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Religiosidade e qualidade de vida relacionada à saúde dos idosos em um município na Bahia, Brasil

Religiosity and health-related quality of life of elderly in a city in Bahia, Brazil

Resumos

OBJETIVO:

Avaliar as dimensões da qualidade de vida relacionada à saúde em idosos da comunidade e sua relação com a religiosidade organizacional (RO), religiosidade não organizacional (RNO) e religiosidade intrínseca (RI).

MÉTODO:

Estudo transversal de abordagem quantitativa, com amostra aleatória composta por 82 idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família de Capoeiruçu, bairro do município de Cachoeira-BA, Brasil.

RESULTADOS:

O sexo feminino predominou, com 61,0%. A idade média foi (71±9,39). Nas oito dimensões da qualidade de vida, o escore variou entre 64,3 a 77,3. A RO foi 74,4% e a RNO foi de 89,1%. Para as questões sobre RI: sentir a presença de Deus, agir de acordo com suas crenças e se eles se esforçam para viver a religião em todos os aspectos da vida, encontraram-se percentuais de 95%, 90,2% e 84,2% respectivamente. Usando o teste do qui-quadrado, verificou-se que as "limitações por aspectos emocionais" foi a dimensão que recebeu maior influência de RO (X2= 11,539, p= 0,001, V de Cramer= 0,372), RNO (X2= 7,949, p= 0,005, V de Cramer= 0,309) e RI (X2= 5,126, p= 0,05, V de Cramer= 0,249). Constatou-se também influência positiva sobre as dimensões "limitações por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, saúde mental e social". Nenhuma associação foi encontrada entre religiosidade e as dimensões "capacidade funcional" e "vitalidade".

CONCLUSÕES:

Infere-se que há associação positiva entre religiosidade nas três dimensões (RO, RNO e RI) e a qualidade de vida relacionada à saúde dos idosos.

Religião; Espiritualidade; Idosos; Qualidade de vida


OBJECTIVE:

To evaluate the dimensions of health-related quality of life in older adults and its relationship with organizational religious affiliation (ORA), non-organizational religious affiliation (NORA) and intrinsic religiosity (IR).

METHOD:

Cross-sectional study with quantitative approach, with a random sample of 82 elderly enrolled in the Family Health Strategy in Capoeiruçu, Cachoeira-BA, Brazil.

RESULTS:

The female dominated with 61.4%. The mean age was (71 ± 9.39). In the eight dimensions of quality of life, the score ranged from 64.3 to 77.3. ORA was 74.4%; NORA was 89.1. For questions about IR: feel the presence of God, act according to their beliefs and if they strive to live the religion in all aspects of life, percentages of 95%, 90.2% and 84.2% were respectively found. Using the chi-square test, it was found that the dimension "limitations due to emotional problems" received the greatest influence of ORA (X2= 11.539; p= 0.001; Cramer's V= 0.372), NORA (X2= 7.949; p= 0.005; Cramer's V= 0.309) and IR (X2= 5.126; p= 0.05; Cramer's V= 0.249). It was also found a positive influence on the limitations due to physical, bodily pain, general health, mental and social health. No association was found between religiosity and "functional capacity" and "vitality" dimensions.

CONCLUSIONS:

It is inferred that there is a positive association between religiosity in its three dimensions (ORA, NORA and IR) and health-related quality of life for the elderly.

Religion; Spirituality; Elderly; Quality of life


INTRODUÇÃO

Para o idoso, as questões relacionadas à religiosidade têm significado muito especial, principalmente entre aqueles que vivenciam problemas ou alguma situação dolorosa, seja por doença ou pelas consequências deixadas por ela1. Duarte YAO, Diogo MJD. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2005.. As mudanças físicas, psicológicas e sociais, que são comuns aos idosos, acarretam situações de perdas, declínio da saúde, afastamento do mercado de trabalho e eventos não controláveis, cujo enfrentamento de modo efetivo pode ser alcançado através das crenças espirituais e práticas religiosas.2. Goldstein LL, Sommerhalder C. Religiosidade, espiritualidade e significado existencial na vida adulta e velhice. In: Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM, editores. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; c2002. p. 950-64. , 3. Lindolpho MC, Sá SPC, Robers LMV. Espiritualidade/Religiosidade: um suporte na assistência de enfermagem ao idoso. Em extensão 2009;8(1):117-27.

O envolvimento religioso ou religiosidade compreende os comportamentos, atitudes, valores, crenças, sentimentos e experiências motivados pelo contexto religioso,4. Levin JS, Chatters LM, Taylor RJ. A multidimensional measure of religious involvement for African Americans. Sociol Q 1995;36(1):157-73. desdobrando-se em três dimensões: religiosidade organizacional (RO), religiosidade não organizacional (RNO) e religiosidade intrínseca (RI).4. Levin JS, Chatters LM, Taylor RJ. A multidimensional measure of religious involvement for African Americans. Sociol Q 1995;36(1):157-73. , 5. Koenig HG, McCollough ME, Larson DB. Handbook of religion and health. New York: Oxford University Press; 2001.

A RO compreende os comportamentos religiosos que ocorrem no contexto da instituição religiosa (como a frequência às atividades religiosas formais) e o desempenho de cargos ou funções religiosas.6. Cardoso MCS, Ferreira MC. Envolvimento religioso e bem estar subjetivos em idosos. Psicol, Ciênc Prof 2009;29(2):380-93. Já a RNO engloba os comportamentos religiosos privados ou informais, isto é, que ocorrem fora do contexto da instituição religiosa, sem local e tempo fixos e sem seguirem formas litúrgicas preestabelecidas, podendo se manifestar individualmente ou em pequenos grupos familiares e informais.6. Cardoso MCS, Ferreira MC. Envolvimento religioso e bem estar subjetivos em idosos. Psicol, Ciênc Prof 2009;29(2):380-93.

Finalmente, a RI avalia o quanto a religião pode motivar ou influenciar comportamentos, decisões e, de forma geral, a vida do sujeito.7. Koenig HG, George LK, Titus P. Religion, spirituality, and health in medically ill hospitalized older patients. J Am Geriatr Soc 2004;52(4):554-62. Trata-se de uma dimensão subjetiva, de quanto ou como o indivíduo percebe a importância da religião em sua vida.5. Koenig HG, McCollough ME, Larson DB. Handbook of religion and health. New York: Oxford University Press; 2001.

A necessidade espiritual se apresenta mais aguçada no idoso devido às características de sua existência, não excluindo as necessidades do ser humano em todas as suas fases. Segundo Mickley & Carson (1995 apud Lindolpho et al.),3. Lindolpho MC, Sá SPC, Robers LMV. Espiritualidade/Religiosidade: um suporte na assistência de enfermagem ao idoso. Em extensão 2009;8(1):117-27. pessoas acima de 65 anos possuem mais comportamentos e atitudes religiosas do que as pessoas mais jovens, evidenciando, desse modo, a importância da espiritualidade nesta fase da vida. No estudo de Araújo,8. Araújo MF, De Almeida MI, Cidrack ML, Queiroz HMC, Pereira MCS, Menescal ZLC. O papel da religiosidade na promoção da saúde do idoso. Rev Bras Promoç Saúde 2008;21(3):201-8. boa parcela dos idosos atribuiu importância à religiosidade para a melhoria de sua condição, ajudando-os na integração social e psicológica, fator fundamental para promover a qualidade de vida e bem-estar. Para muitas pessoas, a espiritualidade/religiosidade é uma fonte de conforto, significado e força, estando relacionada ao bem-estar físico, mental e à busca de um propósito de vida.9. Lucchetti G, Lucchetti G, Granero AL, Bassi RM, Nasri F, Nacif SAP. O idoso e sua espiritualidade: impacto sobre diferentes aspectos do envelhecimento. Rev Bras Geriatr Gerontol 2011;14(1):159-67.

Segundo Saad & Medeiros,10 10 . Saad M, Medeiros R. Espiritualidade e Saúde. Einstein (São Paulo) 2008;6(3 Pt 2):135-6.[...] a espiritualidade proporciona crescimento nos vários campos do relacionamento: no campo intrapessoal (consigo próprio); gera esperança, altruísmo e idealismo, além de dar propósito para a vida e para o sofrimento; no campo interpessoal (com os outros) gera tolerância, unidade e o senso de pertencer a um grupo; no campo transpessoal (com um poder supremo), desperta o amor incondicional, adoração e crença de não estar só."

Em geral, os adeptos das crenças religiosas apresentam menor probabilidade de riscos comportamentais. Abdala et al.11 11 . Abdala GA, Rodrigues WG, Torres A, Rios MC, Brasil MS. A religiosidade/espiritualidade como influência positiva na abstinência, redução e/ou abandono do uso de drogas. REVER [Internet] 2010 [acesso em 28 ago 2013]:77-98. Disponível em: http://www.pucsp.br/rever/rv1_2010/i_abdala.htm
http://www.pucsp.br/rever/rv1_2010/i_abd...
afirmam que as pessoas religiosas tendem a evitar comportamentos nocivos que aumentam os riscos de doenças e de morte.

A qualidade de vida na velhice, segundo o Estatuto do Idoso,1212 . Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto do idoso. 2 reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; 2003. implica em garantir assistência à saúde, liberdade de escolha, amigos, moradia, conforto material, imagem corporal, aparência, sentir-se fisicamente bem, autoestima, sentimentos positivos, relações interpessoais, suporte social, participação em atividades físicas e recreativas, sexualidade, espiritualidade e crenças.

O construto "qualidade de vida relacionada à saúde" (QVRS) incorpora as experiências das pessoas diante de questões mais diretamente ligadas ao processo saúde-doença e, nesse sentido, amplia a noção tradicional de saúde embasada principalmente em indicadores de morbidade e mortalidade. Inclui aspectos da qualidade de vida geral, como o estado de saúde, a capacidade funcional e o apoio social, que afetam tanto a saúde física como a mental.1313 . Centers for Disease Control and Prevention. Measuring healthy days: population assessment of health-related quality of life. Atlanta, Georgia: CDC; 2000.

No estudo de Cruz,1414 . Cruz KCT. Qualidade de vida relacionada à saúde dos idosos do Estudo SABE [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2012. a QVRS para o idoso esteve associada à idade, ao sexo, à escolaridade, ao número de medicamentos, a ter paz/tranquilidade e possuir uma religião. Também esteve associada às dificuldades para as atividades básicas e instrumentais de vida diária.

Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar as dimensões da qualidade de vida relacionada à saúde em idosos da comunidade e sua relação com a religiosidade organizacional (RO), religiosidade não organizacional (RNO) e religiosidade intrínseca (RI).

METODOLOGIA

Trata-se de estudo descritivo, exploratório, de corte transversal, quantitativo, tipo pesquisa de campo, cuja principal finalidade é "conseguir informações acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda descobrir novos fenômenos ou relações".1515 . Marconi MA, Lakatos EM. Fundamentos da metodologia científica. 5ª ed. São Paulo: Atlas; 2003.

Esse tipo de estudo se adéqua a esta pesquisa, por utilizar métodos formais, caracterizados pela precisão e controle estatísticos, com a finalidade de fornecer dados para a verificação de hipóteses e definir criteriosamente a amostra que foi estudada.

O estudo foi realizado em Capoeiruçu, bairro do município de Cachoeira, estado da Bahia, Brasil. A população de estudo foi composta por 265 idosos, com 60 anos ou mais, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Capoeiruçu, sendo 144 do sexo feminino e 121 do masculino. A amostra aleatória de 90 idosos foi elaborada com um nível de confiança de 95% e a margem de erro de 8,54%. Proporcionalmente, para o sexo feminino foram sorteadas 49 mulheres idosas e 41 homens. Oito deles foram considerados perdidos por não terem respondido completamente o instrumento de QVRS, totalizando 82 idosos (48 mulheres e 34 homens). Todos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A coleta de dados aconteceu nos meses de maio e junho de 2011 e foram utilizados como instrumentos de pesquisa, o Índice de Religiosidade de Duke (Duke-Durel), validado no Brasil por Taunay et al. 1616 . Taunay TCD, Gondim FAA, Macêdo DS, Moreira-Almeida A, Gurgel LA, Andrade LMS, et al. Validação da versão brasileira da escala de religiosidade de Duke (DUREL). Rev Psiquiatr Clin 2012;39(4):130-35. e desenvolvido por Koenig, Meador & Parkerson.1717 . Carmona C, Claudino AD. Dimensões relacionais subjetivas na compreensão do envelhecimento em idosos. In: Actas do 7º Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia; 4-6 de fevereiro 2010; Portugal. Portugal Universidade do Minho; 2010. Esse instrumento possui cinco itens que captam três das dimensões de religiosidade que mais se relacionam com desfechos em saúde dos indivíduos: RO, RNO e RI. Os primeiros dois itens abordam a RO e a RNO embasados em estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos, relacionados a indicadores de saúde física, mental e suporte social. Os outros itens referem-se à RI e foram extraídos de um questionário de religiosidade intrínseca de Allport & Ross.1818 . Allport GW, Ross JM. Personal religious orientation and prejudice. J Pers Soc Psychol 1967;5(4):432-43.

Outro instrumento utilizado foi o Short Form-36 (SF-36), que mede a qualidade de vida e foi desenvolvido no final dos anos 1980 nos Estados Unidos. O SF-36 foi traduzido, adaptado e validado para a cultura brasileira, sendo utilizado para avaliar a qualidade de vida tanto da população geral quanto de idosos.19 19 . Pimenta FAP, Simil FF, Torres HOG, Amaral CFS, Rezende CF, Coelho TO, et al. Avaliação da qualidade de vida de aposentados com a utilização do questionário SF - 36. Rev Assoc Med Bras 2008;54(1):55-60.É um instrumento de fácil acesso, possível de ser utilizado em diferentes populações e faixas etárias, inclusive em idosos. Seu objetivo é avaliar a qualidade de vida do idoso dentro dos parâmetros da velhice saudável, considerando o contexto e as preferências do idoso.2020 . Moraes NAS, Witter GP. Velhice: qualidade de vida intríseca e extrínseca. Bol Psicol 2007;57(127):215-38. , 2121 . Barricelli ILFOBL, Sakumoto IKY, Silva LHM, Araujo CV. Influência da orientação religiosa na qualidade de vida de idosos ativos. Rev. Bras.Geriatr. Gerontol. 2012;15(3):505-15.

O SF-36 é composto por 11 questões e 36 itens que englobam oito componentes (domínios ou dimensões), representados por capacidade funcional (dez itens); limitação por aspectos físicos (quatro itens); dor (dois itens); estado geral da saúde (cinco itens); vitalidade (quatro itens); aspectos sociais (dois itens); limitação por aspectos emocionais (três itens); saúde mental (cinco itens); e uma questão comparativa sobre a percepção atual da saúde há um ano. Para obter os escores, foram feitos os cálculos de cada domínio do SF-36. Cada participante do estudo recebeu um escore de 00-100, relacionado às oito dimensões da qualidade de vida do instrumento SF-36, sendo que quanto mais elevado o escore, melhor o índice da Qualidade de Vida (QV).1919 . Pimenta FAP, Simil FF, Torres HOG, Amaral CFS, Rezende CF, Coelho TO, et al. Avaliação da qualidade de vida de aposentados com a utilização do questionário SF - 36. Rev Assoc Med Bras 2008;54(1):55-60.

A análise dos dados foi realizada através do programa estatístico SPSS, versão 17. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Adventista da Bahia, sob número CAAE 0044.0.070.000-11.

RESULTADOS

A idade dos entrevistados variou entre 60 e 96 anos, com média de 71 anos e desvio padrão de 9,39. Predominantemente, a maioria estava na categoria de 60-69 anos (50,6%) e sexo feminino (58,5%). A religião predominante foi a católica, com um total de 50 adeptos (60,2%); seguida pela evangélica, com 22 (27,7%); sete (8,4%) agnósticos; e três (3,6%) não relataram.

Pode-se perceber que a maioria (37,8%) dos idosos da ESF de Capoeiruçu (Cachoeira-BA) respondeu que comparece a igreja, templo ou algum encontro religioso mais que uma vez por semana; 19,5% frequentam uma vez na semana; 17,1,% duas ou três vezes por mês; e 12,2%, algumas vezes por ano. Aqueles que vão à igreja uma vez por ano ou menos são 12,2% e os que nunca vão representam 1,2% (tabela 1).

Tabela 1.
Perfil dos idosos quanto à Religiosidade Organizacional (RO). Cachoeira, BA, 2011.

Ao serem indagadas sobre a frequência com que dedicam seu tempo a atividades religiosas, como preces, rezas, meditações, leitura da Bíblia ou de outros textos religiosos, isto é, a RNO, 43,9% disseram realizar essas atividades mais do que uma vez ao dia; 35,4% realizam-nas diariamente; 9,8% uma vez por semana; 3,7% uma vez por mês; 2,4% poucas vezes por mês e 4,9% raramente ou nunca (tabela 2).

Tabela 2.
Perfil dos idosos segundo a Religiosidade Não Organizacional (RNO). Cachoeira, BA, 2011.

Quando foram questionados sobre a RI, 61,7% disseram sentir a presença de Deus ou do Espírito Santo em suas vidas; 33,3% afirmaram que em geral é verdade e 3,7% que não estão certos;1,2% disse que em geral não é verdade e 1,2% afirmou não ser verdade.

Quando foram questionados "se suas crenças religiosas estão realmente por trás de toda sua maneira de viver", 52,4% responderam que isto era totalmente verdade para eles; 37,8% disseram que em geral era verdade; 8,5% não estavam certos e 1,2% disse que em geral não era verdade. Na terceira pergunta da RI, 48,8% disseram que a afirmação "eu me esforço muito para viver a minha religião em todos os aspectos da minha vida" era totalmente verdade na vida, enquanto que 35,4% responderam que "em geral é verdade"; 12,2% não estavam certos; 2,4% afirmaram que "em geral não é verdade"; e 1,2% afirmou que "não é verdade" (tabela 3).

Tabela 3.
Perfil dos idosos segundo a Religiosidade Intrínseca (RI). Cachoeira, BA, 2011.

Quanto aos resultados do SF-36, segundo as oito dimensões, no item "capacidade funcional", 67 (81,7%) obtiveram um escore maior que 50 e apenas 15 (18,3%) obtiveram um escore menor que 50. Em relação aos aspectos físicos 51 (61,4%) obtiveram o escore maior que 50 e 32 (38,6%) menores que 50. Ao item "dor", 58 (70,7%) tiveram o escore maior que 50 e 24 (29,3%) menores que 50.

Relacionados à saúde geral, 74,5% tiveram o escore maior que 50 e 25,3% menores que 50. Em "vitalidade", 74,7% obtiveram o escore maior que 50 e 25,3% menores que 50. Quanto aos aspectos sociais, 75,9% tiveram o escore maior que 50 e 24,1% menores que 50. Nos aspectos emocionais, 69 (83,1%) tiveram o escore maior que 50 e 14 (16,9%) menores que 50.

Em relação aos escores de saúde mental, 72 (83,8%) obtiveram nota maior que 50 e somente 10 (12,2%) menor que 50.

Os idosos da ESF de Capoeiruçu apresentam média acima de 50 em todos os domínios de QV, sendo que "vitalidade" e "aspectos físicos" obtiveram menor nota e "aspectos emocionais" e "saúde mental" obtiveram maior nota (figura 1).

Figura 1.
Distribuição das dimensões da QVRS expressa por escores >50 e Fonte- Pesquisa de campo. Cachoeira - BA, 2011.

Na tabela 4, foi apresentada uma associação utilizando o teste do qui-quadrado entre os níveis de religiosidade e os domínios de qualidade de vida. Constatou-se que as limitações por aspectos emocionais (LAE) foi a dimensão que esteve mais associada à RO (X2= 11,534; p= 0,001; V de Cramer = 0,373); à RNO (X2= 7,949; p= 0,005; V de Cramer = 0,309) e RI (X2= 5,126; p = 0,05, V de Cramer = 0,249). Isto significa que, elevando-se o V de Cramer ao quadrado (medida de efeito), 14%, 10% e 6%, respectivamente, dessas variações dentre aqueles que obtiveram escores de QV maiores que 50 estavam entre aqueles que frequentavam a igreja duas ou mais vezes por semana, são regulares nas atividades religiosas privadas e se esforçam para viver sua religião em todos os aspectos da vida. Também foi encontrada associação positiva sobre as dimensões "limitações por aspectos físicos", "dor", "saúde geral", "aspectos sociais" e "saúde mental". Por outro lado, nenhuma associação foi encontrada entre os níveis de religiosidade e as dimensões "capacidade funcional" e "vitalidade" (tabela 4).

Tabela 4.
Distribuição do X2, valor de p e coeficiente de V de Cramer das dimensões da qualidade de vida e a religiosidade (somente os resultados com p significante). Cachoeira, BA, 2011.

DISCUSSÃO

A análise dos dados evidenciou que os idosos estudados possuem elevado índice de qualidade de vida, já que oito dos domínios de QVRS medidos pelo instrumento SF-36 apresentaram escore maior que 50 e apenas dois domínios foram menores, o de "vitalidade" (64,4) e "limitação por aspectos físicos" (66,9). "Limitação por aspectos emocionais" (77,3) e "saúde mental" (73,5) foram os que apresentaram maiores escores. Esses resultados se mostraram acima dos valores encontrados em outro estudo de qualidade de vida relacionada à saúde de idosos num município de São Paulo, em que os escores estiveram ao redor de 58 e mais.2121 . Barricelli ILFOBL, Sakumoto IKY, Silva LHM, Araujo CV. Influência da orientação religiosa na qualidade de vida de idosos ativos. Rev. Bras.Geriatr. Gerontol. 2012;15(3):505-15.

Quanto à denominação religiosa, a ESF de Capoeirucú (Cachoeira-BA) apresentou prevalência de 60,2% de católicos; 27,7% de evangélicos; e 3,6 não relataram. Segundo os dados do censo de 2010, 64,99% da população brasileira referiam ser católicos; 22,16% evangélicos e 8,04% sem religião.2222 . Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Rio de Janeiro; [2010] - [acesso em 29 ago 2013]. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1489&z=cd&o=13&i=P
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/...

Presume-se que um fator que pode contribuir para a qualidade de vida desses idosos é que, em geral, pessoas religiosas apresentam um comportamento saudável, já que a maioria das religiões ditam normas e até mesmo o que comer e não beber. Estudos de saúde pública têm demonstrado que as pessoas religiosas têm menor probabilidade de apresentar comportamentos de riscos, como uso de drogas, cigarro e álcool. Isso contribui para uma saúde mais equilibrada por um período mais longo.2323 . Fleck MPA. A avaliação de qualidade de vida. Porto Alegre: Artmed; 2008.

Neste estudo, encontrou-se que 61% dos idosos frequentam um templo ou igreja de uma vez por semana até uma vez por ano. Com o avançar da idade, os idosos tendem a diminuir a frequência a cultos religiosos, templos ou encontros religiosos formais, pois se deparam com limitações físicas, como dificuldade de locomoção decorrente de doenças crônicas, de sequelas de acidente vascular encefálico e da própria idade. Somam-se a isto o medo de quedas, o medo de sair desacompanhado e passar por qualquer tipo de apuro ou violência.2424 . Duarte FM, Wanderley KS. Religião e espiritualidade de idosos internados em uma enfermaria geriátrica. Psicol Teor Pesqui 2011;27(1):49-53.

Estudos têm revelado que, para cada nível de frequência à igreja, templo ou encontros religiosos, há redução progressiva no número de mortes; o comparecimento a serviços religiosos pelo menos uma vez por semana reduz em quase 50 por cento os riscos de mortes no ano seguinte.2525 . Vasconcelos EM. Associação entre vida religiosa e saúde: uma breve revisão de estudos quantitativos. RECIIS 2010;4(3):12-8.

A participação de idosos nas atividades religiosas formais costuma diminuir com a idade, em virtude do número de doenças crônicas que os aflige. Em estudo qualitativo com 20 idosos, 25% relataram possuir pelo menos uma doença crônica; 15%, duas; 40%, três; 15%, uma; e 5% possuíam cinco doenças. Porém, para o enfrentamento dessas doenças, principalmente aquelas associadas com a dor, os idosos se valiam da sua espiritualidade.2626 . Ellison CG. Religious involvement and subjective well-being. J Health Soc Behav 1991;32:80-99.

Para compensar a não frequência à igreja, os idosos acabam dedicando mais tempo a atividades religiosas individuais. Neste estudo, 79,3% deles praticam essas atividades particulares diariamente até mais de uma vez ao dia. Essa compensação à infrequência aos cultos religiosos, pela maior frequência nas atividades religiosas não formais e pelo aumento da devoção pessoal, tende a aumentar com a idade e contribui sobremaneira para a manutenção da vida.2727 . Rocha ACAL. A espiritualidade no manejo da doença crônica do idoso [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem; 2011.

Em relação à RI, 95% sentem a presença de Deus em suas vidas, 90,2% agem conforme suas crenças e 84,2% esforçam-se para viver a religião em todos os aspectos da vida. Nesta direção, vale destacar que a RI associa-se aos aspectos psicológicos da religiosidade, ou seja, às crenças, conhecimentos e atitudes relativas à experiência religiosa bem como aos "autorrelatos" de tais experiências e ao significado pessoal atribuído à religião.6. Cardoso MCS, Ferreira MC. Envolvimento religioso e bem estar subjetivos em idosos. Psicol, Ciênc Prof 2009;29(2):380-93. Vivenciar a religião de maneira intrínseca significa colocar suas crenças religiosas em primeiro lugar, viver de acordo com seus preceitos, numa atitude de comprometimento e busca de sentido da vida.1818 . Allport GW, Ross JM. Personal religious orientation and prejudice. J Pers Soc Psychol 1967;5(4):432-43.

Em estudo com 560 pessoas, os aspectos qualitativos da reza e a forma de fazê-lo foram os que apresentaram maior efeito sobre a qualidade de vida.2828 . Paloma M, Pendleton BF. Exploring types of prayer and quality of life: a research note. Rev Relig Res 1989;31(1):46-53. O envolvimento religioso parece ter significativo efeito protetor para o bem-estar físico, uma vez que ter uma visão bio-psico-socioespiritual da saúde implica enxergar de maneira mais integrada a vida, reconhecendo a relação da espiritualidade com as outras dimensões, nunca se esquecendo de que o enfrentamento das situações dolorosas é importante para a melhoria da qualidade de vida e para o crescimento do ser humano.2929 . Da Costa CC, De Bastiani M, Geyer JG, Calvetti PU, Muller MC, De Moraes MLA. Qualidade de vida e bem estar espiritual em universitários de psicologia. Psicol estud 2008;13(2):249-55.

Os profissionais de saúde poderiam valorizar mais o cuidado relacionado à religiosidade em idosos e contribuir para melhorar sua qualidade de vida, utilizando as ferramentas de pesquisa em religiosidade e espiritualidade por meio dos instrumentos de medida validados no Brasil.1616 . Taunay TCD, Gondim FAA, Macêdo DS, Moreira-Almeida A, Gurgel LA, Andrade LMS, et al. Validação da versão brasileira da escala de religiosidade de Duke (DUREL). Rev Psiquiatr Clin 2012;39(4):130-35. , 3030 . Kimura M, De Oliveira AL, Mishima LS, Underwood LG. Adaptação cultural e validação da Underwood´s Daily Spiritual Experience Scale - versão brasileira. Rev Esc Enferm USP 2012;46(Esp):99-106.

Este estudo buscou associação entre qualidade de vida e religiosidade em um desenho de corte transversal; no entanto, apresenta limitações, uma vez que não se evidenciou uma relação causal entre as variáveis. O tamanho da amostra também limita a abrangência da pesquisa, deixando claro que a mesma poderia ter sido realizada em outras ESFs da cidade de Cachoeira-BA.

CONCLUSÃO

Os objetivos deste estudo foram alcançados, ao ser demonstrada associação entre as dimensões da qualidade de vida relacionada à saúde de idosos e os vários níveis da religiosidade: organizacional, não organizacional e intrínseca.

Uma das dimensões da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) que mais se associou à religiosidade organizacional, religiosidade não organizacional e religiosidade intrínseca foi a dimensão do componente mental: limitação por aspectos emocionais. Já a dimensão "saúde mental" esteve associada somente à religiosidade intrínseca. Nenhuma associação entre religiosidade e as dimensões "capacidade funcional" e "vitalidade" foi encontrada.

Notou-se a importância que os profissionais podem atribuir à atenção à saúde da pessoa idosa, avaliando as necessidades espirituais desse grupo específico, visando melhorar sua qualidade de vida relacionada à saúde.

Contatou-se, ainda, que o uso da religiosidade como recurso terapêutico é compatível com a saúde mental e física, permitindo elucidar um melhor desempenho na qualidade de vida dos idosos. Pôde-se inferir que existe associação positiva entre religiosidade nas três dimensões (RO, RNO e RI) e a qualidade de vida em pessoas idosas. Uma vez que o envelhecimento é uma realidade no Brasil e no mundo, torna-se de grande valia expandir esses resultados para a melhoria da qualidade de vida em pessoas idosas.

Ressalta-se ainda que precisam ser feitos maiores avanços em pesquisas que objetivem buscar relações científicas mais robustas para evidenciar tal associação.

AGRADECIMENTO

À Profa. Dra. Maria Dyrce Dias Meira, coordenadora do grupo de pesquisa Religiosidade/Espiritualidade na Integralidade da Saúde do Mestrado em Promoção da Saúde do Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP-SP, pela revisão crítica do artigo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    06 Set 2013
  • Revisado
    20 Ago 2014
  • Aceito
    25 Set 2014
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