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Medidas de radiação solar ultravioleta em Belo Horizonte e saúde pública

Resumos

A radiação ultravioleta (RUV) é responsável por diversos efeitos à saúde humana. Efeitos como a síntese da vitamina D e o cãncer de pele. Por esta razão, a exposição à radiação solar é uma questão de saúde pública que vem sendo incrementada por descobertas recentes da ação da RUV no organismo humano. Apesar disso, ainda são poucas as ações preventivas à exposição excessiva ao Sol no Brasil. Neste artigo são apresentadas medidas de incidência de dose eritematosa num grande centro populacional da região sudeste, mostrando que adose eritematosa diária média mensal pode variar de 5806 ± 1168 J/m² (1 desvio padrão) a 2509 ± 346 J/m² do verão ao inverno esendo de 5 a 10 minutos o tempo típico de exposição ao Sol, ao meio-dia de um dia ensolarado, para que uma pessoa de pele clara adquira uma concentração adequada de vitamina D.

radiação ultravioleta; índice UV; vitamina D; saúde pública


The ultraviolet radiation (UVR) can benefit and harm human health with effects like vitamin D production and skin cancer incidence, respectively. Therefore, solar exposure has become a Public Health Care (PHC) affair Recent discoveries on the UVR vs. human health relationship have challenged the PHC. ln spite of that, Brazilian actions regarding such amatter are still in the beginning. ln this work, erythemal dose measurements are presented as typical values for one of the densest Brazilian metropolitan areas. Monthly average daily values are 5806 ± 1168 J/m² (1 standard deviation, summer) and 2509 ± 346 J/m² (winter), whereas the solar exposure time Caucasians need in order to get adequate vitamin D concentration is 5 and 10 min., respectively, at noon for sunny days.

ultraviolet radiation; UV-Index; vitamin D; public health care


Medidas de radiação solar ultravioleta em Belo Horizonte e saúde pública

Abel A. Silva

Rodovia dos Tamoios km 5,5, Putim, São José dos Campos, 12228-001 São Paulo, SP, Brasil. Tel. (12) 3947-5502; Fax (12) 3944-1177 - E-mail: abel@ieav.cta.br

RESUMO

A radiação ultravioleta (RUV) é responsável por diversos efeitos à saúde humana. Efeitos como a síntese da vitamina D e o cãncer de pele. Por esta razão, a exposição à radiação solar é uma questão de saúde pública que vem sendo incrementada por descobertas recentes da ação da RUV no organismo humano. Apesar disso, ainda são poucas as ações preventivas à exposição excessiva ao Sol no Brasil. Neste artigo são apresentadas medidas de incidência de dose eritematosa num grande centro populacional da região sudeste, mostrando que adose eritematosa diária média mensal pode variar de 5806 ± 1168 J/m2 (1 desvio padrão) a 2509 ± 346 J/m2 do verão ao inverno esendo de 5 a 10 minutos o tempo típico de exposição ao Sol, ao meio-dia de um dia ensolarado, para que uma pessoa de pele clara adquira uma concentração adequada de vitamina D.

Palavras-chave: radiação ultravioleta, índice UV, vitamina D, saúde pública.

ABSTRACT

The ultraviolet radiation (UVR) can benefit and harm human health with effects like vitamin D production and skin cancer incidence, respectively. Therefore, solar exposure has become a Public Health Care (PHC) affair Recent discoveries on the UVR vs. human health relationship have challenged the PHC. ln spite of that, Brazilian actions regarding such amatter are still in the beginning. ln this work, erythemal dose measurements are presented as typical values for one of the densest Brazilian metropolitan areas. Monthly average daily values are 5806 ± 1168 J/m2 (1 standard deviation, summer) and 2509 ± 346 J/m2 (winter), whereas the solar exposure time Caucasians need in order to get adequate vitamin D concentration is 5 and 10 min., respectively, at noon for sunny days.

Keywords: ultraviolet radiation, UV-Index, vitamin D, public health care.

INTRODUÇÃO

A radiação ultravioleta (RUV) presente na natureza terrestre desempenha um papel fundamental sobre a saúde humana, sendo a principal causa de malefícios como o cãncer de pele e benefícios como a produção de vitamina D.

A RUV foi descoberta por JW Ritter em 1801 e desde o século XIX é sabido que ela produz efeitos sobre a saúde humana (Koller, 1965) Hoje ela é uma questão de saúde pública que em muitos países vem sendo tratada através de ações permanentes de reeducação de hábitos para redução da exposição ao Sol (WHO, 2002). No Brasil a questão ainda é tratada timidamente, muito embora o cãncer de pele seja o tipo mais comum de cãncer no país. O problema não é simples porque está relacionado a uma mudança da maneira como as pessoas lidam com o Sol. Estudos recentes indicam que a população brasileira se expõe de forma excessiva à radiação solar e que há, em geral, um desconhecimento dos riscos dessa exposição (Benvenuto-Andrade et aI., 2005; Szklo et aI., 2007). Efeitos da ação antropogênica na atmosfera (McKenzie et aI., 2007), somados a avanços da década de 1990 no conhecimento sobre a ação da RUV no organismo humano, trouxeram novos desafios no ãmbito da saúde pública -cite, em especial, uma possível atuação da vitamina D na prevenção de diversas doenças, além da sua já bem conhecida promoção da saúde do tecido ósseo. Assim, mesmo os países que se encontram num estágio mais avançado nesse tema estão tendo que rediscuti-Io (Diffey, 2006; Gillie, 2006).

Com o objetivo de contribuir no âmbito do cuidado à saúde das populações brasileiras, este artigo apresenta medidas de incidência de dose eritematosa em um centro populacional na região sudeste, caracterizando um conjunto de valores típicos para a região e de referência para outros trabalhos.

METODOLOGIA

Revisão teórica

A RUV é uma onda eletromagnética não-ionizante composta de três faixas UVC de 100 a280 nm, UVB de 280 a 320 nm e UVA de 320 a 400 nm. Ela representa menos de 9% da energia do espectro eletromagnético solar A radiação solar é atenuada à medida que atravessa a atmosfera terrestre em direção ao solo. Cerca de 4% do que chega à superfície é RUV, composta aproximadamente de 96% de UVA e 4% de UVB. Em geral, o UVC não chega ao solo, sendo principalmente absorvido na estratosfera no processo de formação da camada de ozónio (Koller, 1965; INIRC, 1985)

Além de aumentar com a altitude a RUV varia também com fatores astronómicos e atmosféricos. Seu aumento com a elevação solar se manifesta na dependência da RUV com alatitude e a época do ano -a elevação solar é a distãncia angular do Sol até a linha do horizonte. A camada de ozónio (ozónio estratosférico) é o principal agente absorvedor de radiação UVB. A redução dessa camada, detectada a partir da década de 1980, trouxe o perigo do consequente aumento da incidência de RUV, principalmente para localidades em médias e altas latitudes (latitudes maiores que 30º) onde a redução foi maior (Malanca et aI., 2005). Estima-se que para cada 1 % de redução na camada de ozónio ocorra um pouco mais que 1 % de aumento na dose eritematosa (Madronich,1993). Estudos mostram que a redução na camada de ozónio da região equatorial até o extremo sul do Brasil foi de 0,38 ± 0,92% (20') a 1,73 ± 1,56% por década, respectivamente, até o ano 2000 (Silva, 2007). Com a adoção e manutenção das metas de tratados como o de Montreal para o banimento de substãncias que agridem a camada de ozónio, acredita-se que por volta de meados deste século acamada estará restaurada aos níveis de 1970 (McKenzie et aI., 2007). Por outro lado, cabe às nuvens o papel de principal agente atmosférico causador de variabilidade na incidência de RUV (Borkowski et al., 1977; McKenzie et al., 2007). Elas são mais transparentes à RUV do que à radiação visível (400 a780 nm) significando que sua presença, mesmo cobrindo 100% do céu, não à uma garantia de níveis inofensivos de radiação (Seckmeyer et aI., 1996). Os aerossóis e os gases traço emitidos por fontes naturais ou antropogênicas tém também uma importante atuação como atenuadores da RUV (Green et al., 1974; Silva, 2006). Por outro lado, o efeito albedo devido à reflexão da radiação na superfície do planeta pode aumentar de forma significativa a incidência de RUV nos corpos, principalmente em superfícies claras como a areia da praia ou espelhadas como os leitos d'água (Blumthaler &Ambach, 1988).

O Sol é a principal fonte de calor e RUV para a Terra. Contudo, o fato de o dia estar quente ou frio não significa que haja mais ou menos RUV; calor e RUV são coisas distintas. Apesar do importante papel desempenhando pelo Sol, algumas fontes artificiais podem produzir RUV com intensidade até maior que adele. Entre essas fontes podem ser citadas as lãmpadas de iluminação de alguns ambientes (oficinas, estádios, estúdios e ruas), os arcos de solda, as lãmpadas das cabines de bronzeamento artificial e alguns tipos de laser (Koller, 1965; WHO, 1982) Lãmpadas fluorescentes ou incandescentes de uso doméstico não oferecem perigo no que se refere à emissão de RUV. Vale mencionar que estudos recentes comprovam a relação entre o uso de cabines de bronzeamento e males como o cãncer e o envelhecimento precoce da pele (Gallagher et aI., 2005; IARC WG, 2006).

Há uma longa lista de efeitos biológicos, agudos ou crónicos, produzidos pela RUV em humanos (Godar, 2005). Os efeitos agudos surgem alguns minutos ou horas após uma exposição. Pode ser um benéfico como a produção de vitamina D, que resulta exclusivamente da exposição à radiação UVB, ou malefícios como eritema, bronzeado, imunossupressão, edema, danos à córnea, à retina e ao DNA resultantes da exposição excessiva à RUV. Os efeitos crônicos surgem em longo prazo na forma de doenças como o cãncer de pele, a imunossupressão, o envelhecimento precoce da pele, a catarata e a degeneração da mácula. Eles resultam do acúmulo de dose de RUV ao longo dos anos ern exposições que não necessariamente foram excessivas. Embora o UVB seja o principal causador desses malefícios, hoje se sabe que o UVA tern também uma importante contribuição.

De todos os efeitos produzidos pela exposição à RUV, o eriterna é o mais simples, imediato e evidente. O seu aparecimento depende do tipo de pele ede quanta radiação ela recebeu. Uma classificação baseada principalmente no tipo de pele mostra a capacidade de alguém desenvolver um eritema elou bronzeado apartir de uma exposição à RUV (ICNIRP, 2004) Assim, 6 fototipos são definidos (I) pele totalmente clara com sardas que sempre adquire um eritema (se queima) e nunca bronzeia, olhos e cabelos claros; (II) pele clara que queima facilmente e pode ficar suavemente bronzeada, cabelos claros; (III) pele morena clara, pode queimar, mas também bronzeia; (IV) pele morena escura, pode queimar, mas bronzeia facilmente; (V) pele negra, raramente queima, bronzeia facilmente e com profundidade; (VI) pele totalmente negra que nunca queima. Para quantificar o efeito de eriterna produzido pela RUV, foi desenvolvido o espectro de ação eriternatoso que fornece a resposta da pele tipo II, em termos de eriterna, à radiação de comprimentos de onda de 280 a 400 nm (McKinlay & Oiffey, 1987). A ponderação da quantidade de radiação incidente pelo espectro de ação eriternatoso fornece a dose eritematosa (DE) é claro que tipos diferentes de pele precisam de valores diferentes de DE para produzir um eriterna. O conceito de DE permitiu acriação de outras três importantes grandezas (Kullavanijaya & Lim, 2005) o fator de proteção UV (FPU) referente à redução da DE por um tecido sobre a pele; o fator de proteção solar (FPS) referente à redução da DE devido a algum agente químico aplicado sobre apele como uma loção protetora solar; e o índice UV (IUV) que é a razão entre ataxa de dose eriternatosa (TOE) e 0,025 W1m 2 arredondada para o número inteiro mais próximo. Embora o IUV seja uma escala sem limite superior, valores acima de 10 são representados pelo símbolo 11+ (WHO, 2002; Schmalwieser et al., 2007).

A exposição à RUV é a principal causa de cãncer de pele. Esse malefício é em geral o mais temido dentre os efeitos da RUV e pode ser dividido em duas categorias Não-Melanoma (NM) e Melanoma (M) Segundo previsões do Instituto Nacional de Cãncer (INCA, 2007), o cãncer NM deve representar pelo menos 25% dos casos novos de cãncer no Brasil ern 2008. Contudo, essa neoplasia possui alto índice de cura completa quando diagnosticada e tratada de forma adequada. Os tipos mais comuns de cãncer NM são ocarcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma epidermóide (CEP). Ambos são mais comuns ern pessoas de pele clara, ocorrendo com maior freqüência em regiões do corpo rotineiramente expostas ao Sol como face, braços, mãos, pescoço e áreas adjacentes (Christenson et aI., 2005). A exposição crônica ao UVB é a principal causa do CEP via alteração do gene p53, enquanto o CBC depende parcialmente desse mesmo mecanismo (Sinha & Hãder, 2002; Kullavanijaya & Lim, 2005; Benjamin et al., 2008). O cãncer tipo M deve representar cerca de 1,3% dos casos novos de cãncer em 2008. Com uma letalidade mais elevada que o NM, ele pode surgir ern regiões do corpo que nunca foram expostas à luz solar, tendo uma relação mais complexa com a RUV. O que se sabe até agora éque o M é causado pela oxidação da melanina (o pigmento do bronzeado) a partir da incidência de UVB e UVA, em exposições intensas que podern resultar em queimadura de pele, principalmente se ocorridas na infãncia, e também do histórico familiar (Moan et aI., 1999; Godar, 2005; Moon et aI., 2005).

Até recentemente a vitamina D tinha seu papel de agente benéfico definido pela promoção da saúde do tecido ósseo, evitando o raquitismo na infãncia e a osteoporose na idade adulta (Tangpricha et aI., 2004). Contudo, estudos epidemiológicos desencadearam uma torrente de novas investigações e debates em torno da possibilidade dessa vitamina atuar como um preventivo contra alguns tipos de cãncer, esclerose múltipla, artrite, hipertensão, resistência à insulina e doenças periodontais (Berwick & Kester, 2005; Moon et al., 2005; Ponsonby et aI., 2005; Young & Walker, 2005). Além disso, pacientes com cãncer tipo M que tiveram mais exposição ao Sol apresentam maior resistência à doença, oque se suspeita seja também um efeito de uma maior concentração de vitamina D no organismo. Ainda não há um estudo sistêmico que explique essas observações e comprove a eficácia da vitamina D(Ingraham et aI., 2008). Contudo, isso sugere um tempo ideal de exposição à RUV que garanta os benefícios de uma concentração adequada de vitamina D no organismo eminimize os diversos malefícios provenientes da exposição crónica (Moon et aI., 2005) é claro que esse tempo ideal é função da incidência local de RUV. A vitamina D é produzida apartir das pré-vitaminas 03 e 02 (Kullavanijaya & Lim, 2005; Ingraham et al., 2008). A produção da primeira é induzida pela incidência de radiação UVB na pele e representa a principal fonte de vitamina D para o organismo. Ela pode ser obtida ainda pelo consumo de peixes oleosos contendo o ácido graxo ômega- 3. A pré-vitamina D2 é produzida em vegetais a partir também da incidência de RUV esó pode ser obtida por ingestão. Então, como o UVB é a principal fonte de vitamina D, a produção da mesma no corpo humano passa a depender dos mesmos fatores geográficos, astronômicos e atmosféricos que modulam a incidência dessa radiação. Assim, por exemplo, em latitudes superiores a 50º não há produção de vitamina D no organismo durante o inverno (Engelsen et aI., 2005).

Com o intuito de proteger as populações humanas da RUV, criou-se o conceito de fotoproteção. Esse conceito representa o conjunto de procedimentos e aspectos relacionados com a racionalização da exposição à RUV para redução de seus efeitos nocivos (Kullavanijaya & Lim, 2005). A atuação de agentes ambientais, biológicos eartificiais presentes no dia-a-dia compõe a fotoproteção.

Há agentes no meio ambiente que atenuam a incidência de RUV Oozônio, por exemplo, absorve fortemente o UVB. Já as nuvens espalham aRUV, muito embora haja situações em que a radiação que chega ao solo é amplificada por reflexão nas laterais de nuvens com grande desenvolvimento vertical (Sabburg & Parisi, 2006). Mesmo agentes poluidores como os aerossóis e os gases traço servem para atenuar aincidência de RUV. A sombra produzida pela copa das árvores associada à das edificações formam um importante fator de fotoproteção. Assim, sempre que possível deve-se procurar estar à sombra (Gies et aI., 2007). Já a água de piscinas, cachoeiras, rios e mares, ao contrário do que muitos pensam, apenas atenua uma pequena parte da RUV, não proporcionando uma proteção segura para o banhista (Tedetti et aI., 2007).

Embora alguns segmentos da sociedade vejam o bronzeado como um símbolo de beleza e, equivocadamente, de estilo de vida saudável, ele é antes de tudo uma reação do organismo tentando se proteger de uma exposição excessiva à RUV. Ele é produzido por um pigmento encontrado na pele chamado melanina cuja síntese é induzida pela RUV (Nielsen et aI., 2006). Na verdade, a cor da pele é definida pela quantidade de melanina presente nela. A melanina atenua amplamente a RUV, refletindo a ou transformado-a em calor. Por outro lado, a melanina oxidada pela radiação produz radicais livres que podem desenvolver tumores como o M, envelhecimento precoce da pele e imunossupressão. O organismo pode produzir algumas substãncias de ação antioxidante para combater esses radicais, mas em situações de exposição excessiva ele pode não ser capaz de produzilas em quantidade suficiente. Contudo, é possível aumentar a concentração dessas substãncias no organismo através da ingestão de alimentos de origem vegetal e animal (Moan et al., 1999; Kullavanijaya & Lim, 2005; Ingraham et aI., 2008). Como conseqüência de uma menor concentração de melanina na pele, pessoas de cor clara têm maior facilidade de sintetizar vitamina D do que pessoas de cor negra (Berwick & Kester, 2005; Young & Walker,2005).

Há vários agentes artificiais que atuam como fotoprotetores. Roupas com capacidade apropriada de reter a RUV (FPU > 15) e que cubram partes tipicamente expostas como pescoço, braços e pernas. Chapéus com abas largas e amplas promovem a melhor proteção em relação aos demais modelos. O boné com aba frontal oferece a menor proteção, mas, infelizmente, é o mais usado em função da estética ditada pela moda, principalmente entre os jovens (Gies et aI., 2006). Óculos com lentes escuras amplas e de boa qualidade, que impeçam o acesso da RUV ao olho em todas as direções, são essenciais na proteção dos olhos. Uma preocupação comum entre as pessoas é se o vidro das janelas blinda a RUV (Tuchinda et aI., 2006). Em geral, o UVB é completamente retido pelo vidro das janelas de edificações e veículos. O pára-brisa dos veículos blinda cerca de 97% da RUV, enquanto os vidros laterais e traseiro blindam mais de 50% do UVA acima de 340 nm. A capacidade de blindar o UVA dos vidros de janelas das edificações depende do tipo e espessura do vidro que, em geral, blinda pelo menos 25% dessa radiação.

O uso de loções para pele com filtro solar (o protetor solar) nas partes expostas do corpo é amplamente divulgado como uma eficiente medida de fotoproteção. O FPS associado a essas loções mostra a redução da DE mediante ouso das mesmas. Assim, por exemplo, para um FPS igual a 8 a absorção de RUV pela pele cai para 12,5% (absorção UV = 100%/FPS) Contudo, a eficiência desses produtos é função direta da correta aplicação dos mesmos, o que quer dizer que eles devem ser aplicados alguns minutos antes da exposição e reaplicados periodicamente acada 2 ou 3 horas de exposição na quantidade certa. A quantidade certa é 2mg do produto para cada 1cm 2 de pele (Kullavanijaya & Lim, 2005; Lautenschlager et aI., 2007). Há alguns aspectos importantes sobre o protetor solar que devem enfatizados. O seu uso não deve ser visto como uma maneira de aumentar o tempo de exposição ao Sol, já que o objetivo é diminuir as exposições, além do fato de ele não absorver 100% da RUV incidente na pele. Por outro lado, o protetor solar reduz em até 95% aprodução de vitamina D uma vez que ele absorve de forma eficiente aradiação UVB (Tangpricha et aI., 2004).

A investigação atmosférica através de satélites tem criado um amplo e diversificado banco de dados de parãmetros atmosféricos importantes para a determinação da incidência de RUV, dando apoio adiversas áreas como a da Saúde Pública. Dentre os experimentos com satélites destaca-se o Ozone Monitoring Instrument

(OMI) voando a bordo do satélite Aura (Schoeberl et aI., 2004). Nesse experimento, valores de coluna de ozônio (ozônio total) ede refletãncia, por exemplo, são obtidos das medidas de RUV solar retro-espalhada pela Terra -a refletãncia é o percentual de radiação de 360 nm refletida para o espaço pela superfície terrestre (solo eleitos d'água) e atmosfera (nuvens, vapor d'água eaerossóis) (Herman et al., 2001), sendo a cobertura de nuvens o principal aspecto atmosférico evidenciado pela refletãncia, tal que de um céu sem nuvens a totalmente encoberto esse parãmetro varia proporcionalmente de 8% a 80%.

Medidas em laboratório

O Laboratório de Luz Ultravioleta (LLUV, www.dfq.pucminas.br/PUV/index.html) realiza um trabalho de investigação da incidência de RUV solar e de sua relação com parãmetros atmosféricos como ozônio, nuvens e aerossóis. Através de um Biômetro Solar Light (SL, Solar Light CO., Inc., Glenside, PA) instalado em Belo Horizonte (19,92ºS, 43,94º0, 858 m, 331 km 2) no campus da Pontifícia Universidade de Minas Gerais (PUC Minas), a RUV solar ponderada pelo espectro de ação eritematoso (a dose eritematosa) vem sendo medida desde novembro de 2005 (Silva & Gabrich, 2007). Segundo Hülsen & Grobner (2007), a incerteza nas medidas de um Biômetro bem mantido varia de 3,9% a 5,6% (1 a). O Biômetro do LLUV é calibrado acada 12 meses de uso e mantido de acordo com as recomendações do fabricante. O valor médio mensal de dose eritematosa diária (DED) para cada mês é calculado a partir das DED do mês, representando, assim, adose típica ao dia. Também é registrado diariamente o valor da TDE máxima (TDEmáx) e para cada mês toma-se da mesma forma o valor médio mensal dessa taxa. Os valores correspondentes aos meses de novembro de 2005 a agosto de 2006 mais setembro e outubro de 2007 são apresentados neste trabalho. No período de setembro de 2006 a agosto de 2007 o Biômetro foi enviado ao fabricante para calibração e depois aguardou a reforma das instalações do LLUV para voltar à torre de medição em setembro de 2007.

A região metropolitana de Belo Horizonte é a terceira maior do país com cerca de 4.600.000 habitantes (IBGE, 2007) Sua economia évoltada para aatividade comercial eindustrial. Podese dizer que os hábitos diários e a percepção de sua população em relação à exposição ao Sol e seus efeitos são uma amostra do que acontece geralmente nos demais grandes centros do país, salvo alguma diferença regional (Szklo et al., 2007).

RESULTADOS

A Tabela 1 mostra os valores médios mensais típicos de DED ede TDEmáx para Belo Horizonte, além dos valores de IUV correspondentes a essa taxa. O valor médio mensal de DED variou de um máximo de 5806 ± 1168 J/m2 em janeiro aum mínimo de 2509 ± 346 J/m 2 em junho.

Esses dois valores refletem a principal fonte de variabilidade na incidência de RUV que é a variação da elevação solar máxima diária ao longo dos meses. Além disso, a DE depende fortemente também do montante de ozônio na atmosfera. A Figura 1 mostra os valores médios mensais de elevação solar ao meio-dia e de coluna de ozônio (http://avdc.gsfc.nasa.gov/index.php?site=1593048672&id=28) em Belo Horizonte, evidenciando, qualitativamente, a influência de ambos nos valores médios mensais de DED da Tabela 1. Comparando, por exemplo, os valores correspondentes aos meses de setembro e outubro de 2007, se vê que a menor elevação solar no primeiro mês fez com que o valor médio mensal de DED fosse menor que odo segundo mês, já que os montantes médios mensais de coluna de ozônio foram práticamente idênticos.


A incerteza nos valores médios de DED para cada mês reflete a ação das nuvens, que são a segunda mais importante fonte de variabilidade na incidência de RUV, refletindo o aspecto meteorológico e climático da região. Mais precisamente, os maiores valores de incerteza ocorrem nos meses da estação das chuvas que vai de novembro a março, enquanto que os menores valores ocorrem nos meses de seca, de maio a setembro, quando a ocorrência de nuvens é menor. Uma análise quantitativa da relação entre OED, elevação solar e parãmetros atmosféricos obtidos por satélite, como a coluna de ozônio e a refletãncia, pode ser vista em Silva & Gabrich (2007).

Os valores médios mensais de TDEmáx eseus correspondentes IUVmáx mostram uma predominãncia da faixa de IUV extrema em 7 meses do ano, muito alta em 3, e alta nos 2 meses restantes. Contudo, é bom lembrar que os valores da Tabela 1 são médias mensais. A TDEmáx tem uma forte dependência com o efeito produzido pelas nuvens, especialmente o de amplificação. Assim, valores amplificados da ordem de 0,478 W/m2 têm sido registrados, contrastando com valores máximos para um céu sem nuvens que variam de cerca de 0,350 W/m2 no verão a 0,175 W/m2 no inverno. Os valores máximos de OED podem atingir afaixa de 7500 J/m2 no verão e 3000 J/m2 no inverno, enquanto que omontante total de DE nos 12 meses apresentados éde 1482785 J/m2. Esse valor é similar aos 1499000 J/m2 encontrados por Roy et al. (1995) em 1991 para Alice Springs (23,70º, 133,87ºL, 608 m, Austrália) cuja latitude, altitude e montantes de ozônio são similares aos de Belo Horizonte.

A faixa baixa de IUV -valores de IUV até 2 que não requerem nenhum cuidado, pelo menos em termos de eritema, numa exposição ao Sol - ocorre todos os dias durante algumas horas após o Sol nascer e antes dele se pôr, além daqueles momentos em que uma grande cobertura de nuvens densas encobre o céu. Em Belo Horizonte a quantidade média de horas diurnas correspondendo à faixa baixa éde 5,3 ± 1,0 hr/dia (1 a). Embora esse valor represente diariamente um período de exposição segura, do ponto de vista de síntese da vitamina D ele é completamente inadequado, uma vez que nele a incidência de radiação UVB é mínima. Na verdade, a exposição ao Sol com o objetivo de obter boas concentrações de vitamina D deve ocorrer entre as 9 e as 16 horas (horário padrão). Isto parece contraditório, uma vez que esse é o horário mais perigoso em termos dos malefícios da radiação solar Uv. Contudo, é justamente nele que se tem uma produção adequada da vitamina e, para ser mais preciso, alguns estudos já mostraram que é ao meio-dia, num cenário de céu sem nuvens, que se tem amaior produção de vitamina D no menor intervalo de tempo, resultando numa DE menor (Sayre & Oowdy, 2007). Para obter quantidades adequadas de vitamina D (~75 nmol/I) (Ingraham et al., 2008) é necessário pouco tempo de exposição diária ao Sol, mesmo para pessoas de pele mais escura (Lehmann, 2005; Wolpowitz & Gilchrest, 2006; Kimlin et aI., 2007). Uma pessoa com pele tipo II necessita de 2 ou 3 exposições por semana recebendo cerca de até 105 J/m2 de DE por vez para se manter na concentração adequada. E para isso basta expor apenas cerca de 18% do corpo, ou seja, face, braços e mãos. Em Belo Horizonte, ao meio-dia de um dia de verão sem nuvens, a TDEmáx está em torno de 0,350 W/m2, enquanto que no inverno esse valor é de cerca de 0,175 W/m2. Então, o tempo de exposição necessário seria de 5 e 10 minutos, respectivamente. Pessoas de pele mais escura (tipo IV) precisam de aproximadamente o dobro desse tempo (Berwick & Kester, 2005). Para outros horários o tempo seria tanto maior quanto menor fosse a incidência de UVB. Contudo, esses valores indicam que para localidades brasileiras, em geral, é possível ter uma exposição saudável ao Sol sem maiores problemas. Isso poderia acontecer durante alguma atividade diária corriqueira onde, obviamente, as exposições ocorreriam sem a aplicação de filtro solar.

CONCLUSÕES

Neste artigo foram apresentados valores típicos de DED eTDEmáx em Belo Horizonte para os meses do ano. Esses valores têm uma forte dependência com a climatologia local. Portanto, as suas médias mensais variam de um ano ao outro conforme variam os valores médios climatológicos afins, ou seja, cobertura de nuvens, coluna de ozônio e aerossóis em ordem decrescente de capacidade de provocar variabilidade na incidência de RUV. Além das diferenças geográficas e climatológicas, deve-se levar em conta, quando da extrapolação desses valores para outras localidades, o fato de que Belo Horizonte apresenta um montante considerável de fontes de poluentes atmosféricos.

Tipicamente o brasileiro se expõe muito ao Sol e recebe uma DE elevada. Isso se deve também às baixas latitudes e que o país se encontra: há uma ampla oferta de RUV solar no Brasil. Os valores médios mensais de DED em Belo Horizonte no período amostrado variaram de um màximo de 5806 ± 1168 J/m 2 em janeiro de 2006 a um mínimo de 2509 ± 346 J/m 2 em junho do mesmo ano. As TDEmáx médias mensais apresentaram, predominantemente, valores correspondentes à faixa extrecna do IUV, o que significa que a exposição direta ao Sol deve ser evitada na maior parte dos meses do ano nos horários de maior incidência. Por outro lado, é graças a esses mesmos valores elevados de IUV que épossível se ter tempos curtos de exposição ao Sol para fins de síntese de vitamina D: para uma pessoa de pele tipo II o tempo típico éde 5 e 10 minutos no verão e inverno, respectivamente, ao meio-dia de um dia de céu sem nuvens.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG, projeto CRA 25/2003), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, projeto nº 471159/2004-2) Dedicado à memória de Rosa Mercez Silva.

Recebido em 5 março, 2008 / Aceito em 25 novembro, 2008

Received on March 5, 2008 / Accepted on November 25, 2008

NOTA SOBRE O AUTOR

Abel Antônio da Silva. Referenciado como SILVA M. Bacharel em Física pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1987, mestre em Ciências e Técnicas Nucleares pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1001 e doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 2001 Atualmente é pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) eprofessor adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PU C Minas) onde coordena o Laboratório de Luz Ultravioleta (LLUV, www.dfq.pucminas.br/PUV/index.hlml). Atua nas áreas de Geofísica Espacial e Nuclear nos seguintes temas: instrumentação para medidas de radiação; radiações ionizantes e não-ionizantes, radiação atmosférica (radônio e seus descendentes, radiação solar ultravioleta); parãmetros geofísicos atmosféricos (ozônio, nuvens eaerossóis).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Maio 2009
  • Data do Fascículo
    Dez 2008

Histórico

  • Aceito
    25 Nov 2008
  • Recebido
    05 Mar 2008
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