança comercial paulista, onde só recentemente perdeu o 1o lugar para aviões. Evidencia, ainda, a importância do suco concentrado entre os principais produtos brasileiros exportáveis, colocando a fruticultura nacional em destaque na pauta de exportação.

Termos para indexação: citricultura, citros e derivados, exportação, balança comercial.

BRAZILIAN CITRUS INDUSTRY: ECONOMIC AND FINANCIAL EFFECTS, 1996 - 2000

ABSTRACT - This study analyses the economic importance of the Brazilian citrus industry in the Brazilian Trade Balance in the period of 1996 - 2000, as well as the economic financial transaction in the citrus chain along 1999. This analysis shows the considerable participation of the frozen concentrate orange juice (FCOJ) in the Sao Paulo Trade Payment, where only recently this product lost the 1st place for airplanes, as well as its importance among the most important Brazilian export products, placing the Brazilian fruits crops inside the best export products.

Index terms: citrus industry, citrus products, export, Trade Payment.

É conhecida a importância do suco concentrado de laranja na economia brasileira (principalmente a do Estado de São Paulo) e na balança comercial do País, gerando divisas que ultrapassam US$ 1 bilhão/ano.

Por produto exportado, tem-se verificado que o suco, por diversos anos, tem se posicionado entre os principais produtos de exportação em termos de divisas geradas e, embora pouco conhecido, por diversos anos, foi o primeiro lugar nas exportações paulistas, perdendo recentemente (anos 1999 e 2000) esta posição para os aviões (Tabela 1).

Dada a importância da citricultura na economia brasileira, este artigo propõe-se a um detalhamento dos valores carreados pelas exportações de laranja e derivados no qüinqüênio 1996 ¾ 2000 e, também, dos valores movimentados pela cadeia citrícola em 1999, evidenciando seus efeitos alocativos e distributivos, bem como seus impactos econômico-financeiros.

O estudo, metodologicamente, apóia-se em estatísticas sobre exportações obtidas em relatórios, publicações e páginas na Internet da Secretaria do Comércio Exterior (Secex/MDIC), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab/MARA) e de Empresas Exportadoras de Cítricos, bem como de uma revisão bibliográfica de trabalhos que enfocam a cadeia citrícola em sua administração estratégica, via oportunidades e ameaças na esfera do ambiente mundial, e pontos fortes e fracos na organização da cadeia produtiva (Neves, 1999; Neves & Neves, 1999; Neves et al., 2000; Neves, 2000a e Neves, 2000b).

O estudo está dividido em 3 seções. A primeira trata das exportações brasileiras de cítricos e derivados, causas e efeitos das variações no volume e nas divisas carreadas para o qüinqüênio 1996 -2000; a segunda apresenta os efeitos alocativos e distributivos da movimentação econômico- financeira da cadeia produtiva ao longo do ano 1999; finalmente, a terceira estabelece as considerações finais.

FRUTAS CÍTRICAS E DERIVADOS: EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS (1996 ¾ 2000)

Nas exportações da citricultura brasileira, a laranja, como fruta fresca de mesa, tem pouca importância, não ultrapassando as 100 mil toneladas, exceção feita ao ano de 1999 (Tabela 2). O valor das exportações está ao redor dos US$ 20 milhões (Tabela 3).

Como, a partir dos anos 60, a citricultura brasileira, particularmente a paulista, voltou-se para a produção de matéria-prima para a indústria de processamento de suco, não houve uma preocupação com a produção comercial de frutas in natura (de mesa) adequada às rígidas exigências do mercado externo.

Ademais, a citricultura brasileira de frutas de mesa sofre barreiras não tarifárias, principalmente as técnicas e as fitossanitárias, em importantes mercados importadores como os Estados Unidos, onde laranjas in natura são impedidas de entrar em território norte-americano por estarem fora das especificações técnicas estabelecidas pelo Depto. de Agricultura (USDA), e na Comunidade Européia, pois o Brasil não é considerado área livre de doenças como pinta-preta e cancro-cítrico. Mesmo com estas restrições, existem empresas que conseguem colocar produtos na União Européia, seguindo, porém, rigorosamente, as exigências impostas pelas empresas importadoras, apoiadas nas normas e legislações vigentes na Comunidade Européia. Não se tem uma oferta constante, operando principalmente na entressafra européia e em períodos de insuficiência de oferta dos principais países produtores de frutas cítricas da Europa.

A Tabela 3, que traz os valores das exportações, mostra a baixa participação relativa da laranja fresca de mesa, que representou 1,3% em 1996, 2,0% em 1997, 1,1% em 1998, 1,6% em 1999 e 1,4% em 2000, em termos das divisas carreadas com exportação de laranja fresca.

O forte das exportações da citricultura dá-se no suco concentrado, que representa mais de 85% do total de divisas carreadas (87,9%, em 1996, 86,2%, em 1997, 96,1%, em 1998, 92,7% em 1999 e 93,6% em 2000). O maior valor obtido com as exportações de suco concentrado foi em 1996 (US$ 1,4 bilhão), devido ao elevado preço médio alcançado (US$ 1.175/tonelada), não representando, porém, o maior volume exportado (1,189 milhão de tonelada), verificado em 2000 (1,277 milhão t), no qual o baixo preço médio alcançado (US$ 809/tonelada) levou a um valor menor no total carreado (US$ 1,03 bilhão), em relação aos demais anos.

É interessante registrar que, em 1996 e 1997, os valores carreados pelo farelo de polpa cítrica ultrapassaram os US$ 100 milhões, vindo a cair para menos de US$ 20 milhões em 1998. Neste ano, como as exportações tinham como principal destino a Comunidade Européia, com a detecção da presença de dioxina (substância cancerígena) em partidas de farelo para a Europa, ocorreu a suspensão das importações.

Mesmo com a posterior liberação, após monitoramento e rastreabilidade, que rapidamente detectou a fonte de contaminação, as exportações de polpa cítrica não mais alcançaram o bom desempenho dos anos de 96 e 97, em volume físico e divisas carreadas, pois os preços internacionais mais estáveis (próximos dos US$ 70 a 80/tonelada) favoreceram o seu uso no mercado doméstico, principalmente pelo crescimento da demanda para rações animais no Brasil.

No início de 2001, com o pânico gerado pela crise da vaca louca, doença que afeta gado leiteiro e de corte, e conseqüente condenação e restrição ao uso de ração de origem animal, é provável um aquecimento nas importações européias por tortas e farelos de origem vegetal, principalmente as de soja e laranja. Em 2001, é possível registrar aumentos nas exportações de farelo de polpa cítrica para a Comunidade Européia, tanto em volume físico como em divisas carreadas. Pesa contra este crescimento o custo para se levar este produto, de menor valor adicionado, até o porto, tais como os pedágios, embarques e taxas e tarifas alfandegárias.

Registra-se, ainda, que na cesta de exportações citrícolas, encontra-se o óleo essencial, que apresenta reduzida importância em termos de volume físico, se comparado aos volumes de suco concentrado e farelo de polpa (Tabela 2), porém colabora nas divisas carreadas, devido à alta agregação de valor em termos de preço médio, superando, por valor unitário (US$/tonelada), o suco concentrado nos anos de 1996, 1997 e 2000 (Tabela 4).

Estas informações revelam a importância da cadeia agroindustrial citrícola no Brasil e a valorização da fruticultura nacional, pois se enquadra entre os principais produtos de exportação, trazendo divisas que, no qüinqüênio analisado (1996 a 2000), variaram entre US$ 1.1 bilhão (2000) e US$ 1.6 bilhão (1996), aproximadamente.

Neste contexto, é importante evidenciar que a coordenação da cadeia citrícola se encontra com as empresas exportadoras (Neves & Neves, 1999), que estabelecem um oligopólio devido à distribuição concentrada (Neves, 2000b). A Tabela 5 mostra a colocação das principais empresas produtoras de suco concentrado entre as 250 maiores exportadoras do Brasil, bem como a participação percentual de cada uma destas empresas nas divisas carreadas com o suco exportado, de 1997 a 2000. Verifica-se que as três maiores (Sucocítrico Cutrale Ltda., Citrosuco Paulista S/A e Coinbra-Frutesp S/A), em termos de divisas carreadas, posicionaram-se entre as 100 primeiras nos anos analisados, exceção ao 101o lugar ocupado pela Coinbra-Frutesp S/A em 2000.

Recentemente, com a incorporação da Cambuhy Citrus S/A e da Montecitrus Trading S/A a Citrovita Agroindustrial Ltda., dever-se-á assistir, nos próximos anos, dependendo do volume exportado e dos preços médios de exportação do suco, que as quatro grandes empresas do setor deverão ser responsáveis por mais de 75% das divisas carreadas, e posicionar-se-ão entre as 100 maiores empresas exportadoras do País, das mais de 15 mil firmas brasileiras que exportam seus produtos para o mundo.

MOVIMENTAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DA CITRICULTURA - ANO 1999

Não estão disponíveis, para o período em análise (1996 a 2000), estudos que registram o movimento econômico-financeiro da cadeia citrícola brasileira. O único estudo conhecido foi desenvolvido por Neves et al. (2000), que estimaram a movimentação econômica-financeira da cadeia citrícola durante 1999 distribuídas em 2 eixos: central e de suporte. O eixo central relaciona-se especificamente aos elos da cadeia, enquanto o de suporte considera apoios e facilidades, como serviços, transportes, infra-estrutura, etc., auxiliares à movimentação dos produtos (matéria-prima, transformação, industrialização, etc.).

O eixo central foi dividido em 3 categorias:

· "antes da porteira": englobando defensivos (US$ 160 milhões), implementos (US$ 100 milhões), fertilizantes (US$ 74 milhões), mudas (US$ 28 milhões), tratores (US$ 20 milhões), irrigação (US$ 20 milhões) e corretivos (US$ 9,3 milhões) e movimentando um total estimado em US$ 411 milhões;

· produção agrícola ("dentro da porteira"): apresentou um valor da produção ao redor de US$ 900 milhões;

· "pós-fazenda": abrangendo exportação de suco concentrado (US$ 1,33 bilhão), fruta fresca in natura para consumo no mercado interno (US$ 665 milhões), suco pronto fresco (US$ 84 milhões), suco pasteurizado (US$ 42 milhões) e fruta fresca para exportação (US$ 21 milhões), movimentando um total estimado de US$ 2,14 bilhões.

Dessa forma, o eixo central da cadeia produtiva citrícola apresentou um movimento estimado em US$ 3,45 bilhões.

Dada a importância do setor produtivo da matéria-prima (frutas cítricas), é interessante registrar os valores despendidos no "dentro da porteira" com os serviços e usos dos principais fatores de produção (Tabela 6) e principais empresas fornecedoras de insumos (Neves 2000a). Neste caso, têm-se:

· Foram vendidos US$ 160 milhões no setor de defensivos em 1999, por volta de 5,5% das vendas do setor no Brasil. Considerando todas as culturas, a laranja é a primeira em vendas por hectare. É relevante dizer que o Brasil é o 3º consumidor mundial de defensivos;

· 5 a 10% do setor de vendas de implementos, representando algo ao redor de US$ 100 milhões por ano. Jacto, FMCCopling, Marchesan e Kamaq são algumas empresas que se destacam;

· 3,5% do total de fertilizantes são consumidos no Brasil, 15% desse total é consumido em São Paulo, consumindo US$ 70 milhões em 1999. A laranja é a 3a cultura econômica em termos de demanda relativa/hectare. Em 1999, Serrana e Cargill foram empresas de fertilizantes que se destacaram nas vendas para a citricultura.

· As vendas de fertilizantes líquidos foram estimadas em US$ 4 milhões.

· A cultura de laranja foi responsável por 85% das vendas de tratores de 75 hp em São Paulo, representando cerca de US$ 19,5 milhões. Massey Ferguson e Valtra foram as principais empresas;

· Os citricultores despenderam US$ 28 milhões em mudas em 1999, para reposição de plantas de laranja;

· As empresas de corretivos arrecadaram US$ 9 milhões com a citricultura, sendo as principais a Embracal e Itaú;

· Netafim, Irrigaplan, Isratec e Irrimon foram as principais empresas de irrigação atuando no Brasil, com um grande potencial de expansão. Os citricultores gastaram cerca de US$ 20 milhões em 1999;

· O setor comprou US$ 1,1 milhão em ingredientes (principalmente enzimas), e um grande revendedor foi a Novo Nordisk.

O eixo de suporte englobou os seguintes produtos ou serviços: transportadoras de frutos (US$ 106 milhões), mão-de-obra na colheita (US$ 106 milhões), combustíveis (US$ 48,5 milhões), embalagens de frutos (US$ 44 milhões), transporte de fruto empacotado (US$ 40 milhões), empresas extratoras (US$ 30 milhões), serviços portuários (US$ 20 milhões), pedágios (US$ 17 milhões), transporte do suco concentrado (US$ 16,5 milhões) e embalagens de suco (US$ 10 milhões). Este eixo foi responsável pela movimentação de US$ 438 milhões.

Assim, a movimentação total da cadeia citrícola, no ano de 1999, foi estimada em US$ 3.891 bilhões, equivalendo, aproximadamente, a R$ 7 bilhões (US$ 1 = R$ 1,80).

Esta estimativa mostra a importância da citricultura brasileira, pois esta movimentação de recursos econômico-financeiros traz em seu bojo efeitos alocativos e distributivos, considerando a geração de emprego, a formação de capital e renda, a agregação de valor regional, a ativação do setor terciário (serviços, transporte, comércio, etc.) e a interiorização do desenvolvimento, principalmente no Estado de São Paulo, onde a citricultura tem expressivo impacto na economia e na balança comercial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise do desempenho exportador da cadeia citrícola brasileira revela sua importância na economia do País, principalmente no agronegócio, na balança comercial e no intercâmbio importações-exportações.

Tomando-se todos os produtos exportáveis da citricultura nacional, em que predomina o suco concentrado de laranja com mais de 80% das divisas carreadas, verifica-se, ainda, a importância do farelo de polpa cítrica e do óleo essencial e, em menor escala, da laranja fresca de mesa, produto que sofre inúmeras restrições, quer através das variedades cultivadas, mais apropriadas ao processamento e distanciadas de gostos e preferências dos consumidores de países desenvolvidos, como também através das diversas barreiras tarifárias (principalmente as técnicas e as fitossanitárias), que impedem o acesso das frutas brasileiras a estes mercados importadores. Face à importância do suco concentrado na pauta das exportações, a coordenação da cadeia citrícola repousa na indústria de processamento, que administra o fluxo exportador de forma organizada e monitorada por uma exportação concentrada em poucas empresas, caracterizando um oligopólio (em 2000, apenas 2 empresas citrícolas responderam por mais de 55 % do valor total das exportações do País).

Estas informações evidenciam, ainda, a valorização da fruticultura nacional, elevada pelo excelente desempenho exportador da citricultura, que vem superando US$ 1 bilhão por ano, agregando valor à economia do País e servindo de exemplo para as demais frutas. Estas, principalmente as frutas consideradas exóticas e dinâmicas (manga, maçã, mamão papaia, melão e uva) vêm apresentando, também, um foco exportador, atendendo às demandas mundiais insatisfeitas, cujas exigências em qualidade, certificação, classificação, padronização e segurança do alimento vêm crescendo paulatinamente, alavancadas, nos dias de hoje, pela maior profissionalização e efetiva organização e gestão dos negócios frutícolas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO/ MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E ABASTECIMEN-TO.CONAB. Indicadores da Agropecuária (diversos exemplares e site -www.conab.gov.br).
  • NEVES, E.M. Economia da Produção Citrícola e Efeitos Alocativos. Preços Agrícolas, Piracicaba, v. 14, n. 162, p.9-12, 2000.
  • NEVES, E.M. Há oligopólio na produção e exportação de suco concentrado de laranja? Preços Agrícolas, Piracicaba, v. 14, n.163, p.17-19, Maio 2000 (2000b).
  • NEVES, M.F.; NEVES, E.M. The Orange Juice Distribution Channels. Journal for the Fruit Processing and Juice Producing European and Overseas Industry (Fruit Processing/Flussiges Obst), Schonborn, Alemanha, v.9, n.08, p.298-307, 1999.
  • NEVES, M.F.; NEVES, E.M.; VAL, A. M. Canais de Distribuição de Suco de Laranja: Características, Ameaças e Oportunidades. Revista Laranja, Corderópolis, Brasil, v.21, n.1, p.1-28, 2000.
  • NEVES, M.F., The Relationship of Orange Growers and Fruit Juice Industry: An Overview of Brazil - Journal for the Fruit Processing and Juice Producing European and Overseas Industry (Fruit Processing/Flussiges Obst), Schonborn, Alemanha, v.9, n.04, p.121-125, 1999.
  • SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR. SECEX. Diversos relatórios e site (www.mdic.gov.br/comext/secex
  • 1
    Trabalho nº 059/2001. Recebido: 28/03/2001. Aceito para publicação: 10/07/2001.
    2
    Professor Titular - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba - SP, e-mail:
    3
    Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista Estagiário do Depto. de Economia, Administração e Sociologia - ESALQ/USP, Piracicaba - SP, e-mail:
    4
    Professor Doutor - Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA) - Campus USP, Ribeirão Preto -SP, e-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Jun 2002
    • Data do Fascículo
      Ago 2001

    Histórico

    • Aceito
      10 Jul 2001
    • Recebido
      28 Mar 2001
    Sociedade Brasileira de Fruticultura Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n , 14884-900 Jaboticabal SP Brazil, Tel.: +55 16 3209-7188/3209-7609 - Jaboticabal - SP - Brazil
    E-mail: rbf@fcav.unesp.br