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Neuroticismo e satisfação com relacionamentos e com a vida na velhice

Resumo

Objetivos

Investigar a associação entre neuroticismo e satisfação com a vida e apoio social em pessoas idosas casadas; além de verificar se a satisfação com o casamento e com as relações familiares e de amizade são mediadoras dessas associações.

Método

Trata-se de um estudo transversal realizado com dados do estudo Fragilidade em Idosos Brasileiros (FIBRA). Participaram 94 pessoas idosas recrutadas em domicílios residenciais. Utilizou-se um questionário sociodemográfico; a escala NEO-PI-R-Neuroticismo, integrante do Inventário dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade; cinco itens semanticamente adaptados da ISEL (Interpersonal Support Evaluation List), e itens únicos escalares (com cinco pontos cada um) para as variáveis satisfação com as relações conjugais, familiares e de amizade e para satisfação com a vida. Foi realizada análise de equações estruturais via análise de caminhos.

Resultados

a amostra foi composta em sua maioria por homens (54.6%) que relataram estar muito ou muitíssimo satisfeitos com a vida, o casamento, as amizades e os relacionamentos familiares. Pessoas idosas com menores escores de neuroticismo apresentaram maior satisfação com a vida, o casamento, as amizades e os relacionamentos familiares. Maior satisfação com o casamento e com as amizades relacionaram-se diretamente com mais apoio social. Satisfação com os familiares e com os amigos mediaram a associação entre neuroticismo e satisfação com a vida.

Conclusão

Indivíduos com níveis mais altos de neuroticismo estão menos satisfeitos com seus relacionamentos e com a vida. Pesquisas longitudinais são necessárias para explicar as relações observadas.

Palavras-Chave:
Idosos; Neuroticismo; Casamento; Amigos; Apoio social; Relações Familiares

Abstract

Objectives

To investigate the association between neuroticism and life satisfaction and social support in married older people; in addition to verifying whether satisfaction with marriage and with family and friendship relationships are mediators of these associations.

Method

A cross-sectional was study carried out with data from the Fragility in Older Adult Brazilians (FIBRA) study. A total of 194 older people recruited from residential households participated in the survey. Instruments used included a sociodemographic questionnaire; the NEO-PI-R-Neuroticism scale from the Big Five Personality Inventory; five items semantically adapted from the ISEL (Interpersonal Support Evaluation List) and single items rated on scales (five points each) for the variables satisfaction with marital, family, and friendship relationships and for satisfaction with life. Structural equation modelling via path analysis was performed.

Results

The sample comprised individuals who were predominantly men (54.6%), and that reported being satisfied or highly satisfied with life, marriage, friendships, and family relationships. Participants with lower neuroticism scores had higher satisfaction with life, marriage, friendships, and family relationships. Greater satisfaction with marriage and friendships was directly associated with better social support. Satisfaction with family members and friends were variables mediating the association between neuroticism and life satisfaction.

Conclusion

Individuals with higher levels of neuroticism are less satisfied with their relationships and with life. Longitudinal research is needed to explain the relationships observed.

Keywords
Older adults; Neuroticism; Marriage; Friends; Social support; Family Relations

INTRODUÇÃO

As redes de relações sociais e o apoio social são objetos de investigação em diferentes áreas. No campo da gerontologia, elas são estudadas, especialmente, quanto as contribuições à saúde e ao bem-estar psicológico de pessoas idosas11 Fuller HR, Kristine JA, Antonucci TC. The convoy model and later-life family relationships. J. Fam. Theory Rev. 2020;12(2):126-146. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jftr.12376
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. Conforme o modelo de comboio das relações sociais, os indivíduos são cercados de pessoas significativas, comumente familiares e amigos, que os acompanham e apoiam ao longo da vida. A força desses relacionamentos varia conforme a proximidade (ex.: geográfica, frequência de contato), qualidade (ex.: positiva, negativa), a função (ex.: ajuda, afeto, troca de informação) e a estrutura das redes sociais (ex.: número de componentes do grupo)22 Antonucci TC, Kristine JA, Kira SB. The convoy model: explaining social relations from a multidisciplinary perspective. Gerontologist. 2014;54(1):82-92. Disponível em: https://doi.org/10.1093/geront/gnt118
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.

A teoria da seletividade socioemocional postula que a percepção da passagem do tempo e de idade cronológica desempenham um papel central na priorização de atividades sociais e na escolha dos parceiros sociais. Na velhice, as pessoas modificam ativamente sua rede social, selecionando relações emocionalmente positivas como mecanismo de adaptação que favorece o bem-estar33 Carstensen LL. Socioemotional selectivity theory: The role of perceived endings in human motivation. Gerontologist. 2021;61(8):1188-1196. Disponível em: https://doi.org/10.1093/geront/gnab116
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. Nessa perspectiva, casais que permanecem unidos na velhice geralmente estão inclinados a vivenciar os aspectos positivos do relacionamento e desfrutam de maior satisfação conjugal. Eles tendem a ter maior controle sobre suas emoções ao interagirem entre si, buscando viver o presente, apreciando o que é bom, ignorando o que é preocupante e priorizando as experiências significativas44 Carstensen LL, Derek MI, Susan TC. Taking time seriously: a theory of socioemotional selectivity. American psychologist. 1999;54(3):165-181. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0003-066X.54.3.165
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.

O apoio social refere-se ao suporte dado e/ou recebido, abarcando aspectos instrumentais, emocionais ou afetivos e de afirmação ou confirmação dos valores ou crenças de um indivíduo. A satisfação com o apoio refere-se à avaliação que as pessoas fazem do suporte que recebem11 Fuller HR, Kristine JA, Antonucci TC. The convoy model and later-life family relationships. J. Fam. Theory Rev. 2020;12(2):126-146. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jftr.12376
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; a maneira em que o percebem, favorece ou não o enfrentamento dos estressores associados ao envelhecimento55 Moatamedy A, Borjali A, Sadeqpur M. Prediction of psychological well-being of the elderly based on the power of stress management and social support. Iran. J. Ageing. 2018;13(1):98-109. Disponível em: https://doi.org/ 98.1.13.sija/21859.1
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. Estudos anteriores66 Şahin DS, Özer O, Yanardağ MZ. Perceived social support, quality of life and satisfaction with life in elderly people. Educ. Gerontol. 2019;45(1):69-77. Disponível em: https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1585065
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,77 Chen L, Guo W, Perez C. Social support and life satisfaction of ethnic minority elderly in China. Int. J. Aging Hum. Dev. 2021;92(3):301-321. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0091415019896224
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têm mostrado que pessoas idosas que percebem dispor de mais apoio social tendem a estar mais satisfeitas com a vida.

A satisfação com a vida é influenciada pelos relacionamentos conjugais, familiares e de amizade88 Dumitrache CG, Rubio L, Rubio-Herrera R. Extroversion, social support and life satisfaction in old age: a mediation model. Aging Ment Heal. 2018;22(8):1063-71. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s41118-018-0032-z
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,99 Amati V, Meggiolaro S, Rivellini G, Zaccarin S. Social relations and life satisfaction: the role of friends. Genus, 2018;74(1):1-18. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10823-012-9169-y
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. A qualidade dos relacionamentos íntimos pode ter efeitos diretos sobre os desfechos em saúde física e mental, além de exercer efeitos indiretos na saúde por meio do apoio social recebido1010 Gurung R, Sarason B, Sarason I. Close personal relationships and health outcomes: a key to the role of social support. In: Duck S, Mills RSL. Handbook of personal relationships: Theory, research and interventions Chichester. 2nd. ed. UK: Wiley; 1997. p. 547-73.. A satisfação com a vida e com os relacionamentos são influenciados por traços de personalidade, entre eles, o neuroticismo1111 Malouff JM, Thorsteinsson EB, Schutte NS, Bhullar N, Rooke SE. The Five-Factor Model of personality and relationship satisfaction of intimate partners: a meta-analysis. J Res Pers. 2010;44(1):124-7. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jrp.2009.09.004
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, fator da personalidade operacionalmente definido por itens referentes à ansiedade, à hostilidade, à depressão, à autoconsciência excessiva, à impulsividade e à vulnerabilidade, correlacionados entre si em análises fatoriais1212 Costa PT, McCrae RR. Normal personality assessment in clinical practice: the NEO personality inventory. Psychol Assess. 1992;4(1):5-13. Disponível em: https://doi.org/10.1037/1040-3590.4.1.5
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No modelo dos cinco grandes fatores de personalidade (Big Five) descritos por Costa e McCrae1212 Costa PT, McCrae RR. Normal personality assessment in clinical practice: the NEO personality inventory. Psychol Assess. 1992;4(1):5-13. Disponível em: https://doi.org/10.1037/1040-3590.4.1.5
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, o neuroticismo foi consistentemente identificado como tendo maior efeito sobre os relacionamentos do que os outros quatro fatores (extroversão, abertura à experiência, amabilidade e conscienciosidade). Indivíduos com alto grau de neuroticismo tendem a se concentrar nos aspectos negativos de si mesmos, dos outros e dos relacionamentos sociais, familiares e conjugais. Frequentemente experimentam afetos negativos, e têm capacidades limitadas para lidar com o estresse de forma adaptativa1313 Saeed Abbasi I, Rattan N, Kousar T, Khalifa Elsayed F. Neuroticism and close relationships: how negative affect is linked with relationship disaffection in couples. Am J Fam Ther. 2018;46(2):139-52. Disponível em: https://doi.org/10.1080/01926187.2018.1461030
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,1414 Karney BR, Bradbury TN. The longitudinal course of marital quality and stability: a review of theory, method, and research. Psychol Bull. 1995;118(1):3-34. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0033-2909.118.1.3
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.

De acordo com o modelo integrativo Vulnerabilidade-Estresse-Adaptação (Vulnerability-Stress-Adaptation)1414 Karney BR, Bradbury TN. The longitudinal course of marital quality and stability: a review of theory, method, and research. Psychol Bull. 1995;118(1):3-34. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0033-2909.118.1.3
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, casamentos em que cônjuges apresentam altos escores de neuroticismo, são mais suscetíveis ao estresse, à vulnerabilidade e a processos adaptativos menos resilientes. Estudos com pessoas casadas de diversas faixas etárias1515 Kreuzer M, Gollwitzer M. Neuroticism and satisfaction in romantic relationships: a systematic investigation of intra-and interpersonal processes with a longitudinal approach. Eur J Pers. 2022;36(2):1-31. Disponível em: https://doi.org/10.1177/08902070211001258
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,1616 Sayehmiri K, Kareem KI, Abdi K, Dalvand S, Gheshlagh RG. The relationship between personality traits and marital satisfaction: a systematic review and meta-analysis. BMC Psychology. 2020;8(1):1-8. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40359-020-0383-z
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, inclusive idosas1717 Brudek PJ, Steuden S, Jasik I. Personality traits as predictors of marital satisfaction among older couples. Psychoterapia 2018;185(2):5-20., indicaram que o neuroticismo prediz negativamente a satisfação conjugal. Indivíduos que pontuam alto em neuroticismo, apresentam mais insegurança no relacionamento, expressam mais críticas em relação ao parceiro, desprezo e tendência à autodefesa1515 Kreuzer M, Gollwitzer M. Neuroticism and satisfaction in romantic relationships: a systematic investigation of intra-and interpersonal processes with a longitudinal approach. Eur J Pers. 2022;36(2):1-31. Disponível em: https://doi.org/10.1177/08902070211001258
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. São também menos tolerantes, menos empáticos, agem mais negativamente nas interações conjugais e se divorciam mais do que indivíduos com níveis mais baixos de neuroticismo1818 Kamal H, Tiwari R, Behera J, Hasan B. Personality variables and marital satisfaction: a systematic review. IJHW 2018;9(4):534-541.. Na velhice, os traços de personalidade tendem a exercer influência significativamente maior na satisfação conjugal dos homens do que das mulheres1717 Brudek PJ, Steuden S, Jasik I. Personality traits as predictors of marital satisfaction among older couples. Psychoterapia 2018;185(2):5-20..

Observa-se uma escassez de pesquisas com dados brasileiros sobre a influência do neuroticismo nas relações conjugais de pessoas idosas, bem como de estudos psicométricos de instrumentos envolvendo essas variáveis. Estudos dessa natureza são importantes, especialmente, porque os relacionamentos íntimos são considerados aspectos centrais no ciclo vital e a conjugalidade uma de suas vivências mais complexas. Pautando-se nessas informações, os objetivos do presente estudo foram investigar as associações entre neuroticismo, satisfação com a vida e apoio social recebido, em pessoas idosas casadas, assim como, verificar se as variáveis satisfação com o casamento, com as relações familiares e com as relações de amizade são mediadoras dessas associações.

MÉTODO

Este é um estudo de corte transversal, de base populacional, baseado em dados de seguimento de uma coorte de pessoas idosas, participantes do Estudo Fibra (Estudo da Fragilidade em Idosos Brasileiros), realizado nos anos de 2008-2009 e 2016 e 2017, na cidade de Campinas e no subdistrito de Ermelino Matarazzo, São Paulo, Brasil1919 Neri AL, Melo RCD, Borim FSA, Assumpção DD, Cipolli GC & Yassuda MS (2022). Avaliação de seguimento do Estudo Fibra: caracterização sociodemográfica, cognitiva e de fragilidade dos idosos em Campinas e Ermelino Matarazzo, SP. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2002;25(5):e210224. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-22562022025.210224.pt
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. Detalhes sobre a amostragem, as variáveis e as medidas da linha de base (2008-2009) e do seguimento (2016-2017) podem ser obtidos em Neri et al.1919 Neri AL, Melo RCD, Borim FSA, Assumpção DD, Cipolli GC & Yassuda MS (2022). Avaliação de seguimento do Estudo Fibra: caracterização sociodemográfica, cognitiva e de fragilidade dos idosos em Campinas e Ermelino Matarazzo, SP. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2002;25(5):e210224. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-22562022025.210224.pt
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,2020 Neri AL, Yassuda MS, Araújo LF, Eulálio MC, Cabral BE, Siqueira MEC, Santos GA, Moura JGA. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad Saúde Pública. 2013;29(4):778-792. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2013000400015
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.

Os critérios de inclusão foram: aceitar participar do seguimento (2016-2017) do estudo Fibra; estar casada; ter registros de respostas sobre satisfação com o casamento; pontuar acima da nota de corte para rastreio de demência no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)2121 Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3B):777-781. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014
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, ajustado pelos anos de escolaridade (17 pontos para os analfabetos, 22 para os que tinham 4 anos de estudo, 24 pontos para os que tinham de 5 a 8, e 26 para os que contavam com 9 anos ou mais de instrução).

Para o recrutamento dos participantes no estudo FIBRA (2016-2017), foram utilizadas as listas de endereços domiciliares registrados no banco de dados da linha de base (2008-2009; N=1.284). Recrutadores treinados efetuaram busca ativa desses indivíduos em até três ocasiões nos endereços domiciliares disponíveis, para convidá-los a participar da amostra do seguimento. Nesta fase, foram localizados e novamente entrevistados de forma ampla, para além da presente pesquisa, 549 (42,7%) dos 1.284 participantes da linha de base; 192 (14,9%) haviam falecido e 543 (42,4%) foram perdidos, sendo 59,9% por não localização; 34,5% por recusa; 5,5% por exclusão devido a critérios do estudo Fibra; 1,6% por interrupção da sessão e; 0,5% devido à identificação de algum risco integridade dos entrevistadores na situação de pesquisa.

Informa-se que dos 549 participantes entrevistados, apenas 194 foram incluídos na amostra do presente estudo. Foram excluídos os indivíduos que não estavam casados à época da realização do estudo de seguimento (n=301), bem como, os casados que não tinham registro de resposta ao item sobre satisfação com o casamento (n=54).

As variáveis sociodemográficas compreenderam sexo, idade, anos de escolaridade e status conjugal e foram avaliadas por meio de itens de autorrelato. O traço Neuroticismo foi mensurado por meio da escala do Inventário de Personalidade NEO - revisto (NEO PI-R) – Neuroticismo1111 Malouff JM, Thorsteinsson EB, Schutte NS, Bhullar N, Rooke SE. The Five-Factor Model of personality and relationship satisfaction of intimate partners: a meta-analysis. J Res Pers. 2010;44(1):124-7. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jrp.2009.09.004
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, validado semanticamente para o português por Flores-Mendoza2222 Flores-Mendoza C. Inventário de Personalidade NEO Revisado NEO PI-R– Manual. São Paulo: Vetor; 2008., composto por 12 itens do tipo Likert (de concordo totalmente a discordo totalmente). Como não existem parâmetros obtidos por estudos psicométricos para as pessoas idosas brasileiras, as respostas foram categorizadas em intervalos das pontuações obtidas pelos respondentes. Valores de 30 a 48 foram considerados como indicativos de alto nível de neuroticismo; 24 a 29, de nível intermediário; e 11 a 23 como de baixo nível.

O apoio social percebido foi avaliado por meio de cinco questões selecionadas e semanticamente adaptados da ISEL (Interpersonal Support Evaluation List), sobre apoio instrumental, material, informativo, social e emocional2323 Cohen S, Mermelstein R, Kamarck T HH. Measuring the functional components of social support. In: Sarason GSB. Social support: theory, research, and applications. The Hague: Martinus Nijhoff; 1985. p. 73–94., a saber: “O/a senhor/a diria que tem várias pessoas com quem conversar ao se sentir sozinho?”; “O/a senhor/a diria que encontra e conversa com amigos e familiares?”; “O/a senhor/a teria facilidade em encontrar pessoas que possam te ajudar nos seus afazeres se estiver doente?”; “O/a senhor/a tem com quem contar quando precisa de uma sugestão de como lidar com um problema?”; “O/a senhor/a tem pelo menos uma pessoa cuja opinião você confia plenamente?” Foram atribuídos os seguintes escores para as respostas: 1-“nunca”, 2-“às vezes”, 3-“na maioria das vezes” e 4-“sempre”. Foi calculado a média dos escores da escala.

A satisfação conjugal foi avaliada, por meio do item “o quanto o(a) senhor(a) está satisfeito(a) com seu casamento?” (respostas de 1 a 5, sendo 1-“nada”, 2-“um pouco”, 3-“o suficiente”, 4-“muito” e 5-“muitíssimo”), proposto por Umberson et al.2424 Umberson D, Williams K, Powers DA, Chen MD, Campbell AM. As good as it gets? a life course perspective on marital quality. Soc Forces. 2005;84(1):493-511. Disponível em: https://doi.org/10.1353/sof.2005.0131
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. Foi calculado a média dos escores da escala.

Para avaliar a satisfação com as relações familiares e de amizade foram aplicados dois itens (O/a senhor/a está satisfeito com suas amizades? O/a senhor/a está satisfeito com suas relações familiares?) com respostas de 1 a 5 (1-“muito pouco”, 2-“pouco”, 3-“mais ou menos”, 4-“muito” ou 5-“muitíssimo”), propostos por Ferring et al.2525 Ferring D, Balducci C, Burholt V, Wenger C, Thissen F, Weber G, et al. Life satisfaction of older people in six European countries: findings from the European Study on Adult Well-Being. Eur J Ageing. 2004;1(1):15-25. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10433-004-0011-4
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. Calculou-se a média dos escores da escala.

A satisfação com a vida foi avaliada pela pergunta “O/a senhor/a está satisfeito/a com sua vida?” elaborada por Neri2626 Neri AL. Bienestar subjetivo en la vida adulta y en la vejez: hacia una psicología positiva en América Latina. Rev Latinoam Psicol. 2002;34(1/2):55-74.. As opções de resposta foram 1-“muito pouco”, 2-“pouco”, 3-“mais ou menos”, 4-“muito” ou 5-“muitíssimo”. Foi calculada a média dos escores da escala.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas em 23/11/2015 (parecer nº 1.332.651), e em 17/09/2018 (parecer no. 2.899.393), o primeiro relativo ao seguimento realizado em Campinas e o segundo ao seguimento realizado em Ermelino Matarazzo. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes da entrevista.

Foi realizada análise descritiva para a caracterização da amostra, a partir das medidas de frequência absoluta e relativa para as variáveis categóricas e dos valores das médias e dos desvios-padrão para as variáveis quantitativas. Foram estimadas as distribuições percentuais e respectivos intervalos de confiança de 95%.

Para estudar a relação entre as variáveis de interesse, segundo modelo teórico prévio (Figura 1), utilizou-se a análise de equações estruturais via análise de caminhos (Path Analysis). Esse tipo de análise funciona como uma extensão do modelo de regressão e é utilizado para avaliar relações múltiplas entre variáveis. Permite a identificação de relações diretas ou indiretas entre as variáveis independentes e dependentes. Após ajustes dos indicadores e testes de significância, é feito o modelo final da análise de caminhos, sustentando ou eliminando relações do modelo teórico prévio.

Figura 1
Modelo hipotético de relações entre neuroticismo e satisfação com a vida e apoio social. Estudo Fibra, Pessoas idosas, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

Para analisar a qualidade do ajuste dos dados ao modelo proposto, foram feitos testes de significância para os coeficientes dos caminhos (path coefficients, expressos por betas). Valores absolutos de t>1,96 indicam que o caminho apresenta coeficiente estatisticamente significativo. O nível de significância adotado para os testes foi de 5% ou p<0,05. Os parâmetros adotados para aceitação do modelo foram: teste do qui-quadrado para qualidade do ajuste >0,05; razão do qui-quadrado (X22 Antonucci TC, Kristine JA, Kira SB. The convoy model: explaining social relations from a multidisciplinary perspective. Gerontologist. 2014;54(1):82-92. Disponível em: https://doi.org/10.1093/geront/gnt118
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/GL) <2; SRMR (Standardized Root Mean Square Residual) ≤0.10; RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation) ≤0,08; CFI (Comparative fit index) ≥0,90 e TLI (Tucker-Lewis index) ≥0,90.

RESULTADOS

Do total de participantes (n=194), a maioria era homens (54,6%) e tinha de um a quatro anos de escolaridade (57,2%). A média de idade foi 79,3±4,09. O escore de neuroticismo variou de 12 a 49, com média de 25,9±7,38 e o apoio social percebido variou de cinco a 25, com média de 18,0±4,76. A maioria dos entrevistados relatou estar muito ou muitíssimo satisfeito com a vida, o casamento, as amizades e as relações familiares. Para informações mais detalhadas, ver Tabela 1.

Tabela 1
Características dos participantes. Estudo Fibra. Pessoas idosas, Campinas, SP, Brasil, 2016-2018.

Na primeira revisão, foi incluída a covariação entre as variáveis satisfação com as amizades e com as relações familiares. Na segunda revisão dos caminhos, verificou-se que foram obtidos valores aceitáveis e significativos para todos os critérios de adequação de ajuste (p<0,05) (Tabela 2). As alterações realizadas no modelo final excluíram as associações diretas entre neuroticismo e apoio social percebido; satisfação com as relações familiares e apoio social percebido; satisfação com o casamento e satisfação com a vida.

Tabela 2
Medidas de qualidade de ajuste para as variáveis investigadas na análise de caminhos. Estudo Fibra, Pessoas idosas, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017

A Figura 2 contém o resultado final da análise de caminhos. Os principais achados dessa análise foram: escores menores de neuroticismo associaram-se com maiores níveis de satisfação com a vida, com o casamento, com as amizades e com as relações familiares; maiores níveis de satisfação com as amizades e com as relações familiares associaram-se com maiores níveis de satisfação com a vida e; maiores níveis de satisfação com o casamento e com as amizades relacionaram-se diretamente com melhor percepção de apoio social.

Figura 2
Modelo final das relações entre neuroticismo e satisfação com a vida e apoio social segundo a análise de caminhos. Estudo Fibra, Pessoas idosas, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

No modelo final de análise de caminhos, a satisfação com as amizades e com as relações familiares foram variáveis mediadoras parciais da associação entre neuroticismo e satisfação com a vida. A relação entre neuroticismo e apoio social percebido foi mediada pelas variáveis satisfação com o casamento e satisfação com as amizades (Figura 2).

DISCUSSÃO

A maioria dos participantes eram do sexo masculino, com 70 anos ou mais e com 1 a 4 anos de escolaridade. No geral, eles relataram estar muito ou muitíssimo satisfeitos com a vida, com o casamento, com as amizades e com os relacionamentos familiares. Estudo2727 Papi S, Cheraghi M. Multiple factors associated with life satisfaction in older adults. Prz Menopauzalny. 2021;20(1):69-75. Disponível em: https://doi.org/10.5114/pm.2021.107025
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anterior revelou que pessoas idosas casadas ​​relataram maior satisfação com a vida do que as divorciadas ou as que perderam o cônjuge, especialmente as que se beneficiavam de atividades em grupo e de apoio emocional. Na presente pesquisa, não foram observadas relações estatisticamente significativas entre satisfação conjugal e satisfação com a vida.

Conforme o modelo integrativo vulnerabilidade-estresse-adaptação de Karney e Bradbury1414 Karney BR, Bradbury TN. The longitudinal course of marital quality and stability: a review of theory, method, and research. Psychol Bull. 1995;118(1):3-34. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0033-2909.118.1.3
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, os traços de personalidade influenciam o funcionamento e a satisfação conjugal ao longo do tempo, agindo como um fator de vulnerabilidade ou como fator protetor ao relacionamento e ao bem-estar. No presente estudo, as pessoas idosas que apresentaram menores escores do neuroticismo, relataram ter mais satisfação com o casamento, replicando dados de pesquisas anteriores1616 Sayehmiri K, Kareem KI, Abdi K, Dalvand S, Gheshlagh RG. The relationship between personality traits and marital satisfaction: a systematic review and meta-analysis. BMC Psychology. 2020;8(1):1-8. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40359-020-0383-z
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17 Brudek PJ, Steuden S, Jasik I. Personality traits as predictors of marital satisfaction among older couples. Psychoterapia 2018;185(2):5-20.
-1818 Kamal H, Tiwari R, Behera J, Hasan B. Personality variables and marital satisfaction: a systematic review. IJHW 2018;9(4):534-541..

Pontuação alta em neuroticismo está ligada a aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais prejudiciais aos relacionamentos conjugais1515 Kreuzer M, Gollwitzer M. Neuroticism and satisfaction in romantic relationships: a systematic investigation of intra-and interpersonal processes with a longitudinal approach. Eur J Pers. 2022;36(2):1-31. Disponível em: https://doi.org/10.1177/08902070211001258
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. Em contrapartida, indivíduos com baixo nível de neuroticismo são mais propensos a perdoar as falhas de seus cônjuges, interagem mais positivamente com eles, têm níveis mais altos de satisfação sexual e são mais satisfeitos com as relações conjugais1717 Brudek PJ, Steuden S, Jasik I. Personality traits as predictors of marital satisfaction among older couples. Psychoterapia 2018;185(2):5-20.. No presente estudo, escores mais baixos de neuroticismo se associaram com maior satisfação com a vida, com as amizades e com as relações familiares. Maior satisfação com as amizades e com as relações familiares associaram-se com maior satisfação com a vida. Estes resultados são consistentes com os princípios do modelo comboio de relações sociais. Na velhice, os comboios sociais em que há boa qualidade dos relacionamentos e que fornecem apoio quando necessário, favorecem a satisfação com a vida11 Fuller HR, Kristine JA, Antonucci TC. The convoy model and later-life family relationships. J. Fam. Theory Rev. 2020;12(2):126-146. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jftr.12376
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.

A satisfação com as relações familiares e com as amizades mediaram a associação entre neuroticismo e satisfação com a vida, em consonância com o modelo teórico proposto. Maior satisfação com o casamento e maior satisfação com as amizades foi diretamente relacionada com melhor percepção de apoio social, replicando os achados de Sullivan et al.2828 Sullivan KT, Pasch LA, Johnson MD, Bradbury TN. Social support, problem solving, and the longitudinal course of newlywed marriage. J Pers Soc Psychol. 2010;98(4):631-44. Disponível em: https://doi.org/10.1037/a0017578
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. A satisfação com as relações familiares não apresentaram associação direta com o apoio social e a relação entre neuroticismo e apoio social foi mediada pelas variáveis satisfação com o casamento e com os amigos, mas, não por satisfação com as relações familiares.

A literatura ressalta a importância de diferenciar a satisfação com as relações familiares da satisfação com as relações com os amigos. Há efeitos distintos dessas relações sobre a percepção de apoio social e de satisfação com a vida, visto que as relações familiares são obrigatórias, enquanto as relações com amigos baseiam-se em critérios de livre escolha, sendo potencialmente mais positivas do que os relacionamentos mantidos por obrigação11 Fuller HR, Kristine JA, Antonucci TC. The convoy model and later-life family relationships. J. Fam. Theory Rev. 2020;12(2):126-146. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jftr.12376
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,2828 Sullivan KT, Pasch LA, Johnson MD, Bradbury TN. Social support, problem solving, and the longitudinal course of newlywed marriage. J Pers Soc Psychol. 2010;98(4):631-44. Disponível em: https://doi.org/10.1037/a0017578
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,2929 Blieszner R, Ogletree AM, Adams RG. Friendship in later life: a research agenda. Innov Aging. 2019;3(1),1-18. Disponível em: https://doi:10.1093/geroni/igz005.

A família é comumente eleita como fonte de apoio social, mas tem mais potencial para gerar estresse do que as relações com amigos. O companheirismo, a reciprocidade e o apoio social dos amigos que, muitas vezes, são compreendidos como “parentes escolhidos” (ex.: amigos-irmãos) podem funcionar como recursos socioemocional que podem amortecer os efeitos negativos das interações familiares conflituosas sobre o bem-estar psicológico dos mais velhos3030 Amati V, Meggiolaro S, Rivellini G, Zaccarin S. Social relations and life satisfaction: the role of friends. Genus. 2018;74(1):7. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s41118-018-0032-z
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,3131 Fiori KL, Windsor TD, Huxhold O. The increasing importance of friendship in late life: understanding the role of sociohistorical context in social development. Gerontology. 2020;66(3):286-294. Disponível em: https://doi.org/10.1159/000505547
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. Tais resultados podem ser interpretados à luz da teoria da seletividade socioemocional22 Antonucci TC, Kristine JA, Kira SB. The convoy model: explaining social relations from a multidisciplinary perspective. Gerontologist. 2014;54(1):82-92. Disponível em: https://doi.org/10.1093/geront/gnt118
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,33 Carstensen LL. Socioemotional selectivity theory: The role of perceived endings in human motivation. Gerontologist. 2021;61(8):1188-1196. Disponível em: https://doi.org/10.1093/geront/gnab116
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, segundo a qual, à medida que os indivíduos envelhecem, tendem a preferir relações sociais que proporcionam interações sociais mais satisfatórias e de alta qualidade afetiva às interações que visam aquisição de conhecimentos e status social.

Os resultados colaboram para reflexões sobre a dinâmica das relações interpessoais que incluem neuroticismo e contribuem para a compreensão dos mecanismos psicológicos subjacentes à interação entre a personalidade na velhice e a satisfação com os relacionamentos próximos. Como os traços de personalidade são relativamente estáveis ​​ao longo dos anos, eles podem ser usados ​​para prever os comportamentos de um indivíduo em diferentes situações da vida, incluindo os relacionamentos conjugais, familiares e de amizade.

A avaliação dos traços de personalidade de pessoas idosas casadas pode favorecer o conhecimento acerca da baixa satisfação conjugal que aumentam o risco do “divórcio grisalho” (em inglês, gray divorce, termo que descreve os divórcios que ocorrem a partir dos 50 anos) e de piores condições de saúde na velhice. Esses achados podem auxiliar profissionais das áreas da Geriatria, Gerontologia e Psicologia no desenvolvimento de estratégias de promoção da saúde, bem como, intervenções sociais e clínicas que possam contribuir para fortalecer os vínculos afetivos das pessoas idosas com o cônjuge, os familiares e os amigos. A pesquisa apresenta limitações, entre as quais, as principais são o número reduzido de participantes, a acentuada perda de participantes da linha de base para o seguimento.

CONCLUSÃO

O presente estudo mostrou o papel mediador da satisfação com os familiares e com os amigos nas associações entre neuroticismo e satisfação com a vida e; a satisfação com o casamento e com os amigos nas associações entre neuroticismo e apoio social em pessoas idosas casadas residentes na comunidade. A maioria dos entrevistados afirmou ter muita satisfação com a vida, com o casamento, com as amizades e com as relações familiares, especialmente, aqueles com escores menores de neuroticismo. Outrossim, as pessoas entrevistadas com maiores níveis de satisfação com o casamento e com as amizades apresentaram melhor percepção de apoio social. Pesquisas futuras, de natureza longitudinal, são necessárias para explicar as relações observadas. A mediação dessas relações por fatores protetores derivados de educação para o envelhecimento e psicoeducação para casais e famílias são outras áreas que merecem continuidade do estudo, investimentos de políticas públicas e ações de promoção da saúde ao longo da vida.

  • Financiamento da pesquisa: CAPES/PROCAD número 2972/2014-01 (Projeto nº 88881.068447/2014-01), FAPESP número 2016/00084-8 e CNPq número 424789/2016-7.

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Editado por

Editado: Maria Luiza Diniz de Sousa Lopes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    19 Ago 2022
  • Aceito
    18 Jan 2023
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