Competências dos médicos no atendimento a idosos em situação de violência: revisão de escopo

Rathke, Cesar Augusto de Freitas e; Costa, Gabriela Maria Cavalcanti; Souto, Rafaella Queiroga

doi:10.1590/1981-22562020024.210037

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Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia

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Sumário

Artigos de Revisão • Rev. bras. geriatr. gerontol. 24 (6) • 2021 • https://doi.org/10.1590/1981-22562020024.210037 copiar

Competências dos médicos no atendimento a idosos em situação de violência: revisão de escopo

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo

descrever, por meio das evidências da literatura, as competências dos médicos de serviços hospitalares diante de situações de violência contra a pessoa idosa (VCPI).

Método

revisão de escopo com busca em bases de dados/plataformas/buscadores e literatura cinzenta abrangendo Medline; BVS; Embase; CINAHL; Web of Science; BDTD, OpenGrey, OpenThesis, RCAAP, Portal de Teses e Dissertações da CAPES, DART-Europe E-theses Portal e Theses Canada Portal (catálogos Aurora e Voilà). Os descritores e palavras-chave utilizados, combinados com os operadores booleanos OR, AND e NOT, foram: “Physicians”, “Médicos”, “Atitude”, “Attitude”, “Conhecimento”, “Knowledge”, “Behavior”, “Atendimento Médico”, “Cuidados Médicos”, “Medical Care”, “Serviços Hospitalares”, “Hospital Services”, “Hospital”, “Hospitalists”, “Médicos Hospitalares”, “Maus-Tratos ao Idoso”, “Elder Abuse”, “Physical Abuse”, “Elder Neglect”, “Aged Abuse”, “Elder Mistreatment”.

Resultados

seis trabalhos foram selecionados. Evidenciou-se falta de conhecimento sobre o tema e a abordagem, e de treinamento específico. Quanto às habilidades, os achados que mais levaram os médicos a suspeitarem de abuso foram achados físicos ligados à aparência, higiene e lesões - problemas de comunicação e relacionamento foram pouco apontados. Na atitude houve pesquisa de abusos em apenas 44% das suspeitas e percentuais baixos ou nulos de denúncia de casos. Apenas um estudo explorou a atitude frente às negligências, onde 24,8% relataram aos serviços sociais e 21,3% informaram à polícia.

Conclusão

a maioria dos casos de VCPI continua não percebida e, consequentemente, não reportada ou manejada. Há múltiplos problemas quanto às competências dos médicos hospitalares ao abordarem tais situações, cenário que expõe a demanda por medidas de sensibilização, capacitação e incentivo ao adequado enfrentamento da VCPI.

Palavras-Chave:
Serviços de Saúde para Idosos; Maus-Tratos ao Idoso; Competência Clínica

Bases de Dados/ Literatura Cinzenta	Estratégias de Busca
BVS (BIREME)	(tw:(maus-tratos ao idoso)) AND (tw:(médicos)) AND (tw:(hospital)) AND (tw:(conhecimentos OR atitudes OR habilidades OR conduta médica))
PubMed Central: PMC	((elder abuse[Title/Abstract] OR elder neglect[Title/Abstract] OR aged abuse[Title/Abstract]) AND (physicians[Title/Abstract] OR doctors[Title/Abstract] OR hospitalists[Title/Abstract] OR medical staff, hospital[Title/Abstract])) AND (attitude[Title/Abstract] OR knowledge[Title/Abstract] OR behavior[Title/Abstract] OR practice[Title/Abstract] OR management[Title/Abstract] OR approach[Title/Abstract] OR treatment[Title/Abstract])
Web of Science Coleção Principal	AB=(“elder abuse”) AND AB=(Knowledge OR Attitude OR Hability) AND AB=(Hospital OR "Medical Staff, Hospital" OR Hospitalist) AND AB=(Physicians OR Doctors)
Scopus (Elsevier)	TITLE-ABS-KEY (( "elder abuse" ) AND (knowledge OR attitude OR ability) AND (hospital OR "Medical Staff, Hospital" OR hospitalist) AND (physicians OR doctors))
EMBASE (Elsevier)	(('elder abuse':ti,ab,kw OR 'elder neglect':ti,ab,kw OR 'aged abuse':ti,ab,kw) AND physician:ti,ab,kw AND 'medical staff':ti,ab,kw OR hospital:ti,ab,kw) AND attitude:ti,ab,kw AND (elder:ti OR older:ti OR aged:ti) AND [2004-2020]/py
CINAHL (EBSCO)	(elder abuse or elder mistreatment or elder neglect) AND (physicians or doctors or clinicians) AND hospital AND (attitudes or perceptions or behavior or knowledge)
BDTD	(Resumo Português:maus-tratos ao idoso E Resumo Português:médicos E Resumo Português:hospital)
OpenGrey	(elder abuse OR aged abuse OR elder neglect) AND (physicians OR doctors) AND hospital
OpenThesis	text((physicians OR doctors OR "medical care") AND hospital AND ("elder abuse" OR "elder neglect" OR "aged abuse")
RCAAP	médicos AND (atitudes OR conhecimentos OR habilidades) hospital AND maus-tratos ao idoso
Portal de Teses e Dissertações da CAPES	("atendimento médico" OR "cuidados médicos" OR médicos) AND hospital AND (“maus-tratos ao idoso” OR "negligência ao idoso" OR violência contra o idoso")
DART	(physicians OR doctors OR "medical care") AND hospital AND ("elder abuse" OR "elder neglect" OR "aged abuse")
Library and Archives Canada (Theses Canada Portal)	"physicians" AND hospital AND ("elder abuse" OR "aged abuse" OR "elder neglect" OR "physical abuse")

Autores, ano de publicação, tipo de estudo	Formação do autor principal, país	Categoria(s) profissional(is) abordada(s)	Objetivo(s) do estudo
Corbi et al., 2019 ¹⁵15 Corbi G, Grattagliano I, Sabbà C, Fiore G, Spina S, Ferrara N, et al. Elder abuse: perception and knowledge of the phenomenon by healthcare workers from two Italian hospitals. Intern Emerg Med. 2019;14(4):549-55., estudo comparativo descritivo	Médica, Itália	Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem	Estabelecer o nível de consciência e percepção de abuso ao idoso por trabalhadores da saúde, e entender se eles foram aptos a identificar e relatar apropriadamente o abuso, também a identificar os sinais físicos de abuso e negligência
Eraslan et al., 2018¹⁶16 Eraslan BS, Çaki İE, Karadayi B, Özaslan A. A study on physicians’ perspectives on elder abuse and neglect. Turk J Geriatr. 2018;21(2):157-65., estudo quantitativo descritivo	Médica, Turquia	Médicos clínicos, especialistas e residentes	Avaliar as perspectivas dos médicos sobre abuso e negligência de idosos e para entender seus conhecimentos e abordagens, para aumentar a conscientização sobre o assunto, e para identificar o abuso e oferecer possíveis soluções
Caines et al., 2017¹⁷17 Caines J, Ward MJ. Identifying Elder Abuse in the Emergency Department: Results from a Structured Physician Survey in Canada. J Fam Med Community Health. 2017;4(8):1134-41., estudo descritivo	Médico, Canadá	Médicos	Examinar a profundidade do conhecimento e a abordagem dos médicos de emergência do Canadá sobre abuso de idosos
Almogue et al., 2010¹⁸18 Almogue A, Weiss A, Marcus EL, Beloosesky Y. Attitudes and knowledge of medical and nursing staff toward elder abuse. Arch Gerontol Geriatr. 2010;51(1):86-91., estudo comparativo descritivo	Médica, Israel	Enfermeiros e médicos	Avaliar o nível de conhecimento e atitudes de médicos e enfermeiras quanto ao abuso de idosos em Israel, comparando médicos e enfermeiros e analisando os resultados de acordo com local de trabalho, especialização e experiência profissional e geriátrica
Kennelly et al., 2007¹⁹19 Kennelly S, Sweeney N, O’Neill D. Elder abuse: knowledge, skills, and attitudes of healthcare workers. Ir Med J. 2007;100(1):1-9., estudo comparativo descritivo	Médico, Irlanda	Médicos e assistentes sociais da Medicina	Avaliar a consciência dos profissionais de saúde acerca do abuso ao idoso
Mandiracioglu et al., 2006²⁰20 Mandiracioglu A, Govsa F, Celikli S, Yildirim GO. Emergency health care personnel’s knowledge and experience of elder abuse in Izmir. Arch Gerontol Geriatr. 2006;43(2):267-76., estudo comparativo descritivo	Médica, Turquia	Médicos, enfermeiros e outros especialidades	Avaliar a definição de abuso ao idoso, nível de conhecimento, atitudes e práticas do pessoal dos serviços médicos de emergência

Estudos	Conhecimentos dos médicos hospitalares diante de idosos em situação de violência
Corbi et al., 2019¹⁵15 Corbi G, Grattagliano I, Sabbà C, Fiore G, Spina S, Ferrara N, et al. Elder abuse: perception and knowledge of the phenomenon by healthcare workers from two Italian hospitals. Intern Emerg Med. 2019;14(4):549-55., Itália	Todos cientes de que muitos idosos são vítimas de abuso, e 93,8% da amostra colocou os maus-tratos ao idoso como violação de direitos humanos. Do total, 44,7% conheciam os procedimentos-padrão para denúncia e abordagem, e 40% dos médicos não acreditavam que negligência é uma forma de maus-tratos.
Eraslan et al., 2018¹⁶16 Eraslan BS, Çaki İE, Karadayi B, Özaslan A. A study on physicians’ perspectives on elder abuse and neglect. Turk J Geriatr. 2018;21(2):157-65., Turquia	Treinamento específico foi recebido por 14,9% dos médicos. O grupo treinado denunciou mais do que o não treinado (p<0,001) e revelou maior taxa de constatação de casos de abuso (p=0,04), mais frequentemente se sentiam aptos sobre o tema (p<0,001) e definiam idosos como maiores de 65 anos (p=0,02). Também definiram a velhice como um período de dependência/necessidade com menor frequência do que o grupo não treinado (p=0,02). Os médicos das instituições públicas tinham maior formação sobre o assunto (p=0,004) e maiores taxas de comunicação de casos (p=0,005) do que os do setor privado.
Caines et al., 2017¹⁷17 Caines J, Ward MJ. Identifying Elder Abuse in the Emergency Department: Results from a Structured Physician Survey in Canada. J Fam Med Community Health. 2017;4(8):1134-41., Canadá	Sessenta e oito por cento dos médicos se sentiam aptos a denunciar casos suspeitos de abuso domésticos, e 63% nos institucionais. Quanto ao treinamento específico, 35% não o completaram, e 83% sentiam que o treinamento foi insuficiente, além de 77% não estarem cientes de todos os serviços comunitários disponíveis para as vítimas de abuso e suas famílias. Metade relatou que os seus serviços não dispunham de protocolo escrito para abordar casos de abuso, e 39% estavam incertos se havia protocolo em seus serviços.
Almogue et al., 2010¹⁸18 Almogue A, Weiss A, Marcus EL, Beloosesky Y. Attitudes and knowledge of medical and nursing staff toward elder abuse. Arch Gerontol Geriatr. 2010;51(1):86-91., Israel	Os médicos não tiveram diferenças por tipo de serviço (hospital geral ou geriátrico). Um total de 43% dos profissionais sabia que os idosos poderiam receber assistência estatal se necessário, e 14% sabiam que não havia penalidade possível se o caso não fosse denunciado. Houve correlação entre o conhecimento sobre o assunto e o relativo às leis e protocolos importantes (p=0,006).
Kennelly et al., 2007¹⁹19 Kennelly S, Sweeney N, O’Neill D. Elder abuse: knowledge, skills, and attitudes of healthcare workers. Ir Med J. 2007;100(1):1-9., Irlanda	Um total de 45% dos médicos nunca ouviu o termo maus-tratos ao idoso (elder abuse), e 30% leram algum material técnico a respeito, enquanto 85% sentiam que o abuso era comum e subnotificado. Nenhum médico recebeu treinamento formal, e apenas um conhecia guidelines para esse manejo.
Mandiracioglu et al., 2006²⁰20 Mandiracioglu A, Govsa F, Celikli S, Yildirim GO. Emergency health care personnel’s knowledge and experience of elder abuse in Izmir. Arch Gerontol Geriatr. 2006;43(2):267-76., Turquia	Dos médicos, 75% acreditavam que o abuso ao idoso não era comum na Turquia. Os escores obtidos foram elevados em entendimento de fatores de risco, intermediários em conhecimento e atitude diante dos casos e em diagnóstico, e baixos em saber suas obrigações legais frente aos casos. Vinte e quatro por cento nunca receberam treinamento.

Estudos	Habilidades dos médicos hospitalares diante de idosos em situação de violência
Corbi et al., 2019¹⁵15 Corbi G, Grattagliano I, Sabbà C, Fiore G, Spina S, Ferrara N, et al. Elder abuse: perception and knowledge of the phenomenon by healthcare workers from two Italian hospitals. Intern Emerg Med. 2019;14(4):549-55., Itália	Como potenciais sinais de abuso, os médicos indicaram com maior frequência achados físicos como queimaduras, contusões, abrasões e estágios variados de cura de machucados e fraturas. Toda negligência pessoal era uma forma de abuso para 60 % dos médicos, e 48,7% suspeitaram de abuso menos de 3 vezes na carreira.
Eraslan et al., 2018¹⁶16 Eraslan BS, Çaki İE, Karadayi B, Özaslan A. A study on physicians’ perspectives on elder abuse and neglect. Turk J Geriatr. 2018;21(2):157-65., Turquia	Testemunharam casos em suas práticas 45% dos médicos. Foram capazes de suspeitar de maus-tratos mais frequentemente diante de achados físicos ligados à aparência do idoso (91,4%), como cuidados inadequados em cabelos, unhas, boca e higiene corporal; comunicação entre idoso e familiares/cuidadores problemática foi a menos apontada, com apenas 56,8%. Os tipos de abuso mais frequentemente encontrados foram negligência (37,4%), emocional (25,1%), financeiro (22,2%), físico (15,7%) e sexual (1,1%).
Caines et al., 2017¹⁷17 Caines J, Ward MJ. Identifying Elder Abuse in the Emergency Department: Results from a Structured Physician Survey in Canada. J Fam Med Community Health. 2017;4(8):1134-41., Canadá	Quanto à percepção de casos, 85% consideraram que o abuso ocorria às vezes, e 78% suspeitaram de casos em suas carreiras (73% nos últimos 5 anos, e 45% nos últimos 12 meses). O tipo de abuso considerado mais comum foi negligência, seguido pelo financeiro.
Kennelly et al., 2007¹⁹19 Kennelly S, Sweeney N, O’Neill D. Elder abuse: knowledge, skills, and attitudes of healthcare workers. Ir Med J. 2007;100(1):1-9., Irlanda	Quanto à experiência, 65% haviam deparado com pelo menos um caso suspeito no último ano.
Mandiracioglu et al., 2006²⁰20 Mandiracioglu A, Govsa F, Celikli S, Yildirim GO. Emergency health care personnel’s knowledge and experience of elder abuse in Izmir. Arch Gerontol Geriatr. 2006;43(2):267-76., Turquia	Metade da amostra não saberia o que fazer diante de um caso. Os médicos tiveram escores baixos em realizar anamnese e exame físico focados no diagnóstico de abuso, e em saber suas obrigações legais frente aos casos. Os fatores de risco menos identificados estavam ligados aos abusos sexual e financeiro.

Estudos	Conhecimentos dos médicos hospitalares diante de idosos em situação de violência
Corbi et al., 2019¹⁵15 Corbi G, Grattagliano I, Sabbà C, Fiore G, Spina S, Ferrara N, et al. Elder abuse: perception and knowledge of the phenomenon by healthcare workers from two Italian hospitals. Intern Emerg Med. 2019;14(4):549-55., Itália	Tanto em casos suspeitos quanto em testemunhados, os médicos nem reportaram às autoridades, nem avisaram às agências de proteção - 22,4% dos médicos testemunharam abusos 1-3 vezes durante a carreira, mas nunca relataram às autoridades, apesar de 88,2% considerarem um dever denunciar abusos.
Eraslan et al., 2018¹⁶16 Eraslan BS, Çaki İE, Karadayi B, Özaslan A. A study on physicians’ perspectives on elder abuse and neglect. Turk J Geriatr. 2018;21(2):157-65., Turquia	90,6% dos médicos afirmaram que tinha obrigação de notificar as autoridades. 24,3% dos médicos que encontraram abuso e negligência denunciaram às autoridades. O principal motivo para não denunciar (62,3%) foi a preocupação que o idoso poderia sofrer ainda mais danos após a denúncia, enquanto 49% consideraram insuficientes os recursos oferecidos pelo governo para abordar a questão, e 35,2% pensaram que iam se desgastar com o processo legal. Diante de casos confirmados, 55,1% afirmaram ter relatado casos à polícia sem informar à família, 23,1% atenderam ao desejo do idoso, e 17,5% falaram à família advertindo acerca da denúncia posterior à polícia em reincidência. Quando a mesma pergunta foi repetida para negligência em idosos, 24,8% afirmaram que relataram aos serviços sociais, 21,3% informaram as agências policiais e 19,5% consultaram a equipe multiprofissional.
Caines et al., 2017¹⁷17 Caines J, Ward MJ. Identifying Elder Abuse in the Emergency Department: Results from a Structured Physician Survey in Canada. J Fam Med Community Health. 2017;4(8):1134-41., Canadá	Quanto à realização de pesquisa de VCPI, os médicos “sempre” ou “frequentemente” perguntaram diretamente sobre abuso em 44% das suspeitas, e 64% não reportaram casos suspeitos, mas 83% consideraram responsabilidade médica denunciar.
Almogue et al., 2010¹⁸18 Almogue A, Weiss A, Marcus EL, Beloosesky Y. Attitudes and knowledge of medical and nursing staff toward elder abuse. Arch Gerontol Geriatr. 2010;51(1):86-91., Israel	Do total, 79% apontaram que era sua responsabilidade reportar casos de abuso; e 88,5% concordaram que todos os profissionais de saúde têm uma responsabilidade legal de denunciar. Houve tendência geral de neutralidade em relação ao abuso de idosos: diante da alegação de que apenas as intervenções da autoridade legal impedirão o abuso de idosos, as opiniões foram neutras. Houve discordância quanto à afirmação de que colocar a vítima de abuso em um lar de idosos contra sua vontade é uma intervenção efetiva. Quarenta e um por cento 41% consideraram que denunciar abuso tornaria o agressor mais irritado. Vinte e oito por cento concordaram que os familiares assumiriam que foi um membro da equipe o denunciante e 59% dos respondentes tinham certeza de que, se, denunciassem, sua relação com o paciente não seria prejudicada. Já 30% sentiam-se certos de que as vítimas geralmente negariam o abuso. As principais razões apontadas para não reportar os casos foram o desejo de não se envolver legalmente, a negação do abuso pela vítima, o não reconhecimento do abuso na consulta, falta de clareza na definição de caso de abuso ou negligência e incerteza sobre como proceder à denúncia.
Kennelly et al., 2007¹⁹19 Kennelly S, Sweeney N, O’Neill D. Elder abuse: knowledge, skills, and attitudes of healthcare workers. Ir Med J. 2007;100(1):1-9., Irlanda	A conduta usual apontada foi procurar o conselho de colegas seniores ao gerenciar casos suspeitos de abuso, e 46% se sentiriam desconfortáveis usando o rótulo de “abuso de idosos”.
Mandiracioglu et al., 2006²⁰20 Mandiracioglu A, Govsa F, Celikli S, Yildirim GO. Emergency health care personnel’s knowledge and experience of elder abuse in Izmir. Arch Gerontol Geriatr. 2006;43(2):267-76., Turquia	Tiveram escores baixos em disposição para reportar. A maioria considerava uma inaceitável invasão perguntar sobre abuso e que isso afetaria a relação profissional-paciente.

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[1] Correspondência/ Rafaella Queiroga Souto rqs@academico.ufpb.br

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