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Perda de função mastigatória e risco de fragilidade em idosos vivendo em domicílios familiares no Estado de São Paulo

Resumo

Objetivo

Verificar se a perda de função mastigatória aumenta o risco de fragilidade em idosos vivendo em domicílios familiares no Estado de São Paulo.

Métodos

Foi adotado um delineamento de coorte prospectivo sobre a base de dados do estudo FIBRA (Fragilidade em Idosos Brasileiros), com linha de base realizada em 2008-2009 e seguimento em 2016-2018, transcorrendo em média 100,2 ± 9,2 meses. A variável desfecho foi a incidência de fragilidade, a variável de exposição foi a função mastigatória conforme a condição de edentulismo e autorrelato de dificuldade mastigatória. As variáveis de ajuste foram condições sociodemográficas, comportamentais e de saúde geral. Foi utilizado um modelo de regressão de Poisson, com variância robusta, estimando o risco relativo

Resultados

a incidência acumulada de fragilidade aos oito anos em média foi de 30 casos a cada 100 participantes edêntulos com dificuldade mastigatória, que apresentaram maior risco de desenvolver fragilidade (RR:1,75 IC 95% 1,09-2,81) do que os idosos dentados sem dificuldade mastigatória, independentemente de tabagismo (RR: 1,71 IC 95% 1,07-2,73) e de condição socioeconômica (RR: 1,72 IC 95% 1,13-2,62).

Conclusão

A perda de função mastigatória aumentou o risco de fragilidade em idosos.Futuras pesquisas deverão estudar se a reabilitação da função mastigatória contribui para diminuir esse risco.

Palavras-Chave:
Saúde bucal; Idoso fragilizado; Estudos longitudinais

Abstract

Objective

To verify if the loss of masticatory function increases the risk of frailty in community-dwelling older people in the state of São Paulo.

Methods

A prospective cohort design was adopted based on the FIBRA study database (Fragility in Brazilian Elderly), with a baseline performed in 2008-2009 and follow-up in 2016-2018, elapsed on average 100.2 ± 9.2 months. The outcome variable was the incidence of frailty. The exposure variable was masticatory function according to edentulism and self-reported chewing difficulty. Adjustment variables were sociodemographic, behavioral, and general health conditions. A Poisson regression model with robust variance was used to estimate the relative risk.

Results

the cumulative incidence of frailty over eight years was 30 cases per 100 edentulous participants with chewing difficulties, who had a higher risk of developing frailty (RR: 1.75 95% CI 1.09-2.81) than the dentate elderly without chewing difficulties, regardless of smoking (RR: 1.71 95% CI 1.07-2.73) and socioeconomic status (RR: 1.72 95% CI 1.13-2.62)

Conclusion

Loss of masticatory function increases the risk of frailty in older people. Future research should study whether the rehabilitation of oral function reduces this risk.

Keywords
Oral health; Frail elderly; Longitudinal studies

INTRODUÇÃO

A fragilidade é reconhecida como um dos principais problemas de saúde associados ao envelhecimento11 Buckinx F, Rolland Y, Reginster JY, Ricour C, Petermans J, Bruyère O. Burden of frailty in the elderly population: perspectives for a public health challenge. Arch Public Health. 2015;73(1):19. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s13690-015-0068-x.
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2 Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013;381(9868):752-62. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(12)62167-9.
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-33 Ritt M, Gaßmann KG, Sieber CC. Significance of frailty for predicting adverse clinical outcomes in different patient groups with specific medical conditions. Z Gerontol Geriatr. 2016;49(7):567-72. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00391-016-1128-8.
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. Define-se como uma síndrome geriátrica que se desenvolve como consequência do declínio progressivo dos múltiplos sistemas fisiológicos, comprometendo a capacidade do indivíduo para resistir a estressores, e tornando-o vulnerável a desfechos adversos como hospitalização, dependência, incapacidade e morte44 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-56. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/56.3.m146.
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. Sua progressão considera três possibilidades: indivíduos robustos ou não frágeis, indivíduos pré-frágeis (ou em alto risco de desenvolver fragilidade), e frágeis44 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-56. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/56.3.m146.
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. A fragilidade pode ser revertida e, para tanto, são necessários esforços de detecção precoce e tratamento de suas manifestações, para que a robustez seja restabelecida55 Ng TP, Feng L, Nyunt MS, Feng L, Niti M, Tan BY, et al. Nutritional, Physical, Cognitive, and Combination Interventions and Frailty Reversal Among Older Adults: A Randomized Controlled Trial. Am J Med. 2015;128(11):1225-36.e1. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.amjmed.2015.06.017.
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.

Problemas de saúde bucal têm sido relacionados com a fragilidade66 Andrade FB de, Lebrão ML, Santos JL, Duarte YA. Relationship between oral health and frailty in community-dwelling elderly individuals in Brazil. J Am Geriatr Soc. 2013;61(5):809-14. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jgs.12221.
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. Um mecanismo possível é pela associação entre condição bucal deficiente e incapacidade, fraqueza muscular, menor ingestão de nutrientes e perda de peso, sendo tais fatores vinculados com a patogênese da fragilidade66 Andrade FB de, Lebrão ML, Santos JL, Duarte YA. Relationship between oral health and frailty in community-dwelling elderly individuals in Brazil. J Am Geriatr Soc. 2013;61(5):809-14. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jgs.12221.
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. Pesquisas transversais têm mostrado uma associação entre a fragilidade e o número de dentes, necessidade de prótese dentária, autoavaliação negativa da saúde bucal e baixa utilização de serviços odontológicos77 Castrejon-Perez RC, Borges-Yanez SA. Frailty from an Oral Health Point of View. J Frailty Aging. 2014;3(3):180-6. Disponível em: https://doi.org/10.14283/jfa.2014.21.
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, 88 Torres LH, Tellez M, Hilgert JB, Hugo FN, de Sousa MD, Ismail AI. Frailty, Frailty Components, and Oral Health: A Systematic Review. J Am Geriatr Soc. 2015;63(12):2555-62. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jgs.13826.
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. Uma revisão sistemática de pesquisas longitudinais com três a cinco anos de seguimento mostrou que uma condição bucal precária é forte preditora de fragilidade99 Tanaka T, Takahashi K, Hirano H, Kikutani T, Watanabe Y, Ohara Y, et al. Oral Frailty as a Risk Factor for Physical Frailty and Mortality in Community-Dwelling Elderly. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2017;73(12):1661-1667. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/glx225.
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, 1010 Hakeem FF, Bernabe E, Sabbah W. Association between oral health and frailty: A systematic review of longitudinal studies. Gerodontology. 2019;36(3):205-15. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ger.12406.
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. Em contrapartida, a manutenção de um maior número de dentes1111 Castrejón-Pérez RC, Jiménez-Corona A, Bernabé E, Villa-Romero AR, Arrivé E, Dartigues JF, et al. Oral Disease and 3-Year Incidence of Frailty in Mexican Older Adults. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2017;72(7):951-7. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/glw201.
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, e a presença de uma dentição funcional1212 Iwasaki M, Yoshihara A, Sato M, Minagawa K, Shimada M, Nishimuta M, et al. Dentition status and frailty in community-dwelling older adults: A 5-year prospective cohort study. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(2):256-62. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ggi.13170.
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, relacionam-se com menor risco de desenvolver fragilidade.

Embora não obrigatórias no envelhecimento, a deterioração da saúde bucal e a fragilidade são condições crônicas, progressivas e acumulativas, que se refletem em morbidades, incapacidade, dor, desconforto e prejuízos à vida social e à qualidade de vida de modo geral1010 Hakeem FF, Bernabe E, Sabbah W. Association between oral health and frailty: A systematic review of longitudinal studies. Gerodontology. 2019;36(3):205-15. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ger.12406.
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. Assim sendo, é importante que os serviços de atenção primária adotem medidas precoces e repetidas de diagnóstico e tratamento, ao longo dos anos da vida adulta e da velhice e principalmente na velhice avançada.

Se a deterioração da saúde bucal pode ser um marcador do início da fragilidade, e quase 50% dos idosos que vivem em domicílios familiares estão em risco de desenvolver fragilidade1313 Rohrmann S. Epidemiology of Frailty in Older People. Adv Exp Med Biol. 2020;21-7. Disponível em: https://doi.org/10.1007/978-3-030-33330-0_3.
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, então é importante estudar esta relação, pois a avaliação da saude bucal poderia ser usada na identificação oportuna das pessoas em risco. Adicionalmente, tanto a prevalência de fragilidade quanto a prevalência de problemas de saúde bucal, são mais altas em países de média e baixa renda1313 Rohrmann S. Epidemiology of Frailty in Older People. Adv Exp Med Biol. 2020;21-7. Disponível em: https://doi.org/10.1007/978-3-030-33330-0_3.
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,1414 Peres MA, Macpherson LMD, Weyant RJ, Daly B, Venturelli R, Mathur MR, et al. Oral diseases: a global public health challenge. Lancet. 2019;394(10194):249-60. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(19)31146-8.
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, tal como acontece no Brasil. Dessa forma, o objetivo deste estudo é verificar se a perda de função mastigatória aumenta o risco de fragilidade, em idosos vivendo em domicílios familiares no Estado de São Paulo.

MÉTODOS

Realizou-se um estudo de coorte prospectivo utilizando dados do Estudo Fragilidade em Idosos Brasileiros (FIBRA), com inquérito de base populacional ocorrido entre 2008 e 2009, cujo objetivo foi investigar associações entre a síndrome de fragilidade e variáveis sociodemográficas, de saúde, funcionalidade e psicossociais1515 Neri AL, Yassuda MS, Araújo LFd, Eulálio MdC, Cabral BE, Siqueira MECd, et al. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad. Saúde Pública. 2013;29:778-92. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2013000400015
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. Embora o estudo FIBRA apresente um desenho transversal e tenha sido realizado em sete cidades brasileiras, com diferentes Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), a presente pesquisa envolveu 1284 idosos com 65 anos ou mais, dos quais 900 residiram em Campinas e 384 em Ermelino Matarazzo, subdistrito da cidade de São Paulo, Brasil. Estas foram as únicas cidades nas quais adicionalmente coletaram-se dados basais sobre a condição bucal dos idosos, e nas quais realizou-se um seguimento completo de todas as variáveis entre 2016 e 2018.

Para este estudo foi constituída uma amostra não probabilística consecutiva, sendo que na linha de base foi feita uma amostragem aleatória simples de setores censitários urbanos, conforme a razão entre o número de idosos pretendidos e o número de setores censitários urbanos. Como resultado, 90 setores censitários foram percorridos pelos recrutadores em Campinas, e 62 em Ermelino Matarazzo. Foram estimadas cotas de homens e mulheres, respeitando a proporcionalidade da distribuição na população idosa em intervalos de idade: 65-69, 70-74, 75-79 e 80 anos e mais. O tamanho mínimo da amostra foi estimado em 601 idosos para Campinas que contava com mais de 1 milhão de habitantes, considerando um erro amostral de 4%. Entretanto para Ermelino Matarazzo, com menos de 1 milhão de habitantes, a estimativa foi de 384 idosos, considerando um erro amostral de 5%.

No recrutamento, estabeleceu-se uma sequência demarcada num mapa que foi usado por duplas de entrevistadores treinados para percorrer as ruas. Os entrevistadores visitaram todos os domicílios, onde investigavam se neles havia idosos que cumpriam com os critérios de seleção. Como critérios de inclusão os idosos deviam concordar em participar da pesquisa, compreender as instruções, ter 65 anos ou mais, e ser residente permanente no domicílio e no setor censitário. Foram excluidos os idosos que apresentaram problemas sugestivos de deficit cognitivo ou doença de Parkinson avançada; deficit auditivo ou visual grave; sequelados de acidente vascular encefálico (AVE); incapacidade permanente ou temporária para andar, exceto com uso de dispositivo de auxílio à marcha; e os que estavam em estágio terminal.

Em 2016-2018, havendo transcorrido em média 100,2 ± 9,2 meses, realizaram-se as medidas de seguimento dos participantes, que foram visitados nos seus domicílios e convidados a participar novamente, e quando aceitavam foram entrevistados por duplas de pesquisadores medindo as mesmas variáveis através dos mesmos instrumentos. Como estratégia para diminuir as perdas, quando o idoso apresentou perda cognitiva verificada pelo Mini Exame de Estado Mental (MEEM), já validado no Brasil1616 Brucki S, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PH, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2003;61:777-81. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014.
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, um familiar ou um informante confiável foi convidado a responder o questionário de autorrelato no lugar dele.

Para esta pesquisa foram excluídos os idosos que já eram frágeis na linha de base, e os que não participaram do seguimento, tanto por morte quanto pela impossibilidade de localizá-los novamente, quanto por recusa, exclusão, abandono, desistência da equipe por risco observado no entorno do domicílio, ou por não terem dados completos para as variáveis de interesse.

A variavel dependente foi a incidência de fragilidade. Avaliou-se com base no modelo fenotípico de Fried44 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-56. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/56.3.m146.
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derivado de dados de dois estudos populacionais, o Cardiovascular Health Study e o Women and Health Study, segundo os quais a fragilidade provoca aumento do risco para morbidade, incapacidades, quedas, hospitalização, institucionalização e morte em 2 a 3 anos44 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-56. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/56.3.m146.
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. Seus indicadores são os seguintes: (1) perda de peso não intencional de ≥4,5 kg ou 5% do peso corporal no último ano, (2) baixo nível de atividade física (conforme o gasto calórico medido pelo questionário Minessota Leisure Time Activity1717 Lustosa LP, Pereira DS, Dias RC, Britto RR, Parentoni AN, Pereira LSM. Tradução e adaptação transcultural do Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire em idosos. Geriatria & Gerontologia. 2011;5(2):57-65., com os valores ajustados por sexo, (3) fadiga (relato de “esforço para dar conta das tarefas habituais”e/ou de “não conseguir levar adiante as coisas”), (4) baixa força de preensão manual medida em Kgf, por dinamômetro estilo Jamar, em três tentativas consecutivas, com ajuste por sexo e Índice de Massa Corporal (IMC), e (5) lentidão da marcha indicada pelo tempo despendido para percorrer 3 vezes consecutivas, em passo usual, uma distância de 4,6 m, com ajustes por sexo e altura. Foram pontuados como fragilidade os escores inferiores ao percentil 20 da amostra em força de preensão manual e atividade física e superiores ao percentil 80 em velocidade da marcha em velocidade da marcha. Detalhes sobre os pontos de corte utilizados para cada critério foram publicados previamente1818 Silva SL, Neri AL, Ferrioli E, Lourenço RA, Dias RC. Phenotype of frailty: the influence of each item in determining frailty in community-dwelling elderly - The Fibra Study. Cien Saude Colet. 2016;21(11):3483-92. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-812320152111.23292015.
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. As notas de corte para inatividade física foram: gasto < 383kcal por semana para homens e gasto < 270kcal por semana para mulheres; para força de preensão manual: homens foram considerados frágeis com força < 29 kgf (IMC < 24), < 30 kgf (IMC 24.1 – 28) e < 32 kgf (IMC > 28), e mulheres foram consideradas frágeis com força < 17 kgf (IMC < 23), < 17.3 kgf (IMC 23.1 – 26), < 18 kgf (IMC 26.1 – 29) e < 21 kgf (IMC >29); e para velocidade da marcha: homens foram consideradas frágeis quando demoraram mais que 7 segundos (< 173cm) ou 6 segundos (< 173cm) e mulheres, foram consideradas frágeis quando demoraram mais que 7 segundos (< 159cm) ou 6 segundos (>160cm). A pontuação para três ou mais critérios classificou os idosos como “frágeis”, de um ou dois como “pré-frágeis”, e de nenhum, a ausência dos cinco critérios como “robustos”. Foi considerada como incidência individual de fragilidade aos oito anos em média, a passagem da condição de robusto para frágil ou de pré-frágil para frágil, da linha de base para o seguimento. Os idosos frágeis na linha de base foram eliminados da amostra (n= 20).

A exposição de interesse foi a condição bucal. Avaliou-se por autorrelato sobre o estado de edentulismo (definido pela ausência total de dentes) e queixa de dificuldade mastigatória autopercebida. Com esses dados foi criada a variável “função mastigatória”, categorizada em quatro níveis: dentado sem dificuldade mastigatória, dentado com dificuldade mastigatória, edêntulo sem dificuldade mastigatória e edêntulo com dificuldade mastigatória. Adicionalmente, perguntou-se sobre autopercepção de saúde bucal, dicotomizada em positiva (ótima/boa) e negativa (regular/ruim).

A partir dos dados coletados da linha de base, investigaram-se informações sociodemográficas: idade, sexo, anos de escolaridade, estado civil, renda familiar, arranjo de moradia e se o idoso era o proprietário da residência. A escolaridade foi categorizada em até 4 anos de estudo, e 5 ou mais anos. O estado conjugal foi dicotomizado em solteiro/viúvo/separado/sem companheiro e em casado/com companheiro. A renda familiar foi classificada conforme o salário-mínimo (SM) em 2008 (R$415,00/US$231) na linha de base, e no seguimento o de 2017 (R$937,00/US$288), sendo dicotomizada em: 0-3 SM e 4 ou mais SM. Para arranjo de moradia esta variável foi dicotomizada em sozinho e mora acompanhado. Também foram registrados resultados de medidas de variáveis comportamentais: frequência de consumo de bebidas alcoólicas (0 e 1 ou mais vezes por mês), tabagismo (sim ou não) e uso de serviços odontológicos durante o último ano (sim ou não).

Quanto às variáveis de saúde geral, foi calculado o IMC como indicador de estado nutricional, a partir do qual os idosos foram classificados como obesos (≥ 30 kg/m22 Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013;381(9868):752-62. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(12)62167-9.
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), com sobrepeso (28-29,9 kg/m22 Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013;381(9868):752-62. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(12)62167-9.
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), eutróficos (23-27,9 kg/m22 Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013;381(9868):752-62. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(12)62167-9.
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), e de baixo peso (17-22,9 kg/m22 Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013;381(9868):752-62. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(12)62167-9.
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); e multimorbidade definida como sim (presença de duas ou mais doenças) e não (até uma doença), tais como: doenças cardiovasculares (angina e infarto do miocárdio), hipertensão, acidente vascular encefálico, diabetes mellitus, câncer, artrite, doenças respiratórias (bronquite e enfisema), depressão, e osteoporose.

Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e todos os procedimentos foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP sob o parecer N° 4541075, em 15/02/2021.

A caracterização dos participantes foi realizada utilizando estatística descritiva. O teste usado foi o qui-quadrado de Pearson, com p-valor <0,05 para diferenças significativas. Para estimar a força de associação entre a condição bucal (dados basais) e incidência de fragilidade como desfecho (dados basais e do seguimento), foram calculados riscos relativos (RRs) utilizando um modelo de regressão de Poisson com variância robusta. O modelo foi controlado pelas covariáveis já mencionadas (obtidas dos dados basais), consideradas como fatores de confusão. Primeiro foi feita uma análise bivariada, da qual as variáveis com p <0,20 ou aquelas variáveis que a literatura apresenta como relevante em relação à fragilidade entraram na análise multivariada. No modelo final apresentaram-se os RRs com os respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%, estabelecendo uma significância estatística de p <0.05.

RESULTADOS

Dos 1284 participantes do estudo FIBRA em 2008-2009, 549 (42,8%) idosos mantiveram-se como parte do seguimento em 2016-2018, sendo disponíveis dados completos para 428 idosos. Na segunda avaliação, a idade média foi de 80±4 anos, variando de 72 a 102 anos, em que predominaram as mulheres (69%), sendo a maioria dos participantes (83,3%) proprietários da residência. Em relação à fragilidade, sua incidência foi de 21,7% (n=103) (Tabela 1).

Tabela 1
Características dos participantes na linha de base e no seguimento (n=428). Estudo FIBRA, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2008-2009 e 2016-2018.

Referente aos motivos de perdas no seguimento, 192 (14,9%) dos participantes faleceram, e 543 (42,3%) perdas por não localização, recusa, exclusão, desistência ou risco para os entrevistadores.

A Figura 1 mostra a incidência acumulada de fragilidade dos participantes conforme as quatro categorias de análise da função mastigatória. Observa-se que houve 30 casos de fragilidade a cada 100 participantes edêntulos com dificuldade mastigatória, após oito anos em média.

Figura 1
Incidência acumulada de Fragilidade em idosos conforme a função mastigatória transcorridos oito anos em média. Estudo FIBRA, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2008-2009 e 2016-2018.

Na Tabela 2 observam-se as variáveis associadas na análise bivariada e, no modelo final (Tabela 3), verifica-se que os idosos edêntulos com dificuldade mastigatória apresentam 1,75 vezes maior risco de desenvolver fragilidade (RR:1,75 IC 95% 1,09-2,81) que os idosos dentados sem dificuldade mastigatória, independente do efeito do tabagismo (RR: 1,71 IC 95% 1,07-2,73) e da condição socioeconômica (RR: 1,72 IC 95% 1,13-2,62).

Tabela 2
Associação entre perda de função mastigatória com a Incidência de fragilidade aos oito anos em média. Estudo FIBRA, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2008-2009 e 2016-2018.
Tabela 3
Modelo de regressão final para as variáveis associadas a incidência de fragilidade aos oito anos em média (n=428). Estudo FIBRA, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil , 2008-2009 e 2016-2018.

DISCUSSÃO

Neste estudo, a perda de função mastigatória aumentou o risco de fragilidade. Sabe-se que a perda da função mastigatória pode levar à má nutrição e esta à fragilidade1919 Azzolino D, Passarelli PC, De Angelis P, Piccirillo GB, D'Addona A, Cesari M. Poor Oral Health as a Determinant of Malnutrition and Sarcopenia. Nutrients. 2019;11(12). Disponível em: https://doi.org/10.3390/nu11122898.
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. Também é consistente com outras evidências na literatura, mesmo quando foram utilizadas diferentes formas de abordar a perda de função mastigatória. Um estudo longitudinal prévio estimou esse parâmetro considerando como mastigação funcional a presença de vinte ou mais dentes na cavidade bucal, encontrando que esse indicador é um fator protetor para fragilidade1212 Iwasaki M, Yoshihara A, Sato M, Minagawa K, Shimada M, Nishimuta M, et al. Dentition status and frailty in community-dwelling older adults: A 5-year prospective cohort study. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(2):256-62. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ggi.13170.
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. Na mesma lógica, outro estudo com seguimento de três anos verificou que, para cada dente adicional presente em boca, houve redução de 5% no risco de fragilidade1111 Castrejón-Pérez RC, Jiménez-Corona A, Bernabé E, Villa-Romero AR, Arrivé E, Dartigues JF, et al. Oral Disease and 3-Year Incidence of Frailty in Mexican Older Adults. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2017;72(7):951-7. Disponível em: https://doi.org/10.1093/gerona/glw201.
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. No entanto, para medir a função mastigatória, não é suficiente simplesmente contar os dentes presentes. Seria importante considerar quantos pares de dentes estão em oclusão e, em casos de perdas dentárias, realização de uma reabilitação protética que restitua a função dos dentes perdidos2020 Lamster IB, Asadourian L, Del Carmen T, Friedman PK. The aging mouth: differentiating normal aging from disease. Periodontol 2000. 2016;72(1):96-107. Disponível em: https://doi.org/10.1111/prd.12131.
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.

Nesta pesquisa, a perda de função mastigatória foi avaliada em relação ao edentulismo e em combinação com o autorrelato de dificuldade mastigatória. Essa abordagem permitiu constatar que os idosos edêntulos sem dificuldade mastigatória não tiveram maior risco de fragilidade. Inferem-se duas possíveis explicações: a mais simples pode ser que os idosos se adaptaram à perda de função mastigatória pela crença de que é normal perder os dentes no envelhecimento2121 Haag DG, Peres KG, Balasubramanian M, Brennan DS. Oral Conditions and Health-Related Quality of Life: A Systematic Review. J Dent Res. 2017;96(8):864-74. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0022034517709737.
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e mudaram sua alimentação reduzindo a ingestão de fibras e proteínas, com o cozimento excessivo dos alimentos ou remoção de produtos frescos para não sentir dificuldades mastigatórias2020 Lamster IB, Asadourian L, Del Carmen T, Friedman PK. The aging mouth: differentiating normal aging from disease. Periodontol 2000. 2016;72(1):96-107. Disponível em: https://doi.org/10.1111/prd.12131.
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. No entanto, se a nutrição fosse afetada, deveria ter sido encontrado um efeito na fragilidade. Outra possível explicação pode ser porque efetivamente estavam usando algum tipo de prótese dentária. A literatura sugere que independentemente do número de dentes remanescentes, se houver uso de próteses funcionais, o risco de fragilidade não aumenta2222 Lee S, Sabbah W. Association between number of teeth, use of dentures and musculoskeletal frailty among older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(4):592-8. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ggi.13220.
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. Contudo, mulheres idosas da comunidade que usam próteses dentárias, mas têm dificuldade para mastigar ou engolir, efetivamente têm maior risco de desnutrição, fragilidade e mortalidade2323 Semba RD, Blaum CS, Bartali B, Xue QL, Ricks MO, Guralnik JM, et al. Denture use, malnutrition, frailty, and mortality among older women living in the community. J Nutr Health Aging. 2006;10(2):161-7.. Em coerência como os nossos resultados, esses dados apoiam a relação entre disfunção mastigatória e fragilidade, e esta pesquisa aprofunda a importância e a validade de estudar a relação da função mastigatória e fragilidade, pois a função mastigatória foi estudada em idosos e idosas por meio de duas medidas separadas por oito anos em média.

As funções do sistema mastigatório têm dois aspectos distintos: função física observada clinicamente e função mastigatória relatada pelo paciente. Embora o funcionamento físico possa ser medido objetivamente pela eficiência mastigatória, nem sempre o idoso percebe o seu impacto negativo2424 Schierz O, Baba K, Fueki K. Functional oral health-related quality of life impact: A systematic review in populations with tooth loss. J Oral Rehabil. 2020; 48(3):256-270. Disponível em: https://doi.org/10.1111/joor.12984.
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. Assim, é grande a importância da avaliação subjetiva da capacidade mastigatória. Um estudo longitudinal verificou que tanto o comprometimento da capacidade de formação do bolo alimentar, quanto a capacidade subjetiva de mastigação, associam-se com a progressão da fragilidade2525 Horibe Y, Ueda T, Watanabe Y, Motokawa K, Edahiro A, Hirano H, et al. A 2-year longitudinal study of the relationship between masticatory function and progression to frailty or pre-frailty among community-dwelling Japanese aged 65 and older. J Oral Rehabil. 2018;45(11):864-70. Disponível em: https://doi.org/10.1111/joor.12700.
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. Portanto, é plausível que neste estudo também tenha ocorrido uma associação com a fragilidade, mesmo que a avaliação da função mastigatória tenha sido avaliada por meio de autorrelato.

Os mecanismos pelos quais a saúde bucal precária pode levar à fragilidade incluem nutrição deficiente devido à incapacidade de consumir uma dieta adequada2626 Everaars B, Jerković-Ćosić K, Bleijenberg N, de Wit NJ, van der Heijden G. Exploring Associations between Oral Health and Frailty in Community-Dwelling Older People. J Frailty Aging. 2021;10(1):56-62. Disponível em: https://doi.org/10.14283/jfa.2020.55.
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, 2727 Iwasaki M, Motokawa K, Watanabe Y, Shirobe M, Inagaki H, Edahiro A, et al. A Two-Year Longitudinal Study of the Association between Oral Frailty and Deteriorating Nutritional Status among Community-Dwelling Older Adults. Int J Environ Res Public Health. 2020;18(1):213. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph18010213.
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, efeitos psicossociais, como falta de autoestima, isolamento, diminuição da qualidade de vida e a inflamação crônica típica das doenças bucais, que alteram o metabolismo de outros órgãos importantes2828 Hellyer P. Frailty and oral health. Br Dent J. 2019;227(9):803. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41415-019-0971-6.
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. Tais mecanismos, por sua vez, encontram-se associados à condição socioeconômica2929 Gomes CDS, Guerra RO, Wu YY, Barbosa JFS, Gomez F, Sousa A, et al. Social and Economic Predictors of Worse Frailty Status Occurrence Across Selected Countries in North and South America and Europe. Innov Aging. 2018;2(3):igy037. Disponível em: https://doi.org/10.1093/geroni/igy037.
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e ao tabagismo3030 Kojima G, Iliffe S, Jivraj S, Liljas A, Walters K. Does current smoking predict future frailty? The English longitudinal study of ageing. Age Ageing. 2018;47(1):126-31. Disponível em: https://doi.org/10.1093/ageing/afx136.
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, que também foram considerados nesta pesquisa com relação ao aumento do risco para fragilidade. Mesmo assim, apesar do efeito de confusão que a condição socioeconômica e o tabagismo pudessem ter adicionado na relação estudada, ainda foi encontrado um efeito no aumento da incidência de fragilidade entre os idosos com perda de função mastigatória.

Em relação às limitações deste estudo, a diferença na proporção de idosos estimados e efetivamente observados poderia ser uma delas. Essas diferenças poderiam ter influenciado os resultados obtidos. Será necessário verificar em futuras pesquisas, a proporção de idosos que recusaram participar porque talvez apresentavam uma condição de saúde deteriorada, pois os achados deste estudo poderiam estar subestimados, e, portanto, não retirando o poder da relação encontrada.

Apesar de que a caracterização da função mastigatória não incluiu fatores como o edentulismo parcial, sua extensão e o uso/não uso de prótese, considerou-se que pelo menos neste estudo, sua falta não deveria mudar de forma importante os resultados obtidos. Dentre os idosos participantes da presente pesquisa, a maioria relatou usar prótese, e a maior proporção (39,4%) não tinha dente natural nem dificuldade mastigatória.

A avaliação da condição bucal por autorrelato é usada com vantagens em contextos em que a avaliação clínica não é custo-efetiva. Um estudo prévio com participantes do estudo FIBRA Campinas, nesse mesmo grupo de idosos, mostrou alta sensibilidade e especificidade para o autorrelato de edentulismo e o uso de prótese removível3131 Arenas-Márquez MJ, do Nascimento Tôrres LH, da Silva DD, Hilgert JB, Hugo FN, Neri AL, et al. Validity of self-report of oral conditions in older people. Braz. J. Oral Sci. 2019;18:e191670-e.. Tanto a avaliação clínica quanto a subjetiva, aplicadas à função mastigatória foram sensíveis para mostrar que ambos os indicadores se associavam com a fragilidade2525 Horibe Y, Ueda T, Watanabe Y, Motokawa K, Edahiro A, Hirano H, et al. A 2-year longitudinal study of the relationship between masticatory function and progression to frailty or pre-frailty among community-dwelling Japanese aged 65 and older. J Oral Rehabil. 2018;45(11):864-70. Disponível em: https://doi.org/10.1111/joor.12700.
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. Outra vantagem desta pesquisa é o amplo período considerado, pois no contexto de saúde bucal e fragilidade não existem estudos em que o seguimento tenha sido realizado após oito anos em média da avaliação basal e menos ainda em países em desenvolvimento como o Brasil. Os achados deste estudo são relevantes, porque projeções sobre edentulismo no Brasil apontam que essa condição está aumentando e continuará a aumentar entre os idosos até 20403232 Cardoso M, Balducci I, Telles DdM, Lourenço EJV, Nogueira Júnior L. Edentulismo no Brasil: tendências, projeções e expectativas até 2040. Cien Saude Colet. 2016:1239-46..

CONCLUSÃO

Este estudo é relevante para a área de geriatria e gerontologia porque mostrou que a perda da função mastigatória aumentou a incidência de fragilidade em oito anos em média. A função mastigatória deve ser incorporada nas avaliações de fragilidade, pois o edentulismo e as dificuldades mastigatórias podem levar a um maior risco dessa sindrome. Futuras pesquisas deverão estudar se a reabilitação da função mastigatória contribui para diminuir esse risco.

  • Financiamento da pesquisa: CAPES/PROCAD. Nº do processo: 2972/2014-01 (Projeto nº 88881.068447/ 2014-01). APESP Nº do processo: 2016/00084-8. CNPq Nº do processo: 424789/2016-7.

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Editado por

Editado por: Maria Helena Rodrigues Galvão

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    22 Nov 2021
  • Aceito
    31 Maio 2022
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